Festival de Inverno da Universidade Federal de Minas Gerais: diferenças entre revisões

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O [[Grupo Corpo]], fundado em [[1975]], surgiu após [[Rodrigo Pederneiras]] ter adquirido inspiração em uma oficina realizada com o bailarino argentino Oscar Araiz.<ref name="diversa"/>. O primeiro espetáculo do grupo, ''Maria Maria'', foi coreografado por argentino Oscar Araiz, percorreu 14 países e permaneceu em atividade no Brasil de [[1976]] até [[1982]].<ref name="diversa"/>
O [[Grupo Corpo]], fundado em [[1975]], surgiu após [[Rodrigo Pederneiras]] ter adquirido inspiração em uma oficina realizada com o bailarino argentino Oscar Araiz<ref name="diversa"/>. O primeiro espetáculo do grupo, ''Maria Maria'', foi coreografado por argentino Oscar Araiz, percorreu 14 países e permaneceu em atividade no Brasil de [[1976]] até [[1982]].<ref name="diversa"/>


Em [[1978]], uma oficina gerou a aproximação de integrantes que formaram o [[Uakti]].<ref name="seminais"></ref>O flautista, professor da Escola de Música da UFMG e membro fundador do Uakti-Oficina Instrumental, Artur Andrés, começou a participar do festival aos 16 anos e identifica Berenice Menegale, uma das suas fundadoras, como uma das responsáveis pelo sucesso do evento pelo dom de aglutinar pessoas.<ref name="diversa">Revista Diversa. (março de 2005). ''[http://www.ufmg.br/diversa/6/artecultura.htm Quatro festivas décadas]''. Revista da [[Universidade Federal de Minas Gerais]],
Em [[1978]], uma oficina gerou a aproximação de integrantes que formaram o [[Uakti]].<ref name="seminais"></ref>O flautista, professor da Escola de Música da UFMG e membro fundador do Uakti-Oficina Instrumental, Artur Andrés, começou a participar do festival aos 16 anos e identifica Berenice Menegale, uma das suas fundadoras, como uma das responsáveis pelo sucesso do evento pelo dom de aglutinar pessoas.<ref name="diversa">Revista Diversa. (março de 2005). ''[http://www.ufmg.br/diversa/6/artecultura.htm Quatro festivas décadas]''. Revista da [[Universidade Federal de Minas Gerais]],
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Em [[1982]], uma oficina realizada em [[Diamantina]] despertaria em alguns participantes a formação do [[Grupo Galpão]].<ref name="seminais">[[Estado de Minas]]. (20 de junho de 2010). ''Oficinas seminais''. Caderno ''Em Cultura''</ref>A trupe se encontrou nas oficinas de teatro dos alemães Kurt Bildstein e George Froscher, do Teatro Livre de Munique, que trabalhavam com o teatro de rua.<ref name="diversa"/>
Em [[1982]], uma oficina realizada em [[Diamantina]] despertaria em alguns participantes a formação do [[Grupo Galpão]]<ref name="seminais">[[Estado de Minas]]. (20 de junho de 2010). ''Oficinas seminais''. Caderno ''Em Cultura''</ref>.A trupe se encontrou nas oficinas de teatro dos alemães Kurt Bildstein e George Froscher, do Teatro Livre de Munique, que trabalhavam com o teatro de rua<ref name="diversa"/>. A oficina resultou em ''A Alma Boa de Setsuan'', de [[Bertolt Brecht]], a primeira montagem do grupo.<ref name="diversa"/>


Entre [[1981]] e [[1983]] e em [[1985]], foi realizado em [[Diamantina]],<ref name="arteessencial"/>onde passou a ser guiado pela pesquisa e reflexão artística.<ref name="entrevista">[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (19 de julho de 2009). ''[http://www.ufmg.br/online/arquivos/012497.shtml Em entrevista, Fabrício Fernandino fala sobre a trajetória do Festival e suas perspectivas]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>
Entre [[1981]] e [[1983]] e em [[1985]], foi realizado em [[Diamantina]],<ref name="arteessencial"/>onde passou a ser guiado pela pesquisa e reflexão artística.<ref name="entrevista">[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (19 de julho de 2009). ''[http://www.ufmg.br/online/arquivos/012497.shtml Em entrevista, Fabrício Fernandino fala sobre a trajetória do Festival e suas perspectivas]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>


