Fatima Bernawi

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Fatima Bernawi
Nascimento 1939
Jerusalém
Morte 3 de novembro de 2022
Cairo
Sepultamento Gaza
Cidadania Estado da Palestina
Ocupação política, membro da resistência, enfermeira
Prêmios
  • Order of the Star of Honour Military (Palestine) (2015)

Fatima Mohammed Bernawi (1939 - 3 de novembro de 2022)[1] (também transliterado Barnawi; em árabe: فاطمة برناوي ) foi uma militante palestiniana que esteve envolvida no Movimento de Libertação Nacional da Palestina, em meados da década de 1960, um período significativo do conflito israelo-palestiniano. Ela ficou conhecida como a primeira mulher palestiniana a organizar uma operação em Israel - um tentativa de bombardeamento de um cinema, em outubro de 1967.[2][3][4]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Bernawi nasceu em Jerusalém em 1939.[5] Aos nove anos de idade, durante a Nakba de 1948, a sua mãe, palestiniana, foi levada de Jerusalém para um campo de refugiados perto de Amã. Porém, mais tarde, regressaram à Palestina para junto do seu pai, nigeriano, que tinha lutado na revolta palestina de 1936, e que tinha ficado para trás.[6][7]

Bernawi trabalhava como auxiliar de enfermagem para a Companhia Petrolífera Árabe-Americana na Arábia Saudita (ARAMCO), mas não tinha permissão para aplicar injeções em pacientes devido à cor da sua pele, apesar da sua nacionalidade palestiniana.[8]

Vida política[editar | editar código-fonte]

Das trinta e quatro mulheres palestinianas que Amal Kawar entrevistou para o seu estudo Filhas da Palestina, Bernawi foi uma das quatro que se juntaram ao movimento de resistência, inicialmente como combatentes pela liberdade, antes de se tornarem resistentes políticas. Os outras foram Laila Khaled, Aisha Odeh e Rasmiyeh Odeh.[9]

Tentativa de bombardeamento e prisão[editar | editar código-fonte]

A tentativa de bombardeamento ocorreu em outubro de 1967 no Cinema Zion, na Jerusalém Ocidental Sionista. Bernawi disse que o alvo civil da bomba foi escolhido em protesto contra um filme que celebrava a Guerra dos Seis Dias. A bomba não explodiu, mas a tentativa levou-a a ser presa por soldados israelitas. Bernawi afirmou que a cor da sua pele foi um fator na sua prisão, dizendo: "Óbvio, prenderam todas as jovens de origem africana".[10]

Embora condenado à prisão perpétua, Bernawi foi libertada numa troca de prisioneiros em 1977, após ter cumprido dez anos de pena.[6] Ela foi deportada, mas retornou ao partido político Fatah, servindo mais tarde como a primeira chefe mulhere do Corpo de Polícia Feminina Palestiniana em Gaza.[11] Mais tarde, ela casou com um ex-prisioneiro de Acre, Fawzi al-Nimr, que foi libertado em maio de 1985.[12]

Em 1996, ela era "a mulher de maior posição na milícia Fatah e... chefe da secção feminina da polícia no governo autónomo palestiniano na Faixa de Gaza e Jericó".[13] Yasser Arafat, notável líder da Fatah e presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), tinha-a em alta conta.[14]

Em 28 de maio de 2015, Bernawi foi homenageada pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, com a Estrela de Honra Militar "em agradecimento ao seu papel pioneiro na luta" e "pelo bem público". Embora o atentado pelo qual ela foi homenageada tenha sido um fracasso, Bernawi insistiu que foi um sucesso, dizendo: "Isto não é um fracasso, porque gerou medo em todo o mundo. Todas as mulheres que carreguem um saco são revistadas antes de entrar em supermercados, em qualquer lugar, cinemas e farmácias."[15] Bernawi também foi homenageada ao lado de Mahmoud Bakr Hijazi e Ahmad Moussa Salama em homenagem ao Dia do Prisioneiro Palestiniano, a 17 de abril de 2015. Ela foi descrita como "uma das primeiras mulheres palestinianas a adotar [os meios de] operações armadas de auto-sacrifício após o início da revolução palestiniana moderna, que foi lançada pela Fatah a 1 de janeiro de 1965. Ela foi a primeira jovem palestiniana a ser presa pelas forças de segurança israelitas e é a primeira mulher prisioneira listada nos registos do movimento de mulheres prisioneiras [palestinianas]..." [16]

