Bandeira da Nova Holanda: diferenças entre revisões
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|descrição=listrada horizontalmente em vermelho (ou laranja), branco e azul, com o monograma GWC ao centro{{nota de rodapé|1=Há também registros do uso do monograma em dourado.<ref>{{citar livro|título=Blessed is the Land|autor=Zara, Louis|local=New York|editora=Crown Publishers|ano=1954|página=234}}</ref>}} |
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A '''[[bandeira]] da [[Nova Holanda]]''', também conhecida como a '''bandeira do Brasil Holandês''', foi a [[bandeira]] utilizada pela [[Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais]] para os territórios que estiveram sob seu controle no [[Brasil]]. |
A '''[[bandeira]] da [[Nova Holanda]]''', também conhecida como a '''bandeira do Brasil Holandês''', foi a [[bandeira]] utilizada pela [[Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais]] para os territórios que estiveram sob seu controle no [[Brasil]]. Durante a ocupação Holandesa, não foi concedido uma bandeira própria ao Brasil, sendo utilizada apenas as bandeiras de seus colonizadores e/ou governantes. |
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Durante o período de ocupação holandês, de [[1630]] a [[1654]], o Brasil não ganhou bandeira própria, sendo arvorado apenas as bandeiras de seus ocupantes e/ou governantes. |
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| footer = Bandeira do príncipe (à esquerda) e a bandeira dos Estados Gerais (à direita), utilziados pela marinha holandesa durante na época da ocupação do Brasil. A bandeira das Companhia Holandesa incluia a inscrição "GWC" ao centro dessas bandeiras. |
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[[Imagem:Nederlandse schepen op de rede van Recife, Brazilië.jpg||miniatura|250px|Pintura ''Navios holandeses na enseada do Recife'', de [[Abraham Willaerts]], 1640, com os navios usando a bandeira da [[República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos]].]] |
[[Imagem:Nederlandse schepen op de rede van Recife, Brazilië.jpg||miniatura|250px|Pintura ''Navios holandeses na enseada do Recife'', de [[Abraham Willaerts]], 1640, com os navios usando a bandeira da [[República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos]].]] |
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Durante o [[Império colonial neerlandês|domínio holandês]], entre 1630 e 1654, as [[Nova Holanda|capitanias conquistadas]] utilizaram durante esses 24 anos a bandeira das [[República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos]], |
Durante o [[Império colonial neerlandês|domínio holandês]], entre 1630 e 1654, as [[Nova Holanda|capitanias conquistadas]] no Brasil utilizaram durante esses 24 anos a bandeira das [[Companhia Holandesa das Índias Ocidentais]] (em [[língua neerlandesa|neerlandês]]: ''Geoctrooieerde Westindische Compagnie'' - ''GWC''). Essa bandeira era composta pela bandeira da [[República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos]], listrada horintalmente em vermelho (ou laranja), branco e azul, com a inclusão do monograma da companhia (GWC) ao centro.{{sfn|Ribeiro|1933|p=32|ps= "No Brasil Hollandez (1630-1654), as capitanias conquistadas arvoraram durante 24 annos a bandeira das Províncias Unidas da Hollanda, composta de tres faixas horizontaes, vermelha a de cima, branca a do meio e azul a terceira, tendo ao centro o monogramma da Companhia das Indias Occidentaes."}}{{sfn|Kalff|1889|p=232}}{{sfn|Aubin|1737|p=13}}<ref>{{citar q|Q106206589}}</ref> |
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A [[Companhia Holandesa das Índias Ocidentais]] (em [[língua neerlandesa|neerlandês]]: ''Geoctrooieerde Westindische Compagnie'' ou ''GWC'') arvoravam em seus navios uma bandeira própria, listrada em vermelho (ou laranja), branco e azul, e com o monograma '''GWC''' na parte branca.{{sfn|Aubin|1737|p=13}} |
