Iazamane Alcadim: diferenças entre revisões
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Iazamane aparece pela primeira vez em setembro/outubro de 882, quando envolveu-se numa disputa entre o governante autônomo do Egito e Síria, [[Amade ibne Tulune]] {{nwrap|r.|868|905}}, e o todo poderoso abássida [[Almuafaque]]. Naquele tempo, era um servo ([[maula]]) de {{ilc|Alfate ibne |
Iazamane aparece pela primeira vez em setembro/outubro de 882, quando envolveu-se numa disputa entre o governante autônomo do Egito e Síria, [[Amade ibne Tulune]] {{nwrap|r.|868|905}}, e o todo poderoso abássida [[Almuafaque]]. Naquele tempo, era um servo ([[maula]]) de {{ilc|Alfate ibne Cacacane||al-Fath ibn Khaqan}}, e foi atacado e preso pelo governador tulúnida nomeado das regiões fronteiriças cilícias, {{ilc|Calafe de Fergana||Khalaf al-Farghani}}. Iazamane foi libertado pelos locais, que então revoltaram-se e repeliram o governo tulúnida, nomeando Iazamane como seu líder em vez de retornarem à fidelidade abássida. Amade marchou sobre Tarso, mas os habitantes abriram as comportas e inundaram a planície em torno da cidade, forçando-o a retornar para [[Damasco]] sem conseguir nada.{{sfn|name=Ste220|Stern|1960|p=219–220 (nota 20)}}{{sfn|Fields|1987|p=81–82}} |
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Em 883, Iazamane enfrentou um grande exército bizantino enviado contra Tarso, sob o comando do [[doméstico das escolas]] [[Cesta Estipiota]]. O governador atacou o acampamento bizantino em Babe Calamia (''Bab Qalamyah''), cerca de 12 km de Tarso, durante a noite de 11 de setembro, pegando os bizantinos de surpresa. Os efetivos bizantinos dispersaram, Estipiota e os [[estratego]]s da [[Tema da Anatólia|Anatólia]] e [[Tema da Capadócia|Capadócia]] foram mortos, e muito butim foi capturado.{{sfn|Fields|1987|p=143–144}} Iazamane liderou um [[Cerco de Euripo|grande raide naval]] logo depois contra a fortaleza de Euripo ([[Cálcis]]), compreendendo 30 navios grandes (do tipo chamado cumbário em grego), mas foi repelido com grandes perdas pelo governador do [[Tema da Hélade]], Eniata, com a ajuda de recrutas de outros temas e do [[fogo grego]].{{sfn|name=Pry62|Pryor|2006|p=62}} O historiador [[Atabari]] relata que Iazamane liderou um raide por terra em 886 e um outro, por mar, em 888, durante o qual capturou naus bizantinas.{{sfn|Fields|1987|p=152, 157}} |
Em 883, Iazamane enfrentou um grande exército bizantino enviado contra Tarso, sob o comando do [[doméstico das escolas]] [[Cesta Estipiota]]. O governador atacou o acampamento bizantino em Babe Calamia (''Bab Qalamyah''), cerca de 12 km de Tarso, durante a noite de 11 de setembro, pegando os bizantinos de surpresa. Os efetivos bizantinos dispersaram, Estipiota e os [[estratego]]s da [[Tema da Anatólia|Anatólia]] e [[Tema da Capadócia|Capadócia]] foram mortos, e muito butim foi capturado.{{sfn|Fields|1987|p=143–144}} Iazamane liderou um [[Cerco de Euripo|grande raide naval]] logo depois contra a fortaleza de Euripo ([[Cálcis]]), compreendendo 30 navios grandes (do tipo chamado cumbário em grego), mas foi repelido com grandes perdas pelo governador do [[Tema da Hélade]], Eniata, com a ajuda de recrutas de outros temas e do [[fogo grego]].{{sfn|name=Pry62|Pryor|2006|p=62}} O historiador [[Atabari]] relata que Iazamane liderou um raide por terra em 886 e um outro, por mar, em 888, durante o qual capturou naus bizantinas.{{sfn|Fields|1987|p=152, 157}} |
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Apesar das hostilidades anteriores aos tulúnidas, em 890 Iazamane jurou lealdade a eles, que eram então liderados pelo filho de Amade, [[Cumarauai]],<ref name=Ste220 />{{sfn|Fields|1987|p=162}} e Tarso ficou em poder deles até 897, quando foi recuperada pelos [[abássidas]].<ref name=Pry62 /> Iazamane morreu em 23 de outubro de 891, durante outro raide contra contra os territórios bizantinos. Ele estava a fortaleza bizantina de Salandu, quando foi ferido por uma [[catapulta]]. Os árabes foram obrigados a levantar cerco e ele morreu no caminho de volta. Suas tropas levaram- |
Apesar das hostilidades anteriores aos tulúnidas, em 890 Iazamane jurou lealdade a eles, que eram então liderados pelo filho de Amade, [[Cumarauai]],<ref name=Ste220 />{{sfn|Fields|1987|p=162}} e Tarso ficou em poder deles até 897, quando foi recuperada pelos [[abássidas]].<ref name=Pry62 /> Iazamane morreu em 23 de outubro de 891, durante outro raide contra contra os territórios bizantinos. Ele estava a fortaleza bizantina de Salandu, quando foi ferido por uma [[catapulta]]. Os árabes foram obrigados a levantar cerco e ele morreu no caminho de volta. Suas tropas levaram-no para Tarso, e enterraram-no ali.{{sfn|Fields|1987|p=175}} Ele foi sucedido por [[Amade ibne Tugane Alujaifi]].<ref name=Ste220 /> De acordo com o relato do {{séc|X}} de [[Almaçudi]] (''[[Os Campos de Ouro]]'', VIII, 74-75), sua fama era tal que ele estava entre os dez muçulmanos mais ilustres cujos retratos eram mostrados nas igrejas bizantinas em reconhecimento ao seu valor. |
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== Ver também == |
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Edição atual tal como às 20h27min de 2 de abril de 2022
Iazamane Alcadim | |
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Nacionalidade | Califado Abássida |
Etnia | Árabe |
Ocupação | General e governador |
Iazamane ou Iasmane Alcadim (Yazaman ou Yazman), dito Alcadim (al-Khadim - "o eunuco"), foi o governador militar (uale ou emir) de Tarso em nome do Califado Abássida e o principal líder militar na fronteira islâmica com o Império Bizantino na Cilícia (o Tugur Axamia) entre 882 e a sua morte em 891. É celebrado por seus raides navais contra os bizantinos.
