Cneu Papírio Carbão: diferenças entre revisões

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{{Ver desambig|texto=Não confundir com seu pai, [[Cneu Papírio Carbão (cônsul em 113 a.C.)|Cneu Papírio Carbão]], cônsul em 113 a.C..}}
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'''Cneu Papírio Carbão''' (em [[Língua latina|latim]]: ''Gnaeus Papirius Carbo''; {{dni|lang=br|||130 a.C.|si}} — {{morte|lang=br|||-82}}) foi um [[Cônsul (Roma Antiga)|cônsul]] da [[República Romana]], de origem [[Plebeus|plebéia]].
|nome = Cneu Papírio Carbão
|titulo =[[Cônsul da República Romana]]
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'''Cneu Papírio Carbão''' (m. 82 a.C.; {{lang-la|''Cnaeus Papirius Carbo''}}) foi um político da [[gente (Roma Antiga)|gente]] [[Papírios|Papíria]] da [[República Romana]] eleito [[cônsul romano|cônsul]] por três vezes, em 85, 84 e 82 a.C., servindo respectivamente com [[Lúcio Cornélio Cina]] nas duas primeiras e com [[Caio Mário, o Jovem]] na última. Era filho de [[Cneu Papírio Carbão (cônsul em 113 a.C.)|Cneu Papírio Carbão]], cônsul em 113 a.C., e primo de [[Caio Papírio Carbão Arvina]], [[tribuno da plebe]] em 90 a.C.. Foi um dos principais líderes da facção dos ''[[populares]]'' liderada por [[Caio Mário]] e um membro ativo do governo de [[Cina]] em Roma na década de 80 a.C..


==Biografia==
== Carreira ==
Carbão foi mencionado pela primeira vez em 92 a.C. quando o cônsul [[Caio Cláudio Pulcro (cônsul em 92 a.C.)|Caio Cláudio Pulcro]] o denunciou ao [[Senado Romano|Senado]] sobre seus objetivos [[sedição|sediciosos]]<ref>[[Cícero]], ''De Legg.'' III 19.</ref>. Quando [[Caio Mário|Mário]] voltou da [[África romana|África]] a pedido de [[Cina]], alijado de seu consulado por [[Cneu Otávio (cônsul em 87 a.C.)|Cneu Otávio]], Papírio juntou-se a eles comandando um dos quatro exércitos ''populares'' que cercaram e tomaram a capital romana.
Sobrinho de [[Caio Papírio Carbão]], cônsul em [[120 a.C.]], era partidário de [[Caio Mário|Mário]], tendo participado da tomada de [[Roma]], em [[87 a.C.]] <ref>Em 87 a.C., tendo [[Sula]] partido para a Ásia, Mario e seus partidários desembarcaram na [[Etrúria]] e de lá partiram para Roma. A cidade foi tomada, instalando-se um governo de repressão política aos [[Optimates]].</ref>


== Cônsul e o ''Regnum Cinnanum'' ==
Em [[85 a.C.]] foi eleito cônsul, junto com [[Lúcio Cornélio Cina]], preparando-se para a guerra contra [[Sula]], que se encontrava na [[Grécia]] <ref>Sula estava combatendo as forças de [[Mitrídates VI]], rei do [[Ponto]]</ref>, mas anunciara sua intenção de retornar à [[Itália (província romana)|Itália]].
Em 85 a.C., foi escolhido por Cina para ser seu colega consular e os dois começaram os preparativos para uma guerra na [[Grécia romana|Grécia]] contra [[Mitrídates VI]], do [[Reino do Ponto]], e, provavelmente, contra [[Sula]], o [[procônsul]] exilado que estava sob o comando da guerra até então e que já havia anunciado a sua intenção de voltar para a [[Itália romana|Itália]]. Para isto, os dois mobilizaram todos os seus aliados para conseguir os recursos necessários para o alistamento e para a reforma da [[marinha romana|frota]] que vigiava as costas da Itália, com base em [[Ancona]]. Sula escreveu ao Senado e os senadores decidiram não aceitar nenhuma proposta dos cônsules até que novas notícias chegassem; Cina e Carbão se mostraram dispostos a obedecer, mas tão logos os embaixadores de Sula deixaram Roma, Cina e Carbão declararam-se reeleitos para o ano seguinte (84 a.C.), pois nenhum dos dois queriam a obrigação de retornar para a capital para organizar as eleições, abandonando assim os preparativos.


