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Loriga: diferenças entre revisões

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'''Loriga''' ([[pronúncia|pron.]][[Alfabeto fonético internacional|IFA]] [lu'ɾigɐ]) é uma [[vila]] e [[freguesia]] [[Portugal|portuguesa]] do concelho de [[Seia]], [[distrito da Guarda]]. Tem 36,52 km² de área, 1053 habitantes ([[2011]]) e [[densidade populacional]] de 28,8 hab./km². Tem uma povoação anexa, o Fontão. Faz parte do [[Parque Natural da Serra da Estrela]].
'''Loriga''' ([[pronúncia|pron.]][[Alfabeto fonético internacional|IFA]] [lu'ɾigɐ]) é uma [[vila]] e [[freguesia]] [[Portugal|portuguesa]] do concelho de [[Seia]], [[distrito da Guarda]]. Tem 36,52 km² de área, 1053 habitantes ([[2011]]) e [[densidade populacional]] de 28,8 hab./km². Tem uma povoação anexa, o Fontão. Faz parte do [[Parque Natural da Serra da Estrela]].


Loriga, situada na parte sudoeste da Serra da Estrela, encontra-se a 20 km de Seia, 80 km da Guarda e 320 km de [[Lisboa]]. A vila é acessível pela EN 231 e pela EN 338, estrada concluída em 2006, seguindo um traçado pré-existente, com um percurso de 9,2 km de paisagens de montanha, entre as cotas 960 m (Portela do Arão) e 1650 m, junto à Lagoa Comprida.
Loriga, situada na parte sudoeste da Serra da Estrela, encontra-se a 20 km de Seia, 80 km da Guarda e 320 km de [[Lisboa]]. A vila é acessível pela EN 231 e pela EN 338, estrada concluída em 2006, seguindo um traçado pré-existente, com um percurso de 9,2 km de paisagens de montanha, entre as cotas 960 m (Portela de Loriga ou do Arão) e 1650 m, um pouco acima da Lagoa Comprida.


[[Ficheiro:PanoramaLoriga.jpg|thumb|250 px|esquerda|Vista panorâmica de Loriga e do vale glaciar com o mesmo nome, semelhante a uma paisagem alpina.]]
[[Ficheiro:PanoramaLoriga.jpg|thumb|250 px|esquerda|Vista panorâmica de Loriga e do vale glaciar com o mesmo nome, semelhante a uma paisagem alpina.]]


É conhecida como a "Suíça Portuguesa" devido à sua extraordinária localização geográfica. Está situada a cerca de 770 m de altitude, na sua parte urbana mais baixa, rodeada por montanhas, das quais se destacam a Penha dos Abutres (1828 m de altitude) e a Penha do Gato (1771 m), e é abraçada por dois cursos de água: a Ribeira da Nave e Ribeira de São Bento, que se unem depois da [[Estação de tratamento de águas residuais|E.T.A.R.]] para formarem a Ribeira de Loriga, um dos afluentes do [[Rio Alva]].
É conhecida como a "Suíça Portuguesa" devido à sua extraordinária localização geográfica. Está situada a cerca de 770 m de altitude, na sua parte urbana mais baixa, rodeada por montanhas, das quais se destacam a Penha dos Abutres (1828 m de altitude) e a Penha do Gato (1771 m), e é abraçada por dois cursos de água: a Ribeira de Loriga e a Ribeira de São Bento, que se unem depois da [[Estação de tratamento de águas residuais|E.T.A.R.]] para formarem um dos maiores afluentes do [[Rio Alva]].


Os socalcos e sua complexa rede de irrigação são um dos grandes ''ex-libris'' de Loriga, uma obra construída ao longo de centenas de anos e que transformou um vale rochoso num vale fértil. É uma obra que ainda hoje marca a paisagem, fazendo parte do património histórico da vila e é demonstrativa do génio dos seus habitantes.
Os socalcos e sua complexa rede de irrigação são um dos grandes ''ex-libris'' de Loriga, uma obra construída ao longo de centenas de anos e que transformou um vale rochoso num vale fértil. É uma obra que ainda hoje marca a paisagem, fazendo parte do património histórico da vila e é demonstrativa do génio dos seus habitantes.


