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Revisão das 22h29min de 3 de março de 2024

Vítor Jorge
Nome Vítor Jorge
Pseudônimo(s) "Mata-sete"
Data de nascimento 2 de novembro de 1949
Data de morte 5 de janeiro de 2019 (69 anos)
Local de morte Córsega, França
Nacionalidade(s) português
Crime(s) Assassínio em massa
Pena 20 anos de prisão (cumpriu 14)
Assassinatos
Vítimas 7
País Portugal
Apreendido em 3 de Março de 1987
Preso em Prisão de Coimbra

Vítor Jorge (1949-29 de dezembro de 2018 (69 anos)), conhecido como Mata-sete, foi um assassino em massa português que matou sete pessoas e tentou matar mais uma. As suas vítimas foram mortas à paulada, facada e tiro; entre estas estavam a sua mulher, filha e amante. Os investigadores pensam que o crime teve motivos religiosos e misóginos.

O caso foi chamado de Massacre na Praia de Osso da Baleia pois parte dos homicídios ocorrerem na respectiva praia homónima. Vítor Jorge foi condenado à pena máxima da altura, 20 anos, no entanto só cumpriu 14 por bom comportamento tendo sido então libertado.

Biografia

Vítor Jorge nasceu a 2 de novembro de 1949. Após o seu nascimento foi abandonado pelo pais, tendo sido criado pelos avós. Aos 5 anos de idade viu o seu tio a afogar as duas filhas bebés. Aos 8, a mãe acolhe-o e Vítor vai viver para Lisboa. A sua mãe era prostituta e como havia um só quarto, Vítor era obrigado a visualizar os atos sexuais que ela tinha com os clientes. Anos mais tarde, já adulto, Vítor agride fisicamente a sua mãe após esta trazer um homem a casa, acusou-a de estar a minar a relação com ele.[1]

Conheceu a sua mulher, Carminda, em 1968 e os dois tiveram três filhos, duas filhas e um filho. Segundo testemunhos de vizinhos, Carminda era vítima de violência doméstica, ademais Vítor teve várias amantes, uma delas sendo Leonor dos Santos Tomás, uma das futuras vítimas.[1]

Profissionalmente, Vítor era bancário do Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa e a tempo-parcial era fotógrafo de casamentos e batizados.[1] Após ter saído em liberdade condicional em 2001, foi para a casa do seu filho em Inglaterra.[2] Por fim, imigra para a ilha francesa, Córsega, onde morreu com 69 anos após várias tentativas de suicídio.[3]

Crimes

No dia 1 de março de 1987, Vítor Jorge assassinou 7 pessoas, uma à paulada, duas à facada e outras quatro a tiro.[1] Entre as vítimas estão a sua mulher, filha mais velha e 5 jovens entre os 17 e 24 anos. Ainda tentou assassinar a filha do meio.[4]

Massacre na Praia do Osso da Baleia

Uma das amantes de Vítor, Leonor dos Santos Tomás (24 anos), e 4 amigos dela - Luís Teixeira (17), Maria do Céu Araújo (20), Isabel Moreia (21) e José Pacheco (22) - tinham estado a celebrar o aniversário da Leonor no dia anterior. Depois das festividades, já na madrugada do próxima dia, os jovens seguiam para uma estação de comboios local à boleia de Vítor Jorge, que tinha sido contratado para fotografar a festa. No entanto, este convence-os a ir à Praia do Osso da Baleia.[4]

Quando chegaram à praia, Vítor pega numa caçadeira e dispara sobre José, matando-o primeiro pois era das Forças Armadas de Portugal e portanto podia lhe fazer frente. De seguida, matou a tiro Leonor, Luis e Maria, por esta ordem. Isabel, o último membro do grupo, consegue fugir momentaneamente, mas estando em pânico não conseguiu permanecer em silêncio, e Vítor Jorge seguiu-a pelo som e matou-a à paulada com um pedaço de um pinheiro.[5] Mais tarde, a polícia encontrou uma nota ao lado do corpo de Leonor que lia: "Isto foi porque tu quiseste. Os outros foram por arrastamento."[6]

Familicídio

Após ter massacrado os 5 jovens na Praia do Osso da Baleia, o criminoso vai para a sua casa, onde iniciou a chacina da própria família. Primeiramente, levou a sua esposa (36 anos) a um pinhal, com o pretexto que tinha atropelado um homem e precisava de ajuda, esfaqueaou-a 5 vezes nas costas. Em seguida levou a filha mais velha, Anabel (16), que teve o mesmo destino. Por fim, levou a filha do meio, Sandra (14), mas esta vê os corpos da mãe e irmã e luta com o seu pai numa tentativa de lhe tirar a faca, acabando por escapar. O filho mais novo, de 10 anos, dormia em casa durante todo o ocorrido.[4]

Sandra, ferida da luta com o seu pai, vai chamar por ajuda. Um homem que ia a passar de carro acolhe-a e chama a Guarda Nacional Republicana. A busca pelo assassino em massa em fuga começa, só tendo fim dois dias mais tarde quando uma antiga vizinha de Vítor Jorge o encontra escondido em uma casebre em ruínas.[4] Foi detido e levado para o hospital porque estava com febre e ferido de uma perna.[2]

Diário

Vítor Jorge mantinha um diário onde escrevia principalmente sobre as suas aflições e fantasias criminosas.[5] Enviou o diário um dia após o massacre ao Correio da Manhã, que o publicou às tomas. No envelope em que o despachou continha a nota, "Há sempre um pouco de razão na loucura".[6]