Muitas tropas conseguiram atravessar o [[mar Adriático]], mas, quando Cina foi assassinado num [[motim]] por seus próprios soldados, que se recusavam a participar de uma guerra civil sem nenhuma perspectiva de saques, Carbão se viu obrigado a trazê-los todos de volta para a Itália. Quando finalmente conseguiu chegar em Roma para as eleições, Carbão não conseguiu eleger um [[cônsul sufecto]] para terminar o mandato de Cina por causa de [[prodígio]]s desfavoráveis, permaneceu como cônsul solitário (o que era ilegal) até o final do ano.
No ano seguinte, eles se mantiveram no consulado e transportaram suas tropas pelo mar [[Adriático]]. Mas quando Cina foi assassinado por seus próprios soldados, Carbão viu-se obrigado a retornar.


== Terceiro consulado e morte ==
Em [[82 a.C.]] elegeu-se cônsul pela terceira vez, ao lado de [[Caio Mário, o jovem]] (filho de Mário), época em que defrontou as forças de Sula, em [[Clúsio]] (atual [[Chiusi]]). Ao tentar tomar o acampamento de [[Quinto Cecílio Metelo Pio]], general de Sula, sofreu grande derrota, retirando-se da batalha.
Em 83 a.C., Sula finalmente conseguiu voltar para a Itália e Carbão, [[procônsul]] na [[Gália Cisalpina]], voltou rapidamente para Roma e impôs um decreto que declarou que [[Quinto Cecílio Metelo Pio]] e todos os senadores que ainda apoiavam Sula "[[inimigo público|inimigos públicos]]". Na mesma época, o [[Capitólio (Roma)|Capitólio]] foi incendiado e a suspeita recaiu sobre Carbão.


No ano seguinte, enquanto Sula e seus aliados avançavam por diversas frentes através da Itália, Carbão foi eleito cônsul novamente, desta vez com [[Caio Mário, o Jovem]], e recebeu a Gália Cisalpina como província consular. Na primavera, seu [[legado]] [[Caio Carrinas (general)|Caio Carrinas]] foi obrigado a travar uma difícil batalha contra Metelo Pio no norte da Itália e foi posto em fuga. Mas o próprio Carbão seguiu Metelo e o emboscou em uma posição indefensável. Logo em seguida, quando soube da desgraça de Mário na [[Batalha de Sacriporto]], perto de [[Preneste]], onde se refuiou, Carbão marchou com suas forças até [[Arrímino]], para onde foi seguido pelo aliado de [[Sula]], o jovem [[Pompeu]], comandante das forças de [[Piceno]].
Embora ainda conservasse um exército numeroso e contasse com o apoio dos [[Samnitas]], Carbão não conseguiu libertar o jovem Mário, que fora cercado em [[Preneste]]. Desiludido, resolveu deixar a Itália. Esteve na [[África Proconsular|África]] e, posteriormente, transferiu-se para a ilha de Cossira (atual, [[Pantelária]]), onde foi aprisionado. Levado à presença de [[Pompeu]], general de Sula, em Lilibeu (atual [[Marsala]]), acabou sendo assassinado.


Em paralelo, Metelo conseguiu uma outra grande vitória sobre um exército de Carbão e Sula, depois de marchar novamente sobre Roma, voltou sua atenção para Carbão. Os dois exércitos se enfrentaram às margens do [[rio Glanis]], onde os [[hispânicos]] que serviam como [[auxilar romano|auxiliares]] no exército de Carbão desertaram para o lado de Sula (os que ficaram para trás foram executados, pois não havia mais como confiar neles). Posteriormente, uma nova batalha foi travado perto de [[Clúsio]] e durou um dia inteiro, mas terminou sem um vencedor claro. Como Pompeu e [[Crasso]] ainda estavam enfrentando Carrinas perto de [[Espoleto]], Carbão enviou-lhe um exército de apoio. Sula, ao saber disto, atacou este exército isoladamente e matou mais de mil homens numa emboscada, mas Carrinas, que estava [[cerco|cercado]], aproveitou-se da situação e conseguiu escapar.
{{Referências}}


