SMS Erzherzog Ferdinand Max (1865)

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SMS Erzherzog Ferdinand Max
Operador Marinha Austríaca (1866–67)
Marinha Austro-Húngara (1867–86)
Fabricante Stabilimento Tecnico Triestino
Homônimo Fernando Maximiliano da Áustria
Batimento de quilha 6 de maio de 1863
Lançamento 24 de maio de 1865
Comissionamento junho de 1866
Descomissionamento 19 de maio de 1886
Destino Desmontado
Características gerais (como construído)
Tipo de navio Ironclad
Classe Erzherzog Ferdinand Max
Deslocamento 5 210 t
Maquinário 1 motor a vapor
Comprimento 83,75 m
Boca 15,96 m
Calado 7,14 m
Propulsão 1 hélice
- 2 965 cv (2 180 kW)
Velocidade 12,5 nós (23,2 km/h)
Armamento 16 canhões de 48 libras
4 canhões de 8 libras
2 canhões de 3 libras
Blindagem Cinturão: 87 a 123 mm
Tripulação 511

O SMS Erzherzog Ferdinand Max foi um navio ironclad operado pela Marinha Austríaca e depois pela Marinha Austro-Húngara, a primeira embarcação da Classe Erzherzog Ferdinand Max, seguido pelo SMS Habsburg. Sua construção começou em maio de 1863 na Stabilimento Tecnico Triestino e foi lançado ao mar em maio de 1865, sendo comissionado em junho do ano seguinte. Era inicialmente armado com uma bateria principal de dezesseis canhões de 48 libras, tinha um deslocamento de mais de cinco mil toneladas e alcançava uma velocidade máxima de doze nós.

O Erzherzog Ferdinand Max participou em 1866 da Guerra Austro-Prussiana, servindo de capitânia do contra-almirante Wilhelm von Tegetthoff. Esteve presente no final de julho na Batalha de Lissa, quando abalroou e afundou o ironclad italiano Re d'Italia. O navio pouco fez pelo restante de sua carreira, consequência de orçamentos navais muito reduzidos. Foi rearmado algumas vezes pelas décadas seguintes. Foi tirado de serviço em maio de 1886 e usado como embarcação auxiliar para a escolha de artilharia até 1908. Permaneceu no inventário até ser desmontado em 1916.

Características[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Classe Erzherzog Ferdinand Max

O Erzherzog Ferdinand Max tinha 83,75 metros de comprimento de fora a fora, uma boca de 15,96 metros e um calado médio de 7,14 metros. Seu deslocamento era de 5 210 toneladas. Seu sistema de propulsão consistia em um número desconhecido de caldeiras a carvão que alimentavam um motor a vapor horizontal de expansão única com dois cilindros que girava uma hélice. A potência indicada era de 2 965 cavalos-vapor (2 180 quilowatts) para uma velocidade máxima de 12,54 nós (23,22 quilômetros por hora). Sua tripulação era formada por 511 oficiais e marinheiros.[1]

O navio foi inicialmente armado com dezesseis canhões antecarga de 48 libras arranjados em uma tradicional baterial lateral, oito armas de cada lado. Também carregava quatro canhão de oito libras e dois canhões de três libras. O casco do navio eram feito de madeira com um cinturão blindagem feito de ferro forjado rebitado por cima. Este tinha 123 milímetros de espessura sobre a bateria lateral e reduzia-se para 87 milímetros na proa e na popa.[1]

História[editar | editar código-fonte]

O batimento de quilha do Erzherzog Ferdinand Max ocorreu em 6 de maio de 1863 na Stabilimento Tecnico Triestino em Trieste, sendo lançado ao mar em 24 de maio de 1865. Seus construtores foram forçados a finalizar sua equipagem às pressas, pois as tensões com a Prússia e Itália levaram ao início da Guerra Austro-Prussiana e da Terceira Guerra de Independência Italiana em junho de 1866. Os canhões principais tinham sido originalmente encomendados da prussiana Krupp, assim não poderiam ser entregues. Em vez disso, o Erzherzog Ferdinand Max precisou ser armado com um número menor de canhões mais antigos.[2][3] O contra-almirante Wilhelm von Tegetthoff, o comandante da frota austríaca, começou imediatamente a mobilizar seus navios. Eles começaram a receber tripulações completas e realizar exercícios de treinamento em Fasana. Tegetthoff fez do Erzherzog Ferdinand Max sua capitânia e levou a frota austríaca para Ancona em 27 de junho em uma tentativa de atrair os italianos para uma batalha, mas o almirante Carlo Pellion di Persano, comandante italiano, se recusou.[4]

