Ambystoma mexicanum
Axolotle | |||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||
![]() Em perigo crítico (IUCN 3.1) [1] | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Ambystoma mexicanum (Shaw e Noddler, 1798) |
O axolotle (do náuatle axolotl) (Ambystoma mexicanum), também conhecido como axolote, é uma espécie de salamandra que não se desenvolve na fase de larva, permanecendo nesse estado mesmo adultos. É um exemplo de animal neoténico, pois conserva durante toda a vida brânquias externas, uma característica do estado larval. Os axolotes são muito usados em laboratório devido à sua capacidade de regeneração.[2]
Etimologia[editar | editar código-fonte]
Axolotle é um nome asteca, que numa tradução aproximada significa "monstro aquático", e na mitologia asteca era a evocação do deus Xolotl.
Descrição[editar | editar código-fonte]
Um axolote adulto pode medir de 15 a 45 cm embora o comprimento mais comum seja 23 cm e seja raro encontrar um espécime com mais de 30 cm. Os axolotes possuem características típicas do estado larval das salamandras, incluindo brânquias externas e barbatanas caudais desde o final da cabeça prolongando se por toda a extensão da cauda. Isso ocorre porque esses anfíbios apresentam tireoide rudimentar e não há liberação de hormônios tireoideanos, essenciais na metamorfose de anfíbios. Quando um axolote recebe hormônio tireoideano, transforma-se em animal adulto com caracteristícas terrestres[3]: pulmão e patas e perda da cauda por reabsorção, tornando-se muito similar à salamandra-tigre Ambystoma velasci (em muitos casos[4], essa metamorfose ocorre naturalmente).
As cabeças são amplas e possuem olhos sem pálpebras. Os machos são identificáveis apenas na época de reprodução pela presença de cloacas muito mais pronunciadas e de aspecto redondo.
O genoma do axolote é o maior já sequenciado, possuindo cerca de 32 bilhões de pares de bases, 10 vezes maior que o genoma humano[5].
Habitat[editar | editar código-fonte]
Ao contrário do que ocorre com seus parentes próximos, como sapos e rãs, que passam a viver na terra quando deixam as formas larvais, os axolotes permanecem na água por toda a vida. O seu único habitat natural consiste dos lagos próximos da Cidade do México, em especial o lago Xochimilco e o lago Chignahuapan, este último no estado de Puebla. Atualmente, no lago Chignahuapan, são raramente encontrados. Isto se deve à predação dos seus ovos por espécies não autóctones introduzidas pelo homem. Além disso, a capacidade de regeneração do axolote também traz alguns problemas, uma vez que em certas zonas do México é apreciado em caldos e pela medicina naturista (como vitamínico).
Evolução[editar | editar código-fonte]
Acreditava-se que os anfíbios atuais os quais conservam suas brânquias durante toda a vida seriam as formas mais primitivas. No entanto, após a descoberta de fósseis cujo aparato branquial desaparecia com a idade, tal qual ocorre em batráquios atuais, tal concepção foi abandonada.[6] Assim, não considera-se mais o axolote como um "fóssil vivo".
Regeneração[editar | editar código-fonte]
A espécie é intrigante, haja vista sua regeneração expressiva, apesar de sua alta complexidade em relação a outros seres com elevado potencial regenerativo, como esponjas, planárias e estrelas-do-mar. O axolote é capaz de regenerar, por meio de desdiferenciação celular, membros inteiros, que são constituídos por estruturas não comumente regeneradas, como nervos, musculatura, ossos e vasos sanguíneos. É capaz ainda de reparar completamente metade de seu coração ou cérebro.[7][8] Tais propriedades são frequentemente analisadas em laboratório.[9][10]
Estado de conservação[editar | editar código-fonte]
Um artigo publicado na revista científica Nature no final de 2017 mostrava que a espécie está cada vez mais próxima da extinção. Em 1998, existiam 6000 axolotes por quilómetro quadrado na região mexicana de Xochimilco; dois anos depois, este número tinha baixado para 1000 espécimes por quilómetro quadrado. Em 2008, dez anos depois, os números eram ainda mais preocupantes: havia apenas 100 axolotes por quilómetro quadrado. Em 2018, sobretudo por causa da poluição, há menos de 35 destes animais por quilómetro quadrado.
