Iazamane Alcadim: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
 
Linha 13: Linha 13:
[[Imagem:Arab-Byzantine frontier zone-pt.svg|thumb|upright=1.05|[[Al-'Awasim|Zona fronteiriça árabe-bizantina]]]]
[[Imagem:Arab-Byzantine frontier zone-pt.svg|thumb|upright=1.05|[[Al-'Awasim|Zona fronteiriça árabe-bizantina]]]]


Iazamane aparece pela primeira vez em setembro/outubro de 882, quando envolveu-se numa disputa entre o governante autônomo do Egito e Síria, [[Amade ibne Tulune]] {{nwrap|r.|868|905}}, e o todo poderoso abássida [[Almuafaque]]. Naquele tempo, era um servo ([[maula]]) de {{ilc|Alfate ibne Cagã||Alfate ibne Cagane|al-Fath ibn Khaqan}}, e foi atacado e preso pelo governador tulúnida nomeado das regiões fronteiriças cilicianas, {{ilc|Calafe de Fergana||Khalaf al-Farghani}}. Iazamane foi libertado pelos locais, que então revoltaram-se e repeliram o governo tulúnida, nomeando Iazamane como seu líder em vez de retornarem à fidelidade abássida. Amade marchou sobre Tarso, mas os habitantes abriram as comportas e inundaram a planície em torno da cidade, forçando-o a retornar para [[Damasco]] sem conseguir nada.{{sfn|name=Ste220|Stern|1960|p=219–220 (nota 20)}}{{sfn|Fields|1987|p=81–82}}
Iazamane aparece pela primeira vez em setembro/outubro de 882, quando envolveu-se numa disputa entre o governante autônomo do Egito e Síria, [[Amade ibne Tulune]] {{nwrap|r.|868|905}}, e o todo poderoso abássida [[Almuafaque]]. Naquele tempo, era um servo ([[maula]]) de {{ilc|Alfate ibne Cacacane||al-Fath ibn Khaqan}}, e foi atacado e preso pelo governador tulúnida nomeado das regiões fronteiriças cilícias, {{ilc|Calafe de Fergana||Khalaf al-Farghani}}. Iazamane foi libertado pelos locais, que então revoltaram-se e repeliram o governo tulúnida, nomeando Iazamane como seu líder em vez de retornarem à fidelidade abássida. Amade marchou sobre Tarso, mas os habitantes abriram as comportas e inundaram a planície em torno da cidade, forçando-o a retornar para [[Damasco]] sem conseguir nada.{{sfn|name=Ste220|Stern|1960|p=219–220 (nota 20)}}{{sfn|Fields|1987|p=81–82}}


Em 883, Iazamane enfrentou um grande exército bizantino enviado contra Tarso, sob o comando do [[doméstico das escolas]] [[Cesta Estipiota]]. O governador atacou o acampamento bizantino em Babe Calamia (''Bab Qalamyah''), cerca de 12 km de Tarso, durante a noite de 11 de setembro, pegando os bizantinos de surpresa. Os efetivos bizantinos dispersaram, Estipiota e os [[estratego]]s da [[Tema da Anatólia|Anatólia]] e [[Tema da Capadócia|Capadócia]] foram mortos, e muito butim foi capturado.{{sfn|Fields|1987|p=143–144}} Iazamane liderou um [[Cerco de Euripo|grande raide naval]] logo depois contra a fortaleza de Euripo ([[Cálcis]]), compreendendo 30 navios grandes (do tipo chamado cumbário em grego), mas foi repelido com grandes perdas pelo governador do [[Tema da Hélade]], Eniata, com a ajuda de recrutas de outros temas e do [[fogo grego]].{{sfn|name=Pry62|Pryor|2006|p=62}} O historiador [[Atabari]] relata que Iazamane liderou um raide por terra em 886 e um outro, por mar, em 888, durante o qual capturou naus bizantinas.{{sfn|Fields|1987|p=152, 157}}
Em 883, Iazamane enfrentou um grande exército bizantino enviado contra Tarso, sob o comando do [[doméstico das escolas]] [[Cesta Estipiota]]. O governador atacou o acampamento bizantino em Babe Calamia (''Bab Qalamyah''), cerca de 12 km de Tarso, durante a noite de 11 de setembro, pegando os bizantinos de surpresa. Os efetivos bizantinos dispersaram, Estipiota e os [[estratego]]s da [[Tema da Anatólia|Anatólia]] e [[Tema da Capadócia|Capadócia]] foram mortos, e muito butim foi capturado.{{sfn|Fields|1987|p=143–144}} Iazamane liderou um [[Cerco de Euripo|grande raide naval]] logo depois contra a fortaleza de Euripo ([[Cálcis]]), compreendendo 30 navios grandes (do tipo chamado cumbário em grego), mas foi repelido com grandes perdas pelo governador do [[Tema da Hélade]], Eniata, com a ajuda de recrutas de outros temas e do [[fogo grego]].{{sfn|name=Pry62|Pryor|2006|p=62}} O historiador [[Atabari]] relata que Iazamane liderou um raide por terra em 886 e um outro, por mar, em 888, durante o qual capturou naus bizantinas.{{sfn|Fields|1987|p=152, 157}}