Batalha de Lissa[editar | editar código-fonte]

A frota italiana deixou Ancona em 16 de julho e seguiu para a ilha de Lissa, onde chegou dois dias depois. Junto estavam navios de transporte de tropas com três mil soldados.[5] Os italianos passaram os dois dias seguintes bombardeando as defesas austríacas na ilha e fracassaram em uma tentativa de desembarque. Tegetthoff recebeu vários telegramas entre 17 e 19 de julho notificando-o do ataque, que ele inicialmente achou que era uma distração a fim de afastar a frota austríaca de suas principais bases em Pola e Veneza. Entretanto, Tegetthoff se convenceu na manhã do dia 19 que Lissa era de fato o objetivo italiano, assim pediu permissão para atacar. Os austríacos aproximaram-se na manhã de 20 de julho, com a frota italiana estando arrumada para uma nova tentativa de desembarque. Estes estavam divididos em três grupos, com apenas os dois primeiros conseguindo se concentrar em tempo. Tegetthoff arrumou seus ironclads em formação de cunha, liderando a bordo do Erzherzog Ferdinand Max no centro.[6]

Ilustração de Gemälde von Gustav Kappler do Re d'Italia afundando depois de ser abalroado pelo Erzherzog Ferdinand Max

Persano, enquanto colocava seus navios em formação, transferiu sua capitânia do ironclad Re d'Italia para o Affondatore. Isto criou um buraco na linha italiana e Tegetthoff aproveitou a oportunidade para dividir a frota italiana e criar um melê. Ele passou pelo buraco, mas não conseguiu abalroar navio algum, assim foi forçado a dar a volta e tentar de novo. A artilharia austríaca incapacitou o leme do Re d'Italia na segunda passagem, deixando-o imanobrável. Tegetthoff aproveitou a oportunidade para abalroar o navio italiano, ordenando velocidade máxima para sua capitânia. As embarcações primeiro colidiram duas vezes em ângulos muito oblíquos para que danos sérios fossem infligidos, mas na terceira vez o Erzherzog Ferdinand Max conseguiu um acerto direto. O rostro austríaco abriu um grande buraco no casco do Re d'Italia a bombordo, enquanto o Erzherzog Ferdinand Max quase não foi danificado. O navio austríacos deu ré, com o Re d'Italia cambaleando para bombordo e afundando rapidamente. Tegetthoff inicialmente ordenou que botes fossem lançados para resgatar sobreviventes italianos, mas o ironclad San Martino estava se aproximando e o contra-almirante não podia deixar seu navio se tornar um alvo parado. Ele então ordenou que o aviso SMS Kaiserin Elisabeth ficasse para trás e resgatasse os sobreviventes enquanto o Erzherzog Ferdinand Max enfrentava o San Martino. Entretanto, os outros navios italianos não compreenderam que o Kaiserin Elizabeth estava tentando resgatar sobreviventes italianos, assim abriram fogo contra ele e o afugentaram.[7]

Nesta altura, o navio de defesa de costa Palestro estava em chamas e seria destruído por uma explosão interna em um depósito de munição. Persano decidiu encerrar a batalha e se recusou montar um contra-ataque com suas forças desmoralizadas, mesmo ainda mantendo uma superioridade numérica. Além disso, seus navios estavam com pouco estoque de carvão e munições. O recuo dos italianos foi acompanhado pelos austríacos, mas Tegetthoff manteve uma certa distância para não colocar seu sucesso em risco. Os navios austríacos também eram mais lentos que os italianos, assim não podiam forçar um segundo confronto. A batalha terminou por completo com o cair da noite, com os italianos seguindo para Ancona e os austríacos para Pola.[8][9] O Erzherzog Ferdinand Max disparou ao todo 156 projéteis no decorrer da batalha. Havia equipes de desembarque a bordo prontas para atacar os navios italianos, mas não houve uma oportunidade para tal no confronto, pois navios a vapor podiam simplesmente dar ré e se afastar antes que uma equipe de desembarque pudesse atravessar. O Erzherzog Ferdinand Max não foi seriamente danificado pela artilharia italiana ou pelos abalroamentos. Algumas placas de blindagem foram amassadas e a pintura do casco foi arrancada no local onde ele colidiu com o Re d'Italia, também sofrendo de um pequeno vazamento, mas fora isso estava ileso.[10]

