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==Incidente com as abelhas africanas==
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Em [[1956]], Warwick Kerr foi à [[África]] estudar a produção de [[mel]] do continente, para mais tarde aplicar seus conhecimentos ao Brasil. Quando retornou, trouxe 26 rainhas africanas (da espécie [[Apis mellifera scutellata]], altamente produtiva e agressiva), das quais 51 sobreviveram. Rainhas e operárias foram postas em [[quarentena]] em uma floresta de [[eucalipto]] de [[Rio Claro]] (SP), para que apenas as menos agressivas fossem escolhidas.
Em [[1956]], Warwick Kerr foi à [[África]] estudar a produção de [[mel]] do continente, para mais tarde aplicar seus conhecimentos ao Brasil. Quando retornou, trouxe 26 rainhas africanas (da espécie [[Apis mellifera scutellata]], altamente produtiva e agressiva). Rainhas e operárias foram postas em [[quarentena]] em uma floresta de [[eucalipto]] de [[Rio Claro]] (SP), para que apenas as menos agressivas fossem escolhidas.


As [[Colmeia]] eram fechadas por uma malha que permitia a passagem de operárias, mas não de rainhas. Como as [[abelhas]] estavam mostrando boa atividade, acreditou que retirar as malhas não causaria problema.
As [[Colmeia]] eram fechadas por uma malha que permitia a passagem de operárias, mas não de rainhas. Como as [[abelhas]] estavam mostrando boa atividade, acreditou que retirar as malhas não causaria problema.

Revisão das 10h40min de 14 de junho de 2018

Warwick Kerr
Nascimento 9 de setembro de 1922
Santana de Parnaíba
Morte 15 de setembro de 2018
Ribeirão Preto
Cidadania Brasil
Alma mater
Ocupação biólogo, apicultor, geneticista, professor universitário, entomologista
Prêmios
  • Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico
Empregador(a) Universidade de São Paulo, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
Religião Metodismo

Warwick Estevam Kerr (Santana do Parnaíba, São Paulo, 9 de setembro de 1922) é um geneticista, engenheiro agrônomo, entomologista e professor brasileiro reconhecido internacionalmente.

Biografia

Nascido em 1922, em Santana do Parnaíba, em São Paulo, Kerr formou-se engenheiro agrônomo – vencendo as etapas do doutoramento e da livre-docência na Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", onde foi professor, e, por quatro meses, chefe do Departamento de Genética. E todos reconheciam que o laboratório de Genética, em Piracicaba, era "um dos mais bem montados da USP".

Como Biólogo e Geneticista, Kerr iniciou sua carreira acadêmica numa época em que houve um extraordinário desenvolvimento dessas disciplinas em São Paulo, graças à presença de eméritos cientistas, como Carlos Arnaldo Krug, Friedrich Gustav Brieger, André Dreyfus e Theodosius Dobzhansky, este considerado como um dos maiores geneticistas do século XX. Incentivado por Dobzhansky, Kerr estagiou e deu aulas em diversas universidades norte-americanas (Louisiania, Califórnia, Wisconsin e Columbia University, em Nova York.)

Em 1955, Kerr foi chefe do Departamento de Biologia em Rio Claro no início da Unesp. Em 1965, assumiu a chefia do Departamento de Genética da Faculdade de Medicina da USP – Ribeirão Preto, da qual se tornou professor titular por concurso em 1971.

Warwick Kerr foi também o primeiro diretor científico da Fapesp, no início de 1962, por sugestão de Paulo Emílio Vanzolini e Crodowaldo Pavan, tendo sido nomeado pelo governador Carvalho Pinto. Pediu demissão desse cargo em 1964, um mês antes do término de seu mandato, a fim de montar o Departamento de Genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Além de contribuir decisivamente na organização dessa entidade, Kerr empenhou-se na fundação de instituições com os mesmos objetivos da Fapesp em outros estados brasileiros.

Entre 1975 e 1979, transferiu-se para Manaus para reorganizar o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, o Inpa, com forte apoio do dr. José Dion de Melo Teles, presidente do CNPq. A respeito de sua participação inicial nesse instituto, Kerr relata que, quando chegou à capital do estado do Amazonas, no Inpa trabalhavam apenas um mestre e um doutor. Quando saiu do Inpa, este contava com cinqüenta mestres e sessenta doutores, quatro cursos de pós-graduação e 233 pesquisadores. "O que fizemos", diz ele, "foi mandar para o sul ou para o exterior todo o pessoal aproveitável para fazer mestrado e doutorado. Também contratamos pessoal local ou de outras regiões, e até mesmo no exterior." Depois de aposentar-se da USP em janeiro de 1981, Kerr foi para o estado do Maranhão, onde permaneceu oito anos. Além de criar o Departamento de Biologia, foi reitor da Universidade Estadual do Maranhão. Em 1999, foi chamado de volta a Manaus para dirigir o Inpa, por mais três anos.

Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, desempenhou essa missão de 1969 até 1973, período marcado pelas inúmeras crises entre o governo militar e a comunidade científica e universitária, o que levou a SBPC, sob a liderança de Kerr, a uma clara postura de repúdio às arbitrariedades praticadas pela ditadura. Foi preso duas vezes (em 1964 e 1969).

Após terminar suas atividades no Maranhão, Kerr foi convidado a continuar suas pesquisas na Universidade Federal de Uberlândia. Embora aposentado, ao completar setenta anos, em 1992, orientou alunos na pós-graduação, deu aulas de Genética dos Hymenoptera e realizou suas próprias pesquisas até o ano de 2012.

Em toda sua longa, fecunda e empolgante carreira como cientista, a vida de Warwick Estevam Kerr foi assim sintetizada num depoimento registrado pela Fapesp: "no meio acadêmico, a primeira associação que se faz ao nome de Warwick Kerr é a de um formador de grupos, de um catalisador de pessoas voltadas para o desenvolvimento científico". Além de ser membro da Academia de Ciências do Brasil, em 1990, Kerr tornou-se o primeiro brasileiro a pertencer à Academia de Ciências dos Estados Unidos.

Respeitado membro da Academia Brasileira de Ciências, Academia Norte-Americana de Ciência e Academia de Ciência do Terceiro Mundo, Warwick Kerr possui 692 trabalhos publicados.

Incidente com as abelhas africanas

Em 1956, Warwick Kerr foi à África estudar a produção de mel do continente, para mais tarde aplicar seus conhecimentos ao Brasil. Quando retornou, trouxe 26 rainhas africanas (da espécie Apis mellifera scutellata, altamente produtiva e agressiva). Rainhas e operárias foram postas em quarentena em uma floresta de eucalipto de Rio Claro (SP), para que apenas as menos agressivas fossem escolhidas.

As Colmeia eram fechadas por uma malha que permitia a passagem de operárias, mas não de rainhas. Como as abelhas estavam mostrando boa atividade, acreditou que retirar as malhas não causaria problema.

Trinta abelhas enxamearam—se reproduziram—e os pesquisadores perderam o controle sobre elas. Com o incidente, pessoas foram picadas (alguns casos levaram a óbito) e muitos apicultores abandonaram a atividade de criação, o que fez a produção de mel cair. Kerr foi responsabilizado.

A partir daí, o cientista se dedicou a estudar a genética da produção e da agressividade dessas abelhas. Com apoio dos pesquisadores da USP, criou a abelha africanizada, um híbrido das espécies européias (comum no Brasil) e africana.

Além de mais mansa e bastante produtiva, a africanizada se mostrou resistente à varroa (praga que destrói colméias) e permitiu aos apicultores produzir o mel orgânico, onde não é necessário o uso de agrotóxicos.

Depois disso, Kerr passou a ser reconhecido por pesquisadores e respeitado pelos apicultores.

Referências

BONETTI, Anna Maria (2009). Homenageado da 61ª Reunião Anual da SBPC Warwick Estevam Kerr. Registros da 61ª Reunião anual da SBPC: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. "Amazônia, Ciência e Cultura", 12 a 17 de julho de 2008, UFAM, Manaus, AM. <http://www.sbpcnet.org.br/livro/61ra/homenageado.htm>

Currículo Lattes do professor Warwick E. Kerr: <http://lattes.cnpq.br/4131301582982867>

COELHO, Maro A & KERR, Warwick E. (2005). A Amazônia, os Índios e as Abelhas. Revista Estudos Avançados, vol. 19 n. 53, 2005, p. 51-69. Entrevista de Warwick E. Kerr concedida a Marco A. Coelho. <http://www.scielo.br/pdf/ea/v19n53/24080.pdf>

KERR, Warwick E. ; CARVALHO, G. A. ; SILVA, A. C. ; ASSIS, M. G. P. (2001). Aspectos pouco mencionados da biodiversidade amazônica. Parcerias Estratégicas, n. 12, p. 20-41. Brasília, DF.

SBPC (2010). Cientistas Homenageados. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Seção: "A SBPC". <http://www.sbpcnet.org.br/site/asbpc/index.php?secao=382>

SBPC (2010). Presidentes de honra. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Seção: "A SBPC". <http://www.sbpcnet.org.br/site/a-sbpc/historico/presidentes-de-honra.php>

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