Classe Kaiser Max (1862)

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Classe Kaiser Max

O Kaiser Max, a primeira embarcação da classe
Visão geral
Operador(es) Marinha Austríaca (1863–67)
Marinha Austro-Húngara (1867–73)
Construtor(es) Stabilimento Tecnico Triestino
Predecessora Classe Drache
Sucessora Classe Erzherzog Ferdinand Max
Período de construção 1861–1863
Em serviço 1863–1873
Construídos 3
Características gerais (como construídos)
Tipo Ironclad
Deslocamento 3 646 t
Comprimento 70,78 m
Boca 10 m
Calado 6,32 m
Propulsão 3 mastros a vela
1 hélice
1 motor a vapor
Velocidade 11 nós (20 km/h)
Armamento 14 ou 16 canhões de 48 libras
15 canhões de 24 libras
1 canhão de 12 libras
1 canhão de 6 libras
Blindagem Cinturão: 110 mm
Tripulação 386

A Classe Kaiser Max foi uma classe de ironclads operada primeiro pela Marinha Austríaca e depois pela sucessora Marinha Austro-Húngara, composta pelo SMS Kaiser Max, SMS Don Juan d'Austria e SMS Prinz Eugen. Suas construções começaram no final de 1861 nos estaleiros da Stabilimento Tecnico Triestino, foram lançados ao mar em meados de 1862 e comissionados na frota em 1863. O projeto dos navios foi preparado pelo engenheiro naval Josef von Romako e era muito baseado na predecessora Classe Drache, porém maiores, com motores mais potentes e com um maior número total de canhões. Entretanto, também eram muito instáveis e com navegabilidade ruim.

Os três ironclads da Classe Kaiser Max eram equipados com um armamento principal composto por dezesseis canhões de 48 libras e quinze canhões de 24 libras. Tinham um comprimento entre perpendiculares de setenta metros, uma boca de dez metros, um calado de seis metros e um deslocamento de mais de três mil toneladas. Seus sistemas de propulsão eram compostos por três mastros de vela e várias caldeiras a carvão que alimentavam um motor a vapor, que por sua vez girava uma hélice até uma velocidade máxima de onze nós (vinte quilômetros por hora). Os navios também eram protegidos por um cinturão principal de blindagem com espessura máxima de 110 milímetros.

O Don Juan d'Austria atuou no Mar do Norte na Guerra dos Ducados do Elba em 1864, mas não entrou em combate. Os três navios participaram em 1866 da Guerra Austro-Prussiana e estavam presentes na Batalha de Lissa contra a Itália, infligindo poucos danos contra os inimigos e também não sendo eles próprios muitos danificados. Foram modernizados depois disso, mas pouco fizeram pelo restante de suas carreiras. Se deterioraram bastante até o início da década de 1870, com dinheiro sendo aprovado para modernizá-los. Entretanto, foram desmontados, com o dinheiro para as reformas mais seus motores e placas de blindagem sendo usados na construção de três novos navios.

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

A recém-unificada Itália, principal rival da Áustria no Mar Adriático, tinha iniciado um programa de construção naval na década de 1860 e reivindicava áreas da Áustria como historicamente italianas, assim seu expansionismo naval representava uma ameaça direta aos austríacos.[1] O contra-almirante arquiduque Fernando Maximiliano, o Comandante Naval, a fim de igualar as recentes aquisições italianas, encomendou em 1861 mais três novos ironclads. O projeto foi preparado pelo engenheiro naval Josef von Romako e foi baseado na predecessora Classe Drache. As novas embarcações adotaram melhoramentos incrementais, incluindo motores mais poderosos e mais canhões.[2][3][4]

Características[editar | editar código-fonte]

Desenho do Don Juan d'Austria

Os navios da Classe Kaiser Max tinham 70,78 metros de comprimento entre perpendiculares, uma boca de dez metros e um calado médio de 6,32 metros. Seus deslocamentos eram de 3 646 toneladas. Seus cascos eram feitos de madeira e tinham uma proa que respingava muita água, assim todas acabaram sendo reconstruídas em 1867. Cada navio originalmente tinha uma figura de proa, mas estas foram removidas durante as reconstruções. Todavia, seu projeto era falho e os navios eram muito instáveis, arfando consideravelmente e tendo uma navegabilidade muito ruim. Suas tripulações eram formadas por 386 oficiais e marinheiros.[5]

O sistema de propulsão consistia em um motor a vapor horizontal de expansão única com dois cilindros que girava uma hélice. Eram equipados com caldeiras a carvão, mas informações sobre seu número e tipo exatos não sobreviveram, mas sua exaustão ocorria por uma chaminé localizada à meia-nau. O sistema tinha uma potência indicada de 1,9 mil cavalos-vapor (1,4 mil quilowatts) para uma velocidade máxima de onze nós (vinte quilômetros por hora). O Kaiser Max conseguiu alcançar 11,4 nós (21,1 quilômetros por hora) a partir de 1 953 cavalos-vapor (1 436 quilowatts) durante seus testes marítimos, porém o Don Juan d'Austria chegou a apenas nove nós (dezessete quilômetros por hora).[6] Os três também tinha três mastros de vela para suplementar seus motores.[5]

