Vicente da Câmara: diferenças entre revisões
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Como rezam as biografias, Vicente da Câmara começou a «''puxar para a fadistice''» e, com 15 anos, já cantava como amador nos retiros do [[Bairro Alto]], como a Adega Mesquita, a Adega Machado ou a Adega da Lucília. |
Como rezam as biografias, Vicente da Câmara começou a «''puxar para a fadistice''» na adolescência e, com 15 anos, já cantava como amador nos retiros do [[Bairro Alto]], como a Adega Mesquita, a Adega Machado ou a Adega da Lucília. Contudo, apesar de ser presença habitual nestes lugares, o fadista nunca integraria nenhum elenco fixo, numa casa de fados. |
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Incentivado pela tia [[Maria Teresa de Noronha|Maria Teresa]] e por Henrique Trigueiro, resolveu participar, em [[1947]], num concurso da [[Emissora Nacional]]. Nessa edição a vencedora é Júlia Barroso, mas no ano seguinte é o repetente Vicente da Câmara quem se classifica em primeiro lugar. A partir dessa data, [[1948]], passou a atuar de forma cada vez mais frequente em programas da estação pública, nomeadamente nos ''Serões para Trabalhadores'' e no ''Fados e Guitarradas'', programa que a sua tia manteve no ar durante mais 20 anos, até [[1962]]. |
Incentivado pela tia [[Maria Teresa de Noronha|Maria Teresa]] e por Henrique Trigueiro, resolveu participar, em [[1947]], num concurso da [[Emissora Nacional]]. Nessa edição a vencedora é Júlia Barroso, mas no ano seguinte é o repetente Vicente da Câmara quem se classifica em primeiro lugar. A partir dessa data, [[1948]], passou a atuar de forma cada vez mais frequente em programas da estação pública, nomeadamente nos ''Serões para Trabalhadores'' e no ''Fados e Guitarradas'', programa que a sua tia manteve no ar durante mais 20 anos, até [[1962]]. |
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Vicente Maria do Carmo de Noronha da Câmara ComIH (Lisboa, 7 de maio de 1928 — Lisboa, 28 de maio de 2016) foi um fadista português.
Biografia
Vicente da Câmara nasceu em berço aristocrata, cuja ascendência remonta ao descobridor da ilha da Madeira, João Gonçalves Zarco. Foi o único filho de D. João Luís Seabra da Câmara, notável radialista e locutor Emissora Nacional portuguesa, e de sua primeira mulher D. Maria Edite do Carmo de Noronha. Recebeu da sua tia D. Maria Teresa de Noronha e do seu tio-avô D. João do Carmo de Noronha, uma forte influência do Fado, que se habitou a ouvir desde criança. Era ainda trineto paterno do dramaturgo João Gonçalves Zarco da Câmara. Sobre a sua origem familiar viria a dizer:
“ | O que é a aristocracia? A aristocracia tanto pode estar no povo como noutra coisa qualquer. (...) O aristocrata é aquele que sobressaiu. | ” |
Como rezam as biografias, Vicente da Câmara começou a «puxar para a fadistice» na adolescência e, com 15 anos, já cantava como amador nos retiros do Bairro Alto, como a Adega Mesquita, a Adega Machado ou a Adega da Lucília. Contudo, apesar de ser presença habitual nestes lugares, o fadista nunca integraria nenhum elenco fixo, numa casa de fados.
Incentivado pela tia Maria Teresa e por Henrique Trigueiro, resolveu participar, em 1947, num concurso da Emissora Nacional. Nessa edição a vencedora é Júlia Barroso, mas no ano seguinte é o repetente Vicente da Câmara quem se classifica em primeiro lugar. A partir dessa data, 1948, passou a atuar de forma cada vez mais frequente em programas da estação pública, nomeadamente nos Serões para Trabalhadores e no Fados e Guitarradas, programa que a sua tia manteve no ar durante mais 20 anos, até 1962.