Nos dois anos seguintes, ocorreu em São João del-Rei<ref name="arteessencial"/>.
Nos dois anos seguintes, ocorreu em [[São João del-Rei]].<ref name="arteessencial"/>


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A último mudança foi em [[2000]], quando mudou-se para Diamantina.<ref name="arteessencial"/>A partir desse período, teve uma redução de seu formato em decorrência de restrições econômicas e adaptação à infraestrutura local, embora tenha promovido reflexões mais aprofundadas sobre a arte contemporânea e da relação da arte com outras áreas de conhecimento.<ref name="entrevista"/>
A último mudança foi em [[2000]], quando mudou-se para Diamantina.<ref name="arteessencial"/>A partir desse período, teve uma redução de seu formato em decorrência de restrições econômicas e adaptação à infraestrutura local, embora tenha promovido reflexões mais aprofundadas sobre a arte contemporânea e da relação da arte com outras áreas de conhecimento.<ref name="entrevista"/>


==Características==
Desde a sua fundação, adquiriu sentidos e estruturas diferentes. Fabrício Fernandino detalha os enfoques e características temporais: [[1967]]-[[1979]] (aproximação artística e política); [[1981]]-[[1985]] (investigação, [[pesquisa]] e [[poesia]]); [[1986]]-[[1993]] (itinerância); [[1993]]-[[1999]] (torna-se o grande festival de Ouro Preto) e [[2000]]-[[2011]] (aprofunda a transdisciplinariedade da questão artística, já em Diamantina).<ref name="em2">Magioli, Ailton. (20 de junho de 2010). ''Semador de cultura''. Jornal ''[[Estado de Minas]]''. Caderno ''EM Cultura''</ref>
As primeiras edições foram feitas com verbas escassas, originárias da universidade, [[Ministério da Educação (Brasil)|Ministério da Educação]] e [[Funarte]].<ref name="diversa"/>


Desde a sua fundação, adquiriu sentidos e estruturas diferentes. Fabrício Fernandino detalha os enfoques e características temporais: [[1967]]-[[1979]] (aproximação artística e política); [[1981]]-[[1985]] (investigação, [[pesquisa]] e [[poesia]]); [[1986]]-[[1993]] (itinerância); [[1993]]-[[1999]] (torna-se o grande festival de [[Ouro Preto]]) e [[2000]]-[[2011]] (aprofunda a transdisciplinariedade da questão artística, já em [[Diamantina]]).<ref name="em2">Magioli, Ailton. (20 de junho de 2010). ''Semador de cultura''. Jornal ''[[Estado de Minas]]''. Caderno ''EM Cultura''</ref>
Além da tese, o festival foi tema de documentários como ''Festival de 10 invernos'', que registrou a primeira década do evento, dirigido por José Tavares de Barros; e ''20 anos do Festival de Inverno da UFMG'', de Silvino José de Castro, a partir de [[dissertação]] de mestrado defendida nos [[Estados Unidos]].<ref name="em2"/>

Além da tese de Fabrício Fernandino, o festival foi tema de documentários como ''Festival de 10 invernos'', que registrou a primeira década do evento, dirigido por José Tavares de Barros; e ''20 anos do Festival de Inverno da UFMG'', de Silvino José de Castro, a partir de [[dissertação]] de mestrado defendida nos [[Estados Unidos]].<ref name="em2"/>


O público do evento é majoritariamente formado por estudantes e profissionais das áreas de artes, cinema, letras e comunicação.<ref name="ufmg2"/>
O público do evento é majoritariamente formado por estudantes e profissionais das áreas de artes, cinema, letras e comunicação.<ref name="ufmg2"/>
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===Temas e desenvolvimento===
===Temas e desenvolvimento===

