Ducado de Antioquia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ducado de Antioquia
Província do(a) Império Bizantino
 
9691084


Ducado de Antioquia em verde pontilhado em 1025
Capital Antioquia
Líder Duque

Período Idade Média
969 Reconquista de Antioquia
1078 Conquista por Solimão I de Rum


O Ducado de Antioquia foi um território bizantino governado por um duque (dux) nomeado por e sob a autoridade do imperador. Foi fundado em 969 após a reconquista de Antioquia pelas tropas imperiais e existiu até dezembro de 1084, quando Solimão I (r. 1077–1086), do Sultanato de Rum, conquista a capital ducal.

História[editar | editar código-fonte]

O Ducado de Antioquia foi criado em outubro de 969, logo após a reconquista de Antioquia pelas tropas imperiais,[1][2] e seu primeiro duque foi Eustácio Maleíno, nomeado pelo imperador Nicéforo II Focas (r. 963–969), que exerceu ofício até o ano seguinte.[3] Sob a jurisdição do duque estavam todos os temas da Cilícia e Síria ao sul. Dentre eles estava o Tema de Tarso, com um efetivo de cavalaria, bem como outros que talvez também possuíam exércitos compostos por cavaleiros.[4]

Em 976, ano da ascensão de Basílio II Bulgaróctono (r. 976–1025), Miguel Burtzes, o reconquistador Antioquia, foi nomeado duque. Exerceu ofício por apenas alguns meses, até aliar-se com Bardas Esclero que estava em revolta contra a autoridade de Basílio. Em 989, Burtzes novamente foi nomeado como duque, função que exerce até 995, quando é removido pelas contínuas derrotas diante da investida árabe,[5] especialmente na Batalha do Orontes. O próximo duque foi Damião Dalasseno, que exerceu função até 19 de julho de 998, quando foi derrotado e morto por tropas fatímidas na Batalha de Apameia.[6][7]

Com a morte de Damião, Nicéforo Urano, um general que fez carreira contra o Primeiro Império Búlgaro,[8] foi nomeado para o posto de duque de Antioquia. Ao lado de Basílio, realizou uma série de expedições militares com o intuito de apaziguar a província, ao mesmo tempo que ajudou na expansão das fronteiras imperiais em direção a Tao. Como representante imperial, adquiriu plenos poderes de comando das tropas estacionadas na fronteira leste e, segundo um selo seu, foi nomeado como "senhor do Oriente".[9][10]

Após uma sucessão de duques poucos conhecidos, o próximo titular proeminente foi Constantino Dalasseno, filho de Damião Dalasseno, que ocupou o posto entre 1024-1025.[11] Em 1055, Catacalo Cecaumeno foi nomeado para a posição,[12] e mais tarde foi Niceforitzes (1061–1063), o futuro ministro do imperador Miguel VII Ducas (r. 1071–1078).[13] Em 1071, após a decisiva Batalha de Manziquerta contra os turcos seljúcidas, João Tarcaniota foi nomeado como o novo governador local.[14] Pelos próximos sete anos, Antioquia vivenciou uma série de sublevações populares, somente controladas por Isaac Comneno.[15]

Paralelo aos problemas em Antioquia, Filareto Bracâmio revoltou-se contra a autoridade imperial e assumiu o título de imperador com a morte de Romano IV Diógenes (r. 1068–1071), que fora derrotado em Manziquerta pelos seljúcidas. Em 1078, Nicéforo III Botaniates (r. 1078–1081), cede a Filareto o ofício de duque em troca de desistir da reivindicação imperial.[16] Ele foi o último duque de Antioquia, mantendo o posto até dezembro de 1084, quando Solimão I (r. 1077–1086), do Sultanato de Rum, conquista a capital ducal.

Lista de titulares conhecidos[editar | editar código-fonte]