Resto de carreira[editar | editar código-fonte]

Tegetthoff, depois de voltar para Pola, manteve a frota no norte do Mar Adriático em patrulhas contra um possível ataque italiano. Isto nunca ocorreu e os dois países assinaram em 12 de agosto o Armistício de Cormons, encerrando as hostilidades e levando ao Tratado de Viena. Apesar da Áustria ter derrotado a Itália em Lissa e na Batalha de Custoza em terra, o Exército Austríaco foi derrotado decisivamente pela Prússia na Batalha de Königgrätz.[11] O Erzherzog Ferdinand Max depois do fim da guerra foi para um estaleiro britânico em Malta para passar por reparos na sua proa.[1] A situação política pós-guerra levou ao Compromisso de 1867 e o estabelecimento da Áustria-Hungria, que foi forçada a ceder Lombardo-Vêneto para a Itália.[9] As duas metades da monarquia dual tinham poder de veto sobre a outra, com o desinteresse húngaro em uma expansão naval levando a orçamentos seriamente reduzidos para a frota.[12] A maior parte da frota austríaca foi descomissionada e desarmada imediatamente depois do fim da guerra.[13]

O Erzherzog Ferdinand Max c. 1900

O imperador Francisco José I fez em 1869 uma viagem pelo Mar Mediterrâneo a bordo do iate imperial SMS Greif. O Erzherzog Ferdinand Max, seu irmão SMS Habsburg e dois barcos com rodas de pás o escoltaram até a entrada do Canal de Suez. Os dois ironclads permaneceram no Mediterrâneo enquanto os outros navios seguiram para o Mar Vermelho até Porto Said na companhia da imperatriz Eugênia da França a bordo de seu próprio iate. Os austro-húngaros retornaram para Trieste em dezembro.[14] O Erzherzog Ferdinand Max foi rearmado em 1874 com catorze canhões antecarga de 178 milímetros fabricados pela britânica Armstrong mais quatro armas menores. Foi rearmado novamente em 1882, recebendo uma bateria leve de quatro canhões retrocarga de 89 milímetros, dois canhões antecarga de 70 milímetros, dois canhões-revólver de 47 milímetros e três canhões automáticos de 25 milímetros. O navio foi removido do registro naval em 19 de maio de 1886 e seu armamento reduzido para oito canhões de 100 milímetros. Estas foram removidas no ano seguinte e substituídas por um canhão de 260 milímetros e um de 240 milímetros. Entre 1889 e 1908 foi usado como embarcação auxiliar para a escola de artilharia. O Erzherzog Ferdinand Max foi desmontado em 1916 na Primeira Guerra Mundial.[1]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d Sieche & Bilzer 1979, p. 268
  2. Sieche & Bilzer 1979, pp. 266, 268
  3. Wilson 1896, pp. 226–227
  4. Wilson 1896, pp. 216–218, 228–229
  5. Sondhaus 1994, p. 1
  6. Wilson 1896, pp. 221–225, 229–231
  7. Wilson 1896, pp. 232–238
  8. Wilson 1896, pp. 238–241, 250
  9. a b Sondhaus 1994, p. 3
  10. Wilson 1896, pp. 242, 245
  11. Sondhaus 1994, pp. 1–3
  12. Sieche & Bilzer 1979, p. 267
  13. Sondhaus 1994, p. 8
  14. Sondhaus 1994, p. 26

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Sieche, Erwin; Bilzer, Ferdinand (1979). «Austria-Hungary». In: Gardiner, Robert; Chesneau, Roger; Kolesnik, Eugene M. Conway's All the World's Fighting Ships: 1860–1905. Londres: Conway Maritime Press. ISBN 978-0-85177-133-5 
  • Sondhaus, Lawrence (1994). The Naval Policy of Austria-Hungary, 1867–1918: Navalism, Industrial Development, and the Politics of Dualism. West Lafayette: Purdue University Press. ISBN 978-1-55753-034-9 
  • Wilson, Herbert Wrigley (1896). Ironclads in Action: A Sketch of Naval Warfare from 1855 to 1895. Londres: S. Low, Marston and Company. OCLC 1111061