* 32ª edição, em [[2000]] - realizado com 44 oficinas e cursos, nos quais 993 alunos aprofundaram seus conhecimentos artísticos ou se iniciaram no mundo da arte<ref name="doismil"/>. Houve shows em lugares públicos, mostra de vídeo de animação canadense, exposição fotográfica, lançamentos de livros, sessões grátis de cinema e palestras<ref name="doismil">[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (2000). ''[http://www.ufmg.br/boletim/bol1275/pag3.html Festival transformará Diamantina
em capital cultural de Minas]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>

* 33ª edição, em [[2001]] - realizado com o tema ''Arte, Meio Ambiente e Turismo Cultural'' e 120 oficinas e atividades culturais<ref>[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (25 de julho de 2002). ''[http://www.ufmg.br/boletim/bol1359/quinta.shtml UFMG lança catálogo do 33º Festival de Inverno]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>
* 33ª edição, em [[2001]] - realizado com o tema ''Arte, Meio Ambiente e Turismo Cultural'' e 120 oficinas e atividades culturais<ref>[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (25 de julho de 2002). ''[http://www.ufmg.br/boletim/bol1359/quinta.shtml UFMG lança catálogo do 33º Festival de Inverno]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>


* 34º edição, em [[2002]] - teve 56 oficinas e mais de 60 eventos, entre peças de teatro, espetáculos de dança, shows musicais, mostras, palestras e exposições<ref name="carla">Maia, Carla. (1 de agosto de 2002). ''[http://www.ufmg.br/boletim/bol1360/quinta.shtml Festival de Inverno valoriza cultura local e democratiza acesso a oficinas]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>
* 34º edição, em [[2002]] - teve 56 oficinas e mais de 60 eventos, entre peças de teatro, espetáculos de dança, shows musicais, mostras, palestras e exposições<ref name="carla">Maia, Carla. (1 de agosto de 2002). ''[http://www.ufmg.br/boletim/bol1360/quinta.shtml Festival de Inverno valoriza cultura local e democratiza acesso a oficinas]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>


* 35ª edição, em [[2003]] - ''Limites - desdobramentos e rupturas'' <ref>[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (19 de dezembro de 2002). ''[http://www.ufmg.br/boletim/bol1379/ Festival 2003 quer aprofundar experimentação]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>, como cinco áreas temáticas e em uma área de projetos especiais, com três palestras diárias e a realização de 16 oficinas<ref>Silva Júnior, Maurício Guilherme. (19 de junho de 2003). ''[http://www.ufmg.br/boletim/bol1401/terceira.shtml A nova cara do Festival]''. [[Universidade Federal de Minas Gerais]], acesso em 20 de junho de 2010</ref>
* 35ª edição, em [[2003]] - ''Limites - desdobramentos e rupturas'' <ref>[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (19 de dezembro de 2002). ''[http://www.ufmg.br/boletim/bol1379/ Festival 2003 quer aprofundar experimentação]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>, com cinco áreas temáticas e em uma área de projetos especiais, com três palestras diárias e a realização de 16 oficinas<ref>Silva Júnior, Maurício Guilherme. (19 de junho de 2003). ''[http://www.ufmg.br/boletim/bol1401/terceira.shtml A nova cara do Festival]''. [[Universidade Federal de Minas Gerais]], acesso em 20 de junho de 2010</ref>


