Bandeira da Nova Holanda: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m
+texto, +referências
Linha 2: Linha 2:
|nome=Bandeira da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais
|nome=Bandeira da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais
|imagem=Flag_of_the_Dutch_West_India_Company.svg
|imagem=Flag_of_the_Dutch_West_India_Company.svg
|descrição=listrada horizontalmente em vermelho (ou laranja), branco e azul, com o monograma GWC ao centro{{nota de rodapé|1=Há também registros do uso do monograma em dourado.<ref>{{citar livro|título=Blessed is the Land|autor=Zara, Louis|local=New York|editora=Crown Publishers|ano=1954|página=234}}</ref>}}
|tamanho=300px
}}
}}


A '''[[bandeira]] da [[Nova Holanda]]''', também conhecida como a '''bandeira do Brasil Holandês''', foi a [[bandeira]] utilizada pela [[Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais]] para os territórios que estiveram sob seu controle no [[Brasil]].
A '''[[bandeira]] da [[Nova Holanda]]''', também conhecida como a '''bandeira do Brasil Holandês''', foi a [[bandeira]] utilizada pela [[Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais]] para os territórios que estiveram sob seu controle no [[Brasil]]. Durante a ocupação Holandesa, não foi concedido uma bandeira própria ao Brasil, sendo utilizada apenas as bandeiras de seus colonizadores e/ou governantes.

Durante o período de ocupação holandês, de [[1630]] a [[1654]], o Brasil não ganhou bandeira própria, sendo arvorado apenas as bandeiras de seus ocupantes e/ou governantes.


==História==
==História==
{{Imagem múltipla
| footer = Bandeira do príncipe (à esquerda) e a bandeira dos Estados Gerais (à direita), utilziados pela marinha holandesa durante na época da ocupação do Brasil. A bandeira das Companhia Holandesa incluia a inscrição "GWC" ao centro dessas bandeiras.
| image1 = Prinsenvlag.svg
| image2 = Statenvlag.svg
}}
[[Imagem:Nederlandse schepen op de rede van Recife, Brazilië.jpg||miniatura|250px|Pintura ''Navios holandeses na enseada do Recife'', de [[Abraham Willaerts]], 1640, com os navios usando a bandeira da [[República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos]].]]
[[Imagem:Nederlandse schepen op de rede van Recife, Brazilië.jpg||miniatura|250px|Pintura ''Navios holandeses na enseada do Recife'', de [[Abraham Willaerts]], 1640, com os navios usando a bandeira da [[República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos]].]]


Durante o [[Império colonial neerlandês|domínio holandês]], entre 1630 e 1654, as [[Nova Holanda|capitanias conquistadas]] utilizaram durante esses 24 anos a bandeira das [[República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos]], que era composta de três faixas horizontais; a de cima vermelha, a do centro branca e a inferior azul,{{sfn|Ribeiro|1933|p=32}}.
Durante o [[Império colonial neerlandês|domínio holandês]], entre 1630 e 1654, as [[Nova Holanda|capitanias conquistadas]] no Brasil utilizaram durante esses 24 anos a bandeira das [[Companhia Holandesa das Índias Ocidentais]] (em [[língua neerlandesa|neerlandês]]: ''Geoctrooieerde Westindische Compagnie'' - ''GWC''). Essa bandeira era composta pela bandeira da [[República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos]], listrada horintalmente em vermelho (ou laranja), branco e azul, com a inclusão do monograma da companhia (GWC) ao centro.{{sfn|Ribeiro|1933|p=32|ps=&nbsp;"No Brasil Hollandez (1630-1654), as capitanias conquistadas arvoraram durante 24 annos a bandeira das Províncias Unidas da Hollanda, composta de tres faixas horizontaes, vermelha a de cima, branca a do meio e azul a terceira, tendo ao centro o monogramma da Companhia das Indias Occidentaes."}}{{sfn|Kalff|1889|p=232}}{{sfn|Aubin|1737|p=13}}<ref>{{citar q|Q106206589}}</ref>

A [[Companhia Holandesa das Índias Ocidentais]] (em [[língua neerlandesa|neerlandês]]: ''Geoctrooieerde Westindische Compagnie'' ou ''GWC'') arvoravam em seus navios uma bandeira própria, listrada em vermelho (ou laranja), branco e azul, e com o monograma '''GWC''' na parte branca.{{sfn|Aubin|1737|p=13}}