Apesar das hostilidades anteriores aos tulúnidas, em 890 Iazamane jurou lealdade a eles, que eram então liderados pelo filho de Amade, [[Cumarauai]],<ref name=Ste220 />{{sfn|Fields|1987|p=162}} e Tarso ficou em poder deles até 897, quando foi recuperada pelos [[abássidas]].<ref name=Pry62 /> Iazamane morreu em 23 de outubro de 891, durante outro raide contra contra os territórios bizantinos. Ele estava a fortaleza bizantina de Salandu, quando foi ferido por uma [[catapulta]]. Os árabes foram obrigados a levantar cerco e ele morreu no caminho de volta. Suas tropas levaram-o para Tarso, e enterraram-o ali.{{sfn|Fields|1987|p=175}} Ele foi sucedido por [[Amade ibne Tugane Alujaifi]].<ref name=Ste220 /> De acordo com o relato do {{séc|X}} de [[Almaçudi]] (''[[Os Campos de Ouro]]'', VIII, 74-75), sua fama era tal que ele estava entre os dez muçulmanos mais ilustres cujos retratos eram mostrados nas igrejas bizantinas em reconhecimento ao seu valor.
Apesar das hostilidades anteriores aos tulúnidas, em 890 Iazamane jurou lealdade a eles, que eram então liderados pelo filho de Amade, [[Cumarauai]],<ref name=Ste220 />{{sfn|Fields|1987|p=162}} e Tarso ficou em poder deles até 897, quando foi recuperada pelos [[abássidas]].<ref name=Pry62 /> Iazamane morreu em 23 de outubro de 891, durante outro raide contra contra os territórios bizantinos. Ele estava a fortaleza bizantina de Salandu, quando foi ferido por uma [[catapulta]]. Os árabes foram obrigados a levantar cerco e ele morreu no caminho de volta. Suas tropas levaram-no para Tarso, e enterraram-no ali.{{sfn|Fields|1987|p=175}} Ele foi sucedido por [[Amade ibne Tugane Alujaifi]].<ref name=Ste220 /> De acordo com o relato do {{séc|X}} de [[Almaçudi]] (''[[Os Campos de Ouro]]'', VIII, 74-75), sua fama era tal que ele estava entre os dez muçulmanos mais ilustres cujos retratos eram mostrados nas igrejas bizantinas em reconhecimento ao seu valor.


== Ver também ==
== Ver também ==

Edição atual tal como às 20h27min de 2 de abril de 2022

Iazamane Alcadim
Nacionalidade Califado Abássida
Etnia Árabe
Ocupação General e governador

Iazamane ou Iasmane Alcadim (Yazaman ou Yazman), dito Alcadim (al-Khadim - "o eunuco"), foi o governador militar (uale ou emir) de Tarso em nome do Califado Abássida e o principal líder militar na fronteira islâmica com o Império Bizantino na Cilícia (o Tugur Axamia) entre 882 e a sua morte em 891. É celebrado por seus raides navais contra os bizantinos.