* 36ª edição, em [[2004]] - ''Arte: fronteiras contemporâneas'', com debates acerca dos limites da arte contemporânea<ref>[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (24 de maio de 2004). ''[http://www.ufmg.br/online/arquivos/000366.shtml UFMG lança programação de seu 36º Festival de Inverno]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>. Foram realizados 44 cursos e oficinas de artes cênicas, artes plásticas, literatura e cultura, mídia arte e música.<ref name="folha">[[Folha Online]]. (14 de junho de 2004). ''[http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u45017.shtml Festival de Inverno da UFMG abre inscrições para oficinas]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>
* 36ª edição, em [[2004]] - ''Arte: fronteiras contemporâneas'', com debates acerca dos limites da arte contemporânea<ref>[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (24 de maio de 2004). ''[http://www.ufmg.br/online/arquivos/000366.shtml UFMG lança programação de seu 36º Festival de Inverno]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>. Foram realizados 44 cursos e oficinas de artes cênicas, artes plásticas, literatura e cultura, mídia arte e música.<ref name="folha">[[Folha Online]]. (14 de junho de 2004). ''[http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u45017.shtml Festival de Inverno da UFMG abre inscrições para oficinas]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>
* 37ª edição, em [[2005]] - ''Diálogos possíveis'', com a proposição da interlocução transdisciplinar entre os diversos campos das artes e das ciências,<ref name="">[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (1 de julho de 2005). ''[http://www.ufmg.br/online/arquivos/001806.shtml 37º Festival de Inverno divulga programação cultural]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>e 49 diferentes atividades, entre oficinas, cursos, simpósios, encontros e seminários<ref>[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (14 de junho de 2005). ''[http://www.ufmg.br/online/arquivos/001730.shtml 37º Festival de Inverno começa a receber inscrições]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>
* 37ª edição, em [[2005]] - ''Diálogos possíveis'', com a proposição da interlocução transdisciplinar entre os diversos campos das artes e das ciências,<ref name="">[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (1 de julho de 2005). ''[http://www.ufmg.br/online/arquivos/001806.shtml 37º Festival de Inverno divulga programação cultural]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>além de 49 diferentes atividades, entre oficinas, cursos, simpósios, encontros e seminários<ref>[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (14 de junho de 2005). ''[http://www.ufmg.br/online/arquivos/001730.shtml 37º Festival de Inverno começa a receber inscrições]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>


* 38ª edição, em [[2006]] - com o tema e eixo conceitual ''Interatividades'' e 57 oficinas ofertadas<ref>[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (9 de junho de 2006). ''[http://www.ufmg.br/online/arquivos/003669.shtml Festival de Inverno da UFMG muda formato e privilegia a interatividade]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>, teve 57 oficinas<ref name="comecamasoficinas">[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (17 de julho de 2006). ''[http://www.ufmg.br/online/arquivos/003915.shtml Em Diamantina, começam as oficinas do Festival]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>
* 38ª edição, em [[2006]] - com o tema e eixo conceitual ''Interatividades'' e 57 oficinas ofertadas<ref>[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (9 de junho de 2006). ''[http://www.ufmg.br/online/arquivos/003669.shtml Festival de Inverno da UFMG muda formato e privilegia a interatividade]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>


* 39ª edição, em [[2007]] - ''Territórios contemporâneos – Linguagens híbridas'', pretendeu reafirmar o valor da arte como elemento da integração e de transformação social e humana. Foram oferecidas 42 oficinas nas áreas artes audiovisuais, cênicas, literárias, musicais, plásticas e transdisciplinares, além do festival também ter contado com diversos projetos e apresentações culturais.<ref name="territorios">[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (24 de maio de 2007). ''[http://www.ufmg.br/online/arquivos/005850.shtml UFMG lança programação cultural de seu Festival de Inverno 2007]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref><ref>[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (11 de julho de 2007). ''[http://www.ufmg.br/online/arquivos/006138.shtml Site oficial do 39º Festival de Inverno da UFMG traz notícias sobre o evento]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>
* 39ª edição, em [[2007]] - ''Territórios contemporâneos – Linguagens híbridas'', pretendeu reafirmar o valor da arte como elemento da integração e de transformação social e humana. Foram oferecidas 42 oficinas nas áreas artes audiovisuais, cênicas, literárias, musicais, plásticas e transdisciplinares, além do festival também ter contado com diversos projetos e apresentações culturais.<ref name="territorios">[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (24 de maio de 2007). ''[http://www.ufmg.br/online/arquivos/005850.shtml UFMG lança programação cultural de seu Festival de Inverno 2007]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref><ref>[[Universidade Federal de Minas Gerais]]. (11 de julho de 2007). ''[http://www.ufmg.br/online/arquivos/006138.shtml Site oficial do 39º Festival de Inverno da UFMG traz notícias sobre o evento]'', acesso em 20 de junho de 2010</ref>

Revisão das 22h18min de 20 de junho de 2010

O Festival de Inverno da Universidade Federal de Minas Gerais, ou simplesmente Festival de Inverno da UFMG, é um evento cultural realizado no estado brasileiro de Minas Gerais desde 1967.[1]