Está dotada de uma ampla gama de infraestruturas físicas e sócio-culturais, que abrangem todos os grupos etários, das quais se destacam, por exemplo, o Grupo Desportivo Loriguense, fundado em [[1934]], a Sociedade Recreativa e Musical Loriguense, fundada em [[1906]], os [[Bombeiros| Bombeiros Voluntários de Loriga]], criados em [[1982]], cujos serviços se desenvolvem para dos limites da vila, a Casa de Repouso Nª. Srª. da Guia, uma das últimas obras sociais de relevo, e a Escola Básica Dr. Reis Leitão. Em Agosto de 2006 iniciaram-se as obras do novo Quartel dos Bombeiros Voluntários, edifício concluído em 2012 e inaugurado em Setembro do mesmo ano.<ref>{{Citar web |url=http://www.asbeiras.pt/2012/09/bombeiros-de-loriga-mudam-para-novo-quartel/ |título=Bombeiros de Loriga mudam para novo quartel |língua= |autor= Diário "As Beiras" online|obra= |data= |acessodata=Outubro de 2012}}</ref>
Está dotada de uma ampla gama de infraestruturas físicas e sócio-culturais, que abrangem todos os grupos etários, das quais se destacam, por exemplo, o Grupo Desportivo Loriguense, fundado em [[1934]], a Sociedade Recreativa e Musical Loriguense, fundada em [[1906]], os [[Bombeiros| Bombeiros Voluntários de Loriga]], criados em [[1982]], cujos serviços se desenvolvem numa área com limites aproximados aos limites do antigo concelho de Loriga, a Casa de Repouso Nª. Srª. da Guia, uma das últimas obras sociais de relevo, e a Escola EB 123 Dr. Reis Leitão. Em Agosto de 2006 iniciaram-se as obras do novo Quartel dos Bombeiros Voluntários, edifício concluído em 2012 e inaugurado em Setembro do mesmo ano.<ref>{{Citar web |url=http://www.asbeiras.pt/2012/09/bombeiros-de-loriga-mudam-para-novo-quartel/ |título=Bombeiros de Loriga mudam para novo quartel |língua= |autor= Diário "As Beiras" online|obra= |data= |acessodata=Outubro de 2012}}</ref>


Pertence à rede de [[Seia#Aldeias de Montanha do Concelho de Seia|Aldeias de Montanha do Concelho de Seia]].
Pertence à rede de [[Seia#Aldeias de Montanha do Concelho de Seia|Aldeias de Montanha do Concelho de Seia]].
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[[Ficheiro:Igreja Matriz de Loriga - Altar.JPG|thumb|180px|esquerda|Igreja Matriz de Loriga - vista interior.]]
[[Ficheiro:Igreja Matriz de Loriga - Altar.JPG|thumb|180px|esquerda|Igreja Matriz de Loriga - vista interior.]]
Quando os romanos chegaram, a povoação estava dividida em dois núcleos. O maior, mais antigo e principal, situava-se na área onde hoje existem a Igreja Matriz e parte da Rua de Viriato e estava fortificado com muralhas e paliçada. Aliás, a Rua de Viriato no troço compreendido entre a antigas sedes do GDL e da Casa do Povo, coincide exatamente com essa antiga linha defensiva da povoação. A antiga tradição e alguns antigos documentos apontam Loriga como berço de Viriato, tendo inclusive havido um projeto para um monumento que nunca chegou a concretizar-se. No local do actual Bairro de São Ginês existiam já algumas habitações encostadas ao promontório rochoso, em cima do qual os Visigodos construíram mais tarde uma ermida dedicada àquele santo.
Quando os romanos chegaram, a povoação estava dividida em dois núcleos. O maior, mais antigo e principal, situava-se na área onde hoje existem a Igreja Matriz e parte da Rua de Viriato e estava fortificado com muralhas e paliçada. Aliás, a Rua de Viriato no troço compreendido entre a antigas sedes do GDL e da Casa do Povo, coincide exatamente com parte dessa antiga linha defensiva da povoação. A antiga tradição e alguns antigos documentos apontam Loriga como berço de Viriato, tendo inclusive havido um projeto para um monumento que nunca chegou a concretizar-se. No local do actual Bairro de São Ginês (São Gens) existiam já algumas habitações encostadas ao promontório rochoso, em cima do qual os Visigodos construíram mais tarde uma ermida dedicada àquele santo.