A variação do laranja ou vermelho na bandeira se deve ao fato de que a marinha holandesa entre 1588 e 1630 sempre exibia a ''bandeira do príncipe'' (''Prinsenvlag''), listrada em laranja, branco e azul, e, depois de 1663, sempre a bandeira dos Estados Gerais (''Statenvlag''), listrada em vermelha, branca azul, com ambas as variantes da bandeira sendo utilizadas durante o período de 1630-1662.<ref>{{citar periódico|sobrenome=Waard|nome=C. de|título=De Nederlandsche vlag|url=https://books.google.com/books?id=Zz1HAAAAcAAJ&pg=RA18-PP81 |periodico=Het Vaderland|ano=1900}}</ref>
A variação do laranja ou vermelho na bandeira se deve ao fato de que a marinha holandesa entre 1588 e 1630 sempre exibia a ''bandeira do príncipe'' (''Prinsenvlag''), listrada em laranja, branco e azul, e, depois de 1663, sempre a bandeira dos Estados Gerais (''Statenvlag''), listrada em vermelha, branca azul, com ambas as variantes da bandeira sendo utilizadas durante o período de 1630-1662.<ref>{{citar periódico|sobrenome=Waard|nome=C. de|título=De Nederlandsche vlag|url=https://books.google.com/books?id=Zz1HAAAAcAAJ&pg=RA18-PP81 |periodico=Het Vaderland|ano=1900}}</ref>


É bem possível que as próprias ''Prinsenvlag'' e ''Statenvlag'' tenham sidos utilizados no Brasil: no livro ''Diário de um soldado da Companhia das Índias Ocidentais'', o soldado Ambrósio Richshoffer registra o uso da bandeira do príncipe,{{sfn|Richshoffer|1897|p=179|ps=&nbsp;"Vendo isso os outros içaram promptamente a bandeira do Principe..."}} bem como menciona o uso de suas cores no traje de alfeire.{{sfn|Richshoffer|1897|p=2|ps=&nbsp;"N'esta occasião coube-me a honra de conduzir a bandeira de nossa companhia até os transportes; não que o merecêsse, mas porque d'entre todos era o mais vistosamente trajado, e levava ao lado uma espada prateada e no chapéo plumas de côres de laranja, branca e azul"}}
== Bandeira de Maurício de Nassau==
[[Ficheiro:Flag of New Holland.svg|miniatura|300px|Representação de [[José Wasth Rodrigues]], no livro de Clóvis Ribeiro, da bandeira do Brasil Holandês (atribuído ao governo de Maurício de Nassau).]]


Nas representações pictóricas associados ao Brasil Holandês, como mapas, gravuras, pintura das batalhas, raramente se encontram elemento nas imagens que remetam especificamente à Companhia das Índias Ocidentais (tais como o monograma da Companhia),{{sfn|Ferreira|2009|p=160}} sendo as bandeiras representadas apenas pelas faixas tricolores. Em algumas poucas gravuras, encontram-se o referência a companhia ou seus comandantes, por meio de brasões ou monogramas nos adornos das ilustrações.{{sfn|Ferreira|2009|p=103}}
O jornalista Clóvis Ribeiro assim descreve a bandeira da Nova Holanda:

{{quote
A bandeira era utilizada avorada nos cimos de fortes, nos mastros e popas dos navios, bem como empunhadas nos campos de batalha pelo alferes (''vaendrager'').{{sfn|Ferreira|2019|p=99}}{{nota de rodapé|1=As bandeiras nos mastros e nas popas navios também serviam para identificar as embarcações em combate, as almirantas e vice-almirantas e mesmo a orientação tática de um ataque.{{sfn|Ferreira|2009|p=87}}}}
|No Brasil Hollandez (1630-1654), as capitanias conquistadas arvoraram durante 24 annos a bandeira das Províncias Unidas da Hollanda, composta de tres faixas horizontaes, vermelha a de cima, branca a do meio e azul a terceira, tendo ao centro o monogramma da Companhia das Indias Occidentaes.