Nome Mandato Nomeado por Notas Refs
Eustácio Maleíno 969 Nicéforo II Focas [3]
Miguel Burtzes 970 João I Tzimisces [17]
Miguel Burtzes 976 Basílio II Bulgaróctono [5][17]
Culeibe 977 Basílio II Bulgaróctono [17]
Ubeidalá 977-após 978 Basílio II Bulgaróctono [17]
Leão Melisseno 985/986 Basílio II Bulgaróctono [17]
Bardas Focas 986-987 Basílio II Bulgaróctono [17]
Leão Focas 987-989 Basílio II Bulgaróctono [17]
Romano Esclero (?) 990-991 (?) Basílio II Bulgaróctono [17]
Miguel Burtzes 989-995 Basílio II Bulgaróctono [17]
Damião Dalasseno 995-998 Basílio II Bulgaróctono [17][6][7]
Nicéforo Urano 998-1007/1011 Basílio II Bulgaróctono [9][10]
Pancrácio ? Basílio II Bulgaróctono [17][6][7]
Miguel Coitonita 1011 Basílio II Bulgaróctono [17]
Constantino Dalasseno 1024-1025 Basílio II Bulgaróctono [17][11]
Miguel Espondila 1026-1029 Constantino VIII [17]
Potos Argiro 1029 Romano III Argiro [17]
Constantino Caranteno 1029-1030 Romano III Argiro [17]
Nicetas de Misteia 1030-1032 Romano III Argiro [17]
Teofilacto Dalasseno 1032-1034 (?) Romano III Argiro [17]
Nicetas 1034 Miguel IV, o Paflagônio [17]
Leão Após 1037 Miguel IV, o Paflagônio patrício, antípato e vesta [17]
Constantino 1037/1038 Miguel IV, o Paflagônio [17]
Basílio Pediadita Antes de 1041 Miguel IV, o Paflagônio [17]
Estêvão Anos 1040 ? Vestarca [17]
Gregório Anos 1040 ? Vestarca [17]
Miguel Iasita Anos 1040 [18]
Miguel Contostefano Anos 1050 (?) [18]
Constantino Burtzes Antes de 1053 Constantino IX Monômaco [18]
Romano Esclero 1054 Constantino IX Monômaco [18]
? 1054-1055 Constantino IX Monômaco Proedro [18]
Catacalo Cecaumeno Antes de setembro de 1056 Teodora [18]
Miguel Urano 1056 - verão de 1057 Miguel VI, o Estratiótico [18]
Romano Esclero 1057 - 1058 (?) Isaac I Comneno [18]
Adriano Dalasseno 1059 Isaac I Comneno [19]
Nicéforo Botaniates Antes de 1062 (?) Constantino X Ducas [19]
Niceforitzes 1062-1063 Constantino X Ducas [19]
Beck/Beckd 1065 Constantino X Ducas [19]
João Reinado de Constantino X (?) Constantino X Ducas [19]
Niceforitzes 1067 Constantino X Ducas [19]
Nicéforo Botaniates 1067-1068 Miguel VII Ducas [19]
Pedro Libelísio 1068-1069 Miguel VII Ducas [19]
Chachatur Entre 1068-1072 Miguel VII Ducas [19]
José Tarcaniota 1072-1074 Miguel VII Ducas [19]
Catacalo Tarcaniota 1074 Miguel VII Ducas Curopalata e catepano [20][14]
Isaac Comneno 1074-1078 Miguel VII Ducas [19]
Miguel Mauricas Ca. 1078 (?) Miguel VII Ducas [19]
Vasácio Palavuni 1078 Miguel VII Ducas [19]
Filareto Bracâmio 1078/1079-1084 Nicéforo III Botaniates [19]

Referências

  1. Holmes 2005, p. 331–334.
  2. Whittow 1996, p. 354.
  3. a b Holmes 2005, p. 337.
  4. Treadgold 1995, p. 115.
  5. a b «Michael Bourtzes» (em inglês). Consultado em 20 de novembro de 2014 
  6. a b c Trombley 1997, p. 270.
  7. a b c Holmes 2005, p. 349.
  8. Holmes 2005, p. 166-167.
  9. a b Magdalino 2003, p. 88.
  10. a b Holmes 2005, p. 350-351.
  11. a b Kazhdan 1991, p. 578.
  12. Kazhdan 1991, p. 1113.
  13. Kazhdan 1991, p. 1475.
  14. a b Kazhdan 1991, p. 2011.
  15. Kazhdan 1991, p. 1144.
  16. Finlay 1854, p. 50.
  17. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x Nesbitt 2005, p. 21.
  18. a b c d e f g h Nesbitt 2005, p. 21-22.
  19. a b c d e f g h i j k l m n Nesbitt 2005, p. 22.
  20. Norwich 1997, p. 238.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Finlay, George (1854). History of the Byzantine and Greek Empires from 1057 - 1453 (em inglês). 2. Edimburgo: William Blackwood & Sons 
  • Holmes, Catherine (2005). Basil II and the Governance of Empire (976–1025). Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-927968-5 
  • Magdalino, Paul (2003). Byzantium in the Year 1000. Leida: Brill. ISBN 90-04-12097-1 
  • Nesbitt, John W.; Oikonomides, Nicolas (2005). Catalogue of Byzantine Seals at Dumbarton Oaks and in the Fogg Museum of Art: The East (continued), Constantinople and environs, unknown locations, addenda, uncertain readings (em inglês). Washington, Distrito de Colúmbia: Dumbarton Oaks Research Library and Collection. ISBN 0-88402-226-9 
  • Norwich, John Julius (1997). A Short History of Byzantium. Nova Iorque: Vintage Books. ISBN 978-0-67-977269-9 
  • Treadgold, Warren (1995). Byzantium and Its Army, 284–1081 (em inglês). Stanford: Stanford University Press. ISBN 0-8047-2420-2 
  • Trombley, Frank (1997). «The Taktika of Nikephoros Ouranos and Military Encyclopaedism». In: Peter Binkley. Pre-Modern Encyclopaedic Texts: Proceedings of the Second COMERS Congress, Groningen, 1-4 July 1996. Leida, Holanda e Nova Iorque: Brill. pp. 261–274. ISBN 978-90-04-10830-1 
  • Whittow, Mark (1996). The Making of Byzantium, 600–1025 (em inglês). Berkeley e Los Angeles: University of California Press. ISBN 0-520-20496-4