[[Ficheiro:Loriga - Fontanário.JPG|thumb|180px|Fontanário em Loriga.]]
[[Ficheiro:Loriga - Fontanário.JPG|thumb|180px|Fontanário em Loriga.]]
Loriga era uma paróquia pertencente à Vigararia do Padroado Real e a Igreja Matriz foi mandada construir em [[1233]] pelo rei [[Sancho II de Portugal|D. Sancho II]]. Esta igreja, cujo orago era já o de Santa Maria Maior e que se mantém, foi construída no local de outro antigo e pequeno templo visigótico também dedicado a Nossa Senhora, do qual foi aproveitada uma pedra com inscrições visigóticas, que está colocada na porta lateral virada para o adro. De estilo românico, com três naves, traça exterior lembrando a Sé Velha de Coimbra, e dimensões próximas das atuais, esta igreja foi destruída pelo [[terramoto de 1755|sismo de 1755]], dela restando apenas partes das paredes laterais e da torre. A paróquia de Loriga remonta aliás à época visigótica e pertencia então à diocese de Egitânia, atual Idanha a Velha.
Loriga era uma paróquia pertencente à Vigararia do Padroado Real e a Igreja Matriz foi mandada construir em [[1233]] pelo rei [[Sancho II de Portugal|D. Sancho II]]. Esta igreja, cujo orago era já o de Santa Maria Maior padroeira de Loriga, e que se mantém, foi construída no local de um outro antigo e pequeno templo visigótico também dedicado a Nossa Senhora, do qual foi aproveitada uma pedra com inscrições visigóticas, que está colocada na porta lateral virada para o adro. De estilo românico, com três naves, traça exterior lembrando a Sé Velha de Coimbra, e dimensões próximas das atuais, esta igreja foi destruída pelo [[terramoto de 1755|sismo de 1755]], dela restando apenas partes das paredes laterais e da torre. A paróquia de Loriga remonta aliás à época visigótica e pertencia então à diocese de Egitânia, atual Idanha a Velha.


O sismo de 1755 provocou enormes estragos na vila, tendo arruinado também a residência paroquial e aberto algumas fendas nas robustas e espessas paredes do edifício da Câmara Municipal construído no século XIII. Um emissário do [[Marquês de Pombal]] esteve em Loriga a avaliar os estragos mas, ao contrário do que aconteceu com a Covilhã (outra localidade serrana muito afectada), não chegou do governo de Lisboa qualquer auxílio.
O sismo de 1755 provocou enormes estragos na vila, tendo arruinado também a residência paroquial e aberto algumas fendas nas robustas e espessas paredes do edifício da Câmara Municipal construído no século XIII cujas paredes do rés do chão onde funcionava a cadeia tinham uma espessura de cerca de dois metros. Um emissário do [[Marquês de Pombal]] esteve em Loriga a avaliar os estragos mas, ao contrário do que aconteceu com a Covilhã (outra localidade serrana muito afectada), não chegou do governo de Lisboa qualquer auxílio.


===História posterior ao séc. XVIII===
===História posterior ao séc. XVIII===
Loriga é uma vila industrial (têxtil) desde a primeira metade do [[século XIX]]. Chegou a ser uma das localidades mais industrializadas da [[Beira Interior]], e a actual sede de concelho só conseguiu suplantá-la quase em meados do [[século XX]]. Tempos houve em que só a Covilhã ultrapassava Loriga no número de empresas. Nomes de empresas, tais como: Regato, Redondinha, Fonte dos Amores, Tapadas, Fândega, Leitão & Irmãos, Augusto Luis Mendes, Lamas, Nunes Brito, Moura Cabral, Lorimalhas, etc, fazem parte da rica história industrial desta vila. A principal e maior avenida de Loriga tem o nome de Augusto Luís Mendes, o mais destacado dos antigos industriais loriguenses. Apesar dos maus acessos, que se resumiam à velhinha estrada romana de Lorica, com dois mil anos, o facto é que os loriguenses transformaram Loriga numa vila industrial.
Loriga é uma vila industrial (têxtil) desde a primeira metade do [[século XIX]]. Chegou a ser uma das localidades mais industrializadas da [[Beira Interior]], e a actual sede de concelho só conseguiu suplantá-la quase em meados do [[século XX]]. Tempos houve em que só a Covilhã ultrapassava Loriga no número de empresas. Nomes de empresas, tais como: Regato, Redondinha, Fonte dos Amores, Tapadas, Fândega, Leitão & Irmãos, Augusto Luis Mendes, Lamas, Nunes Brito, Moura Cabral, Lorimalhas, etc, fazem parte da rica história industrial desta vila. A principal e maior avenida de Loriga tem o nome de Augusto Luís Mendes, o mais destacado dos antigos industriais loriguenses. Apesar dos maus acessos, que se resumiam à velhinha estrada romana de Lorica, com dois mil anos, o facto é que os loriguenses transformaram Loriga numa progressiva vila industrial.


