Classe Erzherzog Ferdinand Max

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Classe Erzherzog Ferdinand Max

O Erzherzog Ferdinand Max, o primeiro navio da classe
Visão geral
Operador(es) Marinha Austríaca (1866–67)
Marinha Austro-Húngara (1867–98)
Construtor(es) Stabilimento Tecnico Triestino
Predecessora Classe Kaiser Max
Sucessora SMS Lissa
Período de construção 1863–1866
Em serviço 1866–1898
Construídos 2
Características gerais (como construídos)
Tipo Ironclad
Deslocamento 5 210 t
Comprimento 83,75 m
Boca 15,96 m
Calado 7,14 m
Propulsão 1 hélice
1 motor a vapor
Velocidade 12,5 nós (23,2 km/h)
Armamento 16 canhões de 48 libras
4 canhões de 8 libras
2 canhões de 3 libras
Blindagem Cinturão: 87 a 123 mm
Tripulação 511

A Classe Erzherzog Ferdinand Max foi uma classe de ironclads operada primeiro pela Marinha Austríaca e depois pela sucessora Marinha Austro-Húngara, composta pelo SMS Erzherzog Ferdinand Max e SMS Habsburg. Suas construções começaram em meados de 1863 nos estaleiros da Stabilimento Tecnico Triestino, foram lançados ao mar em 1865 e comissionados no ano seguinte. O projeto dos navios da classe era significativamente maior do que a predecessoras Classe Drache e Classe Kaiser Max. Eles originalmente seriam armados com 32 canhões de 48 libras, mas o início da Guerra Austro-Prussiana forçou suas finalizações com apenas metade do número de armas planejadas.

Os dois ironclads da Classe Erzherzog Ferdinand Max eram equipados com um armamento principal composto por dezesseis antecarga canhões de 48 libras. Tinham um comprimento de fora a fora de 83 metros, uma boca de quase dezesseis metros, um calado de sete metros e um deslocamento de mais de cinco mil toneladas. Seus sistemas de propulsão eram compostos por um número desconhecido de caldeiras a carvão que alimentavam um motor a vapor, que por sua vez girava uma hélice até uma velocidade máxima de doze nós (22 quilômetros por hora). Os navios também eram protegidos por um cinturão principal de blindagem com espessura máxima de 123 milímetros.

Os navios foram finalizados às pressas depois do início da Guerra Austro-Prussiana, com ambos participando da Batalha de Lissa. Nesta, o Erzherzog Ferdinand Max foi a capitânia do contra-almirante Wilhelm von Tegetthoff, abalroando e afundando o ironclad italiano Re d'Italia. Já o Habsburg não participou tanto na batalha e proporcionou apenas disparos de cobertura. As embarcações pouco fizeram pelo restante de suas carreiras devido aos baixos orçamentos navais concedidos pelo governo, passando a maior parte de seus tempos inativos. Foram convertidos em 1886 para deveres secundários, com o Habsburg sendo desmontado em 1898 e o Erzherzog Ferdinand Max em 1916.

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

O lançamento do francês Gloire, o primeiro ironclad do mundo, iniciou uma corrida armamentista naval entre as principais potências europeias. A Marinha Austríaca começou um grande programa de construção de ironclads sob a direção do contra-almirante arquiduque Fernando Maximiliano, irmão do imperador Francisco José I. Os batimentos de quilha dos primeiros cinco navios ocorreram em 1861, aqueles da Classe Drache e Classe Kaiser Max.[1][2] A Classe Erzherzog Ferdinand Max foi projetada por Josef von Romako, o Diretor de Construção Naval.[3] Estes novos ironclads eram significativamente maiores que seus predecessores e originalmente seriam armados com 32 canhões antecarga de 48 libras, mas durante a construção os novos canhões retrocarga fabricados pela prussiana Krupp foram adotados. Entretanto, o início da Guerra Austro-Prussiana em junho de 1866 forçou a finalização apressada das embarcações com apenas dezesseis canhões antecarga.[3][4] Também inicialmente não receberam suas velas.[5]

Características[editar | editar código-fonte]

A Classe Erzherzog Ferdinand Max tinha 79,97 metros de comprimento entre perpendiculares e 83,75 metros de comprimento de fora a fora. Tinha uma boca de 15,96 metros e um calado médio de 7,14 metros. O deslocamento era de 5 210 toneladas. Os cascos eram feitos de madeira com uma blindagem de ferro forjado rebitada por cima. Este cinturão tinha uma espessura máxima de 123 milímetros sobre a bateria principal, reduzindo-se para 87 milímetros na proa e popa. A tripulação tinha 511 oficiais e marinheiros.[3]

O sistema de propulsão consistia em um motor a vapor de expansão única com dois cilindros fabricado em Fiume, que por sua vez girava uma única hélice. Informações sobre o número e tipo de caldeiras a carvão instaladas não sobreviveu, porém sua exaustão ocorria por uma chaminé localizada à meia-nau. O motor tinha uma potência indicada de 2 966 cavalos-vapor (2 181 quilowatts) para uma velocidade máxima de 12,54 nós (23,22 quilômetros por hora). Podiam carregar até 340 toneladas de carvão. Cada navio deveria ter sido equipado com um esquema de velas em três mastros, mas como foram apressados para entrarem em serviço só receberam as velas em 1867.[3][5]

