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Movimento dos Focolares: diferenças entre revisões

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O '''Movimento dos Focolares''' (do [[Língua italiana|italiano]]: focolare[[Focolare|[1]]]:[[lareira]], [[lar]], [[casa]]), como é mais popularmente conhecido, foi fundado em [[Trento]], norte da [[Itália]], em [[1943]] por [[Chiara Lubich]], e aprovado pela [[Santa Sé]] em [[1962]] como um [[Movimento eclesial|movimento]] [[católico]], sob o nome oficial de '''Obra de Maria'''<ref>{{Citar web |url=https://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/laity/documents/rc_pc_laity_doc_20051114_associazioni_en.html#WORK |titulo=International Associations of the Faithful, Directory - Pontifical Coucils for the Laity |acessodata=2020-11-09 |website=www.vatican.va}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/letters/2002/documents/hf_jp-ii_let_20021016_chiara-lubich.html |titulo=Carta a Chiara Lubich, Presidente do Opus Mariae - Movimento dos Focolares - (16 de outubro de 2002) {{!}} João Paulo II |acessodata=2020-11-09 |website=www.vatican.va}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://pt.qaz.wiki/wiki/Directory_of_International_Associations_of_the_Faithful |titulo=Directório das Associações Internacionais de Fiéis - Directory of International Associations of the Faithful - qaz.wiki |acessodata=2020-11-09 |website=pt.qaz.wiki}}</ref>.
O '''Movimento dos Focolares''' (do [[língua italiana|italiano]]: ''focolare'': lareira, lar. casa) ou '''Obra de Maria''' é um movimento [[católico]] [[Fundamentalismo cristão|fundamentalista]]<ref name="TheBostonGlobe">{{citar web|url=https://noticias.uol.com.br/midiaglobal/boston/2005/04/19/ult583u231.jhtm|último=Heuser|primeiro=Stephen|tradutor=Danilo Fonseca|título=Movimentos católicos fundamentalistas cresceram com João Paulo 2º|obra=The Boston Globe|data=19/04/2005|acessodata=03/04/2018}}</ref><ref name="Costa">{{citar tese|tipo=Tese|grau=doutoramento|último=Costa|primeiro=António Joaquim|local=Braga|publicado=Universidade do Minho|título=Sociologia dos novos movimentos eclesiais: focolares, carismáticos e neocatecumenais em Braga|ano=2004|url=http://hdl.handle.net/1822/961|acessodata=03/04/2019}}</ref> totalitário<ref name="Benelli">{{citar periódico|último=Benelli|primeiro=Sílvio José|título=Efeitos em Termos de Produção de Subjetividade em Movimentos Religiosos Totalitários no Contexto Eclesial Católico|periódico=Revista de Psicologia da UNESP|volume=7|número=1|data=16/05/2018|publicado=Universidade Estadual Paulista|url=http://200.145.161.25/index.php/psicologia/article/view/975|acessodata=20/01/2020}}</ref> e conservador<ref name="Magalhaes_Aguiar">{{Citar conferência|título=Subcampo conservador e lucro tripartido: um estudo dos focolares e de sua economia de comunhão|url=http://www.unicap.br/coloquiodehistoria/wp-content/uploads/2013/11/3Col-p.220-232.pdf|conferencia=III Colóquio de História|último1=Magalhães|primeiro1=Renan|último2=Aguiar|primeiro2=Sylvana|formato=pdf|acessodata=03/04/2019}}</ref> fundado em [[1943]], em [[Trento]], [[Itália]], por [[Chiara Lubich]]<ref name="TheBostonGlobe" />, obtendo aprovação [[papa|papal]] apenas em [[1962]]<ref name="Magalhaes_Aguiar" />.