[[Caio Márcio Censorino]], que foi enviado por Carbão para levantar o cerco a Mário em Preneste, foi também emboscado e atacado por Pompeu, que aniquilou muitos de seus homens. Seus soldados, que o consideravam a causa de sua derrota, desertaram, com exceção de umas poucas [[coorte]]s, com as quais Censorino retornou a Carbão. Pouco depois, ele e [[Caio Norbano Balbo]] atacaram o acampamento de Metelo Pio na [[Batalha de Favência]], mas a época e o local escolhido lhes foram desfavoráveis, o que os levou à derrota: perto de {{fmtn|10000}} de seus homens foram mortos e outros {{fmnt|6000}} juraram lealdade a Metelo Pio, obrigado Carbão a fugir para Arrécio com cerca de mil sobreviventes.
==Bibliografia==
* Bowder, Diana. '''Quem foi quem na Roma Antiga'''. São Paulo, Art Editora/Círculo do Livro S/A,s/d.
* Plutarco. '''Vida de Sula''' (28)


As deserções continuaram; Norbano fugiu para [[Rodes]] e lá se suicidou; apesar de estar à frente de um grande exército e de ainda contar com o apoio dos [[samnitas]], Carbão ficou muito decepcionado depois que [[Lúcio Júnio Bruto Damásipo]], à frente de duas legiões, não conseguiu libertar Preneste e o jovem Mário, o que fez deixar a Itália. Primeiro ele seguiu para a África e, logo depois, para a ilha de [[Cosira]] (''[[Pantelaria]]''), onde foi preso, levado acorrentado até Pompeu, em [[Lilibeia]], e executado por [[decapitação]]. Sua cabeça foi enviada para Sula no final de 82 a.C.<ref>[[Apiano]], ''De bellis civilibus'' I 69-96; [[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]] ''Epit.'' 79, 83, 88, 89; [[Plutarco]], ''Sila'' 22 & c., [[Pompeyo]] 10, & c., [[Cícero]], ''Cont. Verr.'' i. 4, 13; [[Ascônio|Pseudo-Asconio]], ''in Verr.'' p. 129, ed Orelli; [[Cícero]], ''Epistulæ ad familiares ix. 21; [[Eutrópio (historiador)|Eutrópio]] ''Breviarium'' V 8, 9; [[Paulo Orósio]], ''Histórias'' V 20; [[Zonaras]], ''Epit.'' X 1.</ref>.
{{esboço-biografia}}


== Ver também ==
{| class="wikitable" border=1 align="center" width=95%
{{Cônsules da República Romana
|width="30%" align="center"|'''Precedido por:'''<br />[[Lúcio Cornélio Cina]] e [[Caio Mário]] ([[cônsul sufecto|sufecto]]: [[Lúcio Valério Flaco (cônsul sufecto em 86 a.C.)|Lúcio Valério Flaco]])
|width="40%" align="center"|'''Cônsul da República Romana com [[Lúcio Cornélio Cina]]'''<br />[[85 a.C.]]
|ant1=[[Lúcio Cornélio Cina (cônsul em 87 a.C.)|Lúcio Cornélio Cina]] II
|ant2=[[Lúcio Valério Flaco (cônsul em 86 a.C.)|Lúcio Valério Flaco]] (suf.)
|width="30%" align="center"|'''Sucedido por:'''<br />[[Lúcio Cornélio Cina]] e Cneu Papírio Carbão
|con1=[[Lúcio Cornélio Cina (cônsul em 87 a.C.)|Lúcio Cornélio Cina]] III
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|width="30%" align="center"|'''Precedido por:'''<br />[[Lúcio Cornélio Cina]] e Cneu Papírio Carbão
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|width="40%" align="center"|'''Cônsul da República Romana com [[Lúcio Cornélio Cina]]'''<br />[[84 a.C.]]
|width="30%" align="center"|'''Sucedido por:'''<br />[[Lúcio Cornélio Cipião Asiático Asiageno]] e [[Caio Norbano Balbo]]
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{{Referências|col=2}}

== Bibliografia ==
{{refbegin|2}}
* {{citar livro| nome=T. Robert S.| sobrenome=Broughton| título=The Magistrates of the Roman Republic| subtítulo=Volume II, 99 B.C. - 31 B.C.| ano=1952| editora=The American Philological Association| número = | local=Nova Iorque |páginas=578| língua = inglês}}
* [[Plutarco]], '''Vida de Sula''' (28)
{{refend}}

== Ligações externas ==
{{refbegin}}
*"Lucius Cornelius Cinna: War Against the State to Save the State @ Project Mosaic: Witness." ''Lucius Cornelius Cinna: War against the State to Save the State @ Project Mosaic: Witness''. N.p., n.d. Web.
* {{smithDGRBM|artigo=Cnaeus Papirius Carbo|url=http://www.ancientlibrary.com/smith-bio/0620.html}}
* Bowder, Diana. '''Quem foi quem na Roma Antiga'''. São Paulo, Art Editora/Círculo do Livro S/A,s/d.
{{refend}}


