Lúcio Tarquínio Colatino: diferenças entre revisões
m rm link para a própria página, outros ajustes usando script |
m Foram revertidas as edições de Luizdl para a última revisão de Jbribeiro1, de 22h47min de 25 de junho de 2016 (UTC) |
||
Linha 9: | Linha 9: | ||
|tipo-reinado =Consulado |
|tipo-reinado =Consulado |
||
}} |
}} |
||
'''Lúcio Tarquínio Colatino''' ({{lang-la|''Lucius Tarquinius Collatinus''}}) foi um dos quatro líderes da revolução que derrubou a [[monarquia romana]]<ref name="EutropioI.8">[[Eutrópio (historiador)|Eutrópio]], ''[[Breviarium ab Urbe condita]]'', I, 8.</ref> e um dos dois primeiros [[cônsul romano|cônsules]] de Roma, em 509 a.C, juntamente com [[Lúcio Júnio Bruto]] |
'''Lúcio Tarquínio Colatino''' ({{lang-la|''Lucius Tarquinius Collatinus''}}) foi um dos quatro líderes da revolução que derrubou a [[monarquia romana]]<ref name="EutropioI.8">[[Eutrópio (historiador)|Eutrópio]], ''[[Breviarium ab Urbe condita]]'', I, 8.</ref> e um dos dois primeiros [[cônsul romano|cônsules]] de Roma, em 509 a.C, juntamente com [[Lúcio Júnio Bruto]]<ref name="EutropioI.9">[[Eutrópio (historiador)|Eutrópio]], ''[[Breviarium ab Urbe condita]]'', I, 9.</ref>. Ironicamente, Colatino foi obrigado a renunciar ao cargo e se exilar por causa do ódio que ele próprio ajudou a instigar entre os romanos contra a sua [[gente (Roma Antiga)|gente]], os [[Tarquínios]]. |
||
== Contexto == |
== Contexto == |
||
Colatino era filho de [[Arruns Tarquínio (Egério)|Arruns Tarquínio]], conhecido como "Egério", um sobrinho de [[Lúcio Tarquínio Prisco]], o quinto [[rei de Roma]]. Por acidente, Arruns nasceu em situação de pobreza |
Colatino era filho de [[Arruns Tarquínio (Egério)|Arruns Tarquínio]], conhecido como "Egério", um sobrinho de [[Lúcio Tarquínio Prisco]], o quinto [[rei de Roma]]. Por acidente, Arruns nasceu em situação de pobreza<ref>[[Dionísio de Halicarnasso]], ''Antiguidades Romanas'' III, 50, 3.</ref>, mas, quando seu tio subjugou a cidade [[latinos (tribo)|latina]] de ''[[Collatia]]'', foi colocado no comando da guarnição romana da cidade<ref>[[Lívio]], ''[[Ab urbe condita libri|Ab urbe condita]]'' I, 38, 1.</ref>. O sobrenome "Colatino" é uma referência a este evento. |
||
Sua esposa era [[Lucrécia (Roma)|Lucrécia]], filha de [[Espúrio Lucrécio Tricipitino]]. Segundo a lenda, numa ocasião na qual Colatino estava fora de Roma, seu primo, [[Sexto Tarquínio]], filho do rei [[Lúcio Tarquínio Soberbo]], foi até sua casa numa noite. Impondo-se sobre Lucrécia, Sexto ameaçou matá-la juntamente com um [[escravidão na Roma Antiga|escravo]] que a acompanhava e mentir para seu marido afirmando que teria pego os dois em [[adultério]] a não ser que ela o aceitasse. Depois que ele partiu, Lucrécia enviou emissários ao marido e ao pai e contou-lhes o ocorrido. Apesar das súplicas e protestos deles, Lucrécia enfiou uma adaga no peito por conta da vergonha que ela acreditava ter imposto a si e a sua família. |
Sua esposa era [[Lucrécia (Roma)|Lucrécia]], filha de [[Espúrio Lucrécio Tricipitino]]. Segundo a lenda, numa ocasião na qual Colatino estava fora de Roma, seu primo, [[Sexto Tarquínio]], filho do rei [[Lúcio Tarquínio Soberbo]], foi até sua casa numa noite. Impondo-se sobre Lucrécia, Sexto ameaçou matá-la juntamente com um [[escravidão na Roma Antiga|escravo]] que a acompanhava e mentir para seu marido afirmando que teria pego os dois em [[adultério]] a não ser que ela o aceitasse. Depois que ele partiu, Lucrécia enviou emissários ao marido e ao pai e contou-lhes o ocorrido. Apesar das súplicas e protestos deles, Lucrécia enfiou uma adaga no peito por conta da vergonha que ela acreditava ter imposto a si e a sua família. |
||
Linha 18: | Linha 18: | ||
== Queda da monarquia == |
== Queda da monarquia == |
||
{{AP|Queda da monarquia romana}} |
{{AP|Queda da monarquia romana}} |
||
Enfurecido pelo ato do primo, Colatino e seu sogro deram conhecimento ao povo do crime cometido, no que foram apoiados por [[Lúcio Júnio Bruto]], um sobrinho do rei, e outros que haviam sofrido com a crueldade do rei e de seus filhos. Quando Soberbo estava fora numa campanha, os conspiradores fecharam os portões de Roma e criaram um governo [[republicanismo|republicano]], liderado por dois [[cônsul romano|cônsules]], Bruto e Colatino |