|Clovis Ribeiro, ''Brazões e Bandeiras do Brasil'', 1933{{sfn|Ribeiro|1933|p=32}}
== Bandeira de Maurício de Nassau==
{{Info/Bandeira
|nome=Bandeira do Conde Maurício de Nassau no Brasil
|imagem=Flag of New Holland.svg
|legenda=Representação de [[José Wasth Rodrigues]], no livro de Clóvis Ribeiro, da bandeira do Brasil Holandês (atribuído ao governo de Maurício de Nassau).
|descrição=listrada em vermelho, branco e azul, com o monograma de Maurício de Nassau ao centro
|imagem2=Flag of New Holland (alternative).svg
|legenda2=Representação alternativa, conforme [[:Ficheiro:Cartouche of Quartum prælium Coniovian inter et fluvium Rio Grande (Plate 45, Rerum per octennium in Brasilia).jpg|cartucho da prancha 45 de ''Rerum per octennium in Brasilia'']].
}}
}}


No livro ''Brazões e Bandeiras do Brasil'' escrito pelo O jornalista Clóvis Ribeiro, o desenho que ilustra a bandeira do Brasil Holandês foi elaborado por [[José Wasth Rodrigues]] e apresenta o monograma "'''CIMD'''" em ouro sobre a faixa branca (ao invés do símbolo da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais), e uma coroa de conde na faixa vermelha acima do monograma.{{sfn|Ribeiro|1933|p=seguinte a 36, Prancha 4}} Essa ilustração da bandeira, no entanto, não se encontra nas referências citadas por Ribeiro: no almanaque alemão ''Der Geöfnete Ritter-Plaz'' (Hamburgo, 1702) há apenas a bandeira tricolor das Provícias Unidas<ref name="Geofnete">{{citar livro|título=Der geöfnete See-Hafen|capítulo=Der meisten Nationen und Regenten Schiff-Flaggen und einige andere See-zeichen|url=https://books.google.com/books?id=f_dPAAAAcAAJ&hl=pt-PT&pg=PA3| editora=Schiller|local=Hamburg|ano=1700|lingua=de|ref=Der_geöfnete_See-Hafen}}</ref> e no livro ''Rerum per octennium in Brasilia'' (Amsterdam, 1647) de [[Gaspar Barléu]]<ref name="Barleu">{{citar q|Q59420426}}</ref> as bandeiras holandesas são representadas nas gravuras sem qualquer inscrição, com excessão da prancha nº 45 (intitulada ''Quarta batalha naval, ferida entre Cunhaú e o Rio Grande''), onde há um ornamento no canto superior esquerdo de uma bandeira holandesa com o monograma '''IM''' ao centro.<ref>{{citar q|Q59826162}}</ref>.
Tal descrição é compatível com a bandeira da Companhia das Índias Ocidentais, porém a obra de Ribeiro apresenta 2 inconsistências:
* Ribeiro cita como referência para a bandeira o almanaque alemão ''Der Geöfnete Ritter-Plaz'' (Hamburgo, 1702)<ref name="Geofnete">{{citar livro|título=Der geöfnete See-Hafen|capítulo=Der meisten Nationen und Regenten Schiff-Flaggen und einige andere See-zeichen|url=https://books.google.com/books?id=f_dPAAAAcAAJ&hl=pt-PT&pg=PA3| editora=Schiller|local=Hamburg|ano=1700|lingua=de|ref=Der_geöfnete_See-Hafen}}</ref> e o livro ''Rerum per Octennivm in Brasilia'' (Amsterdam, 1647) de [[Gaspar Barléu]]<ref name="Barleu">{{citar q|Q59420426}}</ref>. Todavia nenhum dos dois apresenta a bandeira descrita com o monograma (apenas bandeiras listradas, associadas às Províncias Unidas).
* o desenho que ilustra tal descrição da bandeira, elaborado por [[José Wasth Rodrigues]], apresenta o monograma "'''CMID'''" em ouro sobre a faixa branca (e não a da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais), e uma coroa de conde na faixa vermelha acima do monograma.{{sfn|Ribeiro|1933|p=Prancha 4}}. Essa ilustração da bandeira, no entanto, não se encontra nas referências citadas por Ribeiro, nem em outros livros ou diagramas de bandeiras publicados ao longo dos séculos XVIII e XIX.{{sfn|Aubin|1737|p=13}}


Enquanto a bandeira da Companhia das Índias Ocidentais é relativamente bem documentada, não se encontra registros da bandeira tricolor com o monograma IM ou CIMD em livros ou diagramas de bandeiras publicados entre o século XVII e XIX.{{sfn|Aubin|1737|p=13}}
[[Ficheiro:Frontispiece_of_Rerum per octennium in Brasilia.png|miniatura|Frontispício do livro ''Rerum per octennium in Brasilia'' de Gaspar Baerléu.]]
O desenho da coroa de conde sobre o monograma monograma CIMD aparece, em um contexto dissociado da bandeira, no frontispício da obra de Barléu<ref name="Barleu"/>, sendo por isso associada a [[Maurício de Nassau]],{{sfn|Nagel|1979|p=27}}{{sfn|Coimbra|200|p=223}} que administrou o domínio neerlandês no Brasil, durante 1637-1644, em nome da Companhia das Índias Ocidentais.


