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Cogumelo alucinógeno

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(Redirecionado de Cogumelos mágicos)
Cogumelo alucinogénio da classe Agaricomycetes

Os cogumelos alucinógenos, conhecido também como cogumelos psicadélicos (português europeu) ou cogumelos psicodélicos (português brasileiro)[1] ou cogumelos mágicos [2] ou ainda cogumelos sagrados[3] são fungos com propriedades alucinógenas, utilizados por diversos povos em suas atividades culturais, bem como drogas recreativas, especialmente por jovens urbanos influenciados por diversos movimentos culturais. Eles ajudam a aliviar os sintomas em pessoas com depressão difícil de tratar.[4]

É possível distinguir três grupos de cogumelos psicotrópicos:[5]

Normalmente são classificados como tóxicos, por ser essa a terminologia jurídica, e enteógenos ou psicodélicos devido aos efeitos que causam.

Psilocina
Psilocibina

No Brasil, nas décadas de 60 e 70, não era incomum ver jovens que buscavam determinada espécie destes cogumelos nos pastos dos estados do sul. Estes nasciam sobre o esterco do gado e eram colhidos para se fazer um chá: "chá de cogumelos", que devido à psilocibina e psilocina fazia com que se "abrissem" mais um pouco as portas da percepção. Porém, quando ingerido em sua forma natural, ou com algum ingrediente a fim de modificar seu gosto forte, os efeitos se mostram mais intensos, já que a alta temperatura usada no "chá" destrói parte de seu potencial, deixando as moléculas de seu elemento ativo instáveis, contudo com o risco das reações adversas dessa combinação (há referências de mistura com leite condensado por alguns experimentadores de próprio risco). Os mais antigos textos sobre o seu uso na cultura asteca, compilados pelo padre Bernardino de Sahagún, referem-se a uma mistura do cogumelo teonanacatl com mel.[9][10] Além disso, quando ingerido na forma sólida, o efeito vem de forma mais vagarosa, dando tempo ao usuário para perceber melhor o que está acontecendo, dentro e fora de sua mente. Experimentos de universidades geralmente utilizam espécimes secas ou cápsulas de seu elemento ativo.

Psilocybe semilanceata
Muscarina

Cogumelos sem psilocina e/ou psilocibina, a exemplo o Amanita muscaria do qual se extrai a muscarina, também são utilizados para fins considerados "recreativos", desde sua descoberta pelos exploradores europeus das práticas xamanicas dos povos siberianos. Seu efeito porém, é distinto da psilocibina, com perda de consciência (delírio, estupor) equivalente aos efeitos da Datura stramonium e atropina ambos potentes estimuladores do sistema nervoso autônomo, atuando os compostos da A. muscaria nos receptores muscarínicos da Acetilcolina. Pesquisas da distinção do efeito autonômico dos referidos nas experiências xamânicas e de viajantes europeus apontam para presença e efeito de outras substâncias nele contidas, mais especificamente o ácido ibotênico e muscimol com propriedades psicodislépticas.[11]

Os cogumelos mágicos, presentes desde as primeiras civilizações há 12.000 anos, têm raízes históricas notáveis. A evidência mais antiga de seu uso remonta a um mural no norte da Austrália datado de 10.000 a.C., representando cogumelos e ilustrações psicodélicas. Há muitas outras descobertas arqueológicas que apontam registros de cogumelos mágicos: figuras com mãos de cogumelo no norte da África, datadas de cerca de 7.000 anos; hieróglifos no Egito datados de cerca de 4500 anos; pinturas rupestres na Espanha, datadas de 4000 a.C. também indicam que os cogumelos mágicos eram conhecidos pelos povos pré-históricos europeus.[12]

Os astecas o chamavam genericamente de teonanacatyl ou carne dos deuses, os mazatecas o denominam ntsi-si-tho (ndi xi tjo) onde ntsi é um diminutivo carinhoso e o restante da palavra poderia ser traduzido como "aquele que brota".[13][14] O Psilocybe zapotecorum, cresce nos charcos e lugares alagados por isso são chamados de apipiltzin (filhos das águas) por sua relação com o Deus das Chuvas (Tlaloc).[15] Há registros manuscritos de cerimônias de cogumelos mágicos nas quais os astecas combinavam cogumelos mágicos Psilocybe cubensis com cacau para ser servido como uma bebida mista de psilocibina e cacau. Em outros casos, os cogumelos eram ingeridos sozinhos e seguidos de cacau possivelmente para amplificar os efeitos psicoativos, pois o cacau contém inibidores da MAO que previnem a rápida degradação da psilocibina e modulam neurotransmissores como a serotonina. [16]

