Alberto Caeiro: diferenças entre revisões
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Revisão das 01h42min de 22 de novembro de 2010
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6e/Acaeiro.jpg/220px-Acaeiro.jpg)
Alberto Caeiro (16 de Abril de 1889 - 1915) é considerado o Mestre Ingénuo dos heterônimos e do próprio Fernando Pessoa, apesar da instrução primária.
Foi um poeta ligado à natureza, que despreza e repreende qualquer tipo de pensamento filosófico, afirmando que pensar obstrui a visão ("pensar é estar doente dos olhos"). Proclama-se assim um anti-metafísico. Afirma que, ao pensar, entramos num mundo complexo e problemático onde tudo é incerto e obscuro. À superfície é fácil reconhecê-lo pela sua objetividade visual, que faz lembrar Cesário Verde, citado muitas vezes nos poemas de Caeiro por seu interesse pela natureza, pelo verso livre e pela linguagem simples e familiar. Apresenta-se como um simples "guardador de rebanhos" que só se importa em ver de forma objetiva e natural a realidade. É um poeta de completa simplicidade, e considera que a sensação é a única realidade.
Biografia
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/aa/Silva_Porto-03.jpg/400px-Silva_Porto-03.jpg)
Nasceu em 16 de Abril de 1889, em Lisboa. Órfão de pai e mãe, não exerceu qualquer profissão e estudou apenas até à 4º classe. Viveu grande parte da sua vida pobre e frágil no Ribatejo, na quinta da sua tia-avó idosa, e aí escreveu O Guardador de Rebanhos e depois O Pastor Amoroso. Voltou no final da sua curta vida para Lisboa, onde escreveu Os Poemas Inconjuntos, antes de morrer de tuberculose, em 1915, quando contava apenas vinte e seis anos.[1]
Fisionomia
“ | Caeiro era de estatura média, e, embora realmente frágil (morreu tuberculoso), não parecia tão frágil como era, […] Louro sem cor, olhos azuis. | ” |
Ideologias
- Mestre dos outros heterónimos e do próprio Fernando Pessoa Ortónimo porque, ao contrário destes, consegue submeter o pensar ao sentir, o que lhe permite:
- viver sem dor;
- envelhecer sem angústia e morrer sem desespero;
- não procurar encontrar sentido para a vida e para as coisas que lhe rodeiam;
- sentir sem pensar;
- ser um ser uno (não fragmentado);
- Poeta do real objectivo, pois aceita a realidade e o mundo exterior como são com alegria ingénua e contemplação, recusando a subjectividade e a introspecção. O misticismo foi banido do seu universo.[2]
- Poeta da Natureza, porque anda pela mão das Estações[3] e integra-se nas leis do universo como se fosse um rio ou uma árvore,[4] redendo-se ao destino e à ordem natural das coisas.
- Temporalidade estática, vive no presente, não quer saber do passado ou do futuro.[5] Cada instante tem igual duração ao dos relâmpagos, ou à das flores, ou ao do sol e tudo o que vê é eterna novidade;[6] É um tempo objectivo que coincide com a sucessão dos dias e das estações. A Natureza é a sua verdade absoluta.
- Antimetafísico, pois deseja abolir a consciência dos seus próprios pensamentos (o vício de pensar) pois deste modo todos seriam alegres e contentes.[7]
- Crença que as coisas não têm significação: têm existência, a sua existência é o seu próprio significado.[8]
Obra
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/3a/Magnifying_glass_01.svg/17px-Magnifying_glass_01.svg.png)
Ao todo tem 104 poemas, 49 em O Guardador de Rebanhos, 6 em O Pastor Amoroso e 49 em Poemas Inconjuntos.
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/13/Silva_Porto-06.jpg/400px-Silva_Porto-06.jpg)
Temas
Os seguintes temas são os mais abordados ao longo da sua poesia e os seus respectivos chavões de identificação.
- Objectivismo:
- atitude antilírica;
- atenção à eterna novidade do mundo;[6]
- poeta da Natureza;
- Sensacionismo:
- poeta das sensações verdadeiras;
- poeta do olhar;
- predomínio das sensações visuais e auditivas;
glugli* Antimetafísico:
- recusa do pensamento e da compreensão (pensar é estar doente dos olhos)[9]
- recusa do mistério e do misticismo;
“Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que é amar…”
— Alberto Caeiro, excerto de ‘’O Guardador de Rebanhos’’.[11]
Estilo
- Estilo discursivo.
- Pendor argumentativo.
- Transformação do abstracto no concreto, frequentemente através da comparação.
- Predomínio do substantivo concreto sobre o adjectivo.
- Linguagem simples e familiar.
- Liberdade estrófica e métrica e ausência de rima.
- Predomínio do Presente do Indicativo.
- Raro uso de metáforas.
Outros heterônimos
Referências
- ↑ a b Carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, Lisboa, 13 de Janeiro de 1935. Erro de citação: Código
<ref>
inválido; o nome "carta" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes - ↑ O Guardador de Rebanhos, Poema trigésimo nono. (1-3)
- ↑ O Guardador de Rebanhos, Poema Primeiro. (3-6)
- ↑ O Guardador de Rebanhos, Poema trigésimo nono. (4-5)
- ↑ O Guardador de Rebanhos, Poema décimo. (9-13) (
- ↑ a b O Guardador de Rebanhos, Poema segundo. (5-7,12-13)
- ↑ O Guardador de Rebanhos, Poema primeiro. (22-28)
- ↑ O Guardador de Rebanhos, Poema trigésimo nono. (16-17)
- ↑ O Guardador de Rebanhos, Poema segundo. (15-18)
- ↑ O Guardador de Rebanhos, Poema décimo quarto. (5-6)
- ↑ O Guardador de Rebanhos, Poema segundo. (19-23)
- Fernando Pessoa (2009). Poesia de Alberto Caeiro. [S.l.]: Assírio & Alvim. ISBN 9789723706543
- Lopes, Teresa Rita (1991). Pessoa por Conhecer. [S.l.]: Ed. Estampa. ISBN 9789723307689
- Lourenço, Eduardo (1993). Fernando, Rei da Nossa Bavieira. [S.l.]: I.N - C.M. ISBN 9789722706551
- Padrão, Maria da Glória (1981). A Metáfora em Fernando Pessoa. [S.l.]: Ed. Limiar
Leituras adicionais
- Tabucchi, António (1998). Sonhos de Sonhos. [S.l.]: Quetzal Ed. ISBN 9789725643488. [1] Vistada a 14 Fevereiro 2010.