[[Ficheiro:(Largo do) Pelourinho, Loriga.jpg|thumb|180px|esquerda|Largo do Pelourinho.]]
[[Ficheiro:(Largo do) Pelourinho, Loriga.jpg|thumb|180px|esquerda|Largo do Pelourinho.]]


Porém, a partir da segunda metade do século XIX tornou-se um dos principais pólos industriais da Beira Alta, com a implantação da indústria dos lanifícios, que entrou em declínio durante durante a última década do século passado o que está a levar à desertificação da Vila, facto que afecta de maneira geral as regiões interiores de Portugal. Actualmente a economia loriguense baseia-se nas indústrias metalúrgica e de panificação, no comércio, restauração, alguma agricultura e pastorícia.
A partir da segunda metade do século XIX tornou-se um dos principais pólos industriais da Beira Alta, com o aumento e desenvolvimento da indústria dos lanifícios, que entrou em declínio durante durante as últimas duas décadas do século passado o que está a levar à desertificação da Vila, facto que afecta de maneira geral as regiões interiores de Portugal. Actualmente a economia loriguense baseia-se nas indústrias metalúrgica e de panificação, no comércio, restauração, alguma indústria de malhas que ainda resiste, e alguma agricultura e pastorícia.


A área onde existem as actuais freguesias de [[Alvoco da Serra]], [[Cabeça (Seia)|Cabeça]], [[Sazes da Beira]], [[Teixeira (Seia)|Teixeira]], [[Valezim]], [[Vide]], e as mais de trinta povoações anexas, pertenceu ao município loriguense.
A área onde existem as actuais freguesias de [[Alvoco da Serra]], [[Cabeça (Seia)|Cabeça]], [[Sazes da Beira]], [[Teixeira (Seia)|Teixeira]], [[Valezim]], [[Vide]], e as mais de trinta povoações anexas, pertenceu ao município loriguense.
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==Património de destaque==
==Património de destaque==
[[Ficheiro:Rua da Oliveira.JPG|thumb|180px|direita|Rua da Oliveira]]
[[Ficheiro:Rua da Oliveira.JPG|thumb|180px|direita|Rua da Oliveira]]
Em termos de património histórico, destacam-se a ponte e a estrada romanas ([[século I a.C.]]), uma sepultura antropomórfica ([[século VI a.C.]]) chamada popularmente de "caixão da moura", a Igreja Matriz ([[século XIII]], reconstruída), o Pelourinho (século XIII, reconstruído), o bairro de São Ginês, a Rua de [[Viriato]] e a Rua da Oliveira.
Em termos de património histórico, destacam-se a ponte e a estrada romanas ([[século I a.C.]]), uma sepultura antropomórfica ([[século VI a.C.]]) chamada popularmente de "caixão da moura", a Igreja Matriz ([[século XIII]], reconstruída), o Pelourinho (século XIII, reconstruído), o bairro de São Ginês (São Gens), a Rua de [[Viriato]] e a Rua da Oliveira.


A estrada romana e uma das duas pontes (a outra ruiu no [[século XVI]] após uma grande cheia na Ribeira de São Bento), com as quais os romanos ligaram ''Lorica'', na Lusitânia, ao restante império, merecem destaque.
A estrada romana e uma das duas pontes (a outra ruiu no [[século XVI]] após uma grande cheia na Ribeira de São Bento), com as quais os romanos ligaram ''Lorica'', na Lusitânia, ao restante império, merecem destaque.