História[editar | editar código-fonte]
Iazamane aparece pela primeira vez em setembro/outubro de 882, quando envolveu-se numa disputa entre o governante autônomo do Egito e Síria, Amade ibne Tulune (r. 868–905), e o todo poderoso abássida Almuafaque. Naquele tempo, era um servo (maula) de Alfate ibne Cacacane, e foi atacado e preso pelo governador tulúnida nomeado das regiões fronteiriças cilícias, Calafe de Fergana. Iazamane foi libertado pelos locais, que então revoltaram-se e repeliram o governo tulúnida, nomeando Iazamane como seu líder em vez de retornarem à fidelidade abássida. Amade marchou sobre Tarso, mas os habitantes abriram as comportas e inundaram a planície em torno da cidade, forçando-o a retornar para Damasco sem conseguir nada.[1][2]
Em 883, Iazamane enfrentou um grande exército bizantino enviado contra Tarso, sob o comando do doméstico das escolas Cesta Estipiota. O governador atacou o acampamento bizantino em Babe Calamia (Bab Qalamyah), cerca de 12 km de Tarso, durante a noite de 11 de setembro, pegando os bizantinos de surpresa. Os efetivos bizantinos dispersaram, Estipiota e os estrategos da Anatólia e Capadócia foram mortos, e muito butim foi capturado.[3] Iazamane liderou um grande raide naval logo depois contra a fortaleza de Euripo (Cálcis), compreendendo 30 navios grandes (do tipo chamado cumbário em grego), mas foi repelido com grandes perdas pelo governador do Tema da Hélade, Eniata, com a ajuda de recrutas de outros temas e do fogo grego.[4] O historiador Atabari relata que Iazamane liderou um raide por terra em 886 e um outro, por mar, em 888, durante o qual capturou naus bizantinas.[5]
Apesar das hostilidades anteriores aos tulúnidas, em 890 Iazamane jurou lealdade a eles, que eram então liderados pelo filho de Amade, Cumarauai,[1][6] e Tarso ficou em poder deles até 897, quando foi recuperada pelos abássidas.[4] Iazamane morreu em 23 de outubro de 891, durante outro raide contra contra os territórios bizantinos. Ele estava a fortaleza bizantina de Salandu, quando foi ferido por uma catapulta. Os árabes foram obrigados a levantar cerco e ele morreu no caminho de volta. Suas tropas levaram-no para Tarso, e enterraram-no ali.[7] Ele foi sucedido por Amade ibne Tugane Alujaifi.[1] De acordo com o relato do século X de Almaçudi (Os Campos de Ouro, VIII, 74-75), sua fama era tal que ele estava entre os dez muçulmanos mais ilustres cujos retratos eram mostrados nas igrejas bizantinas em reconhecimento ao seu valor.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Precedido por Calafe de Fergana |
Governador de Tarso Após 890, ao Reino Tulúnida Outubro de 882 – outubro de 891 |
Sucedido por Amade ibne Tugane Alujaifi |
Referências
- ↑ a b c Stern 1960, p. 219–220 (nota 20).
- ↑ Fields 1987, p. 81–82.
- ↑ Fields 1987, p. 143–144.
- ↑ a b Pryor 2006, p. 62.
- ↑ Fields 1987, p. 152, 157.
- ↑ Fields 1987, p. 162.
- ↑ Fields 1987, p. 175.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Fields, Philip M., ed. (1987). The History of al-Ṭabarī, Volume XXXVII: The ʿAbbāsid Recovery. The War Against the Zanj Ends, A.D. 879–893/A.H. 266–279. Albany, Nova Iorque: State University of New York Press. ISBN 0-88706-053-6
- Pryor, John H.; Jeffreys, Elizabeth M. (2006). The Age of the ΔΡΟΜΩΝ: The Byzantine Navy ca. 500–1204 (em inglês). [S.l.]: Brill Academic Publishers. ISBN 978-90-04-15197-0
- Stern, S. M. (1960). «The Coins of Thamal and of Other Governors of Tarsus». Journal of the American Oriental Society. 80 (3): 217–225. doi:10.2307/596170