Desde 2000, é realizado na cidade de Diamantina, pelos valores culturais e tradições da cidade patrimônio da Unesco e do Vale do Jequitinhonha[2], com oficinas de iniciação e atualização, shows, peças de teatro, exposições e mostras de cinema e vídeo.[1][3]

O festival é considerado um "celeiro da arte mineira" e, inclusive, possibilitou desde a sua fundação o surgimento e a projeção de grupos como o Uakti, Corpo, Galpão e Giramundo assim como o nascimento de outros festivais do gênero como o Inverno Cultural de São João del-Rei e a Jornada Cultural de Poços de Caldas.[1][4]

É também considerado um dos maiores programas brasileiros de extensão da área de artes e cultura, promovido por uma instituição de ensino superior, e um dos mais importantes e tradicionais eventos culturais do país.[3][5][6]

História

O 1º Festival de Inverno da UFMG aconteceu em Ouro Preto, onde permaneceu até 1979, com a finalidade de aproximar a arte da sociedade[7][1]. Segundo Fabrício Fernandino, autor de uma tese sobre o festival, o evento ao ser levado imediatamente para Ouro Preto criou um espaço artístico e transformou-se em uma projeto bem-sucedido de extensão universitária em plena ditadura militar.[1]

O Festival de Inverno da FMG teve como fundadores Álvaro Apocalypse, Berenice Menegale, José Adolfo Moura e Júlio Varela, grupo de professores ligado à Escola de Belas Artes da UFMG e à Fundação de Educação Artística de Belo Horizonte.[1][3]

Nas décadas de 60 e 70, a programação do festival se extendia por um mês.[5]

O Grupo Corpo, fundado em 1975, surgiu após Rodrigo Pederneiras ter adquirido inspiração em uma oficina realizada com o bailarino argentino Oscar Araiz[8]. O primeiro espetáculo do grupo, Maria Maria, foi coreografado por argentino Oscar Araiz, percorreu 14 países e permaneceu em atividade no Brasil de 1976 até 1982.[8]

Em 1978, uma oficina gerou a aproximação de integrantes que formaram o Uakti.[9]O flautista, professor da Escola de Música da UFMG e membro fundador do Uakti-Oficina Instrumental, Artur Andrés, começou a participar do festival aos 16 anos e identifica Berenice Menegale, uma das suas fundadoras, como uma das responsáveis pelo sucesso do evento pelo dom de aglutinar pessoas.[8]

Em 1980 e 1984, o festival não foi realizado.[7].

Em 1982, uma oficina realizada em Diamantina despertaria em alguns participantes a formação do Grupo Galpão[9].A trupe se encontrou nas oficinas de teatro dos alemães Kurt Bildstein e George Froscher, do Teatro Livre de Munique, que trabalhavam com o teatro de rua[8]. A oficina resultou em A Alma Boa de Setsuan, de Bertolt Brecht, a primeira montagem do grupo.[8]

Entre 1981 e 1983 e em 1985, foi realizado em Diamantina,[7]onde passou a ser guiado pela pesquisa e reflexão artística.[10]

Nos dois anos seguintes, ocorreu em São João del-Rei.[7]

Em 1988, aconteceu a 20ª edição do festival em Poços de Caldas.[7]

De 1989 a 1992, Belo Horizonte foi o cenário para o Festival de Inverno da UFMG.[7]

A cidade de Ouro Preto novamente recebeu o evento entre 1993 e 1999,[7]onde se transformou em evento de massa e internacional.[10]

A último mudança foi em 2000, quando mudou-se para Diamantina.[7]A partir desse período, teve uma redução de seu formato em decorrência de restrições econômicas e adaptação à infraestrutura local, embora tenha promovido reflexões mais aprofundadas sobre a arte contemporânea e da relação da arte com outras áreas de conhecimento.[10]

Características

As primeiras edições foram feitas com verbas escassas, originárias da universidade, Ministério da Educação e Funarte.[8]

Desde a sua fundação, adquiriu sentidos e estruturas diferentes. Fabrício Fernandino detalha os enfoques e características temporais: 1967-1979 (aproximação artística e política); 1981-1985 (investigação, pesquisa e poesia); 1986-1993 (itinerância); 1993-1999 (torna-se o grande festival de Ouro Preto) e 2000-2011 (aprofunda a transdisciplinariedade da questão artística, já em Diamantina).[4]