Por constituição e missão<ref name=":0">{{citar livro|título=Estatutos Gerais da Obra de Maria|ultimo=|primeiro=|editora=Cidade Nova|ano=1998|local=Vargem Grande Paulista|página=|páginas=13-15; 28}}</ref>, possui membros de diversas convicções religiosas e [[Irreligião|pessoas de convicções não religiosas]] e tem como fim a promoção da fraternidade universal<ref name=":0" />. Atualmente opera em 182 países e conta com mais de 2 milhões de participantes<ref>{{Citar web |url=https://www.focolare.org/pt/chi-siamo/ |titulo=Quem Somos |acessodata=2020-11-09 |website=Movimento dos Focolares |lingua=pt-PT}}</ref>.

===== Ação =====
Desenvolve estudos teológicos, projetos de ação social e constitui programas de formação sob o tema da [[Caridade (virtude)|caridade]] cristã. Relaciona-a à [[Ética da reciprocidade|Regra de ouro]], princípio comum a diversas religiões e motivações humanas, e a promove como motivação de suas ações<ref name=":0" />.


==História==
==História==


Em [[1943|7 de Dezembro]] de [[1943]], na cidade de Trento (Itália), a professora Silvia Lubich, então com 23 anos, consagra-se leiga celibatária pela [[Ordem Terceira de São Francisco]], adotando o nome Chiara (em homenagem a [[Clara de Assis|Santa Clara de Assis]]).
Em [[1943]], durante a [[Segunda Guerra Mundial]], a professora [[Chiara Lubich]], então com 23 anos, criou o Movimento Focolares junto com seus amigos mais próximos<ref name="TheBostonGlobe" />. Ao final dessa mesma década com a guerra terminada, já contava com um número de seguidores suficiente para ocupar um acampamento de verão nas montanhas [[Dolomitas]]<ref name="TheBostonGlobe" />.


Em [[13 de maio|13 de Maio]] de [[1944]], em detrimento da [[Segunda Guerra Mundial]], um grande bombardeio danifica sua casa, e seus pais e irmãos fogem da cidade. Ela decide permanecer para continuar as obras sociais que desenvolvia. Começa a dividir moradia com algumas amigas, que posteriormente também se consagrarão como católicas leigas e celibatárias; dedicam-se integralmente às atividades assistenciais e aos poucos tornam-se referência na comunidade local. Começam a desenvolver uma espiritualidade baseada numa compreensão mais literal do Evangelho cristão (à semelhança da espiritualidade franciscana<ref>{{Citar periódico |titulo=Francisco de Assis |url=https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Francisco_de_Assis&oldid=59401124 |jornal=Wikipédia, a enciclopédia livre |data=2020-09-20 |acessodata=2020-11-09 |lingua=pt}}</ref>). Em poucos meses agregam-se aos trabalhos destas moças mais de 500 pessoas, a ponto de chamar a atenção das autoridades eclesiásticas. Estas passam a acompanhá-las e a ajudá-las no discernimento da espiritualidade em formação.
Somente 19 anos depois, em [[1962]], obteve a aprovação papal de [[Papa João XXIII|João XXIII]], recebendo deste o nome de '''Obra de Maria''', durante o [[Concílio Vaticano II]]<ref name="Magalhaes_Aguiar">{{Citar conferência|título=Subcampo conservador e lucro tripartido: um estudo dos focolares e de sua economia de comunhão|url=http://www.unicap.br/coloquiodehistoria/wp-content/uploads/2013/11/3Col-p.220-232.pdf|conferencia=III Colóquio de História|último1=Magalhães|primeiro1=Renan|último2=Aguiar|primeiro2=Sylvana|formato=pdf|acessodata=03/04/2019}}</ref>.

A primeira aprovação diocesana acontece em [[1947]] pelo arcebispo de Trento [https://www.findagrave.com/memorial/121625473/carlo-de_ferrari&sa=D&ust=1604869964956000&usg=AOvVaw0nPInW362tn6lprI-F1PAq Dom Carlo De Ferrari]. Seguindo os mesmos moldes de vida das moças, e compartilhando a mesma espiritualidade e trabalhos, em 1948 um grupo de rapazes também começa a dividir moradia entre si, com o intuito de consagrara-se como celibatários leigos católicos.