O armamento principal era de dezesseis canhões antecarga de 48 libras montados em um tradicional arranjo lateral como em navios de linha. Também levavam algumas armas menores, incluindo quatro canhões de oito libras e dois canhões de três libras. Este armamento foi revisado várias vezes durante suas carreiras. As armas de 48 libras foram substituídas em 1869 por catorze canhões de 203 milímetros. Em 1874 foram rearmados com catorze canhões antecarga de 178 milímetros da Armstrong. Outra revisão ocorreu em 1882, desta vez com quatro canhões retrocarga de 89 milímetros, dois canhões revólver de 47 milímetros e três canhões automáticos de 25 milímetros.[3]

Navios[editar | editar código-fonte]

Navio Construtor[3] Batimento[3] Lançamento[3] Comissionamento[3] Destino[3]
Erzherzog Ferdinand Max Stabilimento Tecnico Triestino 6 de maio de 1863 24 de maio de 1865 junho de 1866 Desmontado em 1916
Habsburg junho de 1863 26 de junho de 1865 Desmontado em 1898

História[editar | editar código-fonte]

O Habsburg após 1877

Os dois navios ainda estavam em construção quando a Guerra Austro-Prussiana começou em junho de 1866, com os trabalhadores do estaleiro se apressando para finalizá-los. O Erzherzog Ferdinand Max foi a capitânia do contra-almirante Wilhelm von Tegetthoff. Eles participaram da Batalha de Lissa em julho, quando o Erzherzog Ferdinand Max abalroou e afundou o ironclad italiano Re d'Italia. Isto foi um momento importante, pois forçou o almirante Carlo Pellion di Persano, o comandante italiano, a recuar. O Habsburg por sua vez não participou tão ativamente e deu disparos de cobertura. Nenhum dos dois foi seriamente danificado,[6] com ambos passando o restante da guerra em patrulhas no Mar Adriático contra uma possível surtida italiana. Eles foram depois desarmados e desativados.[7]

Os orçamentos navais foram seriamente reduzidos nas décadas seguintes, resultado do desinteresse naval da metade húngara da Áustria-Hungria. Consequentemente, eles pouco fizeram pelo restante de suas carreiras.[8][9] O Habsburg foi usado em 1870 em uma demonstração de força para tentar impedir que a Itália anexasse Roma enquanto a França, protetora da cidade, estava ocupada com a Guerra Franco-Prussiana; os italianos tomaram a cidade independentemente.[10] Foram rearmados em 1874 e 1882, com ambos sendo convertidos para deveres secundários em 1886. O Erzherzog Ferdinand Max se tornou uma embarcação auxiliar da escola de artilharia até 1908, já o Habsburg foi usado como navio de guarda e alojamento flutuante em Pola até 1898, quando foi removido do registro naval e desmontado. Erzherzog Ferdinand Max permaneceu no inventário até 1916, quando também foi desmontado.[3]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Pawlik 2003, p. 6
  2. Sondhaus 1994, pp. 6–7
  3. a b c d e f g h i j k Sieche & Bilzer 1979, p. 268
  4. Wilson 1896, p. 226
  5. a b Scheltema de Heere 1973, p. 19
  6. Wilson 1896, pp. 226–227, 236–241, 245
  7. Sondhaus 1994, pp. 1–3, 8
  8. Sieche & Bilzer 1979, p. 267
  9. Sondhaus 1994, pp. 40–41
  10. Sondhaus 1994, p. 15

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Pawlik, Georg (2003). Des Kaisers Schwimmende Festungen: die Kasemattschiffe Österreich-Ungarns. Viena: Neuer Wissenschaftlicher Verlag. ISBN 978-3-7083-0045-0 
  • Scheltema de Heere, R. F. (1973). Fisher, Edward C., ed. «Austro-Hungarian Battleships». Toledo: Naval Records Club, Inc. Warship International. X (1). ISSN 0043-0374 
  • Sieche, Erwin; Bilzer, Ferdinand (1979). «Austria-Hungary». In: Gardiner, Robert; Chesneau, Roger; Kolesnik, Eugene M. Conway's All the World's Fighting Ships: 1860–1905. Londres: Conway Maritime Press. ISBN 978-0-85177-133-5 
  • Sondhaus, Lawrence (1994). The Naval Policy of Austria-Hungary, 1867–1918: Navalism, Industrial Development, and the Politics of Dualism. West Lafayette: Purdue University Press. ISBN 978-1-55753-034-9 
  • Wilson, Herbert Wrigley (1896). Ironclads in Action: A Sketch of Naval Warfare from 1855 to 1895. Londres: S. Low, Marston and Company. OCLC 1111061 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]