Beilhique de Tanribermis

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Beilhique de Tanribermis
Tanrıvermişoğul

1074 – 1098
Localização de Tanribermidas
Localização de Tanribermidas
Mapa do Reino da Lídia na antiguidade. Localização de Éfeso e outras cidades da Anatólia Ocidental
Continente Ásia
Região Anatólia
País Turquia
Capital Éfeso
Alaşehir
Língua oficial língua turca
Religião Islã
Sunita
Governo Beilhique
Principado
Período histórico Idade Média
 • 1074 de 1074 Fundação
 • 1098 de 1098 Anexado pelo Império Bizantino
Mapa da Anatólia Ocidental.
A cidade de Éfeso na atualidade.
Casa do governador na Filadélfia.
Filadélfia, chamada pelos turcos de Allah Sher, a cidade de Deus.

O Beilhique de Tanribermis [1] (em turco: Tanrıvermişoğul, Tanrıbermiş) ou Principado de Tanribermis [2] foi um pequeno estado ou principado turcomano de vida um tanto curta, criado na Anatólia Ocidental (Turquia moderna) no séc. XI.) [3] Sua duração foi de 1074 a 1098.

História[editar | editar código-fonte]

Após a vitoriosa Batalha de Manziquerta, em 1071, contra os bizantinos, as tribos Oguzes turcomanas, lideradas pelos comandantes ghazi começaram a se estabelecer na Anatólia, dominada até então (desde o ano de 391) pelos bizantinos.[4] Alguns dos comandantes, que tomaram suas posições naquela batalha, seguindo ordens expressas de Alparslano, buscaram estabelecer-se naquela região (Anatólia). Eram eles Artuque Bei, Ebûlkasım Saltuk, Danismende,[5] o emir Mengücek, Çaka Bey, Tutak Bey, Savtegin Bey, Afsin Bey, Cutalmiche [6] e os filhos Salomão Xá e Mansur ibne Cutalmiche [7][8] entre outros.[9][10]

Um destes comandantes turcomanos era Tanrıbermiş Bey. Ele seguiu com seus guerreiros para a região de Éfeso e Filadélfia (moderna Alaşehir), no Reino da Lídia, na Anatólia Ocidental, em 1074, tomou-a e ali fundou o seu principado (Beilique). A região de Éfeso [11] àquela época já não resguardava o brilho de outrora e nada mais era que uma pequena aldeia.

Esses beiliques recebiam e eram conhecidos pelos nomes de seus fundadores. Estes desbravadores, a exemplo de Tanribermis, muito contribuiriam para a disseminação da cultura e da civilização islâmica bem como seus incentivos à arquitetura, à arte e aos costumes. Este processo seria posteriormente chamado de[12][13][14][15][16][17][18] turquização da Anatólia. Muitos outros destes comandantes, chegando à Anatólia, transformaram as suas possessões em beilhiques, principados, sultanatos ou emirados e criaram verdadeiras dinastias.[19] O principado de Tanribermis, como os demais, pequenos, eram, assim mesmo, responsáveis por guarecerem as tropas imperiais na Anatólia. Eram pequenos e tinham uma ação demasiadamente local, muito embora os beilhiques dos Saltuklular (Saltúquidas), Danişmentliler (Danismendidas), Mengücekler (Mengucéclidas) e Artuklular (Artúquidas) fossem mais fortes.[20]

A dominação da Anatólia[editar | editar código-fonte]

Tanrıbermiş desempenhou um papel fundamental na conquista da Anatólia, no pós Batalha de Manziquerta, e foi um dos percursores naquilo que foi, posteriormente, chamado de turquização da Anatólia.

