Antipoesia
A antipoesia é um tipo de poesia de ruptura, concebida e desenvolvida principalmente pelo escritor chileno Nicanor Parra. Desta forma, Parra criou uma nova maneira de fazer poesia, mais objetiva, coloquial e permeada de expressões populares que se opunham à maneira predominante em seu país em meados do século XX, liderada fundamentalmente por Pablo Neruda, Vicente Huidobro e Pablo de Rokha.[1]
Estilo
[editar | editar código-fonte]A antipoesia é caracterizada pelo uso da linguagem direta, informal, geralmente antirretórica,eclética e em. certas ocasiões, narrativa, eivada de frases feitas, ditos populares, lugares comuns e tradições locais,[2] que se adaptam às contingências históricas e aos novos recursos expressivos de movimentos artísticos e culturales emergentes, muitos deles propagados pelos meios de comunicação sociais. Trata-se de uma linguagem subversiva, sem ser militante, que assume uma função crítica ao tradicionalismo[1] e metanarrativa, e dessacraliza a poesia e o poeta, através da ironia, da paródia, humor (principalmente negro, como forma de ir contra o desespero), o exagero (como meio de alcançar a comunicação efetiva)[2] e o sarcasmo,[1] mas também através de sensações de desamparo, alienação social e agressividade. Esta poesia ilustra a decadência social atual, tendendo a revelar um futuro escuro e pessimista.[2]
Os antipoemas podem incluir um anti-herói que frequenta espaços públicos e urbanos,[1] encenando um discurso, o qual, segundo Federico Schopf, busca remexer o disperso, o anestesiado, encimesmado, agressivo e desconfiado público contemporâneo. O sujeito pode estar fragmentado, e ter perturbações esquizofrênicas mascaradas.[2] Em oposição aos poemas tradicionais, que desenvolvem uma ideia ou sentimento me maneira contínua, os antipoemas têm uma estrutura fragmentária que rompe com a continuidade,[1] evocando elementos expressivos anacrônicos, como o pastiche, o objet trouvé,[2].[1]
Nos poemas da antipoesia, aprecia-se se uma forte influência do surrealismo.[3] A antipoesia foi florescendo em paralelo à arte pop, e suas etapas posteriores confluíram com o hiperrealismo, minimalismo e arte conceitual.[2]
Influências
[editar | editar código-fonte]A antipoesia parriana influiu profundamente tanto a poesia hispano-americana como outros gêneros da literatura.[1] A partir dela se reproduziram vários outros autores contemporâneos de Parra, como o caso de Enrique Lihn,[4] o primeiro a argumentar acerca da ruptura literária.[3]
Referências
- ↑ a b c d e f g Morales, Leonidas. «Parra, Nicanor». Universidad de Chile
- ↑ a b c d e f Parra 2006, «Prólogo. Genealogía y actualidad de la antipoesía: un balance provisorio», por Federico Schopf, pp. LXXVII-CXXXI
- ↑ a b Parra 2006, «Introducción, por Niall Binns», pp. XXIX-LXXVI
- ↑ Lihn 2008, pp. 9-16.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Ulloa Sánchez, Osvaldo. «Antipoesía. La escéptica negación»
- Adolfo Vásquez Rocca (2012). «Nicanor Parra: Antipoemas, parodias y lenguages híbridos. De la antipoesía al lenguaje del artefacto». Nómadas. Revista Crítica de Ciencias Sociales y Jurídicas. Núm. Especial: América Latina. Universidad Complutense de Madrid.
- Nicanor Parra, después de vivir un siglo
- Schopf, Federico (2002). «La antipoesía ¿Comienzo o final de una época?». Atenea (485): 43-71. ISSN 0716-1840
- Schopf, Federico. Las huellas del antipoema. Centro de Estudios Miguel Enríquez (CEME).