Lúcio Tarquínio Colatino: diferenças entre revisões

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'''Lúcio Tarquínio Colatino''' ({{lang-la|''Lucius Tarquinius Collatinus''}}) foi um dos quatro líderes da revolução que derrubou a [[monarquia romana]]<ref name="EutropioI.8">[[Eutrópio (historiador)|Eutrópio]], ''[[Breviarium ab Urbe condita]]'', I, 8.</ref> e um dos dois primeiros [[cônsul romano|cônsules]] de Roma, em 509 a.C, juntamente com [[Lúcio Júnio Bruto]].<ref name="EutropioI.9">[[Eutrópio (historiador)|Eutrópio]], ''[[Breviarium ab Urbe condita]]'', I, 9.</ref> Ironicamente, Colatino foi obrigado a renunciar ao cargo e se exilar por causa do ódio que ele próprio ajudou a instigar entre os romanos contra a sua [[gente (Roma Antiga)|gente]], os [[Tarquínios]].
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== Contexto ==
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Colatino era filho de [[Arruns Tarquínio (Egério)|Arruns Tarquínio]], conhecido como "Egério", um sobrinho de [[Lúcio Tarquínio Prisco]], o quinto [[rei de Roma]]. Por acidente, Arruns nasceu em situação de pobreza,<ref>[[Dionísio de Halicarnasso]], ''Antiguidades Romanas'' III, 50, 3.</ref> mas, quando seu tio subjugou a cidade [[latinos (tribo)|latina]] de ''[[Collatia]]'', foi colocado no comando da guarnição romana da cidade.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab urbe condita libri|Ab urbe condita]]'' I, 38, 1.</ref> O sobrenome "Colatino" é uma referência a este evento.
Colatino era filho de [[Arruns Tarquínio (Egério)|Arruns Tarquínio]], conhecido como "Egério", um sobrinho de [[Lúcio Tarquínio Prisco]], o quinto [[rei de Roma]]. Por acidente, Arruns nasceu em situação de pobreza<ref>[[Dionísio de Halicarnasso]], ''Antiguidades Romanas'' III, 50, 3.</ref>, mas, quando seu tio subjugou a cidade [[latinos (tribo)|latina]] de ''[[Collatia]]'', foi colocado no comando da guarnição romana da cidade<ref>[[Lívio]], ''[[Ab urbe condita libri|Ab urbe condita]]'' I, 38, 1.</ref>. O sobrenome "Colatino" é uma referência a este evento.