{{DEFAULTSORT:Carbo, Cnaeus Papirius}}
[[Categoria:Cônsules da República Romana]]
[[Categoria:Cônsules da República Romana]]
[[Categoria:Ano de nascimento desconhecido]]
[[Categoria:Nascidos no século II a.C.]]
[[Categoria:Romanos antigos do século II a.C.]]
[[Categoria:Romanos antigos do século I a.C.]]
[[Categoria:Primeira Guerra Civil de Sula]]
[[Categoria:Segunda Guerra Civil de Sula]]
[[Categoria:Populares (facção)]]
[[Categoria:Romanos antigos executados]]
[[Categoria:Romanos antigos executados]]
[[Categoria:Pessoas executadas por decapitação]]
[[Categoria:Papirii]]

Revisão das 00h05min de 26 de abril de 2016

 Nota: Não confundir com seu pai, Cneu Papírio Carbão, cônsul em 113 a.C..
Cneu Papírio Carbão
Cônsul da República Romana
Consulado 85 a.C.
84 a.C.
82 a.C.
Morte 82 a.C.

Cneu Papírio Carbão (m. 82 a.C.; em latim: Cnaeus Papirius Carbo) foi um político da gente Papíria da República Romana eleito cônsul por três vezes, em 85, 84 e 82 a.C., servindo respectivamente com Lúcio Cornélio Cina nas duas primeiras e com Caio Mário, o Jovem na última. Era filho de Cneu Papírio Carbão, cônsul em 113 a.C., e primo de Caio Papírio Carbão Arvina, tribuno da plebe em 90 a.C.. Foi um dos principais líderes da facção dos populares liderada por Caio Mário e um membro ativo do governo de Cina em Roma na década de 80 a.C..

Carreira

Carbão foi mencionado pela primeira vez em 92 a.C. quando o cônsul Caio Cláudio Pulcro o denunciou ao Senado sobre seus objetivos sediciosos[1]. Quando Mário voltou da África a pedido de Cina, alijado de seu consulado por Cneu Otávio, Papírio juntou-se a eles comandando um dos quatro exércitos populares que cercaram e tomaram a capital romana.

Cônsul e o Regnum Cinnanum

Em 85 a.C., foi escolhido por Cina para ser seu colega consular e os dois começaram os preparativos para uma guerra na Grécia contra Mitrídates VI, do Reino do Ponto, e, provavelmente, contra Sula, o procônsul exilado que estava sob o comando da guerra até então e que já havia anunciado a sua intenção de voltar para a Itália. Para isto, os dois mobilizaram todos os seus aliados para conseguir os recursos necessários para o alistamento e para a reforma da frota que vigiava as costas da Itália, com base em Ancona. Sula escreveu ao Senado e os senadores decidiram não aceitar nenhuma proposta dos cônsules até que novas notícias chegassem; Cina e Carbão se mostraram dispostos a obedecer, mas tão logos os embaixadores de Sula deixaram Roma, Cina e Carbão declararam-se reeleitos para o ano seguinte (84 a.C.), pois nenhum dos dois queriam a obrigação de retornar para a capital para organizar as eleições, abandonando assim os preparativos.

Muitas tropas conseguiram atravessar o mar Adriático, mas, quando Cina foi assassinado num motim por seus próprios soldados, que se recusavam a participar de uma guerra civil sem nenhuma perspectiva de saques, Carbão se viu obrigado a trazê-los todos de volta para a Itália. Quando finalmente conseguiu chegar em Roma para as eleições, Carbão não conseguiu eleger um cônsul sufecto para terminar o mandato de Cina por causa de prodígios desfavoráveis, permaneceu como cônsul solitário (o que era ilegal) até o final do ano.

Terceiro consulado e morte

Em 83 a.C., Sula finalmente conseguiu voltar para a Itália e Carbão, procônsul na Gália Cisalpina, voltou rapidamente para Roma e impôs um decreto que declarou que Quinto Cecílio Metelo Pio e todos os senadores que ainda apoiavam Sula "inimigos públicos". Na mesma época, o Capitólio foi incendiado e a suspeita recaiu sobre Carbão.

