Reino de Itália (1861–1946)

O Reino de Itália (em italiano: Regno d'Italia) foi um Estado fundado em 1861 após o rei Vítor Emanuel da Sardenha ter sido proclamado rei da Itália. O Estado foi fundado como resultado da unificação italiana, sob a influência do Reino da Sardenha, que era seu Estado antecessor legal. Em 1869 ocorre a compra da cidade costeira de Assab, dando origem à primeira colônia do Império Colonial Italiano.[1] O reino existiu até meados de 1946, quando os italianos optaram por uma constituição republicana, mediante plebiscito.
História[editar | editar código-fonte]
O Risorgimento e a Casa de Saboia[editar | editar código-fonte]
Da deposição de Napoleão (1814), quando parte da Itália foi unificada como o Reino da Itália, até a unificação italiana (1861) nenhum monarca reclamou o título de "Rei da Itália". O Risorgimento estabeleceu com sucesso uma dinastia, a Casa de Saboia, sobre toda a península. A capital deste reino estava estabelecida em Turim, mas seria transladada para Florença em 1864. Veneza seria anexada dois anos depois, e Roma em 1870 (a cuja anexação se seguiu nova transladação da capital para Roma). A partir daí, seria a Casa de Savoia a governar a Itália até à constituição da atual República Italiana, em 1946.
A Segunda Guerra de Independência[editar | editar código-fonte]

Em 1859, ocorreu a guerra entre o Reino de Itália aliado à França contra o Império Austríaco. A vitória franco-italiana no conflito (batalhas de Magenta e Solferino trouxe para a Itália o controle da Lombardia.
Assim, o Reino de Sardenha, além da Lombardia, já havia anexado a Toscana, os ducados de Parma e de Módena e a maior parte dos Estados Pontifícios.
A conquista da Sicília[editar | editar código-fonte]

Com a Expedição dos Mil de Giuseppe Garibaldi, foi conquistado o Reino das Duas Sicílias.
Vítor Emanuel II proclamado rei de Itália[editar | editar código-fonte]

Com a primeira convocação do parlamento italiano em 18 de fevereiro de 1861 e a sucessiva proclamação de 17 de março, Vítor Emanuel II foi o primeiro rei da Itália no período 1861-1878.
A terceira guerra de independência[editar | editar código-fonte]

Em 1866, o Reino de Itália declarou guerra ao Império Austríaco, em aliança com o Reino da Prússia. Com o término do conflito, conhecido na Itália como terceira guerra de independência, foram anexados ao reino o Véneto e Mântua subtraídos ao Império Austríaco.
A tomada de Roma[editar | editar código-fonte]

Por ocasião da Guerra Franco-Prussiana, os franceses, que apoiavam o papa, retiraram suas tropas de Roma. Então, as tropas italianas entraram na cidade em 20 de setembro de 1870, terminando com 1 000 anos de poder temporal do papa. Com a conquista de Roma, foi anexado ao reino o Lácio, retirando-o definitivamente dos Estados Pontifícios. Roma torna-se oficialmente capital do reino (antes, Turim e Florença foram as capitais).
A Tríplice Aliança e Primeira Guerra Mundial[editar | editar código-fonte]
Em 1878, assume o trono Humberto I.
Em 1882, após grandes disputas com a França, relativas à sua expansão colonial, a Itália aceitou a proposta de Otto von Bismarck para entrar na Tríplice Aliança com o Império Alemão e com o Império Turco-Otomano e a Áustria-Hungria em 1882. No entanto, enquanto as relações com Berlim se tornaram muito amigáveis, a aliança com Viena permaneceu puramente formal, pois regiões consideradas italianas permaneciam sob domínio Austro-Húngaro.[2]
Em 1900, o rei Humberto I foi morto em um atentado pelo anarquista Gaetano Bresci. Assumiu o trono Vítor Emanuel III.
Em 1915, a Itália aceitou o convite britânico para se unir aos aliados na Primeira Guerra Mundial pois estes prometeram compensações territoriais (à custa de territórios do Império Austro-Húngaro) pela participação italiana, que eram muito mais generosas que as oferecidas pela Áustria a troco da sua neutralidade. A vitória na guerra deu à Itália um assento permanente no conselho da Sociedade das Nações.
Depois da Primeira Guerra Mundial, em 1919 uniram-se ao reino o Trentino, o Alto Ádige, Gorizia e o Friul oriental, a Ístria, Trieste e Zara. Fiume uniu-se ao reino em 1924.
A era fascista[editar | editar código-fonte]