Sua esposa era [[Lucrécia (Roma)|Lucrécia]], filha de [[Espúrio Lucrécio Tricipitino]]. Segundo a lenda, numa ocasião na qual Colatino estava fora de Roma, seu primo, [[Sexto Tarquínio]], filho do rei [[Lúcio Tarquínio Soberbo]], foi até sua casa numa noite. Impondo-se sobre Lucrécia, Sexto ameaçou matá-la juntamente com um [[escravidão na Roma Antiga|escravo]] que a acompanhava e mentir para seu marido afirmando que teria pego os dois em [[adultério]] a não ser que ela o aceitasse. Depois que ele partiu, Lucrécia enviou emissários ao marido e ao pai e contou-lhes o ocorrido. Apesar das súplicas e protestos deles, Lucrécia enfiou uma adaga no peito por conta da vergonha que ela acreditava ter imposto a si e a sua família.
Sua esposa era [[Lucrécia (Roma)|Lucrécia]], filha de [[Espúrio Lucrécio Tricipitino]]. Segundo a lenda, numa ocasião na qual Colatino estava fora de Roma, seu primo, [[Sexto Tarquínio]], filho do rei [[Lúcio Tarquínio Soberbo]], foi até sua casa numa noite. Impondo-se sobre Lucrécia, Sexto ameaçou matá-la juntamente com um [[escravidão na Roma Antiga|escravo]] que a acompanhava e mentir para seu marido afirmando que teria pego os dois em [[adultério]] a não ser que ela o aceitasse. Depois que ele partiu, Lucrécia enviou emissários ao marido e ao pai e contou-lhes o ocorrido. Apesar das súplicas e protestos deles, Lucrécia enfiou uma adaga no peito por conta da vergonha que ela acreditava ter imposto a si e a sua família.
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== Queda da monarquia ==
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Enfurecido pelo ato do primo, Colatino e seu sogro deram conhecimento ao povo do crime cometido, no que foram apoiados por [[Lúcio Júnio Bruto]], um sobrinho do rei, e outros que haviam sofrido com a crueldade do rei e de seus filhos. Quando Soberbo estava fora numa campanha, os conspiradores fecharam os portões de Roma e criaram um governo [[republicanismo|republicano]], liderado por dois [[cônsul romano|cônsules]], Bruto e Colatino,<ref>[[Lívio]], ''[[Ab urbe condita libri|Ab urbe condita]]'' I 50; [[Lívio]], ''[[Ab urbe condita libri|Ab urbe condita]]'' I, 60.</ref><ref>[[Dionísio de Halicarnasso]], ''Antiguidades Romanas'' V, 1, 2.</ref> depois de jurarem que Roma jamais seria governada por um rei novamente.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab urbe condita libri|Ab urbe condita]]'' I, 57-60.</ref><ref name="EutropioI.8"/><ref>[[Lívio]], ''[[Ab urbe condita libri|Ab urbe condita]]'' I 49.</ref>
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Porém, o mandato de Colatino seria curto; embora ele próprio tenha sofrido nas mãos do rei e apoiado a nova [[República Romana]], ele rapidamente tornou-se objeto da fúria dos que não toleravam a presença de nenhum [[Tarquínios|Tarquínio]] no poder em Roma. Ele próprio ficou pasmo quando Bruto, seu colega e primo, pediu publicamente que ele renunciasse, mas resistiu até que Tricipitino também acrescentou sua voz ao coro.<ref name="EutropioI.9"/> Temendo pelo seu próprio destino se recusasse ao apelo popular, Colatino renunciou e se exilou em [[Lanúvio]]. [[Públio Valério Publícola]], amigo de Bruto, foi nomeado [[cônsul sufecto]] em seu lugar.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab urbe condita libri|Ab urbe condita]]'' II, 2, 7-11.</ref>
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Bruto, que era sobrinho do rei e ainda mais próximo da casa real, foi poupado da mesma humilhação, por pertencer a gente [[Júnios|Júnia]], mas acabou sendo mortalmente ferido na [[Batalha de Silva Arsia]] contra as forças reais. O já idoso Tricipitino foi nomeado cônsul sufecto em seu lugar, mas também morreu logo depois. [[Marco Horácio Púlvilo]] assumiu, o quinto e último cônsul do primeiro ano da República.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab urbe condita libri|Ab urbe condita]]'' II 2</ref>
Bruto, que era sobrinho do rei e ainda mais próximo da casa real, foi poupado da mesma humilhação, por pertencer a gente [[Júnios|Júnia]], mas acabou sendo mortalmente ferido na [[Batalha de Silva Arsia]] contra as forças reais. O já idoso Tricipitino foi nomeado cônsul sufecto em seu lugar, mas também morreu logo depois. [[Marco Horácio Púlvilo]] assumiu, o quinto e último cônsul do primeiro ano da República<ref>[[Lívio]], ''[[Ab urbe condita libri|Ab urbe condita]]'' II 2</ref>.


== Ver também ==
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Revisão das 21h21min de 15 de novembro de 2017

Lúcio Tarquínio Colatino
Cônsul da República Romana
Lúcio Tarquínio Colatino
Efígie de Tarquínio Colatino segundo o Promptuarii Iconum Insigniorum de Guillaume Rouillé
Consulado 509 a.C.