Enfurecido pelo ato do primo, Colatino e seu sogro deram conhecimento ao povo do crime cometido, no que foram apoiados por [[Lúcio Júnio Bruto]], um sobrinho do rei, e outros que haviam sofrido com a crueldade do rei e de seus filhos. Quando Soberbo estava fora numa campanha, os conspiradores fecharam os portões de Roma e criaram um governo [[republicanismo|republicano]], liderado por dois [[cônsul romano|cônsules]], Bruto e Colatino<ref>[[Lívio]], ''[[Ab urbe condita libri|Ab urbe condita]]'' I 50; [[Lívio]], ''[[Ab urbe condita libri|Ab urbe condita]]'' I, 60.</ref><ref>[[Dionísio de Halicarnasso]], ''Antiguidades Romanas'' V, 1, 2.</ref>, depois de jurarem que Roma jamais seria governada por um rei novamente<ref>[[Lívio]], ''[[Ab urbe condita libri|Ab urbe condita]]'' I, 57-60.</ref><ref name="EutropioI.8"/><ref>[[Lívio]], ''[[Ab urbe condita libri|Ab urbe condita]]'' I 49.</ref>. |
||
Porém, o mandato de Colatino seria curto; embora ele próprio tenha sofrido nas mãos do rei e apoiado a nova [[República Romana]], ele rapidamente tornou-se objeto da fúria dos que não toleravam a presença de nenhum [[Tarquínios|Tarquínio]] no poder em Roma. Ele próprio ficou pasmo quando Bruto, seu colega e primo, pediu publicamente que ele renunciasse, mas resistiu até que Tricipitino também acrescentou sua voz ao coro |
Porém, o mandato de Colatino seria curto; embora ele próprio tenha sofrido nas mãos do rei e apoiado a nova [[República Romana]], ele rapidamente tornou-se objeto da fúria dos que não toleravam a presença de nenhum [[Tarquínios|Tarquínio]] no poder em Roma. Ele próprio ficou pasmo quando Bruto, seu colega e primo, pediu publicamente que ele renunciasse, mas resistiu até que Tricipitino também acrescentou sua voz ao coro<ref name="EutropioI.9"/>. Temendo pelo seu próprio destino se recusasse ao apelo popular, Colatino renunciou e se exilou em [[Lanúvio]]. [[Públio Valério Publícola]], amigo de Bruto, foi nomeado [[cônsul sufecto]] em seu lugar<ref>[[Lívio]], ''[[Ab urbe condita libri|Ab urbe condita]]'' II, 2, 7-11.</ref>. |
||
Bruto, que era sobrinho do rei e ainda mais próximo da casa real, foi poupado da mesma humilhação, por pertencer a gente [[Júnios|Júnia]], mas acabou sendo mortalmente ferido na [[Batalha de Silva Arsia]] contra as forças reais. O já idoso Tricipitino foi nomeado cônsul sufecto em seu lugar, mas também morreu logo depois. [[Marco Horácio Púlvilo]] assumiu, o quinto e último cônsul do primeiro ano da República |
Bruto, que era sobrinho do rei e ainda mais próximo da casa real, foi poupado da mesma humilhação, por pertencer a gente [[Júnios|Júnia]], mas acabou sendo mortalmente ferido na [[Batalha de Silva Arsia]] contra as forças reais. O já idoso Tricipitino foi nomeado cônsul sufecto em seu lugar, mas também morreu logo depois. [[Marco Horácio Púlvilo]] assumiu, o quinto e último cônsul do primeiro ano da República<ref>[[Lívio]], ''[[Ab urbe condita libri|Ab urbe condita]]'' II 2</ref>. |
||
== Ver também == |
== Ver também == |
||
Linha 29: | Linha 29: | ||
|ant2= |
|ant2= |
||
|con1 =[[Lúcio Júnio Bruto]] |
|con1 =[[Lúcio Júnio Bruto]] |
||
|con2= |
|con2=[[Lúcio Tarquínio Colatino]] |
||
|con3 =[[Espúrio Lucrécio Tricipitino]] (suf.) |
|con3 =[[Espúrio Lucrécio Tricipitino]] (suf.) |
||
|con4=[[Públio Valério Publícola]] (suf.) |
|con4=[[Públio Valério Publícola]] (suf.) |
Revisão das 21h21min de 15 de novembro de 2017
Lúcio Tarquínio Colatino | |
---|---|
Cônsul da República Romana | |
Efígie de Tarquínio Colatino segundo o Promptuarii Iconum Insigniorum de Guillaume Rouillé | |
Consulado | 509 a.C. |
Lúcio Tarquínio Colatino (em latim: Lucius Tarquinius Collatinus) foi um dos quatro líderes da revolução que derrubou a monarquia romana[1] e um dos dois primeiros cônsules de Roma, em 509 a.C, juntamente com Lúcio Júnio Bruto[2]. Ironicamente, Colatino foi obrigado a renunciar ao cargo e se exilar por causa do ódio que ele próprio ajudou a instigar entre os romanos contra a sua gente, os Tarquínios.