Em 23 de Março de [[1962]], obteve a aprovação papal de [[Papa João XXIII|João XXIII]], recebendo deste o nome de '''Obra de Maria''', durante o [[Concílio Vaticano II]]<ref name="Magalhaes_Aguiar">{{Citar conferência|título=Subcampo conservador e lucro tripartido: um estudo dos focolares e de sua economia de comunhão|url=http://www.unicap.br/coloquiodehistoria/wp-content/uploads/2013/11/3Col-p.220-232.pdf|conferencia=III Colóquio de História|último1=Magalhães|primeiro1=Renan|último2=Aguiar|primeiro2=Sylvana|formato=pdf|acessodata=03/04/2019}}</ref>.

Em [[1977]] Chiara Lubich recebeu o [[Prêmio Templeton]] para o progresso da religião. A partir desta data, o '''Movimento dos Focolares''' passou a contribuir para desenvolver o [[Diálogo inter-religioso|movimento inter-religioso]], com [[hebreus]] ortodoxos e reformados; [[Muçulmano|muçulmanos]] [[Sunismo|sunitas]] e [[Xiismo|xiitas]]; [[Hinduísmo|hindus]] de várias correntes; [[Budismo|budistas]] [[Maaiana|mahayana]] e [[Teravada|therevada]] com seguidores das [[religiões tradicionais africanas]] e de outras culturas originárias. Também houve contatos com [[Taoismo|taoistas]], [[Xintoísmo|xintoístas]], [[Siquismo|sikhs]] e [[Fé bahá'í|baha’i]], entre outros.


Em mensagem dirigida aos sete cardeais e 137 bispos amigos do Movimento dos Focolares, provenientes de 50 países, reunidos em Trento por ocasião do centenário de nascimento de Chiara Lubich, o [[Papa Francisco]] afirmou que o carisma da unidade ''“é uma dessas graças do nosso tempo, que experimenta uma mudança histórica e pede uma reforma espiritual e pastoral simples e radical, que leve a Igreja à fonte sempre nova e atual do Evangelho de Jesus"''<ref>{{Citar web|último=Raviart|primeiro=Michele|titulo=Papa: o carisma da unidade é uma graça para o nosso tempo - Vatican News|url=https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-02/papa-francisco-mensagem-focolares-centenario-nascimento-chiara.html|obra=www.vaticannews.va|data=2020-02-08|acessodata=2020-02-16|lingua=pt}}</ref>.
Em mensagem dirigida aos sete cardeais e 137 bispos amigos do Movimento dos Focolares, provenientes de 50 países, reunidos em Trento por ocasião do centenário de nascimento de Chiara Lubich, o [[Papa Francisco]] afirmou que o carisma da unidade ''“é uma dessas graças do nosso tempo, que experimenta uma mudança histórica e pede uma reforma espiritual e pastoral simples e radical, que leve a Igreja à fonte sempre nova e atual do Evangelho de Jesus"''<ref>{{Citar web|último=Raviart|primeiro=Michele|titulo=Papa: o carisma da unidade é uma graça para o nosso tempo - Vatican News|url=https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-02/papa-francisco-mensagem-focolares-centenario-nascimento-chiara.html|obra=www.vaticannews.va|data=2020-02-08|acessodata=2020-02-16|lingua=pt}}</ref>.


== Focolares no Brasil ==
== Focolares no Brasil ==
O primeiro brasileiro a ter contato com o Movimento dos Focolares foi o Pe. João Batista Zattera em 1956, na Itália<ref>{{Citar web |ultimo=Administrador |primeiro=Por |url=http://focolares.org.br/addio-don-zattera/ |titulo=Pe. João Baptista Zattera |data=2011-09-27 |acessodata=2020-11-09 |website=Movimento dos Focolares |lingua=pt-BR}}</ref>. Em 1958 chegam, em Recife, três focolarinos vindos da Itália: Marco Tecilla, Lia Brunet e Ada Ungaro, para trazer esse carisma ao Brasil.