Em 1950, pouco antes de migrar para Luanda, como empregado da companhia de petróleos BP, Vicente da Câmara assina o primeiro contrato discográfico com a editora Valentim de Carvalho e, a partir daí, grava vários dos seus êxitos, entre eles o Fado das Caldas — foi o primeiro intérprete a gravá-lo — e Varina.
D. Vicente assume-se assim como um progressista do Fado Castiço, o mais tradicional e popular de Lisboa. Destaca-se pela sua voz timbrada — tem, como dirão os apreciadores e críticos, o tremidinho dos Câmara —, pelo recurso ao improviso e pela naturalidade com que exibe e utiliza melismas, raridade no fado. Durante uma entrevista, insurge-se contra as convenções políticas e afirma ser o fado uma música pobre, e que é na pobreza que reside a riqueza, grandeza, liberdade e valor.
Afincadamente contra os mais conservadores que apenas recriavam os clássicos, ficou para a posteridade o seu maior sucesso, A Moda das Tranças Pretas, que constituiu entre os outros fados do seu repertório, um marco fundamental do fado castiço. Segundo a história, escreveu-o entre 1955 e 1956 num quarto de hotel em Santarém. As primeiras opiniões, incluindo a de seu pai, não foram muito favoráveis, mas ele insistiu em gravar o tema, que rapidamente ganharia o coração de gerações de portugueses.
Em 1967 surge o contrato com a editora discográfica Rádio Triunfo.
Os anos subsequentes, ligados à atividade de inspector da CIDLA, afastam-no um pouco do Fado. Afastamento reiterado na sequência do 25 de Abril de 1974 e do período revolucionário, quando o fado passa por um conhecido período de menor popularidade, que se reflete para o fadista numa quase total ausência de espectáculos.
Na década de 1980, porém, depois de algumas digressões pelo estrangeiro, Vicente da Câmara volta às atuações em público e realiza várias digressões ao Extremo Oriente, numa altura em que Amália Rodrigues, Maria Amélia Proença e outros, também atuaram na mesma zona do globo.
Em 1989 assinala o quadragésimo aniversário da sua carreira no Cinema Tivoli.
Em 2007 o seu trabalho ficou imortalizado no filme Fados, do espanhol Carlos Saura.
Vicente da Câmara morreu no Hospital de S. José, em Lisboa, a 28 de maio de 2016, com 88 anos de idade, vítima de paragem cardiorrespiratória.[1]
Família
Casado em Lisboa a 23 de Abril de 1955 com Maria Augusta de Melo Novais e Ataíde (Évora, Sé e São Pedro, 30 de Junho de 1929 - 28 de Setembro de 2011), é pai do também fadista José da Câmara; era um dos poucos fadistas restantes da geração do fado aristocrata.
Discografia
- 2004 Biografias do Fado (CD, EMI - Valentim de Carvalho)[2]
Prémios e condecorações
- Comendador da Ordem do Infante D. Henrique (27 de Novembro de 2013)[3]
- Medalha de Mérito Municipal da Câmara Municipal do Cartaxo (2013)[4][5]
Referências
- ↑ «Morreu o fadista Vicente da Câmara». Jornal de Notícias. 28 de maio de 2016. Consultado em 28 de maio de 2016
- ↑ «Vicente da Câmara - Biografias do Fado». Instituto Camões. Consultado em 13 de Março de 2016
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Vicente da Câmara". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 13 de março de 2016
- ↑ «Medalhas de Mérito Municipal Ano: 2013». Câmara Municipal do Cartaxo. Consultado em 13 de março de 2016
- ↑ GIC, CMC (11 de dezembro de 2013). «Câmara do Cartaxo distingue Vicente da Câmara e Clube de Ciclismo José Maria Nicolau». Tinta Fresca. Consultado em 13 de março de 2016
Ver também
Ligações externas
- «Biografia de Vicente da Câmara». em Macua de Moçambique
- «Discografia de Vicente da Câmara» (em inglês). no Discogs
- Vicente da Câmara. no IMDb.
- «Página de Vicente da Câmara» (em inglês). na BBC