No seu diário, Vítor Jorge planeou vários tipos chacinas, desde a destruir a fábrica de material de guerra de Braço de Prata, a plantar engenhos explosivos em discotecas. Elaborou também um assassinato-suicídio e que neste incluiu uma lista de 12 pessoas que queria matar, dentro destas só chegou a concretizar 2, a sua amante e filha. Vítor Jorge chegou a tentar prever os títulos que os jornais iam dar ao seus crimes, "Mensagens desconexas e loucura provoca grande tragédia", "Homem desesperado depois de assassinar várias pessoas põe termo à vida" e "Insanidade provoca crimes horríveis".[6]

Um tema comum do diário era a culpabilização das mulheres, dizia que elas vivem somente para o prazer carnal, luxo e ostentação. Acusava a mãe de ter sido infiel e de o obrigar a ver os seus atos de prostituição, a mulher por não ter casado virgem e a filha Anabel por namorar com um homem mais velho e já com um filho. Este justificou o assassinato da sua família com o seguinte pretexto, "Mato a minha mulher porque não era virgem quando casou, mato as minhas filhas para não serem pasto para os prazeres do mundo, poupo o meu filho para perpetuar a semente do mal."

Foram encontrados no diário relatórios médicos, recibos do ordenado, uma mensagem dirigida a Mário Soares, que advogava para a instituição da pena de morte, e outra para o Papa João Paulo II, a condenar as violações dos padres a menores.[6] A última entrada no diário escrevia, "Lamentavelmente consumado e engrossado o início da minha loucura. Médicos, agora acreditam? Osso da Baleia." Vítor Jorge teria procurado ajuda de especialistas, e até mesmo de um padre, mas ninguém levou a sério os seus problemas.[7]

Julgamento e condenação

Logo a 13, o juiz de instrução criminal de Leiria, Eduardo Correia Lobo, levou-a à praia e ao pinhal para a reconstituição do crime. Vítor Jorge surge nas fotos desse dia com um ar tranquilo, a explicar às autoridades como matou sete pessoas a tiro, à paulada e à facada.

Na praia do Osso da Baleia, a Polícia Judiciária encontrou ao lado do corpo de Leonor uma mensagem: "Isto foi porque tu quiseste. Os outros foram por arrastamento." Supostamente, não conhecia os outros quatro jovens

O julgamento começou em 15 de dezembro. Quando chegou ao tribunal nessa manhã, sem algemas, o assassino de Osso da Baleia tinha à sua espera um batalhão de fotógrafos. Era defendido por um advogado oficioso, Mário Ferreira.

O sorteio dos jurados começou por não correr bem. Só saíam analfabetos. Mas lá se conseguiram os oito jurados efetivos e os dois suplentes — seis dos efetivos eram mulheres, três donas de casa, uma mulher a dias, uma empregada de supermercado e uma comerciante. Dos dois homens, um era agricultor e outro industrial.

No início da sessão, o advogado leu a contestação do réu. Que pedia, por exemplo, que os jurados fossem constituídos por familiares das vítimas. E frisava que a sua defesa devia assentar na busca da verdade e da justiça. Mesmo que isso significasse que deveria "ser morto por crucificação ou apedrejamento popular."

Numa pequena entrevista que nesse dia deu ao Jornal de Notícias enquanto não se iniciava o julgamento disse que "o Vítor Jorge é um monstro e praticou monstruosidades que não merecem piedade nem perdão." Falava de si na terceira pessoa.

Em tribunal pediu que os jurados fossem familiares das suas vítimas.

O julgamento foi marcado com a polêmica sobre a inimputabilidade do homicida, com vários especialistas a defenderem que tinha graves problemas mentais. O catedrático e psiquiatra Eduardo Cortesão foi um dos que defendeu essa tese com mais fervor. Tal como o advogado Mário Ferreira.

Do outro lado da barricada estavam os médicos do Centro de Saúde Mental de Leiria, que examinaram Vítor Jorge após a sua detenção, a garantirem que nada foi detetado que apontasse para que fosse inimputável. Foi considerado imputável e condenado em cúmulo jurídico a 20 anos. Para a história ficam as suas próprias palavras no primeiro dia do julgamento: "Não há pena suficientemente severa para castigar um monstro que ceifou sete vidas."

Durante o julgamento, no Tribunal da Marinha Grande, Vítor Jorge confessou os crimes, pediu para ser internado para o resto da vida e alertou para o perigo de um dia matar mais gente. Condenaram-no como um criminoso vulgar.

Os reclusos apenas cumprem cinco sextos da pena. Vítor Jorge devia ter cumprido 16 anos e oito meses. Como beneficiou de várias amnistias, cumpriu 14 anos.

Foi libertado em 5 de Outubro de 2001.

Referências

  1. a b c d Pereirinha, Tânia. «A macabra história de Vítor Jorge, o Mata-Sete». Observador. Consultado em 2 de julho de 2023 
  2. a b https://www.jn.pt. «Homicida da praia do Osso da Baleia morre em França». Jornal de Notícias. Consultado em 2 de julho de 2023 
  3. «A morte estranha do assassino do Osso da Baleia». www.dn.pt. 5 de janeiro de 2019. Consultado em 2 de julho de 2023 
  4. a b c d Lusa, PÚBLICO (5 de janeiro de 2019). «Morreu o "Mata-Sete", o assassino da praia do Osso da Baleia». PÚBLICO. Consultado em 2 de julho de 2023 
  5. a b Dias, Joana Amaral (1 de setembro de 2022). Psicopatas Portugueses - Livro 2. [S.l.]: Leya 
  6. a b c d https://www.facebook.com/DiariodeNoticias.pt/?fref=ts (5 de janeiro de 2019). «O diário do Mata-Sete. A única ideia que o movia era matar». www.dn.pt. Consultado em 21 de julho de 2023 
  7. «Morreu 'Mata-sete', o serial killer português do massacre do Osso da Baleia». Jornal SOL. Consultado em 21 de julho de 2023