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A variação do laranja ou vermelho na bandeira se deve ao fato de que a marinha holandesa entre 1588 e 1630 sempre exibia a ''bandeira do príncipe'' (''Prinsenvlag''), listrada em laranja, branco e azul, e, depois de 1663, sempre a bandeira dos Estados Gerais (''Statenvlag''), listrada em vermelha, branca azul, com ambas as variantes da bandeira sendo utilizadas durante o período de 1630-1662.<ref>{{citar periódico|sobrenome=Waard|nome=C. de|título=De Nederlandsche vlag|url=https://books.google.com/books?id=Zz1HAAAAcAAJ&pg=RA18-PP81 |periodico=Het Vaderland|ano=1900}}</ref> |
A variação do laranja ou vermelho na bandeira se deve ao fato de que a marinha holandesa entre 1588 e 1630 sempre exibia a ''bandeira do príncipe'' (''Prinsenvlag''), listrada em laranja, branco e azul, e, depois de 1663, sempre a bandeira dos Estados Gerais (''Statenvlag''), listrada em vermelha, branca azul, com ambas as variantes da bandeira sendo utilizadas durante o período de 1630-1662.<ref>{{citar periódico|sobrenome=Waard|nome=C. de|título=De Nederlandsche vlag|url=https://books.google.com/books?id=Zz1HAAAAcAAJ&pg=RA18-PP81 |periodico=Het Vaderland|ano=1900}}</ref> |
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É bem possível que as próprias ''Prinsenvlag'' e ''Statenvlag'' tenham sidos utilizados no Brasil: no livro ''Diário de um soldado da Companhia das Índias Ocidentais'', o soldado Ambrósio Richshoffer registra o uso da bandeira do príncipe,{{sfn|Richshoffer|1897|p=179|ps= "Vendo isso os outros içaram promptamente a bandeira do Principe..."}} bem como menciona o uso de suas cores no traje de alfeire.{{sfn|Richshoffer|1897|p=2|ps= "N'esta occasião coube-me a honra de conduzir a bandeira de nossa companhia até os transportes; não que o merecêsse, mas porque d'entre todos era o mais vistosamente trajado, e levava ao lado uma espada prateada e no chapéo plumas de côres de laranja, branca e azul"}} |
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Nas representações pictóricas associados ao Brasil Holandês, como mapas, gravuras, pintura das batalhas, raramente se encontram elemento nas imagens que remetam especificamente à Companhia das Índias Ocidentais (tais como o monograma da Companhia),{{sfn|Ferreira|2009|p=160}} sendo as bandeiras representadas apenas pelas faixas tricolores. Em algumas poucas gravuras, encontram-se o referência a companhia ou seus comandantes, por meio de brasões ou monogramas nos adornos das ilustrações.{{sfn|Ferreira|2009|p=103}} |
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O jornalista Clóvis Ribeiro assim descreve a bandeira da Nova Holanda: |
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A bandeira era utilizada avorada nos cimos de fortes, nos mastros e popas dos navios, bem como empunhadas nos campos de batalha pelo alferes (''vaendrager'').{{sfn|Ferreira|2019|p=99}}{{nota de rodapé|1=As bandeiras nos mastros e nas popas navios também serviam para identificar as embarcações em combate, as almirantas e vice-almirantas e mesmo a orientação tática de um ataque.{{sfn|Ferreira|2009|p=87}}}} |
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|No Brasil Hollandez (1630-1654), as capitanias conquistadas arvoraram durante 24 annos a bandeira das Províncias Unidas da Hollanda, composta de tres faixas horizontaes, vermelha a de cima, branca a do meio e azul a terceira, tendo ao centro o monogramma da Companhia das Indias Occidentaes. |
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|Clovis Ribeiro, ''Brazões e Bandeiras do Brasil'', 1933{{sfn|Ribeiro|1933|p=32}} |
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{{Info/Bandeira |
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|nome=Bandeira do Conde Maurício de Nassau no Brasil |
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|descrição=listrada em vermelho, branco e azul, com o monograma de Maurício de Nassau ao centro |