A "Itália fascista" foi o período no qual o Partido Nacional Fascista governou o país, entre 1922 e 1943, com Benito Mussolini como líder totalitário. Os fascistas impuseram um regime totalitário e esmagaram a oposição intelectual e política ao mesmo tempo em que promoveram a modernização econômica do país, os valores sociais tradicionais e uma reaproximação com a Igreja Católica. "O regime fascista passou por várias fases relativamente distintas ," diz Payne (1996). A primeira fase, entre 1923 e 1925, foi nominalmente uma continuação do sistema parlamentar, ainda que com uma "ditadura executiva legalmente organizada." Veio então a segunda fase, "a construção da ditadura fascista propriamente dita", entre 1925 e 1929. A terceira fase, com menos ativismo, foi de 1929 a 1934. A quarta fase, de 1935 a 1940, foi caracterizada por uma agressiva política externa, com guerra na Etiópia, confrontações as sanções da Liga das Nações, desenvolvimento autárquico da economia e um processo de seminazificação. A guerra em si, de 1940 a 1943 foi a quinta fase, e o regime-fantoche de Salò foi o estágio final, de 1943 a 1945.[3]
A Itália aliou-se à Alemanha Nazista na II Guerra Mundial até 1943. Mudou de lado, passando a apoiar os Aliados após a queda de Mussolini e eliminando o partido fascista nas áreas - inicialmente ao sul de Roma - ocupadas e controladas pelos Aliados. O Estado fascista reminiscente no norte da Itália que continuou a combater os Aliados consistia num estado-fantoche da Alemanha Nazista, a "República Social Italiana", ainda comandada por Mussolini e seus seguidores fascistas. Logo após a guerra, o descontentamento civil levou ao referendo constitucional de 1946, cujo questionamento à população consistia em decidir se o país permaneceria como monarquia ou viria se tornar uma república. Os italianos decidiram abandonar o regime monárquico, formando a República Italiana, que permanece até a atualidade.
A Itália do pós-guerra[editar | editar código-fonte]
O Reino de Itália manteve Humberto II da Itália primeiro como "Lugar-tenente do Reino" (1943-1946) e depois por pouco mais de um mês como rei (o Rei de maio) em seguida à abdicação de Vítor Emanuel III, conclui-se com a proclamação da República Italiana em seguida ao referendo de 1946, que determinou a exclusão da Casa de Saboia da História da Itália depois de 85 anos de monarquia. O exílio dos descendentes masculinos da casa de Saboia foi mantido até a reforma constitucional de 2002.
Após a Segunda Guerra Mundial, com a dissolução do reino e o subsequente tratado de Paris (1947), a Ístria (com Fiume, Zara e outras cidades menores) foi anexada à recém-instituída República Socialista Federal da Jugoslávia.
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Batalha de Adwa
- Império colonial italiano
- Primeira Guerra Ítalo-Etíope
- Segunda Guerra Ítalo-Etíope
- Unificação italiana
Referências
- ↑ Mia Fuller, "Italian Colonial Rule", Oxford Bibliographies Online. Retrieved 12 October 2017.
- ↑ «Tríplice Aliança (1882)». Wikipédia, a enciclopédia livre. 13 de outubro de 2019
- ↑ Stanley G. Payne, A History of Fascism, 1914-1945 (1996) p 212