Segundo Escobar[17] Di-shi-tjo-le-rra-ja é o nome Mazateca dado ao cogumelo ‘mágico’ da espécie Psilocybe cubensis, que significa o cogumelo divino do estrume, provavelmente o mais cosmopolita dos fungos neurotrópicos, isto é, com efeitos psicodélicos. Gordon Wasson apud McKenna [18] interpretando as referências ao Soma dos antigos textos védicos atribuía ao A. muscaria as propriedades dessa mágica substância descrita, contudo cogitava a possibilidade de ser o P. cubensis por haver proibições específicas ao esterco de gado. Ainda segundo Escobar (oc.) O México é o país que apresenta a maior diversidade de usos rituais envolvendo diversas espécies, sendo a principal espécie utilizada o Teonanácatl ou ‘carne de Deus’ (Psilocybe mexicana) e não existe qualquer evidência do emprego cerimonial dos cogumelos ‘mágicos’ por culturas tradicionais na América do Sul, exceto achados arqueológicos no norte da Colômbia datando de 300-100 anos a.C..

Estátuas de cogumelos da Mesoamérica

Estatuetas de cogumelos são também encontradas além do México na Guatemala evidenciam seu uso pela civilização maia.[19] O aprendizado moderno sobre tais cogumelos originou-se no interesse da contracultura nas medicinas tradicionais, nesse caso o sistema etno-médico asteca da Mesoamérica motivados sobretudo pela leitura do trabalho de ficção com base etnográfica de Carlos Castañeda. Ainda hoje, em muitos lugares da América Central, este tipo de cogumelos psicodélicos também são utilizado em rituais religiosos e de curandeirismo. A curandeira Maria Sabina, do México, ficou conhecida em diversos países por seus rituais que faziam uso dos cogumelos mágicos.

Quantidade da microdose

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Quantidade da microdose de cogumelos

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A quantidade da microdose de um psicodélico é relativa à sua dose limiar. A dose limiar é a dose mínima de uma substância que produzirá um grau notável de qualquer efeito dado.

Uma vez que a microdosagem de cogumelos mágicos é o uso de doses sub-perceptivas, a dosagem da microdose está abaixo da dose limiar. Idealmente, uma microdosagem de cogumelos mágicos não vai causar efeito substancial sobre o humor, a disposição ou a mentalidade. Em vez disso, seu impacto será sutil, mas presente.[20]

No Brasil, a Psilocibina e a Psilocina são substâncias controladas, de acordo com a portaria Portaria n.º 344, de 12 de maio de 1998. No entanto, o Cogumelos Psilocybe cubensis não estão listados explicitamente e existem algumas lojas com cogumelos alucinógenos desidratados in natura. Há um vácuo legal em relação aos fungos que contém Psilocibina: não existem leis que autorizem ou desautorizem o cultivo, porte, consumo ou distribuição de cogumelos alucinógenos para fins etnobotânicos e religiosos.[21] Isso pode deixar em aberto que o cultivo ou o porte de cogumelos alucinógenos contendo Psilocibina ou Psilocina poderia não ser considerado uma atividade não-ilegal. Contudo, por ser um texto muito aberto, afirmar com clareza que portar espécimes alucinógenos não constitui crime é algo que necessita de uma análise legal mais aprofundada.

Atualmente, há processo correndo pela lei de antitóxicos, no qual foi determinado que a presença de psilocina é suficiente para enquadrar o psilocybe cubensis como substância proscrita, posição confirmada pela ANVISA, Ministério público e até então (13/04) pelo juiz responsável em 1ª instância, sendo uma posição do próprio judiciário do Brasil, mas que ainda demanda julgamento para uma análise mais conclusiva.[22]

Conforme aumenta a popularidade dos cogumelos alucinógenos, temos confirmação da ilegalidade no brasil, pois na data de 08/02/2023 Traficantes foram presos em flagrante por produzir e traficar cogumelos alucinógenos em Campo Grande. [23]

Portugal descriminalizou a posse de qualquer droga recreativa[24] (isso inclui os cogumelos alucinógenos) desde que possua quantidades diárias até 10 g. Porém a distribuição e cultivo são considerado crimes.

As trufas psicodélicas são legais na Holanda e são vendidas como "Trufas Mágicas".[25]

Os Cogumelos Mágicos são totalmente legais nas Bahamas, no entanto, a psilocibina e a psilocina são substâncias controladas pela Convenção das Nações Unidas sobre Drogas Narcóticas.