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|imagem2=Flag of New Holland (alternative).svg |
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|legenda2=Representação alternativa, conforme [[:Ficheiro:Cartouche of Quartum prælium Coniovian inter et fluvium Rio Grande (Plate 45, Rerum per octennium in Brasilia).jpg|cartucho da prancha 45 de ''Rerum per octennium in Brasilia'']]. |
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No livro ''Brazões e Bandeiras do Brasil'' escrito pelo O jornalista Clóvis Ribeiro, o desenho que ilustra a bandeira do Brasil Holandês foi elaborado por [[José Wasth Rodrigues]] e apresenta o monograma "'''CIMD'''" em ouro sobre a faixa branca (ao invés do símbolo da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais), e uma coroa de conde na faixa vermelha acima do monograma.{{sfn|Ribeiro|1933|p=seguinte a 36, Prancha 4}} Essa ilustração da bandeira, no entanto, não se encontra nas referências citadas por Ribeiro: no almanaque alemão ''Der Geöfnete Ritter-Plaz'' (Hamburgo, 1702) há apenas a bandeira tricolor das Provícias Unidas<ref name="Geofnete">{{citar livro|título=Der geöfnete See-Hafen|capítulo=Der meisten Nationen und Regenten Schiff-Flaggen und einige andere See-zeichen|url=https://books.google.com/books?id=f_dPAAAAcAAJ&hl=pt-PT&pg=PA3| editora=Schiller|local=Hamburg|ano=1700|lingua=de|ref=Der_geöfnete_See-Hafen}}</ref> e no livro ''Rerum per octennium in Brasilia'' (Amsterdam, 1647) de [[Gaspar Barléu]]<ref name="Barleu">{{citar q|Q59420426}}</ref> as bandeiras holandesas são representadas nas gravuras sem qualquer inscrição, com excessão da prancha nº 45 (intitulada ''Quarta batalha naval, ferida entre Cunhaú e o Rio Grande''), onde há um ornamento no canto superior esquerdo de uma bandeira holandesa com o monograma '''IM''' ao centro.<ref>{{citar q|Q59826162}}</ref>. |
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Tal descrição é compatível com a bandeira da Companhia das Índias Ocidentais, porém a obra de Ribeiro apresenta 2 inconsistências: |
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* Ribeiro cita como referência para a bandeira o almanaque alemão ''Der Geöfnete Ritter-Plaz'' (Hamburgo, 1702)<ref name="Geofnete">{{citar livro|título=Der geöfnete See-Hafen|capítulo=Der meisten Nationen und Regenten Schiff-Flaggen und einige andere See-zeichen|url=https://books.google.com/books?id=f_dPAAAAcAAJ&hl=pt-PT&pg=PA3| editora=Schiller|local=Hamburg|ano=1700|lingua=de|ref=Der_geöfnete_See-Hafen}}</ref> e o livro ''Rerum per Octennivm in Brasilia'' (Amsterdam, 1647) de [[Gaspar Barléu]]<ref name="Barleu">{{citar q|Q59420426}}</ref>. Todavia nenhum dos dois apresenta a bandeira descrita com o monograma (apenas bandeiras listradas, associadas às Províncias Unidas). |
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* o desenho que ilustra tal descrição da bandeira, elaborado por [[José Wasth Rodrigues]], apresenta o monograma "'''CMID'''" em ouro sobre a faixa branca (e não a da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais), e uma coroa de conde na faixa vermelha acima do monograma.{{sfn|Ribeiro|1933|p=Prancha 4}}. Essa ilustração da bandeira, no entanto, não se encontra nas referências citadas por Ribeiro, nem em outros livros ou diagramas de bandeiras publicados ao longo dos séculos XVIII e XIX.{{sfn|Aubin|1737|p=13}} |
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Enquanto a bandeira da Companhia das Índias Ocidentais é relativamente bem documentada, não se encontra registros da bandeira tricolor com o monograma IM ou CIMD em livros ou diagramas de bandeiras publicados entre o século XVII e XIX.{{sfn|Aubin|1737|p=13}} |
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⚫ | Segundo o arquivista alemão Rolf Nagel, o "I" e o "M" do monograma significam "IOHANNES MAURITIUS", e fazem indicação ao nome do titular da bandeira; enquanto e "C" e "D" são suas qualidades pessoais "COMES" e "DOMINUS", devendo |