Lúcio Tarquínio Colatino (em latim: Lucius Tarquinius Collatinus) foi um dos quatro líderes da revolução que derrubou a monarquia romana[1] e um dos dois primeiros cônsules de Roma, em 509 a.C, juntamente com Lúcio Júnio Bruto[2]. Ironicamente, Colatino foi obrigado a renunciar ao cargo e se exilar por causa do ódio que ele próprio ajudou a instigar entre os romanos contra a sua gente, os Tarquínios.

Contexto

Colatino era filho de Arruns Tarquínio, conhecido como "Egério", um sobrinho de Lúcio Tarquínio Prisco, o quinto rei de Roma. Por acidente, Arruns nasceu em situação de pobreza[3], mas, quando seu tio subjugou a cidade latina de Collatia, foi colocado no comando da guarnição romana da cidade[4]. O sobrenome "Colatino" é uma referência a este evento.

Sua esposa era Lucrécia, filha de Espúrio Lucrécio Tricipitino. Segundo a lenda, numa ocasião na qual Colatino estava fora de Roma, seu primo, Sexto Tarquínio, filho do rei Lúcio Tarquínio Soberbo, foi até sua casa numa noite. Impondo-se sobre Lucrécia, Sexto ameaçou matá-la juntamente com um escravo que a acompanhava e mentir para seu marido afirmando que teria pego os dois em adultério a não ser que ela o aceitasse. Depois que ele partiu, Lucrécia enviou emissários ao marido e ao pai e contou-lhes o ocorrido. Apesar das súplicas e protestos deles, Lucrécia enfiou uma adaga no peito por conta da vergonha que ela acreditava ter imposto a si e a sua família.

Queda da monarquia

Ver artigo principal: Queda da monarquia romana

Enfurecido pelo ato do primo, Colatino e seu sogro deram conhecimento ao povo do crime cometido, no que foram apoiados por Lúcio Júnio Bruto, um sobrinho do rei, e outros que haviam sofrido com a crueldade do rei e de seus filhos. Quando Soberbo estava fora numa campanha, os conspiradores fecharam os portões de Roma e criaram um governo republicano, liderado por dois cônsules, Bruto e Colatino[5][6], depois de jurarem que Roma jamais seria governada por um rei novamente[7][1][8].

Porém, o mandato de Colatino seria curto; embora ele próprio tenha sofrido nas mãos do rei e apoiado a nova República Romana, ele rapidamente tornou-se objeto da fúria dos que não toleravam a presença de nenhum Tarquínio no poder em Roma. Ele próprio ficou pasmo quando Bruto, seu colega e primo, pediu publicamente que ele renunciasse, mas resistiu até que Tricipitino também acrescentou sua voz ao coro[2]. Temendo pelo seu próprio destino se recusasse ao apelo popular, Colatino renunciou e se exilou em Lanúvio. Públio Valério Publícola, amigo de Bruto, foi nomeado cônsul sufecto em seu lugar[9].

Bruto, que era sobrinho do rei e ainda mais próximo da casa real, foi poupado da mesma humilhação, por pertencer a gente Júnia, mas acabou sendo mortalmente ferido na Batalha de Silva Arsia contra as forças reais. O já idoso Tricipitino foi nomeado cônsul sufecto em seu lugar, mas também morreu logo depois. Marco Horácio Púlvilo assumiu, o quinto e último cônsul do primeiro ano da República[10].

Ver também

Cônsul da República Romana
Precedido por:
Não existia
Lúcio Júnio Bruto
509 a.C.

com Lúcio Tarquínio Colatino
com Espúrio Lucrécio Tricipitino (suf.)
com Públio Valério Publícola (suf.)
com Marco Horácio Púlvilo (suf.)

Sucedido por:
Públio Valério Publícola II

com Tito Lucrécio Tricipitino


Referências

Bibliografia

Ligações externas