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Samuel Wainer permaneceu uma figura jornalística importante no Brasil pré-[[Golpe militar de 1964|1964]], sempre ligado ao populismo e contando com a simpatia dos presidentes [[Juscelino Kubitschek]] e [[João Goulart]].
Samuel Wainer permaneceu uma figura jornalística importante no Brasil pré-[[Golpe militar de 1964|1964]], sempre ligado ao populismo e contando com a simpatia dos presidentes [[Juscelino Kubitschek]] e [[João Goulart]].


Foi o único jornalista brasileiro a cobrir o [[Julgamento de Nuremberg]]. Foi também um mundano consumado, cuja reputação de ''[[dândi]]'' foi muito beneficiada pelo seu casamento com [[Danuza Leão]], então uma jovem modelo, figura cara à alta burguesia do [[Rio de Janeiro]] e musa boêmia da época.
Em 23 de abril de 1964 é publicado discurso do deputado Rubens Requião, feito na assembleia legislativa (Diário do Paraná, 23.04.1964. 1º caderno. p3). O deputado ataca o ''Última Hora'' nos seguintes termos: ''Ainda agora soubemos que importou o jornal papel de imprensa no valor de Cr$ 3 bilhões, financiado pelo Banco do Brasil, no apagar das luzes do governo deposto.'' Sendo que o ápice das acusações se deram em trecho anterior a esse de seu discurso: ''Uma coisa, todavia, sempre chamou atenção de todos, de todos os democratas. Como se mantinha o <Última Hora>? Quem financiava?... A Petrobras? Os Institutos? As Autarquias? Ou, quem sabe, alguma potência estrangeira? Os enormes recurso de que dispunha esse jornal subversivo sempre preocuparam os democratas.''
<references group="Diário do Paraná - 23.04.1964 - 1º caderno. p. 3." />

<nowiki> </nowiki>Foi o único jornalista brasileiro a cobrir o [[Julgamento de Nuremberg]]. Foi também um mundano consumado, cuja reputação de ''[[dândi]]'' foi muito beneficiada pelo seu casamento com [[Danuza Leão]], então uma jovem modelo, figura cara à alta burguesia do [[Rio de Janeiro]] e musa boêmia da época.


Até o [[Golpe Militar de 1964]], Samuel Wainer havia conseguido estruturar um verdadeiro império jornalístico, com várias edições regionais do seu jornal. Após [[1964]]- apesar de um exílio dourado em [[Paris]], entre 1964 e [[1968]] - teve seu património dilapidado pelas perseguições da ditadura e acabou por vender a edição nacional do ''Última Hora'', em [[1972]]. Em [[1975]], passou a residir em [[São Paulo]], onde morreria, empobrecido, como jornalista assalariado da [[Folha de S.Paulo]].
Até o [[Golpe Militar de 1964]], Samuel Wainer havia conseguido estruturar um verdadeiro império jornalístico, com várias edições regionais do seu jornal. Após [[1964]]- apesar de um exílio dourado em [[Paris]], entre 1964 e [[1968]] - teve seu património dilapidado pelas perseguições da ditadura e acabou por vender a edição nacional do ''Última Hora'', em [[1972]]. Em [[1975]], passou a residir em [[São Paulo]], onde morreria, empobrecido, como jornalista assalariado da [[Folha de S.Paulo]].
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==Referências==
==Referências==
<references/>
<references />Diário do Paraná - 23.04.1964 - 1º caderno. p. 3.
*Samuel Wainer, ''Minha Razão de Viver'', eds. Augusto Nunes & Pinky Wainer, Planeta, 2005.
*Samuel Wainer, ''Minha Razão de Viver'', eds. Augusto Nunes & Pinky Wainer, Planeta, 2005.
*Danuza Leão, ''Quase Tudo'', S.Paulo, Cia. das Letras, 2005.
*Danuza Leão, ''Quase Tudo'', S.Paulo, Cia. das Letras, 2005.

Revisão das 02h54min de 10 de março de 2015

Samuel Wainer (Bessarábia, 19 de dezembro de 1910São Paulo, 2 de Setembro de 1980), jornalista. Veio para o Brasil com 2 anos de idade. Foi fundador, editor-chefe e diretor do jornal Última Hora. Foi casado com a modelo e jornalista Danuza Leão.

