Carlos Inglês de Sousa

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Carlos Inglês de Sousa
Carlos Inglês de Sousa
Nascimento 11 de fevereiro de 1882
Aracaju, Sergipe
Morte 27 de julho de 1948 (66 anos)
Rio de Janeiro, Distrito Federal
Nacionalidade brasileiro
Ocupação Economista

Carlos Inglês de Sousa (Aracaju, 11 de fevereiro de 1882Rio de Janeiro, 27 de julho de 1948) foi um economista brasileiro.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho do advogado, escritor e político brasileiro Inglês de Sousa e de Carlota de Andrada Peixoto, Carlos Inglês de Sousa casou-se em fevereiro de 1908 com Guiomar Portela (1890-1963).[1]

Em 1924, publicou A Anarquia Monetária e suas Consequências obra em que analisava as fraquezas da moeda no primeiro século da historia do Brasil independente e propunha um sistema de conversão para uma moeda mais forte.

Em novembro de 1926, publicou Restauração da Moeda no Brasil, que dedicou ao recém eleito presidente Washington Luís Pereira de Sousa "como modesta colaboração ao seu patriótico programa de saneamento da moeda nacional". Naquela obra, retomava a preconização para amelioração da moeda (já exposta em A Anarquia Monetária e suas Consequências) e incorporou "uma formula para se substituir a unidade mil-réis pela de Cruzeiro, se este for o nome escolhido (...)".[2] Esta é a primeira referência direta ao nome Cruzeiro' como moeda de substituição ao mil-réis então em circulação. A mudança de nome só foi concretizada em 1 de novembro de 1942.

Com a publicação desse último livro, consolidou sua relativa notoriedade nos meios econômicos e políticos do fim da República Velha. Graças ao seu plano para a amelhoração das contas públicas, o respectivo saneamento monetário, e uma estrutura administrativa mais eficiente, foi notado pelo candidato à presidência da República Washington Luís Pereira de Sousa em cuja plataforma de governo do candidato, o saneamento da moeda tinha lugar de destaque.

Em 1926, com a mudança de governo, Carlos Inglês de Sousa foi nomeado em 28 de abril de 1927[3] Diretor do Banco do Brasil (que desempenhava então o papel de Banco Central) pelo recém-eleito presidente Washington Luís Pereira de Sousa. Após a Revolução de 30 e a deposição do presidente Washington Luís, o mandato de Carlos Inglês de Sousa não foi renovado e ele deixou à diretoria em 28 de novembro de 1930.[4]

Durante a sua passagem pelo governo não teve tempo para efetuar a mudança da moeda, o que só ocorreu em 1942 no governo de Getúlio Vargas.

Com a Revolução de 30, deixou a diretoria do Banco do Brasil, afastou-se da vida publica e instalou-se na Granja Embaré,[5] em Taubaté onde viveu até 1946.

Com a deposição de Getúlio Vargas em 1945, tentou um retorno à vida pública como candidato à Deputado federal pelo estado de São Paulo na eleição de 19 de janeiro de 1947 pelo Partido Social Progressista (PSP) (em coligação com o Partido Comunista do Brasil - PCB), onde obteve somente 11.637 votos, não sendo eleito e ficando para suplente.[6]

Faleceu no Rio de Janeiro em 27 de julho de 1948 deixando esposa e 2 filhos: Helena Inglês de Sousa Regis Bittencourt e Carlos Herculano Inglês de Sousa.

Obras econômicas[editar | editar código-fonte]

  • A Anarquia Monetária e suas Consequências. São Paulo: Editora Monteiro Lobato, 1924
  • Restauração da Moeda no Brasil. São Paulo, Casa Garraux, 1926
  • Moeda e governo no Brasil, traços de nossa história financeira; estudo de nossa desorganização monetária; sugestões para o saneamento da moeda e para uma estrutura administrativa mais eficiente, São Paulo, 1946

Artigos sobre economia em jornais[editar | editar código-fonte]

  • Jornal do Comercio, Rio de Janeiro, 1919-1921
  • O Estado de São Paulo, São Paulo, 1925-1926

Conferências[editar | editar código-fonte]

  • A situação monetária, Conferência realizada na Sociedade de Agricultura do Rio de Janeiro em 1921
  • A solução da crise econômica brasileira, conferência realizada na Associação Comercial de São Paulo e publicada em folheto, 1925

Referências

  1. Guiomar Portella foi uma das filhas do comerciante cearense Antonio Portela (1857-1926) radicado na cidade do Rio de Janeiro e proprietário da "Casa Colombo", uma loja de roupas finas para homens na Avenida Rio Branco (sem relação com a homóloga Confeitaria Colombo na Rua Gonçalves Dias) e da loja "Torre Eiffel" na rua do Ouvidor.
  2. Restauração da Moeda no Brasil. São Paulo, Casa Garraux, 1926, página 97
  3. Conforme publicado no ano seguinte no Relatório a ser apresentado à assembleia geral dos acionistas na sessão ordinária de 28 de abril de 1928, publicado no Diário Oficial da União do 27 de abril de 1928, página 97. [1]
  4. Conforme artigos publicados em 29 de novembro de 1930 na capa do jornal A Noite [2] e na página 2 do Correio da Manhã [3]
  5. A Granja Embaré deu origem a industria alimentícia de mesmo nome: Embaré S.A.
  6. Os eleitos foram Pedro Ventura Felipe Araújo Pomar com 135.031 votos, Francisco Franklin de Almeida com 70.714 votos e Diógenes Arruda Câmara com 62.889 votos