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===Monograma de Nassau=== |
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⚫ | O desenho do monograma CIMD incimado pela coroa de conde aparece, em um contexto diferente, no frontispício da obra de Barléu<ref name="Barleu"/> sendo associada a figura de [[Maurício de Nassau]],{{sfn|Nagel|1979|p=27}}{{sfn|Coimbra|200|p=223}} que administrou o domínio neerlandês no Brasil, durante 1637-1644, em nome da Companhia das Índias Ocidentais. |
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O significado de tal monograma é duvidoso, embora é certo que as iniciais "IM" se refiram a ''Ionannes Mauritio'', isto é, João Maurício de Nassau, por serem também representadas na pintura [[Zacharias Wagener]], ''Molher negra'', e em outros objetos, como uma cadeira de mármore dada como presente por Nassau.<ref>{{Citar periódico |url=https://brill.com/view/journals/jeah/10/1/article-p3_3.xml |titulo=Slavery at the Court of the ‘Humanist Prince’ Reexamining Johan Maurits van Nassau-Siegen and his Role in Slavery, Slave Trade and Slave-smuggling in Dutch Brazil |data=2020-09-11 |acessodata=2021-03-27 |jornal=Journal of Early American History |número=1 |ultimo=Monteiro |primeiro=Carolina |ultimo2=Odegard |primeiro2=Erik |paginas=3–32 |lingua=en |doi=10.1163/18770703-01001004 |issn=1877-0223}}</ref> |
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⚫ | Segundo o arquivista alemão Rolf Nagel, o "I" e o "M" do monograma significam "IOHANNES MAURITIUS", e fazem indicação ao nome do titular da bandeira; enquanto e "C" e "D" são suas qualidades pessoais "COMES" e "DOMINUS", devendo o monograma ser lido como "COMES IOHANNES MAURITIUS DOMINUS".{{sfn|Nagel|1979|p=27}}. |
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Outra hipótese plausível é que o monograma signifique "Iohannes Mauritius Comitis Dillenburgum", ou seja, "João Maurício, conde de (Nassau-)Dillenburg", sendo [[Dillenburg]] a cidade natal de Maurício de Nassau. A última prancha, de número 55, do ''Rerum per octennium in Brasilia'' é dedicada à cidade de Dillenburg, sendo a figura adornada com o brasão de Nassau, sob o qual se encontra legenda com o nome da cidade. |
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* {{citar tese |sobrenome=Ferreira|nome=Victor Bertocchi |doi=10.11606/D.8.2020.tde-03032020-171934 |título=O pincel de Marte: as representações pictóricas da guerra entre neerlandeses e ibéricos no Atlântico (1621-1669)|grau=Mestrado em História Social|publicado=Universidade de São Paulo |local=São Paulo|ano=2019|ref=harv}} |
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* {{citar periódico |sobrenome=Kalff|nome=S.|título='t "Verzuimd Brasil"|periódico=De gids: nieuwe vaderlandsche letteroefeningen|volume=63|ano=1899|páginas=191-233|ref=harv}} |
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== Ver também == |
== Ver também == |
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* [[Bandeira dos Países Baixos]] |
* [[Bandeira dos Países Baixos]] |
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* [[Bandeira de Pernambuco]] |
* [[Bandeira de Pernambuco]] |
Revisão das 15h42min de 29 de março de 2021
Bandeira da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais | |
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Descrição | listrada horizontalmente em vermelho (ou laranja), branco e azul, com o monograma GWC ao centro[nota 1] |
A bandeira da Nova Holanda, também conhecida como a bandeira do Brasil Holandês, foi a bandeira utilizada pela Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais para os territórios que estiveram sob seu controle no Brasil. Durante a ocupação Holandesa, não foi concedido uma bandeira própria ao Brasil, sendo utilizada apenas as bandeiras de seus colonizadores e/ou governantes.