Além da tese de Fabrício Fernandino, o festival foi tema de documentários como Festival de 10 invernos, que registrou a primeira década do evento, dirigido por José Tavares de Barros; e 20 anos do Festival de Inverno da UFMG, de Silvino José de Castro, a partir de dissertação de mestrado defendida nos Estados Unidos.[4]

O público do evento é majoritariamente formado por estudantes e profissionais das áreas de artes, cinema, letras e comunicação.[2]

As oficinas marcam sua trajetória, pois são onipresentes e abrem espaço tanto para os artistas, que expõem e difundem seu trabalho, quanto para os visitantes, que têm contato com novas técnicas e podem desenvolver suas habilidades.[11]

A tradição cultural e folclórica de Diamantina, assim como de outras cidades históricas mineiras que têm festivais, impulsionam a produção de arte local.[11]

Temas e desenvolvimento

  • 32ª edição, em 2000 - realizado com 44 oficinas e cursos, nos quais 993 alunos aprofundaram seus conhecimentos artísticos ou se iniciaram no mundo da arte[12]. Houve shows em lugares públicos, mostra de vídeo de animação canadense, exposição fotográfica, lançamentos de livros, sessões grátis de cinema e palestras[12]
  • 33ª edição, em 2001 - realizado com o tema Arte, Meio Ambiente e Turismo Cultural e 120 oficinas e atividades culturais[13]
  • 34º edição, em 2002 - teve 56 oficinas e mais de 60 eventos, entre peças de teatro, espetáculos de dança, shows musicais, mostras, palestras e exposições[14]
  • 35ª edição, em 2003 - Limites - desdobramentos e rupturas [15], com cinco áreas temáticas e em uma área de projetos especiais, com três palestras diárias e a realização de 16 oficinas[16]
  • 36ª edição, em 2004 - Arte: fronteiras contemporâneas, com debates acerca dos limites da arte contemporânea[17]. Foram realizados 44 cursos e oficinas de artes cênicas, artes plásticas, literatura e cultura, mídia arte e música.[18]
  • 37ª edição, em 2005 - Diálogos possíveis, com a proposição da interlocução transdisciplinar entre os diversos campos das artes e das ciências,[19]além de 49 diferentes atividades, entre oficinas, cursos, simpósios, encontros e seminários[20]
  • 38ª edição, em 2006 - com o tema e eixo conceitual Interatividades e 57 oficinas ofertadas[21]
  • 39ª edição, em 2007 - Territórios contemporâneos – Linguagens híbridas, pretendeu reafirmar o valor da arte como elemento da integração e de transformação social e humana. Foram oferecidas 42 oficinas nas áreas artes audiovisuais, cênicas, literárias, musicais, plásticas e transdisciplinares, além do festival também ter contado com diversos projetos e apresentações culturais.[22][23]
  • 40ª edição, em 2008 - Arte: Essencial, com apontamentos da essencialidade da arte nos diversos momentos da vida e do cotidiano[7], a edição também teve 50 oficinas para adultos e crianças[24]
  • 41ª edição, em 2009 - com o eixo temático Traduções[25], contou com 29 oficinas, cursos e eventos culturais, o seminário Perspectivas da Cultura em um Cenário de Transformações, que reuniu gestores de cultura, artistas e pesquisadores para abordar a inserção dos festivais universitários de arte e cultura[26]
  • 42ª edição, em 2010 - Projeções, capturas e processos, com a produção cinematográfica como eixo estruturador e foco na representação da imagem sob diferentes aspectos.[1]