No ano de 1959, Chiara Lubich recebeu uma carta do arcebispo de Recife, Dom Antônio de Almeida Morais Junior, pedindo a abertura de centros do Movimento em sua cidade, os primeiros fora da Europa. No mesmo ano partem para Recife quatro focolarinas (Ginetta Calliari, Fiore Ungaro, Marisa Cerini e Violetta Sartori) e quatro focolarinos (Marco Tecilla, Enzo Morandi, Rino Chiapperin e Gianni Buselato).

Rapidamente o Movimento se espalha pelos estados do Nordeste e sucessivamente por todo o país<ref>{{citar livro|título=ais no 10 : história dos 50 anos dos Focolares no Brasil|ultimo=Braga|primeiro=Aroldo de Oliveira|editora=Cidade Nova|ano=2009|local=São Paulo|página=|páginas=|isbn=9788578210328 8578210328|oclc=747102812}}</ref>

Em [[1968]] surge a obra social na Ilha de Santa Teresinha<ref>{{Citar web |url=https://www.focolare.org/pt/news/2014/03/29/lisola-di-santa-terezinha/ |titulo=A ilha de S. Terezinha |data=2014-03-29 |acessodata=2020-11-09 |website=Movimento dos Focolares |lingua=pt-PT}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://www.umanitanuova.org/pt/testemunhos-e-noticias/harmonia-e-arte/129-a-ilha-de-santa-terezinha.html |titulo=A Ilha de Santa Terezinha |acessodata=2020-11-09 |website=www.umanitanuova.org}}</ref>, encomendada ao Movimento dos Focolares por Dom Helder Câmara, além de outras como Magnificat, no Nordeste; e do Bairro do Carmo, do Jardim Margarida e da Pedreira em [[São Paulo]].

Em 1998, durante a última visita de Chiara Lubich ao Brasil, o Prof. [[Franco Montoro]], durante um discurso proferido na [[Universidade de São Paulo]] (USP), reconheceu no pensamento e na obra do Movimento, não apenas no Brasil, um testemunho que (...) salvou os direitos do homem no tempo das ditaduras e, no boom da ciência, demonstrou qual tática deve guiar-nos. Promoveu o amor, a fraternidade universal<ref>{{Citar web |url=http://focolares.org.br/focolares-no-brasil/ |titulo=Focolares no Brasil |acessodata=2020-11-09 |website=Movimento dos Focolares |lingua=pt-BR}}</ref>.

Em 25 de março de 2014, [[Maria Voce]], então presidente do [[Movimento dos Focolares]], esteve no Brasil para a inauguração da "Cátedra Chiara Lubich de Fraternidade e Humanismo" na Universidade Católica do Recife<ref>{{citar web|url=https://www.gaudiumpress.org/content/57226-Catedra-em-memoria-de-Chiara-Lubich-e-inaugurada-em-Recife|titulo=Catedra em memória de Chiara Lubich é inaugurada em Recife|data=27/03/2014|acessodata=16/02/2020|publicado=Gaudium Press}}</ref>.
Em 25 de março de 2014, [[Maria Voce]], então presidente do [[Movimento dos Focolares]], esteve no Brasil para a inauguração da "Cátedra Chiara Lubich de Fraternidade e Humanismo" na Universidade Católica do Recife<ref>{{citar web|url=https://www.gaudiumpress.org/content/57226-Catedra-em-memoria-de-Chiara-Lubich-e-inaugurada-em-Recife|titulo=Catedra em memória de Chiara Lubich é inaugurada em Recife|data=27/03/2014|acessodata=16/02/2020|publicado=Gaudium Press}}</ref>.


==== Centros ====
== Economia de Comunhão (EdC) ==
Atualmente existem centros do Movimento dos Focolares, chamados de Mariápolis, em três cidades brasileiras: Igarassu (PE), Vargem Grande Paulista (SP) e Benevides (PA).