Contexto
Colatino era filho de Arruns Tarquínio, conhecido como "Egério", um sobrinho de Lúcio Tarquínio Prisco, o quinto rei de Roma. Por acidente, Arruns nasceu em situação de pobreza[3], mas, quando seu tio subjugou a cidade latina de Collatia, foi colocado no comando da guarnição romana da cidade[4]. O sobrenome "Colatino" é uma referência a este evento.
Sua esposa era Lucrécia, filha de Espúrio Lucrécio Tricipitino. Segundo a lenda, numa ocasião na qual Colatino estava fora de Roma, seu primo, Sexto Tarquínio, filho do rei Lúcio Tarquínio Soberbo, foi até sua casa numa noite. Impondo-se sobre Lucrécia, Sexto ameaçou matá-la juntamente com um escravo que a acompanhava e mentir para seu marido afirmando que teria pego os dois em adultério a não ser que ela o aceitasse. Depois que ele partiu, Lucrécia enviou emissários ao marido e ao pai e contou-lhes o ocorrido. Apesar das súplicas e protestos deles, Lucrécia enfiou uma adaga no peito por conta da vergonha que ela acreditava ter imposto a si e a sua família.
Queda da monarquia
Enfurecido pelo ato do primo, Colatino e seu sogro deram conhecimento ao povo do crime cometido, no que foram apoiados por Lúcio Júnio Bruto, um sobrinho do rei, e outros que haviam sofrido com a crueldade do rei e de seus filhos. Quando Soberbo estava fora numa campanha, os conspiradores fecharam os portões de Roma e criaram um governo republicano, liderado por dois cônsules, Bruto e Colatino[5][6], depois de jurarem que Roma jamais seria governada por um rei novamente[7][1][8].
Porém, o mandato de Colatino seria curto; embora ele próprio tenha sofrido nas mãos do rei e apoiado a nova República Romana, ele rapidamente tornou-se objeto da fúria dos que não toleravam a presença de nenhum Tarquínio no poder em Roma. Ele próprio ficou pasmo quando Bruto, seu colega e primo, pediu publicamente que ele renunciasse, mas resistiu até que Tricipitino também acrescentou sua voz ao coro[2]. Temendo pelo seu próprio destino se recusasse ao apelo popular, Colatino renunciou e se exilou em Lanúvio. Públio Valério Publícola, amigo de Bruto, foi nomeado cônsul sufecto em seu lugar[9].
Bruto, que era sobrinho do rei e ainda mais próximo da casa real, foi poupado da mesma humilhação, por pertencer a gente Júnia, mas acabou sendo mortalmente ferido na Batalha de Silva Arsia contra as forças reais. O já idoso Tricipitino foi nomeado cônsul sufecto em seu lugar, mas também morreu logo depois. Marco Horácio Púlvilo assumiu, o quinto e último cônsul do primeiro ano da República[10].
Ver também
Cônsul da República Romana | ||
Precedido por: Não existia |
Lúcio Júnio Bruto 509 a.C. com Lúcio Tarquínio Colatino |
Sucedido por: Públio Valério Publícola II |
Referências
- ↑ a b Eutrópio, Breviarium ab Urbe condita, I, 8.
- ↑ a b Eutrópio, Breviarium ab Urbe condita, I, 9.
- ↑ Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas III, 50, 3.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita I, 38, 1.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita I 50; Lívio, Ab urbe condita I, 60.
- ↑ Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas V, 1, 2.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita I, 57-60.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita I 49.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita II, 2, 7-11.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita II 2
Bibliografia
- Broughton, T. Robert S. (1951). The Magistrates Of The Roman Republic. Vol. 1: 509 B.C. - 100 B.C.. (em inglês). Cleveland, Ohio: Case Western Reserve University Press
- (em alemão) Fritz Schachermeyr: Tarquinius 8. In: Realencyclopädie der classischen Altertumswissenschaft (RE). Vol. IV A,2, Stuttgart 1932, Col. 2389.
Ligações externas
- «Collatinus» (em italiano). PbmStoria.it
- Este artigo contém texto do artigo "Collatinus" do Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology (em domínio público), de William Smith (1870).