A rua da [[Oliveira]] é uma [[rua]] situada no centro histórico da vila. A sua [[escada]]ria tem cerca de 80 degraus em [[granito]], o que lhe dá características peculiares. Esta rua recorda muitas das características urbanas medievais.
A rua da [[Oliveira]] é uma [[rua]] situada no centro histórico da vila. A sua [[escada]]ria tem cerca de 80 degraus em [[granito]], o que lhe dá características peculiares. Esta rua recorda muitas das características urbanas medievais.
O bairro de São Ginês é um [[bairro]] do centro histórico de Loriga cujas características o tornam num dos bairros mais típicos da vila. Curioso é o facto de este bairro dever o nome a [[São Gens de Arles|São Gens]], um santo de origem céltica martirizado em Arles, na Gália, no tempo do imperador Diocleciano, [[orago]] de uma [[ermida]] visigótica situada na área, no local onde hoje está a capela de Nossa Senhora do Carmo. Com o passar dos séculos os loriguenses mudaram o nome do santo para São Ginês, que nunca existiu. Este núcleo da povoação, que já esteve separado do principal e mais antigo, situado mais abaixo, é anterior à chegada dos romanos.
O bairro de São Ginês (São Gens) é um [[bairro]] do centro histórico de Loriga cujas características o tornam num dos bairros mais típicos da vila. Curioso é o facto de este bairro dever o nome a [[São Gens de Arles|São Gens]], um santo de origem céltica martirizado em Arles, na Gália, no tempo do imperador Diocleciano, [[orago]] de uma [[ermida]] visigótica situada na área, no local onde hoje está a capela de Nossa Senhora do Carmo. Com o passar dos séculos os loriguenses mudaram o nome do santo para São Ginês, que nunca existiu, deixaram arruinar a capela que lhe era dedicada e finalmente reconstruíram-na mas mudaram-lhe o orago para Nossa Senhora do Carmo. Este núcleo da povoação, que já esteve separado do principal e mais antigo, situado mais abaixo, é anterior à chegada dos romanos.


[[Ficheiro:Ze Lages Jun08.jpg|thumb|180px|esquerda|Praia fluvial de Loriga, conhecida também como Chão da Ribeira onde existe o chamado "Poço do Zé Lages".]]
[[Ficheiro:Ze Lages Jun08.jpg|thumb|180px|esquerda|Praia fluvial de Loriga, conhecida também como Chão da Ribeira onde existe o chamado "Poço do Zé Lages".]]
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== Festividades ==
== Festividades ==
Ao longo do ano celebram-se de maneira especial o [[Natal]], a [[Páscoa]] (com a Amenta das Almas - cantos nocturnos masculinos, que evocam as almas de entes falecidos por altura da [[Quaresma]]), festas em honra de [[Santo António de Lisboa|Sto. António]] (durante o mês Junho) e [[São Sebastião]] (no último Domingo de Julho), com as respectivas mordomias e procissões. Porém, o ponto mais alto das festividades religiosas é a festa dedicada à padroeira de Loriga, Nª. Srª. da Guia, que se realiza todos os anos, no primeiro Domingo de Agosto. No segundo Domingo, tem lugar a festa em honra de Nª. Srª. da Ajuda, no Fontão de Loriga.
Ao longo do ano celebram-se de maneira especial o [[Natal]], a [[Páscoa]] (com a Amenta das Almas - cantos nocturnos masculinos, que evocam as almas de entes falecidos por altura da [[Quaresma]]), festas em honra de [[Santo António de Lisboa|Sto. António]] (durante o mês Junho) e [[São Sebastião]] (no último Domingo de Julho), com as respectivas mordomias e procissões. Porém, o ponto mais alto das festividades religiosas é a festa dedicada à padroeira dos emigrantes de Loriga, Nª. Srª. da Guia, que se realiza todos os anos, no primeiro Domingo de Agosto. No segundo Domingo, tem lugar a festa em honra de Nª. Srª. da Ajuda, no Fontão de Loriga.


== Gastronomia ==
== Gastronomia ==

Revisão das 11h51min de 4 de fevereiro de 2017

 Nota: Este artigo é sobre a uma vila portuguesa. Para o escritor e cineasta Ray Loriga, veja Ray Loriga.
Portugal Portugal Loriga 
  Freguesia  
Vista geral de Loriga
Vista geral de Loriga
Vista geral de Loriga
Gentílico Loriguense ou Loricense
Localização
Loriga está localizado em: Portugal Continental
Loriga
Localização de Loriga em Portugal
Coordenadas 40° 19′ 37″ N, 7° 41′ 26″ O
Município Seia
Administração
Tipo Junta de freguesia
Presidente António Maurício Moura Mendes (PS)
Características geográficas
Área total 36,52 km²
População total (2011) 1 053 hab.
Densidade 28,8 hab./km²
Código postal 6270
Outras informações
Orago Santa Maria Maior
Sítio www.freguesiadeloriga.com
Apelidada de “Suíça Portuguesa”. É uma das vilas mais altas de Portugal.

Loriga (pron.IFA [lu'ɾigɐ]) é uma vila e freguesia portuguesa do concelho de Seia, distrito da Guarda. Tem 36,52 km² de área, 1053 habitantes (2011) e densidade populacional de 28,8 hab./km². Tem uma povoação anexa, o Fontão. Faz parte do Parque Natural da Serra da Estrela.