== Economia de Comunhão (EdC) ==
Parte empresarial do movimento dos Focolares <ref name="Zsolnai">{{citar livro|título=Post-Materialist Business: Spiritual Value-Orientation in Renewing Management|último=Zsolnai|primeiro=László|ano=2015|página=52|editora=Palgrave Macmillan|doi=10.1057/9781137525987|isbn=978-1-137-52596-3|url=https://link.springer.com/book/10.1057%2F9781137525987|acessodata=03/04/2019}}</ref>, que ''"visa atrair a intervenção divina para o mundo dos negócios"'' a partir da visão de que a busca do [[lucro]] é atitude divina, apresentando o [[empresário]] como modelo de [[ética]] e principal protagonista social e na [[exploração]] dos [[trabalhador]]es através da [[coerção|manipulação]] psicológica.<ref name="CARVALHO_GUARESCHI_2009">{{citar periódico|primeiro1=Maria Luisa|último1=CARVALHO|primeiro2=Pedrinho|último2=GUARESCHI|título=Economia de comunhão: responsabilidade social, ideología e representações sociais.|periódico=Psicologia: ciência e profissão|número=1|edição=29|data=março de 2009|página=88-101|local=Brasília|issn=1414-9893|url=http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932009000100008&lng=pt&tlng=pt|acessodata=04/07/2019}}</ref>


Ele reúne empresas que se comprometem a empregar o seu [[lucro]] em favor de três causas: o sustento daqueles que se encontram em necessidade, projetos de formação cultural e de incentivo ao empreendedorismo e o incremento da própria empresa. O projeto tem um objetivo claro: produzir riquezas em prol de quem se encontra em dificuldade e fomentar uma nova cultura em que a economia não esteja atrelada ao individualismo e ao crescimento das desigualdades<ref name="GazetaDoPovo">{{Citar web|titulo=O que é Economia de Comunhão e por que essa ideia tem atraído cada vez mais adeptos|url=https://www.semprefamilia.com.br/virtudes-e-valores/o-que-e-economia-de-comunhao-e-por-que-essa-ideia-tem-atraido-cada-vez-mais-adeptos/|data=15/04/2017|último=Koller|primeiro=Felipe|obra=Sempre Família|acessodata=2020-02-16|lingua=pt-BR}}</ref>.
Projeto independente desenvolvido pelo Movimento dos focolares, reúne empresas que se comprometem a empregar o seu [[lucro]] em favor de três causas: o sustento daqueles que se encontram em necessidade, projetos de formação cultural e de incentivo ao empreendedorismo e o incremento da própria empresa. O projeto tem um objetivo claro: produzir riquezas em prol de quem se encontra em dificuldade e fomentar uma nova cultura em que a economia não esteja atrelada ao individualismo e ao crescimento das desigualdades<ref name="GazetaDoPovo">{{Citar web|titulo=O que é Economia de Comunhão e por que essa ideia tem atraído cada vez mais adeptos|url=https://www.semprefamilia.com.br/virtudes-e-valores/o-que-e-economia-de-comunhao-e-por-que-essa-ideia-tem-atraido-cada-vez-mais-adeptos/|data=15/04/2017|último=Koller|primeiro=Felipe|obra=Sempre Família|acessodata=2020-02-16|lingua=pt-BR}}</ref>.


No [[Brasil]], a ''Economia de Comunhão'' está presente em 177 empresas de 12 estados. No mundo todo, são mais de 800 empresas<ref name="GazetaDoPovo" />.
No [[Brasil]], a ''Economia de Comunhão'' está presente em 177 empresas de 12 estados. No mundo todo, são mais de 800 empresas<ref name="GazetaDoPovo" />.

Revisão das 07h19min de 9 de novembro de 2020

Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares

O Movimento dos Focolares (do italiano: focolare[1]:lareira, lar, casa), como é mais popularmente conhecido, foi fundado em Trento, norte da Itália, em 1943 por Chiara Lubich, e aprovado pela Santa Sé em 1962 como um movimento católico, sob o nome oficial de Obra de Maria[1][2][3].

Por constituição e missão[4], possui membros de diversas convicções religiosas e pessoas de convicções não religiosas e tem como fim a promoção da fraternidade universal[4]. Atualmente opera em 182 países e conta com mais de 2 milhões de participantes[5].