Cogumelos com psilocibina nunca foram ilegais e são vendidos abertamente.[26]

Cogumelos mágicos são substâncias não controladas no país da montanha Everest[27]

Galeria de fotos

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Referências

  1. Infopédia. «psicadélico | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 27 de junho de 2022 
  2. de Sahagún, Bernadino. «COGUMELOS: CONHEÇA QUAIS SÃO SEUS TIPOS, SEUS EFEITOS E PRINCIPAIS USOS». Green.net. Consultado em 4 de outubro de 2021 
  3. Natureza Divina (12 de junho de 2020). «Cogumelos Sagrados». Site Natureza Divina. Consultado em 17 de fevereiro de 2022 
  4. Lanese, Nicoletta (11 de novembro de 2021). «Hallucinogen in 'magic mushrooms' relieves depression in largest clinical trial to date». livescience.com (em inglês). Consultado em 14 de novembro de 2021 
  5. Denis Richard, Jean-Louis Senon, Marc Valleur (2004). Dictionnaire des drogues et des dépendances. [S.l.]: Larousse. ISBN 2-03-505431-1 
  6. Treu, Roland; Adamson, Win. Ethnomycological Notes from Papua, New Guinea. McIlvainea 16 (2) Fall 2006 disponível em pdf
  7. Spooner, Brian. Lycoperdon perlatum (common puffball) Royal Botanic Gardens, Kew Arquivado em 12 de outubro de 2013, no Wayback Machine. Acesso out. 2013
  8. Schmull, Michaela et al. Dictyonema huaorani (Agaricales: Hygrophoraceae), a new lichenized basidiomycete from Amazonian Ecuador with presumed hallucinogenic properties. The Bryologist 2014 117 (4), 386-394 Abstract Acesso Fev. 2015
  9. Furst, Peter, E. Cogumelos psicodélicos, - tudo sobre drogas, SP, Nova Cultural, 1989
  10. de Sahagún, Bernadino. «General History of the Things of New Spain». www.wdl.org. Consultado em 6 de janeiro de 2021 
  11. Erowid Psychoactive Amanitas
  12. «Cogumelos mágicos». P. cubensis. Consultado em 3 de janeiro de 2024 
  13. Estrada, Álvaro, A vida de Maria Sabina, a sábia dos cogumelos, SP, Martins Fontes, 1984
  14. «Hallucinogenic drugs in pre-Columbian Mesoamerican cultures». Neurología (English Edition) (em inglês) (1): 42–49. 1 de janeiro de 2015. ISSN 2173-5808. doi:10.1016/j.nrleng.2011.07.010. Consultado em 6 de janeiro de 2021 
  15. Heim, Roger. História da descoberta dos cogumelos alucinógenos no México. In Bailly, J.C.; Guimard (org) A experiência alucinógena (Mandala). RJ, Civilização Brasileira, 1969
  16. «Cogumelos mágicos Psylocybe cubensis». Kosmic Kombi. 10 de julho de 2021. Consultado em 3 de dezembro de 2021 
  17. Escobar, José A. C. Observação e exploração da percepção visual e do tempo em indivíduos sob o estado ampliado de consciência após o consumo de cogumelos “mágicos” (Psilocybe cubensis). Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva da Universidade Federal de Pernambuco como requisito para a obtenção do título de Mestre em Psicologia Cognitiva. Disponível em PDF
  18. McKenna Terence. O alimento dos deuses. RJ. Record, 1995
  19. Folange, Émile As pedras cogumelo In Bailly, J.C.; Guimard (org) A experiência alucinógena (Mandala). RJ, Civilização Brasileira, 1969
  20. «Quantidade da microdose de cogumelos». Kosmic 
  21. Treze, Dom (16 de setembro de 2021). «Os cogumelos mágicos são ilegais no Brasil?». Psy BR. Consultado em 23 de setembro de 2021 
  22. «Ilegalidade do psilocybe cubensis?». Teonanacatl. 14 de abril de 2022. Consultado em 14 de abril de 2022 
  23. «Traficantes são presos em flagrante por produzir e traficar cogumelos alucinógenos em Campo Grande». G1. Consultado em 9 de fevereiro de 2023 
  24. «Drug policy of Portugal». Wikipedia (em inglês). 1 de maio de 2019 
  25. «Toelichting btw-tarief na vragen». www.belastingdienst.nl (em neerlandês). Consultado em 18 de outubro de 2020 
  26. «Inside the growing world of all-inclusive magic mushroom retreats». Rooster Magazine (em inglês). 2 de agosto de 2017. Consultado em 5 de abril de 2023 
  27. «Wayback Machine» (PDF). web.archive.org. 21 de maio de 2018. Consultado em 5 de abril de 2023 

Ligações externas

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