Desfeminização

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A desfeminização é um termo que pode ser utilizado em diferentes contextos. Em um contexto neurobiológico, a desfeminização pode se referir à supressão das funções cerebrais femininas no homem, induzindo-o a assumir atitudes e exercer funções tipicamente masculinas na organização neuronal. Já em um contexto social, a desfeminização pode ser vista como uma forma de exclusão ou extinção de características associadas com a feminilidade. Em ambos os casos, a desfeminização é um processo complexo e delicado que tem sido objeto de discussão e reflexão em diversos contextos sociais e culturais.[1][2]

Teoria biológica[editar | editar código-fonte]

Inicialmente pensava-se um mero produto dos andrógenos, especialmente da testosterona, no entanto, depois de descobrir-se em 1963 que a administração de estradiol na fase perinatal tinha os mesmos efeitos desfeminizantes que a administração de testosterona se propuseram novas vias de abordagem para a explicação deste processo.

Pouco depois descobriu-se que a testosterona pode derivar em estradiol (hormona conceituada feminina por excelência) num processo chamado aromatização. Evidentemente, a aromatização dá-se centralmente depois da barreira hematoencefálica. A causa disso é a enzima 5-alfa-aromatasa. Deste modo, a testosterona atravessaria esta barreira para transformar-se em estradiol a nível central sendo, em última instância, quem encarregar-se-ia da desfeminização.[3]

O motivo, de que mulheres não se desfeminizam naturalmente, se encontra numa glicoproteína periférica chamada alfafetoproteína. Esta glucoproteína dá-se na etapa perinatal até o décimo quinto dia aproximadamente e tem como função principal a de bloquear ou inutilizar ao estradiol quando este se encontra em plasma, de maneira que lhe é impossível se acercar tão sequer à barreira hematoencefálica e muito menos ao cérebro.[4][5]

Caberia perguntar-se se carências desta hormona poderiam ter alguma relação com a bissexualidade em humanos. Experimentos com ratas respaldam esta hipótese.[6]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Lara, Lucia Alves Da Silva; Romão, Adriana Peterson Mariano Salata (fevereiro de 2013). «A diferenciação do cérebro masculino e feminino». Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia: 45–48. ISSN 0100-7203. doi:10.1590/S0100-72032013000200001. Consultado em 23 de janeiro de 2024 
  2. Silva, Ana (10 de dezembro de 2023). «O que significa a palavra Desfem?». Sou Betina - Tudo para lésbicas (em inglês). Consultado em 23 de janeiro de 2024 
  3. Lara, Lucia Alves Da Silva; Romão, Adriana Peterson Mariano Salata (fevereiro de 2013). «A diferenciação do cérebro masculino e feminino». Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia: 45–48. ISSN 0100-7203. doi:10.1590/S0100-72032013000200001. Consultado em 23 de janeiro de 2024 
  4. «A sociedade do cansaço e a desfeminização da escola». Extra Classe. 13 de agosto de 2018. Consultado em 23 de janeiro de 2024 
  5. Scherer, Renata Porcher (20 de fevereiro de 2019). «A desfeminização do magistério: uma análise da literatura pedagógica brasileira da segunda metade do século xx». Consultado em 23 de janeiro de 2024 
  6. NELSON, RANDY J. (1996). PSICOENDOCRINOLOGÍA. [S.l.]: BARCELONA: EDITORIAL ARIEL, S.A. 84-344-0867-8