História
Durante o domínio holandês, entre 1630 e 1654, as capitanias conquistadas no Brasil utilizaram durante esses 24 anos a bandeira das Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (em neerlandês: Geoctrooieerde Westindische Compagnie - GWC). Essa bandeira era composta pela bandeira da República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos, listrada horintalmente em vermelho (ou laranja), branco e azul, com a inclusão do monograma da companhia (GWC) ao centro.[2][3][4][5]
A variação do laranja ou vermelho na bandeira se deve ao fato de que a marinha holandesa entre 1588 e 1630 sempre exibia a bandeira do príncipe (Prinsenvlag), listrada em laranja, branco e azul, e, depois de 1663, sempre a bandeira dos Estados Gerais (Statenvlag), listrada em vermelha, branca azul, com ambas as variantes da bandeira sendo utilizadas durante o período de 1630-1662.[6]
É bem possível que as próprias Prinsenvlag e Statenvlag tenham sidos utilizados no Brasil: no livro Diário de um soldado da Companhia das Índias Ocidentais, o soldado Ambrósio Richshoffer registra o uso da bandeira do príncipe,[7] bem como menciona o uso de suas cores no traje de alfeire.[8]
Nas representações pictóricas associados ao Brasil Holandês, como mapas, gravuras, pintura das batalhas, raramente se encontram elemento nas imagens que remetam especificamente à Companhia das Índias Ocidentais (tais como o monograma da Companhia),[9] sendo as bandeiras representadas apenas pelas faixas tricolores. Em algumas poucas gravuras, encontram-se o referência a companhia ou seus comandantes, por meio de brasões ou monogramas nos adornos das ilustrações.[10]
A bandeira era utilizada avorada nos cimos de fortes, nos mastros e popas dos navios, bem como empunhadas nos campos de batalha pelo alferes (vaendrager).[11][nota 2]
Bandeira de Maurício de Nassau
Bandeira do Conde Maurício de Nassau no Brasil | |
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Representação de José Wasth Rodrigues, no livro de Clóvis Ribeiro, da bandeira do Brasil Holandês (atribuído ao governo de Maurício de Nassau). | |
Descrição | listrada em vermelho, branco e azul, com o monograma de Maurício de Nassau ao centro |
Representação alternativa, conforme cartucho da prancha 45 de Rerum per octennium in Brasilia. |
No livro Brazões e Bandeiras do Brasil escrito pelo O jornalista Clóvis Ribeiro, o desenho que ilustra a bandeira do Brasil Holandês foi elaborado por José Wasth Rodrigues e apresenta o monograma "CIMD" em ouro sobre a faixa branca (ao invés do símbolo da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais), e uma coroa de conde na faixa vermelha acima do monograma.[13] Essa ilustração da bandeira, no entanto, não se encontra nas referências citadas por Ribeiro: no almanaque alemão Der Geöfnete Ritter-Plaz (Hamburgo, 1702) há apenas a bandeira tricolor das Provícias Unidas[14] e no livro Rerum per octennium in Brasilia (Amsterdam, 1647) de Gaspar Barléu[15] as bandeiras holandesas são representadas nas gravuras sem qualquer inscrição, com excessão da prancha nº 45 (intitulada Quarta batalha naval, ferida entre Cunhaú e o Rio Grande), onde há um ornamento no canto superior esquerdo de uma bandeira holandesa com o monograma IM ao centro.[16].
Enquanto a bandeira da Companhia das Índias Ocidentais é relativamente bem documentada, não se encontra registros da bandeira tricolor com o monograma IM ou CIMD em livros ou diagramas de bandeiras publicados entre o século XVII e XIX.[4]
Apesar disso, a obra de Clovis Ribeiro popularizou tal desenho como bandeira do Brasil Holandês, sendo reproduzida posteriormente por vários autores.[17][18]
Monograma de Nassau
O desenho do monograma CIMD incimado pela coroa de conde aparece, em um contexto diferente, no frontispício da obra de Barléu[15] sendo associada a figura de Maurício de Nassau,[19][20] que administrou o domínio neerlandês no Brasil, durante 1637-1644, em nome da Companhia das Índias Ocidentais.
O significado de tal monograma é duvidoso, embora é certo que as iniciais "IM" se refiram a Ionannes Mauritio, isto é, João Maurício de Nassau, por serem também representadas na pintura Zacharias Wagener, Molher negra, e em outros objetos, como uma cadeira de mármore dada como presente por Nassau.[21]
Segundo o arquivista alemão Rolf Nagel, o "I" e o "M" do monograma significam "IOHANNES MAURITIUS", e fazem indicação ao nome do titular da bandeira; enquanto e "C" e "D" são suas qualidades pessoais "COMES" e "DOMINUS", devendo o monograma ser lido como "COMES IOHANNES MAURITIUS DOMINUS".[19].
Outra hipótese plausível é que o monograma signifique "Iohannes Mauritius Comitis Dillenburgum", ou seja, "João Maurício, conde de (Nassau-)Dillenburg", sendo Dillenburg a cidade natal de Maurício de Nassau. A última prancha, de número 55, do Rerum per octennium in Brasilia é dedicada à cidade de Dillenburg, sendo a figura adornada com o brasão de Nassau, sob o qual se encontra legenda com o nome da cidade.
