Celeste de Andrade

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Celeste de Andrade
Nascimento 22 de junho de 1922
Lisboa
Morte 2007
Cidadania Portugal
Progenitores
Cônjuge Nataniel Costa
Ocupação escritora, atriz, professora, tradutora
Obras destacadas Grades Vivas

Maria Celeste Freire de Andrade de Rates Costa (Lisboa, 22 de junho de 1922 - 2007), mais conhecida como Celeste de Andrade, foi uma ficcionista e tradutora, autora do romance Grades Vivas (1954)[1][2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasce a 17 de junho de 1922, sendo registada cinco dias depois. Filha de José Carlos Rates, escritor e dirigente sindical, e um dos fundadores e primeiro secretário-geral do Partido Comunista Português e Maria da Conceição Andrade. A presença de escritores na família - o escritor, crítico e tradutor João Pedro de Andrade era seu tio e o primo Garibaldino de Andrade era escritor, professor, editor e diretor literário - fomenta o seu amor pela literatura.[3][4]

O escrever, na família, vem de longa data. Dos vivos, dois são conhecidos do público: meu tio João Pedro de Andrade e meu primo Garibaldino de Andrade. Depois, as pessoas que me rodeavam interessavam-se pela leitura. Discutiam as suas impressões na minha presença. De tal modo que os livros foram sempre para mim o meu "clima". É com eles que me sinto verdadeiramente eu, na medida em que me ajudam a descobrir-me, a compreender-me.[4]

Tem um primeiro casamento de duração curta. Conhece Nataniel Costa, que se iria tornar no seu segundo marido, no Teatro do Salitre, grupo em que colaborava como atriz. Casa com o diplomata português que é director literário da editora Estúdios Cor, e que irá publicar traduções de Celeste de Andrade, entre as quais A Minha Infância de Máximo Gorki e Fim de Semana em Zudycoote de Robert Merle, e aí trabalha ao lado de José Saramago, então em início de carreira. É na mesma editora que publica o seu romance Grades Vivas, em 1954, que é o primeiro original português da Colecção Latitude, onde se publicaria também Louise de Vilmorin e Colette, cuja obra terá inspirado Celeste de Andrade. A influência de Colette nota-se na sua primeira obra intitulada A Gata, que publica em capítulos no periódico semanal Mundo Literário, sob o pseudónimo Maria Celeste.[4]

De 1959 a 1962, Celeste de Andrade vive em França, onde o marido é cônsul português, e depois na Suíça, onde ele cumpre a função de embaixador.[4][5] Relega para segundo plano a sua carreira literária para acompanhar o marido, e tenta retomá-la por volta da década de 80, quando faz esforços para publicar vários manuscritos, mas sem sucesso.

Apesar da sua reduzida obra, inclui-se no grupo de escritoras de ficção mais notáveis das décadas de 50-60 do século XX, ao lado de Maria da Graça Freire, Natália Nunes, Patrícia Joyce e Ester de Lemos.[4]

Grades Vivas[editar | editar código-fonte]

Grades Vivas (1954), o seu único romance publicado, foi apresentado como obra de ficção, mas pensa-se que a protagonista é uma auto-inserção da autora, devido às similaridades entre a vida de uma e de outra. A obra é notável por abordar a violência exercida sobre mulheres. A protagonista descreve um aborto clandestino, fruto de uma decisão autónoma derivada da situação abusiva em que vive.[6]

O livro foi bem recebido pela crítica contemporânea, mas Celeste de Andrade não voltaria a publicar, provavelmente por motivos relacionados com obrigações familiares.[4]

Referências

  1. «Celeste de Andrade». Infopédia. Consultado em 1 de dezembro de 2023 
  2. Puga, Rogério Miguel (15 de maio de 2020). Chronology of Portuguese Literature: 1128-2000 (em inglês). [S.l.]: Cambridge Scholars Publishing 
  3. Fortuna, Cláudia Ribeiro (28 de novembro de 2022). «Relatório de Estágio na Ponto de Fuga». Consultado em 1 de dezembro de 2023 
  4. a b c d e f Almeida, Joana Marques de (2015). «A casa : espaço de intimidade e de transformação : uma leitura de seis romances portugueses de autoria feminina (década de 50)». Consultado em 1 de dezembro de 2023 
  5. «Escritoras Esquecidas: Celeste Andrade e a absoluta necessidade de dizer o que se pensa». www.jornaldenegocios.pt. Consultado em 1 de dezembro de 2023 
  6. Pedro, Raquel Hilário (11 de novembro de 2020). «Representações culturais do aborto clandestino em Portugal: uma análise comparada». Revista Criação & Crítica (27): 95–117. ISSN 1984-1124. doi:10.11606/issn.1984-1124.i27p95-117. Consultado em 1 de dezembro de 2023