História[editar | editar código-fonte]

Dinar de ouro de Amade ibne Tulune (r. 868–905)
Zona fronteiriça árabe-bizantina

Iazamane aparece pela primeira vez em setembro/outubro de 882, quando envolveu-se numa disputa entre o governante autônomo do Egito e Síria, Amade ibne Tulune (r. 868–905), e o todo poderoso abássida Almuafaque. Naquele tempo, era um servo (maula) de Alfate ibne Cacacane, e foi atacado e preso pelo governador tulúnida nomeado das regiões fronteiriças cilícias, Calafe de Fergana. Iazamane foi libertado pelos locais, que então revoltaram-se e repeliram o governo tulúnida, nomeando Iazamane como seu líder em vez de retornarem à fidelidade abássida. Amade marchou sobre Tarso, mas os habitantes abriram as comportas e inundaram a planície em torno da cidade, forçando-o a retornar para Damasco sem conseguir nada.[1][2]

Em 883, Iazamane enfrentou um grande exército bizantino enviado contra Tarso, sob o comando do doméstico das escolas Cesta Estipiota. O governador atacou o acampamento bizantino em Babe Calamia (Bab Qalamyah), cerca de 12 km de Tarso, durante a noite de 11 de setembro, pegando os bizantinos de surpresa. Os efetivos bizantinos dispersaram, Estipiota e os estrategos da Anatólia e Capadócia foram mortos, e muito butim foi capturado.[3] Iazamane liderou um grande raide naval logo depois contra a fortaleza de Euripo (Cálcis), compreendendo 30 navios grandes (do tipo chamado cumbário em grego), mas foi repelido com grandes perdas pelo governador do Tema da Hélade, Eniata, com a ajuda de recrutas de outros temas e do fogo grego.[4] O historiador Atabari relata que Iazamane liderou um raide por terra em 886 e um outro, por mar, em 888, durante o qual capturou naus bizantinas.[5]

Apesar das hostilidades anteriores aos tulúnidas, em 890 Iazamane jurou lealdade a eles, que eram então liderados pelo filho de Amade, Cumarauai,[1][6] e Tarso ficou em poder deles até 897, quando foi recuperada pelos abássidas.[4] Iazamane morreu em 23 de outubro de 891, durante outro raide contra contra os territórios bizantinos. Ele estava a fortaleza bizantina de Salandu, quando foi ferido por uma catapulta. Os árabes foram obrigados a levantar cerco e ele morreu no caminho de volta. Suas tropas levaram-no para Tarso, e enterraram-no ali.[7] Ele foi sucedido por Amade ibne Tugane Alujaifi.[1] De acordo com o relato do século X de Almaçudi (Os Campos de Ouro, VIII, 74-75), sua fama era tal que ele estava entre os dez muçulmanos mais ilustres cujos retratos eram mostrados nas igrejas bizantinas em reconhecimento ao seu valor.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Precedido por
Calafe de Fergana
Governador de Tarso
Após 890, ao Reino Tulúnida

Outubro de 882 – outubro de 891
Sucedido por
Amade ibne Tugane Alujaifi

Referências

  1. a b c Stern 1960, p. 219–220 (nota 20).
  2. Fields 1987, p. 81–82.
  3. Fields 1987, p. 143–144.
  4. a b Pryor 2006, p. 62.
  5. Fields 1987, p. 152, 157.
  6. Fields 1987, p. 162.
  7. Fields 1987, p. 175.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Fields, Philip M., ed. (1987). The History of al-Ṭabarī, Volume XXXVII: The ʿAbbāsid Recovery. The War Against the Zanj Ends, A.D. 879–893/A.H. 266–279. Albany, Nova Iorque: State University of New York Press. ISBN 0-88706-053-6 
  • Pryor, John H.; Jeffreys, Elizabeth M. (2006). The Age of the ΔΡΟΜΩΝ: The Byzantine Navy ca. 500–1204 (em inglês). [S.l.]: Brill Academic Publishers. ISBN 978-90-04-15197-0 
  • Stern, S. M. (1960). «The Coins of Thamal and of Other Governors of Tarsus». Journal of the American Oriental Society. 80 (3): 217–225. doi:10.2307/596170