Loriga, situada na parte sudoeste da Serra da Estrela, encontra-se a 20 km de Seia, 80 km da Guarda e 320 km de Lisboa. A vila é acessível pela EN 231 e pela EN 338, estrada concluída em 2006, seguindo um traçado pré-existente, com um percurso de 9,2 km de paisagens de montanha, entre as cotas 960 m (Portela de Loriga ou do Arão) e 1650 m, um pouco acima da Lagoa Comprida.

Vista panorâmica de Loriga e do vale glaciar com o mesmo nome, semelhante a uma paisagem alpina.

É conhecida como a "Suíça Portuguesa" devido à sua extraordinária localização geográfica. Está situada a cerca de 770 m de altitude, na sua parte urbana mais baixa, rodeada por montanhas, das quais se destacam a Penha dos Abutres (1828 m de altitude) e a Penha do Gato (1771 m), e é abraçada por dois cursos de água: a Ribeira de Loriga e a Ribeira de São Bento, que se unem depois da E.T.A.R. para formarem um dos maiores afluentes do Rio Alva.

Os socalcos e sua complexa rede de irrigação são um dos grandes ex-libris de Loriga, uma obra construída ao longo de centenas de anos e que transformou um vale rochoso num vale fértil. É uma obra que ainda hoje marca a paisagem, fazendo parte do património histórico da vila e é demonstrativa do génio dos seus habitantes.

Está dotada de uma ampla gama de infraestruturas físicas e sócio-culturais, que abrangem todos os grupos etários, das quais se destacam, por exemplo, o Grupo Desportivo Loriguense, fundado em 1934, a Sociedade Recreativa e Musical Loriguense, fundada em 1906, os Bombeiros Voluntários de Loriga, criados em 1982, cujos serviços se desenvolvem numa área com limites aproximados aos limites do antigo concelho de Loriga, a Casa de Repouso Nª. Srª. da Guia, uma das últimas obras sociais de relevo, e a Escola EB 123 Dr. Reis Leitão. Em Agosto de 2006 iniciaram-se as obras do novo Quartel dos Bombeiros Voluntários, edifício concluído em 2012 e inaugurado em Setembro do mesmo ano.[1]

Pertence à rede de Aldeias de Montanha do Concelho de Seia.

População

População da freguesia de Loriga [2]
1864 1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011
1 690 1 888 2 090 2 414 2 652 2 488 2 152 2 548 2 981 2 695 2 204 1 825 1 631 1 270 1 053

Toponímia

Crê-se que o nome veio da localização estratégica da povoação, do seu protagonismo e dos seus habitantes nos montes Hermínios (actual Serra da Estrela) na resistência lusitana, sendo certo que os romanos lhe puseram o nome de Lorica, designação geral para couraça guerreira romana; deste nome derivou Loriga, designação iniciada pelos Visigodos, que tem o mesmo significado. Pela antiguidade e simbolismo do nome, a Lorica/Loriga é considerada uma peça heráldica "falante", considerada pelos especialistas em heráldica portuguesa como fundamental no brasão da vila.

História

Forais

Loriga tinha a categoria de sede de concelho desde o século XII, tendo recebido forais em 1136 (João Rhânia, senhorio das Terras de Loriga durante cerca de duas décadas, no reinado de D. Afonso Henriques), 1249 (D. Afonso III), 1474 (D. Afonso V) e 1514 (D. Manuel I). Apoiou os Miguelistas contra os Liberais na guerra civil portuguesa e tal facto contribuiu para deixar de ser sede de concelho em 1855 após a aplicação do plano de ordenação territorial levada a cabo durante o século XIX, curiosamente o mesmo plano que deu origem aos Distritos.

História até ao final do séc. XVIII

Fundada originalmente no alto de uma colina entre ribeiras onde hoje existe o centro histórico da vila. O local foi escolhido há mais de dois mil e seiscentos anos devido à facilidade de defesa (uma colina entre ribeiras), à abundância de água e de pastos, bem como ao facto de a as terras mais baixas providenciarem alguma caça e condições mínimas para a prática da agricultura. Desta forma estavam garantidas as condições mínimas de sobrevivência para uma população e povoação com alguma importância.

Igreja Matriz de Loriga - vista interior.

