Cogumelo alucinógeno: diferenças entre revisões
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* {{Link|pt|2=https://cogumelosmagicos.org/comunidade/ |3= Fórum brasileiro de cultivo de Cogumelos Psicoativos}} |
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Revisão das 03h58min de 28 de outubro de 2015
Os os cogumelos alucinógenos' (também cogumelos psicadélicos (português europeu) ou cogumelos psicodélicos (português brasileiro) ou ainda cogumelos mágicos) são fungos com propriedades alucinógenas, utilizados por diversos povos em suas atividades culturais, bem como drogas recreativas, especialmente por jovens urbanos influenciados por diversos movimentos culturais.
É possível distinguir três grupos de cogumelos psicotrópicos[1] :
- aqueles com ação psicotônica que induzem psicoestimulação e alterações sensoriais moderadas. Incluem-se aqui sobretudo os amanitas mas também Boletus manicus ou o Boletus reayi utilizados pelos Kumas da Nova Guiné [2]
- aqueles com ação psicoléptica, com efeito essencialmente hipnótico, como os Lycoperdon.[3];
- aqueles com ação psicodisléptica ou cogumelos alucinógenos contendo psilocibina ou psilocina, incluindo mais de 190 espécies nos gêneros Agrocybe, Conocybe, Copelandia, Dictyonema, Galerina, Gerronema, Gymnopilus, Hypholoma, Inocybe, Mycena, Panaeolus, Pluteus, Psilocybe e Weraroa. [4]
Normalmente são classificados como tóxicos, por ser essa a terminologia jurídica, e enteógenos ou psicodélicos devido aos efeitos que causam.
No Brasil, nas décadas de 60 e 70, não era incomum ver jovens que buscavam determinada espécie destes cogumelos nos pastos dos estados do sul. Estes nasciam sobre o esterco do gado e eram colhidos para se fazer um chá: o "chá de cogumelos", que devido à psilocibina e psilocina fazia com que se "abrissem" mais um pouco as portas da percepção. Porém, quando ingerido em sua forma natural, ou com algum ingrediente a fim de modificar seu gosto forte, os efeitos se mostram mais intensos, já que a alta temperatura usada no "chá" destrói parte de seu potencial, deixando as moléculas de seu elemento ativo instáveis, contudo com o risco das reações adversas dessa combinação (há referências de mistura com leite condensado por alguns experimentadores de próprio risco). Os mais antigos textos sobre o seu uso na cultura asteca, compilados pelo padre Bernardino de Sahagún, referem-se a uma mistura do cogumelo teonanacatl com mel [5]. Além disso, quando ingerido na forma sólida, o efeito vem de forma mais vagarosa, dando tempo ao usuário para perceber melhor o que está acontecendo, dentro e fora de sua mente. Experimentos de universidades geralmente utilizam espécimes secas ou cápsulas de seu elemento ativo.
Muscarina
Cogumelos sem psilocina e/ou psilocibina, a exemplo o Amanita muscaria do qual se extrai a muscarina, também são utilizados para fins considerados "recreativos", desde sua descoberta pelos exploradores europeus das práticas xamanicas dos povos siberianos. Seu efeito porém, é distinto da psilocibina, com perda de consciência (delírio, estupor) equivalente aos efeitos da Datura stramonium e atropina ambos potentes estimuladores do sistema nervoso autônomo, atuando os compostos da A. muscaria nos receptores muscarínicos da Acetilcolina. Pesquisas da distinção do efeito autonômico dos referidos nas experiências xamânicas e de viajantes europeus apontam para presença e efeito de outras substâncias nele contidas, mais especificamente o ácido ibotênico e muscimol com propriedades psicodislépticas [6].
Uso étnico
Os astecas o chamavam genericamente de teonanacatyl ou carne dos deuses, os mazatecas o denominam ntsi-si-tho (ndi xi tjo) onde ntsi é um diminutivo carinhoso e o restante da palavra poderia ser traduzido como "aquele que brota".[7] O Psilocybe zapotecorum, cresce nos charcos e lugares alagados por isso são chamados de apipiltzin (filhos das águas) por sua relação com o Deus das Chuvas (Tlaloc).[8]
Segundo Escobar [9] Di-shi-tjo-le-rra-ja é o nome Mazateca dado ao cogumelo ‘mágico’ da espécie Psilocybe cubensis, que significa o cogumelo divino do estrume, provavelmente o mais cosmopolita dos fungos neurotrópicos, isto é, com efeitos psicodélicos. Gordon Wasson apud McKenna [10] interpretando as referências ao Soma dos antigos textos védicos atribuía ao A. muscaria as propriedades dessa mágica substância descrita, contudo cogitava a possibilidade de ser o P. cubensis por haver proibições específicas ao esterco de gado. Ainda segundo Escobar (oc.) O México é o país que apresenta a maior diversidade de usos rituais envolvendo diversas espécies, sendo a principal espécie utilizada o Teonanácatl ou ‘carne de Deus’ (Psilocybe mexicana) e não existe qualquer evidência do emprego cerimonial dos cogumelos ‘mágicos’ por culturas tradicionais na América do Sul, exceto achados arqueológicos no norte da Colômbia datando de 300-100 anos a.C.