Notas
Referências
- ↑ Zara, Louis (1954). Blessed is the Land. New York: Crown Publishers. p. 234
- ↑ Ribeiro 1933, p. 32 "No Brasil Hollandez (1630-1654), as capitanias conquistadas arvoraram durante 24 annos a bandeira das Províncias Unidas da Hollanda, composta de tres faixas horizontaes, vermelha a de cima, branca a do meio e azul a terceira, tendo ao centro o monogramma da Companhia das Indias Occidentaes."
- ↑ Kalff 1889, p. 232.
- ↑ a b Aubin 1737, p. 13.
- ↑ Titus van der Laars (1913), Wapens, vlaggen en zegels van Nederland (em neerlandês), Amesterdão, Wikidata Q106206589
- ↑ Waard, C. de (1900). «De Nederlandsche vlag». Het Vaderland
- ↑ Richshoffer 1897, p. 179 "Vendo isso os outros içaram promptamente a bandeira do Principe..."
- ↑ Richshoffer 1897, p. 2 "N'esta occasião coube-me a honra de conduzir a bandeira de nossa companhia até os transportes; não que o merecêsse, mas porque d'entre todos era o mais vistosamente trajado, e levava ao lado uma espada prateada e no chapéo plumas de côres de laranja, branca e azul"
- ↑ Ferreira 2009, p. 160.
- ↑ Ferreira 2009, p. 103.
- ↑ Ferreira 2019, p. 99.
- ↑ Ferreira 2009, p. 87.
- ↑ Ribeiro 1933, p. seguinte a 36, Prancha 4.
- ↑ «Der meisten Nationen und Regenten Schiff-Flaggen und einige andere See-zeichen». Der geöfnete See-Hafen (em alemão). Hamburg: Schiller. 1700
- ↑ a b Gaspar Barléu (1647), Rerum per octennium in Brasilia et alibi gestarum, sub præfectura illustrissimi Comitis I. Mauritii Nassaviæ &c. comitis, historia (em latim) 1 ed. , Amesterdão: Joan Blaeu, OCLC 66882625, Wikidata Q59420426
- ↑ «Quartum prælium Coniovian inter et fluvium Rio Grande», Amesterdão, Rerum per octennium in Brasilia (em latim), 1647, Wikidata Q59826162
- ↑ Coimbra 2000, p. 219.
- ↑ Luz 2005, p. 55.
- ↑ a b Nagel 1979, p. 27.
- ↑ Coimbra 200, p. 223.
- ↑ Monteiro, Carolina; Odegard, Erik (11 de setembro de 2020). «Slavery at the Court of the 'Humanist Prince' Reexamining Johan Maurits van Nassau-Siegen and his Role in Slavery, Slave Trade and Slave-smuggling in Dutch Brazil». Journal of Early American History (em inglês) (1): 3–32. ISSN 1877-0223. doi:10.1163/18770703-01001004. Consultado em 27 de março de 2021
Bibliografia
- Aubin, Nicolas (1737), «Planche 21», La connoissance des pavillons ou bannieres que la plûpart des nations arborent en mer (em francês), Haia: Jacques van den Kieboom, OCLC 65506395, Wikidata Q105745865
- Clóvis Ribeiro (1933), Brazões e Bandeiras do Brasil, Illustrator: José Wasth Rodrigues, São Paulo: São Paulo Editora, OCLC 1297560, Wikidata Q105417680
- Coimbra, Raimundo Olavo (2000). A bandeira do Brasil: raízes histórico-culturais 3 ed. Rio de Janeiro: IBGE
- Nagel, Rolf (Agosto 1979). «A Bandeira de Maurício de Nassau». Mensário do Arquivo Nacional. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional. pp. 26–28. ISSN 0045-2726
- Ferreira, Victor Bertocchi (2019). O pincel de Marte: as representações pictóricas da guerra entre neerlandeses e ibéricos no Atlântico (1621-1669) (Tese de Mestrado em História Social). São Paulo: Universidade de São Paulo. doi:10.11606/D.8.2020.tde-03032020-171934
- Kalff, S. (1899). «'t "Verzuimd Brasil"». De gids: nieuwe vaderlandsche letteroefeningen. 63: 191-233
- Luz, Milton (2005). A História dos Símbolos Nacionais. Brasília: Senado Federal. 210 páginas
- Richshoffer, Ambrósio (1897), Diario de um soldado da Companhia das Indias Occidentaes (1629-1632), traduzido por Alfredo de Carvalho, Recife: Tipografia Universal, Wikidata Q106243329