Quando os romanos chegaram, a povoação estava dividida em dois núcleos. O maior, mais antigo e principal, situava-se na área onde hoje existem a Igreja Matriz e parte da Rua de Viriato e estava fortificado com muralhas e paliçada. Aliás, a Rua de Viriato no troço compreendido entre a antigas sedes do GDL e da Casa do Povo, coincide exatamente com parte dessa antiga linha defensiva da povoação. A antiga tradição e alguns antigos documentos apontam Loriga como berço de Viriato, tendo inclusive havido um projeto para um monumento que nunca chegou a concretizar-se. No local do actual Bairro de São Ginês (São Gens) existiam já algumas habitações encostadas ao promontório rochoso, em cima do qual os Visigodos construíram mais tarde uma ermida dedicada àquele santo.

Fontanário em Loriga.

Loriga era uma paróquia pertencente à Vigararia do Padroado Real e a Igreja Matriz foi mandada construir em 1233 pelo rei D. Sancho II. Esta igreja, cujo orago era já o de Santa Maria Maior padroeira de Loriga, e que se mantém, foi construída no local de um outro antigo e pequeno templo visigótico também dedicado a Nossa Senhora, do qual foi aproveitada uma pedra com inscrições visigóticas, que está colocada na porta lateral virada para o adro. De estilo românico, com três naves, traça exterior lembrando a Sé Velha de Coimbra, e dimensões próximas das atuais, esta igreja foi destruída pelo sismo de 1755, dela restando apenas partes das paredes laterais e da torre. A paróquia de Loriga remonta aliás à época visigótica e pertencia então à diocese de Egitânia, atual Idanha a Velha.

O sismo de 1755 provocou enormes estragos na vila, tendo arruinado também a residência paroquial e aberto algumas fendas nas robustas e espessas paredes do edifício da Câmara Municipal construído no século XIII cujas paredes do rés do chão onde funcionava a cadeia tinham uma espessura de cerca de dois metros. Um emissário do Marquês de Pombal esteve em Loriga a avaliar os estragos mas, ao contrário do que aconteceu com a Covilhã (outra localidade serrana muito afectada), não chegou do governo de Lisboa qualquer auxílio.

História posterior ao séc. XVIII

Loriga é uma vila industrial (têxtil) desde a primeira metade do século XIX. Chegou a ser uma das localidades mais industrializadas da Beira Interior, e a actual sede de concelho só conseguiu suplantá-la quase em meados do século XX. Tempos houve em que só a Covilhã ultrapassava Loriga no número de empresas. Nomes de empresas, tais como: Regato, Redondinha, Fonte dos Amores, Tapadas, Fândega, Leitão & Irmãos, Augusto Luis Mendes, Lamas, Nunes Brito, Moura Cabral, Lorimalhas, etc, fazem parte da rica história industrial desta vila. A principal e maior avenida de Loriga tem o nome de Augusto Luís Mendes, o mais destacado dos antigos industriais loriguenses. Apesar dos maus acessos, que se resumiam à velhinha estrada romana de Lorica, com dois mil anos, o facto é que os loriguenses transformaram Loriga numa progressiva vila industrial.

Largo do Pelourinho.

A partir da segunda metade do século XIX tornou-se um dos principais pólos industriais da Beira Alta, com o aumento e desenvolvimento da indústria dos lanifícios, que entrou em declínio durante durante as últimas duas décadas do século passado o que está a levar à desertificação da Vila, facto que afecta de maneira geral as regiões interiores de Portugal. Actualmente a economia loriguense baseia-se nas indústrias metalúrgica e de panificação, no comércio, restauração, alguma indústria de malhas que ainda resiste, e alguma agricultura e pastorícia.

A área onde existem as actuais freguesias de Alvoco da Serra, Cabeça, Sazes da Beira, Teixeira, Valezim, Vide, e as mais de trinta povoações anexas, pertenceu ao município loriguense.

A área que englobava o extinto município loriguense, constitui também a Associação de Freguesias da Serra da Estrela, com sede em Loriga.

Loriga e a sua região possuem enormes potencialidades turísticas e as únicas pistas e estância de esqui existentes em Portugal estão localizadas na Serra da Estrela, dentro da área da freguesia de Loriga.

Património de destaque

Rua da Oliveira

Em termos de património histórico, destacam-se a ponte e a estrada romanas (século I a.C.), uma sepultura antropomórfica (século VI a.C.) chamada popularmente de "caixão da moura", a Igreja Matriz (século XIII, reconstruída), o Pelourinho (século XIII, reconstruído), o bairro de São Ginês (São Gens), a Rua de Viriato e a Rua da Oliveira.