Apesar disso, a obra de Clovis Ribeiro popularizou tal desenho como bandeira do Brasil Holandês, sendo reproduzida posteriormente por vários autores.{{sfn|Coimbra|2000|p=219}}{{sfn|Luz|2005|p=55}}
Segundo o arquivista alemão Rolf Nagel, o "I" e o "M" do monograma significam "IOHANNES MAURITIUS", e fazem indicação ao nome do titular da bandeira; enquanto e "C" e "D" são suas qualidades pessoais "COMES" e "DOMINUS", devendo ser lido o monograma como "COMES IOHANNES MAURITIUS DOMINUS".{{sfn|Nagel|1979|p=27}}


===Monograma de Nassau===
Apesar da ausência de fontes que corraborem a existência de tal bandeira, a obra de Clovis Ribeiro popularizou-a como bandeira do Brasil Holandês, sendo reproduzida posteriormente por vários autores.{{sfn|Coimbra|2000|p=219}}{{sfn|Luz|2005|p=55}}
[[Ficheiro:Frontispiece_of_Rerum per octennium in Brasilia.png|left|miniatura|Frontispício do livro ''Rerum per octennium in Brasilia'' de Gaspar Baerléu.]]
O desenho do monograma CIMD incimado pela coroa de conde aparece, em um contexto diferente, no frontispício da obra de Barléu<ref name="Barleu"/> sendo associada a figura de [[Maurício de Nassau]],{{sfn|Nagel|1979|p=27}}{{sfn|Coimbra|200|p=223}} que administrou o domínio neerlandês no Brasil, durante 1637-1644, em nome da Companhia das Índias Ocidentais.


O significado de tal monograma é duvidoso, embora é certo que as iniciais "IM" se refiram a ''Ionannes Mauritio'', isto é, João Maurício de Nassau, por serem também representadas na pintura [[Zacharias Wagener]], ''Molher negra'', e em outros objetos, como uma cadeira de mármore dada como presente por Nassau.<ref>{{Citar periódico |url=https://brill.com/view/journals/jeah/10/1/article-p3_3.xml |titulo=Slavery at the Court of the ‘Humanist Prince’ Reexamining Johan Maurits van Nassau-Siegen and his Role in Slavery, Slave Trade and Slave-smuggling in Dutch Brazil |data=2020-09-11 |acessodata=2021-03-27 |jornal=Journal of Early American History |número=1 |ultimo=Monteiro |primeiro=Carolina |ultimo2=Odegard |primeiro2=Erik |paginas=3–32 |lingua=en |doi=10.1163/18770703-01001004 |issn=1877-0223}}</ref>

Segundo o arquivista alemão Rolf Nagel, o "I" e o "M" do monograma significam "IOHANNES MAURITIUS", e fazem indicação ao nome do titular da bandeira; enquanto e "C" e "D" são suas qualidades pessoais "COMES" e "DOMINUS", devendo o monograma ser lido como "COMES IOHANNES MAURITIUS DOMINUS".{{sfn|Nagel|1979|p=27}}.

Outra hipótese plausível é que o monograma signifique "Iohannes Mauritius Comitis Dillenburgum", ou seja, "João Maurício, conde de (Nassau-)Dillenburg", sendo [[Dillenburg]] a cidade natal de Maurício de Nassau. A última prancha, de número 55, do ''Rerum per octennium in Brasilia'' é dedicada à cidade de Dillenburg, sendo a figura adornada com o brasão de Nassau, sob o qual se encontra legenda com o nome da cidade.