Ação

Desenvolve estudos teológicos, projetos de ação social e constitui programas de formação sob o tema da caridade cristã. Relaciona-a à Regra de ouro, princípio comum a diversas religiões e motivações humanas, e a promove como motivação de suas ações[4].

História

Em 7 de Dezembro de 1943, na cidade de Trento (Itália), a professora Silvia Lubich, então com 23 anos, consagra-se leiga celibatária pela Ordem Terceira de São Francisco, adotando o nome Chiara (em homenagem a Santa Clara de Assis).

Em 13 de Maio de 1944, em detrimento da Segunda Guerra Mundial, um grande bombardeio danifica sua casa, e seus pais e irmãos fogem da cidade. Ela decide permanecer para continuar as obras sociais que desenvolvia. Começa a dividir moradia com algumas amigas, que posteriormente também se consagrarão como católicas leigas e celibatárias; dedicam-se integralmente às atividades assistenciais e aos poucos tornam-se referência na comunidade local. Começam a desenvolver uma espiritualidade baseada numa compreensão mais literal do Evangelho cristão (à semelhança da espiritualidade franciscana[6]). Em poucos meses agregam-se aos trabalhos destas moças mais de 500 pessoas, a ponto de chamar a atenção das autoridades eclesiásticas. Estas passam a acompanhá-las e a ajudá-las no discernimento da espiritualidade em formação.

A primeira aprovação diocesana acontece em 1947 pelo arcebispo de Trento Dom Carlo De Ferrari. Seguindo os mesmos moldes de vida das moças, e compartilhando a mesma espiritualidade e trabalhos, em 1948 um grupo de rapazes também começa a dividir moradia entre si, com o intuito de consagrara-se como celibatários leigos católicos.

Em 23 de Março de 1962, obteve a aprovação papal de João XXIII, recebendo deste o nome de Obra de Maria, durante o Concílio Vaticano II[7].

Em 1977 Chiara Lubich recebeu o Prêmio Templeton para o progresso da religião. A partir desta data, o Movimento dos Focolares passou a contribuir para desenvolver o movimento inter-religioso, com hebreus ortodoxos e reformados; muçulmanos sunitas e xiitas; hindus de várias correntes; budistas mahayana e therevada com seguidores das religiões tradicionais africanas e de outras culturas originárias. Também houve contatos com taoistas, xintoístas, sikhs e baha’i, entre outros.

Em mensagem dirigida aos sete cardeais e 137 bispos amigos do Movimento dos Focolares, provenientes de 50 países, reunidos em Trento por ocasião do centenário de nascimento de Chiara Lubich, o Papa Francisco afirmou que o carisma da unidade “é uma dessas graças do nosso tempo, que experimenta uma mudança histórica e pede uma reforma espiritual e pastoral simples e radical, que leve a Igreja à fonte sempre nova e atual do Evangelho de Jesus"[8].

Focolares no Brasil

O primeiro brasileiro a ter contato com o Movimento dos Focolares foi o Pe. João Batista Zattera em 1956, na Itália[9]. Em 1958 chegam, em Recife, três focolarinos vindos da Itália: Marco Tecilla, Lia Brunet e Ada Ungaro, para trazer esse carisma ao Brasil.

No ano de 1959, Chiara Lubich recebeu uma carta do arcebispo de Recife, Dom Antônio de Almeida Morais Junior, pedindo a abertura de centros do Movimento em sua cidade, os primeiros fora da Europa. No mesmo ano partem para Recife quatro focolarinas (Ginetta Calliari, Fiore Ungaro, Marisa Cerini e Violetta Sartori) e quatro focolarinos (Marco Tecilla, Enzo Morandi, Rino Chiapperin e Gianni Buselato).

Rapidamente o Movimento se espalha pelos estados do Nordeste e sucessivamente por todo o país[10]

Em 1968 surge a obra social na Ilha de Santa Teresinha[11][12], encomendada ao Movimento dos Focolares por Dom Helder Câmara, além de outras como Magnificat, no Nordeste; e do Bairro do Carmo, do Jardim Margarida e da Pedreira em São Paulo.