Morte no Egito[editar | editar código-fonte]

Em 3 de novembro de 2022, Bernawi morreu no "Hospital da Palestina" no Cairo, aos 83 anos,[17][18] foi enterrada na cidade de Gaza a 6 de novembro desse ano.[19]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. In honour of Black History Month: the Black-Arab paradigm Arquivado em 19 agosto 2018 no Wayback Machine, 29 October 2016
  2. «Women's Struggle in Occupied Palestine». New Jersey Solidarity: Activists for the Liberation of Palestine. Democratic Palestine, May 1984. Consultado em 13 novembro 2014. Arquivado do original em 7 outubro 2008 
  3. Abdulhadi, Rabab Ibrahim (julho 2012). «Living Under Occupation» (PDF). Against the Current (159): 17. Consultado em 14 novembro 2014. Cópia arquivada (PDF) em 4 junho 2019 
  4. Salhani, Claude (31 dezembro 1977). «13th Anniversary of the Palestinian Revolution». Corbis Images. Consultado em 14 novembro 2014. Arquivado do original em 23 setembro 2015 
  5. Ferwana, Abdel Nasser (9 março 2012). «" فاطمة برناوي " أول أسيرة وبداية الحكاية ("Fatima Barnawi" and the beginning of the first captive tale)». Palestine Behind Bars. Consultado em 14 novembro 2014. Arquivado do original em 30 janeiro 2018 
  6. a b «Palestine's unique African quarter | Mena – Gulf News». web.archive.org. 3 de janeiro de 2020. Consultado em 4 de novembro de 2023 
  7. Kawar, Amal (1996). Daughters of Palestine: leading women of the Palestinian national movement (PDF). Albany, NY: State University of New York Press. ISBN 0-7914-2845-1. Consultado em 26 outubro 2014. Cópia arquivada (PDF) em 5 março 2016 
  8. Kawar, Amal. Daughters of Palestine (PDF). [S.l.: s.n.] Consultado em 14 novembro 2014. Cópia arquivada (PDF) em 5 março 2016 
  9. Amireh, Amal (Outono 2003). «Between Complicity and Subversion: Body Politics in Palestinian National Narrative» (PDF). The South Atlantic Quarterly (102:4): 769. Consultado em 13 novembro 2014. Cópia arquivada (PDF) em 29 novembro 2014 
  10. Fatima Bernawi, as quoted in Kawar, Amal. Daughters of Palestine (PDF). [S.l.: s.n.] Consultado em 14 novembro 2014. Cópia arquivada (PDF) em 5 março 2016 
  11. Courtney, Andrew. «Guardians of the Mosque: African Palestinians of Jerusalem» (PDF). p. 18. Consultado em 14 novembro 2014. Arquivado do original (PDF) em 3 fevereiro 2015 
  12. «في يوم المرأة العالمي فاطمة البرناوي: أول أسيرة في الثورة الفلسطينية المعاصرة». qudsnet.com (em árabe). 8 março 2021. Consultado em 12 novembro 2022. Arquivado do original em 16 novembro 2021 
  13. Kawar, Amal. Daughters of Palestine (PDF). [S.l.: s.n.] Consultado em 14 novembro 2014. Cópia arquivada (PDF) em 5 março 2016 
  14. «Yasser Arafat: A living legend yet». Al-Ahram Weekly. 24 novembro 2004. Arquivado do original em 6 janeiro 2015 
  15. «Abbas awards terrorist with "Star of Honor"». Palestinian Media Watch. 4 junho 2015. Consultado em 5 junho 2015. Arquivado do original em 7 junho 2015 
  16. «Palestinian Authority President Mahmoud 'Abbas Awards Medals Of Honor To Fatah Terrorists». The Middle East Media Research Institute. 17 abril 2015. Consultado em 5 junho 2015. Arquivado do original em 5 julho 2015 
  17. «Afro-Palestinian Fatima Bernawi, first of Israel's women prisoners, dies». The New Arab. 3 novembro 2022. Consultado em 3 novembro 2022 
  18. «قامة وطنية ثائرة.. نعي رسمي وشعبي لفاطمة البرناوي أولى أسيرات الثورة الفلسطينية المعاصرة». Al Jazeera (em árabe). 4 novembro 2022 
  19. «تشييع جثمان أولى أسيرات الثورة الفلسطينية في قطاع غزة». arabi21.com (em árabe). 6 novembro 2022