Ligações externas

Página oficial

Referências

  1. a b c d e f g Magioli, Ailton. (20 de junho de 2010). Eterno laboratório. Jornal Estado de Minas. Caderno EM Cultura
  2. a b Universidade Federal de Minas Gerais. (14 de junho de 2010). UFMG abre inscrições para o 42º Festival de Inverno em Diamantina, acesso em 20 de junho de 2010
  3. a b c Universidade Federal de Minas Gerais. (2010). Festival de Inverno da UFMG, acesso em 20 de junho de 2010
  4. a b c Magioli, Ailton. (20 de junho de 2010). Semador de cultura. Jornal Estado de Minas. Caderno EM Cultura
  5. a b Universidade Federal de Minas Gerais. (2 de junho de 2008), Idealizadores do 1° Festival de Inverno da UFMG relembram história do evento, acesso em 20 de junho de 2010
  6. O Estado de S.Paulo. (8 de junho de 2004). No Brasil, friozinho e programação de primeira, acesso em 20 de junho de 2010
  7. a b c d e f g h i Universidade Federal de Minas Gerais. (30 de maio de 2008). UFMG lança o 40º Festival de Inverno, no próximo dia 2, com a participação dos idealizadores do evento em 1967, acesso em 20 de junho de 2010
  8. a b c d e f Revista Diversa. (março de 2005). Quatro festivas décadas. Revista da Universidade Federal de Minas Gerais, ano 2, n.6, acesso em 20 de junho de 2010
  9. a b Estado de Minas. (20 de junho de 2010). Oficinas seminais. Caderno Em Cultura
  10. a b c Universidade Federal de Minas Gerais. (19 de julho de 2009). Em entrevista, Fabrício Fernandino fala sobre a trajetória do Festival e suas perspectivas, acesso em 20 de junho de 2010
  11. a b Caminati, Fernando. (11 de julho de 2002). Oficinas e cursos são a marca dos festivais de inverno mineiros. Folha Online, acesso em 20 de junho de 2010
  12. a b Universidade Federal de Minas Gerais. (2000). [http://www.ufmg.br/boletim/bol1275/pag3.html Festival transformará Diamantina em capital cultural de Minas], acesso em 20 de junho de 2010
  13. Universidade Federal de Minas Gerais. (25 de julho de 2002). UFMG lança catálogo do 33º Festival de Inverno, acesso em 20 de junho de 2010
  14. Maia, Carla. (1 de agosto de 2002). Festival de Inverno valoriza cultura local e democratiza acesso a oficinas, acesso em 20 de junho de 2010
  15. Universidade Federal de Minas Gerais. (19 de dezembro de 2002). Festival 2003 quer aprofundar experimentação, acesso em 20 de junho de 2010
  16. Silva Júnior, Maurício Guilherme. (19 de junho de 2003). A nova cara do Festival. Universidade Federal de Minas Gerais, acesso em 20 de junho de 2010
  17. Universidade Federal de Minas Gerais. (24 de maio de 2004). UFMG lança programação de seu 36º Festival de Inverno, acesso em 20 de junho de 2010
  18. Folha Online. (14 de junho de 2004). Festival de Inverno da UFMG abre inscrições para oficinas, acesso em 20 de junho de 2010
  19. Universidade Federal de Minas Gerais. (1 de julho de 2005). 37º Festival de Inverno divulga programação cultural, acesso em 20 de junho de 2010
  20. Universidade Federal de Minas Gerais. (14 de junho de 2005). 37º Festival de Inverno começa a receber inscrições, acesso em 20 de junho de 2010
  21. Universidade Federal de Minas Gerais. (9 de junho de 2006). Festival de Inverno da UFMG muda formato e privilegia a interatividade, acesso em 20 de junho de 2010
  22. Universidade Federal de Minas Gerais. (24 de maio de 2007). UFMG lança programação cultural de seu Festival de Inverno 2007, acesso em 20 de junho de 2010
  23. Universidade Federal de Minas Gerais. (11 de julho de 2007). Site oficial do 39º Festival de Inverno da UFMG traz notícias sobre o evento, acesso em 20 de junho de 2010
  24. Globo Minas. (2 de junho de 2008). UFMG lança programação do 40º Festival de Inverno , acesso em 20 de junho de 2010
  25. Universidade Federal de Minas Gerais. (4 de junho de 2009). Edição 2009 do Festival de Inverno destaca o tema Traduções, relata Boletim UFMG, acesso em 20 de junho de 2010
  26. Universidade Federal de Minas Gerais. (25 de junho de 2009). Inscrições para oficinas com seleção do Festival de Inverno da UFMG terminam hoje, acesso em 20 de junho de 2010