Os navios da Classe Kaiser Max eram ironclads de bateria lateral. O Kaiser Max e o Prinz Eugen foram armados com uma bateria principal dezesseis canhões antecarga de 48 libras, enquanto o Don Juan d'Austria tinha catorze canhões do mesmo tipo. Os três tinham quinze canhões antecarga de 24 libras fabricados pela sueca Wahrendorff. Também levavam um canhão de doze libras e um de seis libras. As embarcações foram rearmadas em 1867 com doze canhões antecarga de 178 milímetros fabricados pela britânica Armstrong mais dois canhões de 76 milímetros. Seus cascos tinham um cinturão de blindagem feito de ferro forjado com 110 milímetros de espessura.[5][6]

Navios[editar | editar código-fonte]

Navio Construtor[5] Batimento[5] Lançamento[5] Comissionamento[5] Destino[5]
Kaiser Max Stabilimento Tecnico Triestino outubro de 1861 14 de março de 1862 1863 Desmontados em 1873
Don Juan d'Austria 26 de julho de 1862
Prinz Eugen 14 de junho de 1862 março de 1863

História[editar | editar código-fonte]

O Prinz Eugen c. 1863–1867

O Don Juan d'Austria foi enviado para o Mar do Norte em 1864 junto com o navio de linha SMS Kaiser e outras duas embarcações durante a Guerra dos Ducados do Elba, mas chegou muito tarde para participar de algum combate.[7] Todos os três participaram da Guerra Austro-Prussiana em 1866, que culminou em julho na Batalha de Lissa. Nesta, os navios enfrentaram ironclads italianos, mas não infligiram danos significativos e também não foram seriamente danificados, pois nenhum dos lados tinha canhões poderosos o bastante para perfurar a blindagem de seu inimigo.[8] As embarcações foram desarmadas e inativadas depois da guerra.[9]

Os ironclads passaram por reformas em 1867 a fim de corrigir algumas de suas deficiências,[5] além de receberem um novo armamento.[10] Entretanto, não voltaram para o serviço ativo ao final desses trabalhos, resultado de orçamentos navais reduzidos devido ao desinteresse da metade húngara da nova Áustria-Hungria, algo que impediu que a frota mantivesse uma política naval ativa.[11][12] Os navios estavam muito apodrecidos e obsoletos no início da década de 1870, com o contra-almirante barão Friedrich von Pöck, o comandante da Marinha Austro-Húngara, conseguindo dinheiro para uma "reconstrução". Na realidade, Pöck fez com que todos fossem removidos do registro naval em 1873 e desmontados, usando o dinheiro para construir três novos ironclads que ele nomeou com os mesmos nomes dos antigos para esconder o que havia feito. Algumas partes dos navios antigos foram reaproveitadas, incluindo seus motores, placas de blindagem e alguns outros itens com o objetivo de economizar nos custos de construção.[13][14]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Sieche & Bilzer 1979, pp. 334–335
  2. Pawlik 2003, p. 6
  3. Sondhaus 1994, pp. 6–7
  4. Sieche & Bilzer 1979, pp. 267–268
  5. a b c d e f g h i Sieche & Bilzer 1979, p. 268
  6. a b Scheltema de Heere 1973, p. 19
  7. Greene & Massignani 1998, pp. 210–211
  8. Wilson 1896, pp. 242–245
  9. Sondhaus 1994, p. 8
  10. Sondhaus 1994, p. 10
  11. Sieche & Bilzer 1979, p. 267
  12. Sondhaus 1994, pp. 40–41
  13. Sieche & Bilzer 1979, pp. 268, 270
  14. Sondhaus 1994, pp. 45–46

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Greene, Jack; Massignani, Alessandro (1998). Ironclads at War: The Origin and Development of the Armored Warship, 1854–1891. Pensilvânia: Da Capo Press. ISBN 978-0-938289-58-6 
  • Pawlik, Georg (2003). Des Kaisers Schwimmende Festungen: die Kasemattschiffe Österreich-Ungarns. Viena: Neuer Wissenschaftlicher Verlag. ISBN 978-3-7083-0045-0 
  • Scheltema de Heere, R. F. (1973). Fisher, Edward C., ed. «Austro-Hungarian Battleships». Toledo: Naval Records Club, Inc. Warship International. X (1). ISSN 0043-0374 
  • Sieche, Erwin; Bilzer, Ferdinand (1979). «Austria-Hungary». In: Gardiner, Robert; Chesneau, Roger; Kolesnik, Eugene M. Conway's All the World's Fighting Ships: 1860–1905. Londres: Conway Maritime Press. ISBN 978-0-85177-133-5 
  • Sondhaus, Lawrence (1994). The Naval Policy of Austria-Hungary, 1867–1918: Navalism, Industrial Development, and the Politics of Dualism. West Lafayette: Purdue University Press. ISBN 978-1-55753-034-9 
  • Wilson, Herbert Wrigley (1896). Ironclads in Action: A Sketch of Naval Warfare from 1855 to 1895. Londres: S. Low, Marston and Company. OCLC 1111061 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]