Filho de imigrantes judeus da Bessarábia radicados na capital paulista, Wainer teve um importante papel político no segundo governo de Getúlio Vargas. Originariamente um jornalista da esquerda não-comunista, ligado ao grupo de intelectuais congregados em torno da revista Diretrizes , fundada por ele, Wainer era um repórter dos Diários Associados de Assis Chateaubriand quando veio a entrevistar Getúlio Vargas, durante a campanha eleitoral de 1950, formando com ele uma amizade política, movida à base de interesses mútuos, que viria a resultar na criação do Última Hora.

Vargas havia concebido a necessidade de um órgão de imprensa que pudesse sustentar as posições do populismo varguista contra uma imprensa antipopulista e antivarguista. Sabendo da insatisfação de Wainer com o trabalho nos Diários Associados, onde estava sujeito às humilhações quotidianas que implicava o trato diário com Assis Chateaubriand e suas práticas amorais, Vargas sabia poder contar com a lealdade pessoal daquele a quem havia apelidado de "Profeta". Para tal, uma vez eleito, garantiu que o Banco do Brasil fornecesse um crédito a Wainer para a constituição do jornal em condições privilegiadas.

O Última Hora, desde sua origem, colocou-se abertamente como órgão pró-Vargas e oficioso: na sua primeira edição, o jornal estampava uma carta de felicitações assinada pelo próprio Getúlio Vargas. Foi um jornal que introduziu uma série de técnicas bem sucedidas que o tornavam mais atrativo às classes populares: a seção de cartas dos leitores, o uso de uma editoria específica para tratar de problemas locais dos bairros do Rio de Janeiro. Era, ao mesmo tempo, um jornal conhecido pelo seu corpo de articulistas: Nelson Rodrigues e seus folhetins, a coluna de análise política de Paulo Francis e até mesmo uma coluna do futuro animador de televisão Chacrinha.

A oposição a Vargas, comandada por Carlos Lacerda, não podendo impugnar a legalidade do empréstimo favorecido que viabilizara o jornal (como lembraria o próprio Wainer em suas memórias, toda a imprensa brasileira beneficiava-se de tais créditos irregulares) procurou impugnar o próprio Wainer.

Coube a Carlos Lacerda a tarefa de procurar negar a Wainer o direito de dirigir um jornal, alegando que o jornalista teria nascido na Bessarábia (a atual Moldávia, na época um território disputado entre a Roménia e a URSS), em 1910 e que haveria recebido uma certidão de nascimento falsa em território brasileiro, que o daria como nascido em 1912. Sendo brasileiro naturalizado, e não nato, Wainer estaria, nos termos da lei, impedido de ser proprietário de um jornal. A campanha contra Wainer — que combinava direitismo antigetulista e um toque de anti-semitismo — levou a uma longa batalha judicial que prolongou-se para além do suicídio de Vargas, em 1954, e terminou com a absolvição de Wainer da acusação de falsidade ideológica. Somente 25 anos após sua morte, na edição completa de seu livro auto-biográfico "Minha Razão de Viver", Wainer reconhece que nascera realmente fora do Brasil.

Samuel Wainer permaneceu uma figura jornalística importante no Brasil pré-1964, sempre ligado ao populismo e contando com a simpatia dos presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart.

Foi o único jornalista brasileiro a cobrir o Julgamento de Nuremberg. Foi também um mundano consumado, cuja reputação de dândi foi muito beneficiada pelo seu casamento com Danuza Leão, então uma jovem modelo, figura cara à alta burguesia do Rio de Janeiro e musa boêmia da época.

Até o Golpe Militar de 1964, Samuel Wainer havia conseguido estruturar um verdadeiro império jornalístico, com várias edições regionais do seu jornal. Após 1964- apesar de um exílio dourado em Paris, entre 1964 e 1968 - teve seu património dilapidado pelas perseguições da ditadura e acabou por vender a edição nacional do Última Hora, em 1972. Em 1975, passou a residir em São Paulo, onde morreria, empobrecido, como jornalista assalariado da Folha de S.Paulo.

Deixou um livro de memórias intitulado Minha Razão de Viver - editado postumamente por sua filha, a artista plástica Débora ("Pinky") Wainer.

Referências

  • Samuel Wainer, Minha Razão de Viver, eds. Augusto Nunes & Pinky Wainer, Planeta, 2005.
  • Danuza Leão, Quase Tudo, S.Paulo, Cia. das Letras, 2005.

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