{{notas}}
{{Referências|col=2}}
{{Referências|col=2}}


== Bibliografia ==
== Bibliografia ==
{{InícioRef|2}}
{{InícioRef|2}}
* {{citar q|Q105745865 |capitulo=Planche 21 |url=https://fr.wikisource.org/wiki/La_connoissance_des_pavillons/21}}
* {{citar q|Q105745865 |author1=Aubin, Nicolas |capitulo=Planche 21 |url=https://fr.wikisource.org/wiki/La_connoissance_des_pavillons/21|ref=CITEREFAubin1737}}
* {{citar livro|sobrenome=Aubin|nome=Nicolas|título=La connoissance des pavillons ou bannieres que la plûpart des nations arborent en mer|língua=fr |editora=Jacques van den Kieboom|local=Haia |ano=1737|capitulo=Planche 21 |url=https://fr.wikisource.org/wiki/La_connoissance_des_pavillons/21|ref=harv}}
*{{citar livro |sobrenome=Luz |nome=Milton|título=A História dos Símbolos Nacionais |url=http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/1099 |local=Brasília |editora=Senado Federal |ano=2005 |páginas=210 |ref=harv}}
* {{citar livro|sobrenome=Coimbra|nome=Raimundo Olavo |título=A bandeira do Brasil: raízes histórico-culturais|url=https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?id=27081&view=detalhes |edição=3 |local=Rio de Janeiro|editora=IBGE |ano=2000|ref=harv}}
* {{citar q|Q105417680|ref=CITEREFRibeiro1933}}
* {{citar q|Q105417680|ref=CITEREFRibeiro1933}}
* {{citar livro|sobrenome=Nagel|nome=Rolf|capítulo=A Bandeira de Maurício de Nassau |url=http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=865521&pagfis=998 |título=Mensário do Arquivo Nacional|data=Agosto 1979|local=Rio de Janeiro |editora=Arquivo Nacional|issn=0045-2726 |páginas=26-28|ref=harv}}
* {{citar livro |sobrenome=Coimbra|nome=Raimundo Olavo |título=A bandeira do Brasil: raízes histórico-culturais|url=https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?id=27081&view=detalhes |edição=3 |local=Rio de Janeiro|editora=IBGE |ano=2000|ref=harv}}
* {{citar livro |sobrenome=Nagel|nome=Rolf|capítulo=A Bandeira de Maurício de Nassau |url=http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=865521&pagfis=998 |título=Mensário do Arquivo Nacional|data=Agosto 1979|local=Rio de Janeiro |editora=Arquivo Nacional|issn=0045-2726 |páginas=26-28|ref=harv}}
* {{citar tese |sobrenome=Ferreira|nome=Victor Bertocchi |doi=10.11606/D.8.2020.tde-03032020-171934 |título=O pincel de Marte: as representações pictóricas da guerra entre neerlandeses e ibéricos no Atlântico (1621-1669)|grau=Mestrado em História Social|publicado=Universidade de São Paulo |local=São Paulo|ano=2019|ref=harv}}
* {{citar periódico |sobrenome=Kalff|nome=S.|título='t "Verzuimd Brasil"|periódico=De gids: nieuwe vaderlandsche letteroefeningen|volume=63|ano=1899|páginas=191-233|ref=harv}}
*{{citar livro |sobrenome=Luz |nome=Milton|título=A História dos Símbolos Nacionais |url=http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/1099 |local=Brasília |editora=Senado Federal |ano=2005 |páginas=210 |ref=harv}}
* {{citar q|Q106243329|author1=Richshoffer, Ambrósio|ref=CITEREFRichshoffer1897}}
{{-fim}}
{{-fim}}


== Ver também ==
== Ver também ==

* [[Bandeira dos Países Baixos]]
* [[Bandeira dos Países Baixos]]
* [[Bandeira de Pernambuco]]
* [[Bandeira de Pernambuco]]

Revisão das 15h42min de 29 de março de 2021

Bandeira da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais
Bandeira da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais
Descrição listrada horizontalmente em vermelho (ou laranja), branco e azul, com o monograma GWC ao centro[nota 1]

A bandeira da Nova Holanda, também conhecida como a bandeira do Brasil Holandês, foi a bandeira utilizada pela Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais para os territórios que estiveram sob seu controle no Brasil. Durante a ocupação Holandesa, não foi concedido uma bandeira própria ao Brasil, sendo utilizada apenas as bandeiras de seus colonizadores e/ou governantes.