No ano seguinte, enquanto Sula e seus aliados avançavam por diversas frentes através da Itália, Carbão foi eleito cônsul novamente, desta vez com Caio Mário, o Jovem, e recebeu a Gália Cisalpina como província consular. Na primavera, seu legado Caio Carrinas foi obrigado a travar uma difícil batalha contra Metelo Pio no norte da Itália e foi posto em fuga. Mas o próprio Carbão seguiu Metelo e o emboscou em uma posição indefensável. Logo em seguida, quando soube da desgraça de Mário na Batalha de Sacriporto, perto de Preneste, onde se refuiou, Carbão marchou com suas forças até Arrímino, para onde foi seguido pelo aliado de Sula, o jovem Pompeu, comandante das forças de Piceno.

Em paralelo, Metelo conseguiu uma outra grande vitória sobre um exército de Carbão e Sula, depois de marchar novamente sobre Roma, voltou sua atenção para Carbão. Os dois exércitos se enfrentaram às margens do rio Glanis, onde os hispânicos que serviam como auxiliares no exército de Carbão desertaram para o lado de Sula (os que ficaram para trás foram executados, pois não havia mais como confiar neles). Posteriormente, uma nova batalha foi travado perto de Clúsio e durou um dia inteiro, mas terminou sem um vencedor claro. Como Pompeu e Crasso ainda estavam enfrentando Carrinas perto de Espoleto, Carbão enviou-lhe um exército de apoio. Sula, ao saber disto, atacou este exército isoladamente e matou mais de mil homens numa emboscada, mas Carrinas, que estava cercado, aproveitou-se da situação e conseguiu escapar.

Caio Márcio Censorino, que foi enviado por Carbão para levantar o cerco a Mário em Preneste, foi também emboscado e atacado por Pompeu, que aniquilou muitos de seus homens. Seus soldados, que o consideravam a causa de sua derrota, desertaram, com exceção de umas poucas coortes, com as quais Censorino retornou a Carbão. Pouco depois, ele e Caio Norbano Balbo atacaram o acampamento de Metelo Pio na Batalha de Favência, mas a época e o local escolhido lhes foram desfavoráveis, o que os levou à derrota: perto de 10 000 de seus homens foram mortos e outros Predefinição:Fmnt juraram lealdade a Metelo Pio, obrigado Carbão a fugir para Arrécio com cerca de mil sobreviventes.

As deserções continuaram; Norbano fugiu para Rodes e lá se suicidou; apesar de estar à frente de um grande exército e de ainda contar com o apoio dos samnitas, Carbão ficou muito decepcionado depois que Lúcio Júnio Bruto Damásipo, à frente de duas legiões, não conseguiu libertar Preneste e o jovem Mário, o que fez deixar a Itália. Primeiro ele seguiu para a África e, logo depois, para a ilha de Cosira (Pantelaria), onde foi preso, levado acorrentado até Pompeu, em Lilibeia, e executado por decapitação. Sua cabeça foi enviada para Sula no final de 82 a.C.[2].

Ver também

Cônsul da República Romana
Precedido por:
Lúcio Cornélio Cina II

com Lúcio Valério Flaco (suf.)

Lúcio Cornélio Cina III
85 a.C.

com Cneu Papírio Carbão I

Sucedido por:
Lúcio Cornélio Cina IV

com Cneu Papírio Carbão II

Precedido por:
Lúcio Cornélio Cina III

com Cneu Papírio Carbão I

Lúcio Cornélio Cina IV
84 a.C.

com Cneu Papírio Carbão II

Sucedido por:
Caio Norbano

com Lúcio Cornélio Cipião Asiático Asiageno

Precedido por:
Caio Norbano

com Lúcio Cornélio Cipião Asiático Asiageno

Caio Mário, o Jovem
82 a.C.

com Cneu Papírio Carbão III

Sucedido por:
Cneo Cornélio Dolabela

com Marco Túlio Décula


Referências

  1. Cícero, De Legg. III 19.
  2. Apiano, De bellis civilibus I 69-96; Lívio, Ab Urbe Condita Epit. 79, 83, 88, 89; Plutarco, Sila 22 & c., Pompeyo 10, & c., Cícero, Cont. Verr. i. 4, 13; Pseudo-Asconio, in Verr. p. 129, ed Orelli; Cícero, Epistulæ ad familiares ix. 21; Eutrópio Breviarium V 8, 9; Paulo Orósio, Histórias V 20; Zonaras, Epit. X 1.

Bibliografia

  • Broughton, T. Robert S. (1952). The Magistrates of the Roman Republic. Volume II, 99 B.C. - 31 B.C. (em inglês). Nova Iorque: The American Philological Association. 578 páginas 
  • Plutarco, Vida de Sula (28)

Ligações externas