A estrada romana e uma das duas pontes (a outra ruiu no século XVI após uma grande cheia na Ribeira de São Bento), com as quais os romanos ligaram Lorica, na Lusitânia, ao restante império, merecem destaque.

A rua da Oliveira é uma rua situada no centro histórico da vila. A sua escadaria tem cerca de 80 degraus em granito, o que lhe dá características peculiares. Esta rua recorda muitas das características urbanas medievais. O bairro de São Ginês (São Gens) é um bairro do centro histórico de Loriga cujas características o tornam num dos bairros mais típicos da vila. Curioso é o facto de este bairro dever o nome a São Gens, um santo de origem céltica martirizado em Arles, na Gália, no tempo do imperador Diocleciano, orago de uma ermida visigótica situada na área, no local onde hoje está a capela de Nossa Senhora do Carmo. Com o passar dos séculos os loriguenses mudaram o nome do santo para São Ginês, que nunca existiu, deixaram arruinar a capela que lhe era dedicada e finalmente reconstruíram-na mas mudaram-lhe o orago para Nossa Senhora do Carmo. Este núcleo da povoação, que já esteve separado do principal e mais antigo, situado mais abaixo, é anterior à chegada dos romanos.

Praia fluvial de Loriga, conhecida também como Chão da Ribeira onde existe o chamado "Poço do Zé Lages".

Praia fluvial

Como desde há alguns anos, em 2014, esta praia foi uma das 298 praias nacionais galardoadas com a bandeira azul[3]; em Junho de 2012 recebeu a bandeira "Qualidade Ouro", atribuido pela Quercus.[4] Ambas as bandeiras foram hasteadas dia 24 de Junho de 2012.

Dia 5 de Maio de 2012, a praia fluvial de Loriga, ficou apurada entre as 21 finalistas, do total de 70 pré-finalistas, divididas por 7 categorias, para concorrer ao concurso "7 Maravilhas - Praias de Portugal", na categoria de "praias de rios".

Festividades

Ao longo do ano celebram-se de maneira especial o Natal, a Páscoa (com a Amenta das Almas - cantos nocturnos masculinos, que evocam as almas de entes falecidos por altura da Quaresma), festas em honra de Sto. António (durante o mês Junho) e São Sebastião (no último Domingo de Julho), com as respectivas mordomias e procissões. Porém, o ponto mais alto das festividades religiosas é a festa dedicada à padroeira dos emigrantes de Loriga, Nª. Srª. da Guia, que se realiza todos os anos, no primeiro Domingo de Agosto. No segundo Domingo, tem lugar a festa em honra de Nª. Srª. da Ajuda, no Fontão de Loriga.

Gastronomia

A gastronomia loriguense faz parte daquela considerada típica da Beira Alta, onde se salientam os pratos calóricos de alta montanha, os enchidos, a feijoada (com feijocas, uma espécie de feijão branco, maior que o habitual), o cabrito no forno, a broa de milho, queijaria de ovelha e cabra, nomeadamente o queijo da Serra (com DOP), a aguardente de zimbro. Grande parte dos doces e sobremesas típicas eram elaboradas para celebrar a Páscoa. De entre os doces, têm relevo as broínhas doces, o arroz doce, o carolo (doce feito com milho), a botelha (sobremesa feito com abóbora), a tapioca (sobremesa parecida ao arroz doce, feita com tapioca partida em grãos - importada pela comunidade loriguense no Brasil) e o Bolo Negro de Loriga. A importância da gastronomia única é reflectida na Confraria da Broa e do Bolo Negro de Loriga. Loriga faz parte da Rota do Xisto e do Milho.

Busto do, Dr Joaquim A. Amorim da Fonseca, Loriga.

Personagens

Acordos de geminação

Loriga celebrou um acordo de geminação com a vila, actual cidade, de Sacavém, em 1 de Junho de 1996.

Ver também

Ligações externas

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Fontes

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Referências

  1. Diário "As Beiras" online. «Bombeiros de Loriga mudam para novo quartel». Consultado em Outubro de 2012  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  2. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  3. ABAE. «Locais Galardoados na Região do Centro com a Bandeira Azul, 2014». Consultado em Junho de 2014  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  4. Site da Câmara Municipal de Seia. «Praia de Loriga com qualidade de ouro». Consultado em Julho de 2012  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)