História

Bandeira do príncipe (à esquerda) e a bandeira dos Estados Gerais (à direita), utilziados pela marinha holandesa durante na época da ocupação do Brasil. A bandeira das Companhia Holandesa incluia a inscrição "GWC" ao centro dessas bandeiras.
Pintura Navios holandeses na enseada do Recife, de Abraham Willaerts, 1640, com os navios usando a bandeira da República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos.

Durante o domínio holandês, entre 1630 e 1654, as capitanias conquistadas no Brasil utilizaram durante esses 24 anos a bandeira das Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (em neerlandês: Geoctrooieerde Westindische Compagnie - GWC). Essa bandeira era composta pela bandeira da República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos, listrada horintalmente em vermelho (ou laranja), branco e azul, com a inclusão do monograma da companhia (GWC) ao centro.[2][3][4][5]

A variação do laranja ou vermelho na bandeira se deve ao fato de que a marinha holandesa entre 1588 e 1630 sempre exibia a bandeira do príncipe (Prinsenvlag), listrada em laranja, branco e azul, e, depois de 1663, sempre a bandeira dos Estados Gerais (Statenvlag), listrada em vermelha, branca azul, com ambas as variantes da bandeira sendo utilizadas durante o período de 1630-1662.[6]

É bem possível que as próprias Prinsenvlag e Statenvlag tenham sidos utilizados no Brasil: no livro Diário de um soldado da Companhia das Índias Ocidentais, o soldado Ambrósio Richshoffer registra o uso da bandeira do príncipe,[7] bem como menciona o uso de suas cores no traje de alfeire.[8]

Nas representações pictóricas associados ao Brasil Holandês, como mapas, gravuras, pintura das batalhas, raramente se encontram elemento nas imagens que remetam especificamente à Companhia das Índias Ocidentais (tais como o monograma da Companhia),[9] sendo as bandeiras representadas apenas pelas faixas tricolores. Em algumas poucas gravuras, encontram-se o referência a companhia ou seus comandantes, por meio de brasões ou monogramas nos adornos das ilustrações.[10]

A bandeira era utilizada avorada nos cimos de fortes, nos mastros e popas dos navios, bem como empunhadas nos campos de batalha pelo alferes (vaendrager).[11][nota 2]

Bandeira de Maurício de Nassau

Bandeira do Conde Maurício de Nassau no Brasil
Bandeira do Conde Maurício de Nassau no Brasil
Representação de José Wasth Rodrigues, no livro de Clóvis Ribeiro, da bandeira do Brasil Holandês (atribuído ao governo de Maurício de Nassau).
Descrição listrada em vermelho, branco e azul, com o monograma de Maurício de Nassau ao centro
Representação alternativa, conforme cartucho da prancha 45 de Rerum per octennium in Brasilia.

No livro Brazões e Bandeiras do Brasil escrito pelo O jornalista Clóvis Ribeiro, o desenho que ilustra a bandeira do Brasil Holandês foi elaborado por José Wasth Rodrigues e apresenta o monograma "CIMD" em ouro sobre a faixa branca (ao invés do símbolo da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais), e uma coroa de conde na faixa vermelha acima do monograma.[13] Essa ilustração da bandeira, no entanto, não se encontra nas referências citadas por Ribeiro: no almanaque alemão Der Geöfnete Ritter-Plaz (Hamburgo, 1702) há apenas a bandeira tricolor das Provícias Unidas[14] e no livro Rerum per octennium in Brasilia (Amsterdam, 1647) de Gaspar Barléu[15] as bandeiras holandesas são representadas nas gravuras sem qualquer inscrição, com excessão da prancha nº 45 (intitulada Quarta batalha naval, ferida entre Cunhaú e o Rio Grande), onde há um ornamento no canto superior esquerdo de uma bandeira holandesa com o monograma IM ao centro.[16].

Enquanto a bandeira da Companhia das Índias Ocidentais é relativamente bem documentada, não se encontra registros da bandeira tricolor com o monograma IM ou CIMD em livros ou diagramas de bandeiras publicados entre o século XVII e XIX.[4]

Apesar disso, a obra de Clovis Ribeiro popularizou tal desenho como bandeira do Brasil Holandês, sendo reproduzida posteriormente por vários autores.[17][18]

Monograma de Nassau

Frontispício do livro Rerum per octennium in Brasilia de Gaspar Baerléu.

O desenho do monograma CIMD incimado pela coroa de conde aparece, em um contexto diferente, no frontispício da obra de Barléu[15] sendo associada a figura de Maurício de Nassau,[19][20] que administrou o domínio neerlandês no Brasil, durante 1637-1644, em nome da Companhia das Índias Ocidentais.

