Disforia pós-coito
Disforia pós-coito | |
---|---|
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | F66 |
Leia o aviso médico |
A disforia pós-coito (DPC; em francês: post-coital tristesse) é a sensação de tristeza, ansiedade, agitação ou agressividade que surge após a masturbação ou relações sexuais. O termo é derivado do neolatino postcoitalis (pós-coito) e do francês tristesse (tristeza). Pessoas com PCT geralmente relatam um sentimento profundo de ansiedade que dura de cinco minutos até duas horas após o coito.[1]
Em termos de registros históricos, o fenômeno é atribuído ao filósofo grego Cláudio Galeno, que supostamente teria escrito que "todo animal fica triste depois do coito, exceto a fêmea [da espécie] humana e o galo.[2] No entanto, tal citação não foi encontrada nos escrito de Galeno ainda existentes, de modo que a atribuição de autoria é incerta. Sigmund Freud e Havelock Ellis conheciam o provérbio, e ambos declararam sua autoria como desconhecida; apenas nas décadas posteriores a máxima começou a ser atribuída pelos sexólogos a Galeno.[3]
Em Tractatus de intellectus emendatione (c. 1661) o filósofo Baruch Espinoza argumenta: "Realmente, no que tange à concupiscência, o espírito fica por ela de tal maneira possuído como se repousasse num bem, tornando-se de todo impossibilitado de pensar em outra coisa; mas, após a sua fruição, segue-se a maior das tristezas, a qual, se não suspende a mente, pelo menos a perturba e a embota". Arthur Schopenhauer, em estudo sobre o fenômeno posterior ao de Espinoza, observou que "logo após a copula ouve-se o riso do demônio".[4]
Pesquisas científicas
[editar | editar código-fonte]Um estudo aplicado por meio de questionário, com amostra de 1 208 participantes do sexo masculino, reportou que 40% dos participantes haviam experimentado DPC pelo menos uma vez na vida; enquanto 20% haviam experenciado sintomas de DPC nas quatro semanas que precederam o estudo. O estudo também relata que 3–4% da amostra apresenta regularmente sintomas de disforia pós-coito e, ainda, que entre os homens o quadro estava associado a sofrimento psicológico pelos quais passavam, abuso sexual na infância e a disfunções sexuais.[5]
Em relação a mulheres, um estudo de análise epidemiológica no Reino Unido sobre sintomas psicológicos da disforia pós-coito foi aplicado em amostra populacional composta por mulheres gêmeas. Foi reportado que 3,7% dessas mulheres haviam experenciado DPC recentemente; e 7,7% delas relataram sofrer sintomas crônicos de DPC.[6] Outro estudo descobriu que quase metade das mulheres universitárias experimentaram sintomas de DPC pelo menos uma vez na vida. O estudo também relatou que, aparentemente, não há correlação entre DPC e intimidade em relacionamentos amorosos.[7]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Sex and depression: In the brain, if not the mind». The New York Times. 20 de janeiro de 2009
- ↑ In: Katchadourian, Herant A. (1985). Fundamentals of Human Sexuality. [S.l.]: Holt, Rinehart and Winston. ISBN 0-03-060429-X
- ↑ Glenn, Justin (novembro de 1982). «'Omne Animal Post Coitum Triste': A Note and a Query» (PDF). American Notes and Queries. 21: 49–51
- ↑ Schopenhauer, Arthur (1974). «Chapter XIV: Additional Remarks on the Doctrine of the Affirmation and Denial of the Will-to-Live». Parerga and Paralipomena: Short Philosophical Essays. 2. Oxford: Clarendon Press. ISBN 0-19-924221-6. OCLC 1219845. OL 7403439M
- ↑ Maczkowiack J, Schweitzer RD (julho de 2018). «Postcoital Dysphoria: Prevalence and Correlates among Males» (PDF). Journal of Sex & Marital Therapy. 45: 128–140. PMID 30040588. doi:10.1080/0092623X.2018.1488326
- ↑ Burri, Andrea V.; Spector, Tim D. (1 de junho de 2011). «An Epidemiological Survey of Post-Coital Psychological Symptoms in a UK Population Sample of Female Twins». Twin Research and Human Genetics. 14: 240–248. PMID 21623654. doi:10.1375/twin.14.3.240
- ↑ Schweitzer, Robert D.; O'Brien, Jessica; Burri, Andrea (dezembro de 2015). «Postcoital Dysphoria: Prevalence and Psychological Correlates». Sexual Medicine. 3: 235–243. PMC 4721025. PMID 26797056. doi:10.1002/sm2.74