Estatuetas de cogumelos são também encontradas além do México na Guatemala evidenciam seu uso pela civilização maia.[11] O aprendizado moderno sobre tais cogumelos originou-se no interesse da contracultura nas medicinas tradicionais, nesse caso o sistema etno-médico asteca da Mesoamérica motivados sobretudo pela leitura do trabalho de ficcção com base etnográfica de Carlos Castañeda. Ainda hoje, em muitos lugares da América Central, este tipo de cogumelos psicodélicos também são utilizado em rituais religiosos e de curandeirismo. A curandeira Maria Sabina, do México, ficou conhecida em diversos países por seus rituais que faziam uso dos cogumelos mágicos.
Legalidade
No Brasil, a Psilocibina e a Psilocina são substâncias controladas, de acordo com a portaria Portaria n.º 344, de 12 de maio de 1998. No entanto, o Cogumelos Psilocybe cubensis não estão listados explicitamente. Isso pode deixar em aberto que o cultivo ou o porte de cogumelos alucinógenos contendo Psilocibina ou Psilocina poderia ser considerado uma atividade não-ilegal. Contudo, por ser um texto muito aberto, afirmar com clareza que portar espécimes alucinógenos não constitui crime é algo que necessita de uma análise legal mais aprofundada.
Galeria de fotos
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A. muscaria var. formosa
Ver também
- Psicodislépticos
- Droga psicodélica
- Experiência psicodélica
- Psicoterapia psicodélica
- LSD
- Psilocibina
- Dimetiltriptamina
- Muscarina
- Reino Fungi
- Fungo coprófilo
- Psilocybe cubensis
Ligações externas
- «EMCDDA Thematic Paper: Hallucinogenic mushrooms - an emerging trend case study», 26 de junho de 2006
- «The Shroomery» (em inglês)
- «Ciência - Efeitos alucinógenos dos cogumelos são duradouros» - Folha Online
- «EROWID Psilocybin Mushrooms» (em inglês)
- «CSP - Council on Spiritual Practices / Psilocybin Research» (em inglês)
- Johns Hopkins School of Medicine - Psilocybin Cancer project
- Benjamin Thomas. Boletus manicus (Nonda gegwants Nyimbil)
- «Fórum brasileiro de cultivo de Cogumelos Psicoativos»
- ↑ Denis Richard, Jean-Louis Senon, Marc Valleur (2004). Dictionnaire des drogues et des dépendances. [S.l.]: Larousse. ISBN 2-03-505431-1
- ↑ Treu, Roland; Adamson, Win. Ethnomycological Notes from Papua, New Guinea. McIlvainea 16 (2) Fall 2006 disponível em pdf
- ↑ Spooner, Brian. Lycoperdon perlatum (common puffball) Royal Botanic Gardens, Kew Acesso out. 2013
- ↑ Schmull, Michaela et al. Dictyonema huaorani (Agaricales: Hygrophoraceae), a new lichenized basidiomycete from Amazonian Ecuador with presumed hallucinogenic properties. The Bryologist 2014 117 (4), 386-394 Abstract Acesso Fev. 2015
- ↑ Furst, Peter, E. Cogumelos psicodélicos, - tudo sobre drogas, SP, Nova Cultural, 1989
- ↑ Erowid Psychoactive Amanitas
- ↑ Estrada, Álvaro, A vida de Maria Sabina, a sábia dos cogumelos, SP, Martins Fontes, 1984
- ↑ Heim, Roger. História da descoberta dos cogumelos alucinógenos no México. In Bailly, J.C.; Guimard (org) A experiência alucinógena (Mandala). RJ, Civilização Brasileira, 1969
- ↑ Escobar, José A. C. Observação e exploração da percepção visual e do tempo em indivíduos sob o estado ampliado de consciência após o consumo de cogumelos “mágicos” (Psilocybe cubensis). Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva da Universidade Federal de Pernambuco como requisito para a obtenção do título de Mestre em Psicologia Cognitiva. Disponível em PDF
- ↑ McKenna Terence. O alimento dos deuses. RJ. Record, 1995
- ↑ Folange, Émile As pedras cogumelo In Bailly, J.C.; Guimard (org) A experiência alucinógena (Mandala). RJ, Civilização Brasileira, 1969