Ao mesmo tempo que ele, Çaka Bey que, na verdade, o precedeu naquela região, estabeleceu o seu Principado de Esmirna, na cidade de mesmo nome, e que hoje se chama Izmir, e em seus arredores.[21] Os territórios dos primeiros principados da Turquia foram estendidos para as costas do Mar Egeu e do Mar de Mármara e o emir Çaka Bey foi o pioneiro a introduzir as artes da navegação marítima entre os turcos e foi um dos invasores mais audazes do Exército Seljúcida.[22] Ele capturou e obteve controle sobre algumas cidades, sobre a costa e sobre algumas ilhas do Mar Egeu e ali criou o seu principado (em turco: Çaka Beyliği) (1081-1093). Ele organizou (criou) uma poderosa frota marítima e ganhou (posteriormente) o título de “o o primeiro fuzileiro turco”. E foi o responsável por infligir uma grande derrota à marinha bizantina e na frota dos cruzados.[23]

No entanto, ambos não puderam sustentar seu domínio por muito tempo e durante a Primeira Cruzada em 1098, seus territórios foram recuperados pelos cruzados e as frotas do imperador bizantino Aleixo I Comneno (1081-1118).[24] que envara um grande contingente para a Ásia, sob o comando de Godofredo de Bulhão Duque da Baixa Lorena (1087-1100), que obteve grandes vitorias para o Império Bizantino e recuperou algumas cidades e territórios importantes,[25] como Niceia (atual Iznik),[26] Quios, Rodes, Esmirna (atual Izmir), Éfeso, Filadélfia, Sardes e, na verdade, a maior parte da Ásia Menor (1097-1099). Devolveu tudo aos bizantinos, que dispunham de uma marinha mais aparelhada e, navegando pelas áreas costeiras, se apoderou de Éfeso[27] e, a partir daí, obteve o controle da Anatólia Ocidental. Éfeso foi destruída pelos exércitos cruzados e bizantinos e os dois principados foram extintos.[28]

Contexto histórico[editar | editar código-fonte]

Somente em 1320 é que o marinheiro turco Umur Beue devolveu Esmirna aos cavaleiros católicos e acrescentou-a às terras turcas.[29] Quanto à Éfeso, depois de passar por diversas mãos, como as mãos dos aidinidas, senhores de uma poderosa marinha no porto da vizinha Ayasuluğ (atual Selçuk), dos seljúcidas que deixaram importantes obras arquitetônicas, como a Mesquita de İsa Bey, Caravançarais e balneários turcos (hamam), dos otomanos, como vassalos, dos beiliques da Anatólia,[30][31][32] foi parar, por fim, nas mãos dos otomanos definitivamente..

Os turcos não conseguiram penetrar na Anatólia ocidental por cerca de dois séculos, até que o beilhque Umur Bei (1334-1348),[33] dos aidinidas,[34] dono de um poder naval significativo à época[35] aliando-se a João VI Cantacuzeno (13471354), pode adentrar por aqueles mares. Os turcos, navegando livremente por aquelas zonas marítimas provocaram, entretanto, a reação latina às investidas de Umur. Assim por iniciativa do papa Clamente VI (1342-1352), que pretendia pôr fim à pirataria turca no Mar Egeu de Esmirna, surgiram as Cruzadas Esminotas. A primeira destas cruzadas aconteceu em 1344, sob o comando de Hugo IV, rei de Chipre (13241358) [36] e titular de Jerusalém (13241358) [37] e concluiu com a captura de Esmirna e do seu emirado. No ano seguinte, 1345, em uma segunda cruzada, sob o comando de Humberto II, delfim de Viena (1333-1349), os cruzados seguindo pelas costas do Mar Egeu, região da Anatólia, alcançaram e tomaram Mitilene, a capital da ilha grega de Lesbos, infligindo grande derrota aos turcos.

Mesmo depois disso, a Filadélfia, reduto do principado de Tanrıbermiş, não foi capturada pelos turcos até 1390.

