Anjo da Guarda (álbum de António Variações)
Anjo da Auarda | |||||
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Álbum de estúdio de António Variações | |||||
Lançamento | 1983 | ||||
Género(s) | Pop-rock, fado, electrónica | ||||
Idioma(s) | português | ||||
Formato(s) | LP | ||||
Editora(s) | Valentim de Carvalho | ||||
Cronologia de António Variações | |||||
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Anjo da Guarda é o álbum de estreia de António Variações. Editado em 1983, pela Valentim de Carvalho, é considerado um dos álbuns mais importantes da música popular portuguesa, sendo pioneiro no cruzamento de influências de fado com uma sonoridade pop-rock mais contemporânea. "O corpo é que paga", "É p'ra amanhã" e "Estou além" são os singles mais conhecidos do disco.
Contexto e gravação
[editar | editar código-fonte]Variações gravou uma maqueta em 1978. Entregou-a à Valentim de Carvalho, assinando contrato discográfico ainda nesse ano, mas a estreia no formato longa-duração tardou em chegar.[1][2][3] Ao longo do processo de desenvolvimento do álbum, o caminho das sonoridades a escolher era bastante difuso: por um lado, o músico incorporava referências da música tradicional portuguesa como o fado, por outro lado, as suas composições abraçavam as tendências rock da época.[2] Nas palavras do próprio Variações, a sua música situava-se algures "entre Nova Iorque e a Sé de Braga".[4][5] Esta ambivalência refletia-se na reação do público, quando atuava ao vivo - Variações foi vaiado em múltiplos concertos que deu antes da edição do disco.[4][5][6] Além da música, os apupos dirigiam-se à sua imagem marcadamente queer.[4][5]
Variações gravou pelo menos duas maquetas com músicas que não chegariam ao disco: a primeira apostava na via da música tradicional, nunca tendo sido divulgada; a segunda incluiu "Toma o Comprimido" e "Não me Consumas", temas apresentados no programa televisivo O Passeio dos Alegres, mas que só seriam editados em 2006, em A História de António Variações, uma compilação póstuma que reuniu êxitos, versões das maquetas e alguns inéditos.[2][3]
O primeiro avanço do disco chegou em 1982, com o single "Estou Além". A música fora produzida por Nuno Rodrigues, sendo uma das primeiras incursões da discografia portuguesa pela música electrónica.[2] No lado B, figurava uma interpretação de "Povo Que Lavas no Rio" de Amália Rodrigues, vincando a sua adoração pela fadista.[2][3][7] Também esta música ficou de fora do alinhamento final.[2]
Na construção da derradeira estreia, a Variações juntaram-se os membros dos GNR, Tóli e Vítor Rua (este último sob o pseudónimo Vick Vaporub), além de José Moz Carrapa, Manuel Faria, Zé da Ponte e José Carias, que ajudariam a definir o rumo final do disco, coadjuvando na produção e nos arranjos.[2][3] Em 1983, o disco é, finalmente, editado, sendo totalmente dedicado a Amália Rodrigues.[2][4][3]
Receção e impacto cultural
[editar | editar código-fonte]Ainda no verão de 1983, "O corpo é que paga" e "É p'ra amanhã" tornaram-se grandes êxitos, recheando a agenda de Variações de concertos um pouco por todo o país, enquanto a saúde o permitiu.[2][3]
Os refrões do disco perduraram muito para lá da morte do artista. "Estou além", por exemplo, conheceu versões de Lena D'Água (1987), Isabel Silvestre (1993) e Amarguinhas (1995); já no século XXI "Visões-Ficções" ganhou nova vida numa versão de Dead Combo em colaboração com Márcia.[2]
O hibridismo da identidade musical de Variações é considerado um ponto de viragem na cultura contemporânea portuguesa, extravasando em muito a questão musical.[4][5][6][8] Sendo uma das primeiras figuras abertamente queer da sociedade portuguesa, o músico e a sua obra continuam a ser frequentemente analisados à luz dos estudos culturais e LGBTQ.[4][5][6][9][10]
Alinhamento
[editar | editar código-fonte]Todas as canções foram escritas e compostas por António Variações.[11][12]
N.º | Título | Duração | |
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1. | "O corpo é que paga" | 3:26 | |
2. | "Visões-ficções (Nostradamus)" | 5:49 | |
3. | "Quando fala um português..." | 4:28 | |
4. | "Sempre ausente" | 5:59 | |
5. | "Linha-vida" | 4:05 | |
6. | "É prá amanhã" | 4:03 | |
7. | "Onda-morna" | 4:32 | |
8. | "Anjinho da guarda" | 4:56 | |
9. | "Estou além" | 4:54 | |
10. | "Voz-Amália-de-nós" | 4:23 |
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Caballero, Alberto Mulas (5 de julho de 2022). «António Variações, o ícone português dos anos 80». Muros de Absenta
- ↑ a b c d e f g h i j «Nos 40 anos de um álbum que se tornou uma referência». Antena 1 - RTP. 26 de junho de 2023. Consultado em 25 de setembro de 2023
- ↑ a b c d e f «António Variações – Meloteca». www.meloteca.com. Consultado em 25 de setembro de 2023
- ↑ a b c d e f Branco, Luís Carlos S. (27 de dezembro de 2021). «António Variações: retrato do cantor enquanto jovem inserido na sua geração artística e nas respetivas problemáticas identitário-culturais». Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Todas as Artes. 4 (2)
- ↑ a b c d e Guerra, Paula (2017). «António e as Variações identitárias da cultura portuguesa contemporânea». ISSN 2177-6229. doi:10.4013/csu.2017.53.3.11. Consultado em 25 de setembro de 2023
- ↑ a b c Monteiro, Tiago (2009). «"Entre a Sé de Braga e Nova Iorque" ou "formas tradicionais" e "quadros de modernidade" na música popular midiática portuguesa – o caso António Variações». Universidade Metodissta de São Paulo. Comunicação & Sociedade. 31 (52)
- ↑ «Estou além / Povo que lavas no rio - Fonoteca Municipal do Porto». fonoteca.cm-porto.pt. Consultado em 25 de setembro de 2023
- ↑ Belanciano, Vítor (7 de dezembro de 2017). «O século XX português podia chamar-se António Variações». PÚBLICO. Consultado em 25 de setembro de 2023
- ↑ Guerra, Paula (2022). «Barulho! Vamos deixar cantar o Fado Bicha. Cidadania, resistência e política na música popular contemporânea». Revista de Antropologia (2): e197977–e197977. ISSN 1678-9857. doi:10.11606/1678-9857.ra.2022.197977. Consultado em 25 de setembro de 2023
- ↑ Horta, Bruno. «Biografia de António Variações regressa às lojas em edição revista e aumentada». Observador. Consultado em 25 de setembro de 2023
- ↑ «Anjo da guarda - Fonoteca Municipal do Porto». fonoteca.cm-porto.pt. Consultado em 25 de setembro de 2023
- ↑ «Fonoteca Municipal - Catálogo - Detalhe do Registo». fonoteca.cm-lisboa.pt. Consultado em 25 de setembro de 2023