Em 1998, durante a última visita de Chiara Lubich ao Brasil, o Prof. Franco Montoro, durante um discurso proferido na Universidade de São Paulo (USP), reconheceu no pensamento e na obra do Movimento, não apenas no Brasil, um testemunho que (...) salvou os direitos do homem no tempo das ditaduras e, no boom da ciência, demonstrou qual tática deve guiar-nos. Promoveu o amor, a fraternidade universal[13].

Em 25 de março de 2014, Maria Voce, então presidente do Movimento dos Focolares, esteve no Brasil para a inauguração da "Cátedra Chiara Lubich de Fraternidade e Humanismo" na Universidade Católica do Recife[14].

Centros

Atualmente existem centros do Movimento dos Focolares, chamados de Mariápolis, em três cidades brasileiras: Igarassu (PE), Vargem Grande Paulista (SP) e Benevides (PA).

Economia de Comunhão (EdC)

Projeto independente desenvolvido pelo Movimento dos focolares, reúne empresas que se comprometem a empregar o seu lucro em favor de três causas: o sustento daqueles que se encontram em necessidade, projetos de formação cultural e de incentivo ao empreendedorismo e o incremento da própria empresa. O projeto tem um objetivo claro: produzir riquezas em prol de quem se encontra em dificuldade e fomentar uma nova cultura em que a economia não esteja atrelada ao individualismo e ao crescimento das desigualdades[15].

No Brasil, a Economia de Comunhão está presente em 177 empresas de 12 estados. No mundo todo, são mais de 800 empresas[15].

Ligações externas

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Movimento dos Focolares

Referências

  1. «International Associations of the Faithful, Directory - Pontifical Coucils for the Laity». www.vatican.va. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  2. «Carta a Chiara Lubich, Presidente do Opus Mariae - Movimento dos Focolares - (16 de outubro de 2002) | João Paulo II». www.vatican.va. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  3. «Directório das Associações Internacionais de Fiéis - Directory of International Associations of the Faithful - qaz.wiki». pt.qaz.wiki. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  4. a b c Estatutos Gerais da Obra de Maria. Vargem Grande Paulista: Cidade Nova. 1998. pp. 13–15; 28 
  5. «Quem Somos». Movimento dos Focolares. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  6. «Francisco de Assis». Wikipédia, a enciclopédia livre. 20 de setembro de 2020. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  7. Magalhães, Renan; Aguiar, Sylvana. Subcampo conservador e lucro tripartido: um estudo dos focolares e de sua economia de comunhão (pdf). III Colóquio de História. Consultado em 3 de abril de 2019 
  8. Raviart, Michele (8 de fevereiro de 2020). «Papa: o carisma da unidade é uma graça para o nosso tempo - Vatican News». www.vaticannews.va. Consultado em 16 de fevereiro de 2020 
  9. Administrador, Por (27 de setembro de 2011). «Pe. João Baptista Zattera». Movimento dos Focolares. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  10. Braga, Aroldo de Oliveira (2009). ais no 10 : história dos 50 anos dos Focolares no Brasil. São Paulo: Cidade Nova. ISBN 9788578210328 8578210328 Verifique |isbn= (ajuda). OCLC 747102812 
  11. «A ilha de S. Terezinha». Movimento dos Focolares. 29 de março de 2014. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  12. «A Ilha de Santa Terezinha». www.umanitanuova.org. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  13. «Focolares no Brasil». Movimento dos Focolares. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  14. «Catedra em memória de Chiara Lubich é inaugurada em Recife». Gaudium Press. 27 de março de 2014. Consultado em 16 de fevereiro de 2020 
  15. a b Koller, Felipe (15 de abril de 2017). «O que é Economia de Comunhão e por que essa ideia tem atraído cada vez mais adeptos». Sempre Família. Consultado em 16 de fevereiro de 2020