Notas

Referências

  1. Osman Turan Selçuklular Zamanında Türkiye - Ötüken Neşriyat A.Ş. - 761 páginas
  2. İbrahim Sarı Türkiye Tarihi: Türklerin Anadolu Çıkarması... - noktaekitap, 12 de dez de 2016 - 195 páginas
  3. Prof.Yaşar Yücel-Prof Ali Sevim:Türkiye tarihi vol I, AKDTYKTTK Yayınları, 1991, pp 174
  4. İbrahim Kafesoğlu. Selçuklular ve Selçuklu Tarihi Üzerine Araştırmalar; Ötüken Neşriyat A.Ş. - 376 páginas
  5. Período Inicial da Herança Turca da Anatólia: Niksar, a Capital da Dinastia Danismendida.
  6. Mehmet Şeker1 - Süleyman-Shah (I), Rukne’d-Din Süleyman-Shah b.Kutalmış (479-1086) -The founder and first Sultan of the Anatolian (Turkey) Seljuk State (1075-1086)
  7. Richard P. McClary (2016). Rum Seljuq Architecture, 1170-1220: The Patronage of Sultans. [S.l.]: Edinburgh University Press. 272 páginas. . 
  8. As estrelas cintilantes da história da Turquia
  9. Alexander Daniel Beihammer (2017). Byzantium and the Emergence of Muslim-Turkish Anatolia, Ca. 1040-1130. [S.l.]: Taylor & Francis. pp. 297, 349,405. . 
  10. [suriye-turkmen.ahlamountada.com/t98-topic Anatolian Bey Principalities]
  11. Foss, Clive (1979) [https://books.google.com/books?id=i6Q8AAAAIAAJ&dq=Éfeso, após a antiguidade: uma cidade atrasada da antiguidade, a bizantina, e turca, editora da Universidade de Cambridge, p. 121.
  12. O Seljuks da Anatólia e o Império Otomano
  13. nova história de cambridge do islam
  14. civilização de moeda de anatólia
  15. O islamismo e os turcos Islã turcos O islamismo e os turcos
  16. The Different aspects of Islamic culture, v. 3: The spread of Islam Os diferentes aspectos da cultura islâmica, v. 3: A propagação do Islã
  17. história mundial tempos medievais propagação do islam a ascensão dos impérios e estados islâmicos
  18. humanidades história mundial tempos medievais propagação do islam um o desenvolvimento e disseminação de culturas islâmicas
  19. O Sultão Kılıç Arslan I. Işın Demirkent - Casa de impressão da sociedade histórica turca, 1996, página 79
  20. O pimeiro estabelecimento do governo turco na Turquia
  21. Çaka Bey
  22. NavalWiki - História das forças navais da Turquia
  23. A conquista da Anatólia
  24. tanribermis-bey
  25. Halil İnalcık, Ruşen Sezer (Tradutor) (2001). Idade Clássica do Império Otomano (1300-1600). [S.l.]: Publicações de Kredi de Yapı, Istambul. pp. . . 
  26. Yavuz Bahadıroğlu (2001). Çaka Bey. [S.l.]: Nesil Basım Yayın Gıda Ticaret ve Sanayi A.Ş. 256 páginas. . 
  27. Tanrıvermişoğulları
  28. tanribermis-beyligi
  29. Nettus - Rostov del DonIzmir - (Esmirna)
  30. Beilhiques da Anatólia
  31. Principados da Anatólia
  32. «Anadolu Beylikleri». www.e-tarih.org. Consultado em 27 de outubro de 2019 
  33. C.E. Bosworth, The New Islamic Dynasties, (Columbia University Press, 1996), 221.
  34. Enciclopédia brasileira mérito Vol. 1. São Paulo: Editôra Mérito S.A. 1967. p. 330
  35. Hans Theunissen. . "Veneza e os turcomanos begliks de Menteşe e Aydin" (PDF) Universidade de Utrecht. Arquivado a partir do Capítulo V de diplomática otomano-veneziana, o nome Ahd dá , em 2008-02-27
  36. Fundação da Genealogia Medieval - Table 81: Ancestors of Janus de Lusignan, King of Cyprus (c1374/5-1432)
  37. «Projeto Terras Medievais - Nobreza de Jerusalém: Genealogia do Conde e Senhores de Jaffa (Ibelin)». Fundação para a genealogia medieval. 14 de maio de 2007. Consultado em 23 de novembro de 2008 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

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  • Jean-Claude Cheynet: Pouvoir et contestations à Byzance (963–1210) (= Publications de la Sorbonne. Série Byzantina Sorbonensia. Bd. 9). Reimpression. Publications de la *Sorbonne Centre de Recherches d'Histoire et de Civilisation Byzantines, Paris 1996, ISBN 2-85944-168-5, S. 93 Nr. 118.
  • Ali Sevim: Türk Tarihi - Fetih, Selçuklu ve Beylikler Dönemi, Türk Tarih Kurumu 1989; S. 217ff.
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