O significado de tal monograma é duvidoso, embora é certo que as iniciais "IM" se refiram a Ionannes Mauritio, isto é, João Maurício de Nassau, por serem também representadas na pintura Zacharias Wagener, Molher negra, e em outros objetos, como uma cadeira de mármore dada como presente por Nassau.[21]

Segundo o arquivista alemão Rolf Nagel, o "I" e o "M" do monograma significam "IOHANNES MAURITIUS", e fazem indicação ao nome do titular da bandeira; enquanto e "C" e "D" são suas qualidades pessoais "COMES" e "DOMINUS", devendo o monograma ser lido como "COMES IOHANNES MAURITIUS DOMINUS".[19].

Outra hipótese plausível é que o monograma signifique "Iohannes Mauritius Comitis Dillenburgum", ou seja, "João Maurício, conde de (Nassau-)Dillenburg", sendo Dillenburg a cidade natal de Maurício de Nassau. A última prancha, de número 55, do Rerum per octennium in Brasilia é dedicada à cidade de Dillenburg, sendo a figura adornada com o brasão de Nassau, sob o qual se encontra legenda com o nome da cidade.

Notas

  1. Há também registros do uso do monograma em dourado.[1]
  2. As bandeiras nos mastros e nas popas navios também serviam para identificar as embarcações em combate, as almirantas e vice-almirantas e mesmo a orientação tática de um ataque.[12]

Referências

  1. Zara, Louis (1954). Blessed is the Land. New York: Crown Publishers. p. 234 
  2. Ribeiro 1933, p. 32 "No Brasil Hollandez (1630-1654), as capitanias conquistadas arvoraram durante 24 annos a bandeira das Províncias Unidas da Hollanda, composta de tres faixas horizontaes, vermelha a de cima, branca a do meio e azul a terceira, tendo ao centro o monogramma da Companhia das Indias Occidentaes."
  3. Kalff 1889, p. 232.
  4. a b Aubin 1737, p. 13.
  5. Titus van der Laars (1913), Wapens, vlaggen en zegels van Nederland (em neerlandês), Amesterdão, Wikidata Q106206589 
  6. Waard, C. de (1900). «De Nederlandsche vlag». Het Vaderland 
  7. Richshoffer 1897, p. 179 "Vendo isso os outros içaram promptamente a bandeira do Principe..."
  8. Richshoffer 1897, p. 2 "N'esta occasião coube-me a honra de conduzir a bandeira de nossa companhia até os transportes; não que o merecêsse, mas porque d'entre todos era o mais vistosamente trajado, e levava ao lado uma espada prateada e no chapéo plumas de côres de laranja, branca e azul"
  9. Ferreira 2009, p. 160.
  10. Ferreira 2009, p. 103.
  11. Ferreira 2019, p. 99.
  12. Ferreira 2009, p. 87.
  13. Ribeiro 1933, p. seguinte a 36, Prancha 4.
  14. «Der meisten Nationen und Regenten Schiff-Flaggen und einige andere See-zeichen». Der geöfnete See-Hafen (em alemão). Hamburg: Schiller. 1700 
  15. a b Gaspar Barléu (1647), Rerum per octennium in Brasilia et alibi gestarum, sub præfectura illustrissimi Comitis I. Mauritii Nassaviæ &c. comitis, historia (em latim) 1 ed. , Amesterdão: Joan Blaeu, OCLC 66882625, Wikidata Q59420426 
  16. «Quartum prælium Coniovian inter et fluvium Rio Grande», Amesterdão, Rerum per octennium in Brasilia (em latim), 1647, Wikidata Q59826162 
  17. Coimbra 2000, p. 219.
  18. Luz 2005, p. 55.
  19. a b Nagel 1979, p. 27.
  20. Coimbra 200, p. 223.
  21. Monteiro, Carolina; Odegard, Erik (11 de setembro de 2020). «Slavery at the Court of the 'Humanist Prince' Reexamining Johan Maurits van Nassau-Siegen and his Role in Slavery, Slave Trade and Slave-smuggling in Dutch Brazil». Journal of Early American History (em inglês) (1): 3–32. ISSN 1877-0223. doi:10.1163/18770703-01001004. Consultado em 27 de março de 2021 

Bibliografia

Ver também