O axolote é um completo paradoxo de conservação, é provavelmente o anfíbio mais espalhado pelo mundo, em laboratórios e lojas de animais, e ainda assim está quase extinto na natureza. O que traz problemas: como existe uma baixa diversidade genética destes animais, são mais propensos a doenças.
Produção de xarope para a tosse[editar | editar código-fonte]
Um grupo de freiras do município mexicano de Pátzcuaro está a ajudar a criar e a devolver alguns destes animais ao seu habitat natural naquela região. Há anos que o grupo religioso utiliza estes animais na produção de um famoso xarope para a tosse, uma prática que passou de geração em geração — mas a forma como esse remédio é feito (e a maneira como os anfíbios entram na fórmula) não é revelada pelas freiras.
Com laboratórios dentro do mosteiro, as freiras tornaram-se mestres da criação de axolotes – e têm um papel importante na devolução de alguns destes animais ao seu habitat natural.[11]
Referências
- ↑ Luis Zambrano, Paola Mosig Reidl, Jeanne McKay, Richard Griffiths, Brad Shaffer, Oscar Flores-Villela, Gabriela Parra-Olea, David Wake (2010). «'Ambystoma mexicanum'». Lista Vermelha da IUCN de espécies ameaçadas da UICN 2013.2 (em inglês). ISSN 2307-8235. Consultado em 6 April 2014 Verifique data em:
|acessodata=
(ajuda) - ↑ Lima, Mariana Araguaia de Castro Sá. «Axolote (Ambystoma mexicanum)». Mundo Educação. Consultado em 21 de dezembro de 2018
- ↑ Attemborough, David (1980). «6. A Invasão da Terra». A Vida na Terra. Porto: Selecções do Reader's Digest. p. 156. 368 páginas
- ↑ «Rare 'Peter Pan' axolotl grows up». BBC (em inglês). 27 de dezembro de 2007. Consultado em 30 de junho de 2012
- ↑ «The largest genome ever: decoding the axolotl». IMP-Research Institute of Molecular Pathology. 24 de janeiro de 2018. Consultado em 25 de janeiro de 2018
- ↑ SANTOS, Eurico (1981). Zoologia Brasílica - Volume 3: Anfíbios e Répteis 3ª ed. Belo Horizonte: Editora Itatiaia. p. 19
- ↑ It's Okay To Be Smart (15 de maio de 2018), The Deadpool Salamander, consultado em 18 de maio de 2018
- ↑ Amamoto, Ryoji; Huerta, Violeta Gisselle Lopez; Takahashi, Emi; Dai, Guangping; Grant, Aaron K; Fu, Zhanyan; Arlotta, Paola. «Adult axolotls can regenerate original neuronal diversity in response to brain injury». eLife. 5. ISSN 2050-084X. PMC PMC4861602
Verifique
|pmc=
(ajuda). PMID 27156560. doi:10.7554/eLife.13998 - ↑ PORTAL UFBA - Estratégias de regeneração em anfíbios urodelos
- ↑ Experiments on developing limb buds of the axolotl Ambystoma mexicanum, M. Maden 1 and B. C. Goodwin
- ↑ «As freiras mexicanas estão a salvar o axolote da extinção — por acidente»
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Zambrano, L., Mosig Reidl, P., McKay, J., Griffiths, R., Shaffer, B., Flores-Villela, O., Parra Olea, G.; Wake, D. 2006. Ambystoma mexicanum. In: IUCN 2007. 2007 IUCN Red List of Threatened Species. <www.iucnredlist.org>. Acessado em 10 de setembro de 2008.
- Scientific American Brasil: Anfíbio mexicano sob ameaça
- Criaturas Estranhas - Em busca do Axolote (Nick Baker)
- Ambystomatidae