Fernando Manuel Alves Machado

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Fernando Manuel Alves Machado
Nascimento 7 de junho de 1906
Porto, Portugal
Morte 25 de maio de 1991 (84 anos)
Lisboa, Portugal
Nacionalidade Portuguesa
Progenitores Mãe: Maria Celestina Alves Machado
Pai: José Júlio Gonçalves Coelho
Cônjuge Maria Amália de Brito Capelo de Morais, Maria do Pilar Freire Temudo
Ocupação Advogado

Fernando Manuel Alves Machado GCC (Porto 7 de junho de 1906 — Lisboa, 25 de maio de 1991) desempenhou diversos cargos públicos durante o Estado Novo tendo sido Secretário de Estado do Comércio de 1965 a 1969.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho do historiador portuense José Júlio Gonçalves Coelho e de Maria Celestina Alves Machado (filha do 1.º Visconde de Alves Machado e 1.º Conde de Alves Machado).[1]

Fernando Alves Machado teve um papel de relevo na melindrosa questão do volfrâmio durante a segunda guerra mundial.[2] Em Junho de 1941, os alemães, após terem invadido a Rússia, vêem-se privados da sua principal fonte de volfrâmio e voltam-se para Península Ibérica como fonte alternativa. Portugal, país neutral, fica numa posição complicada.[3] Começa então um período de melindrosas negociações com a Grã-Bretanha, Estados Unidos e Alemanha. É nesta altura, em 1942, que Alves Machado é chamado para a Vice-presidência da Comissão Reguladora do Comércio dos Metais, vindo a assumir a presidência nos anos de 1945 e 1946.[4]

Mais tarde integrou a equipa de José Gonçalo Correia de Oliveira, equipa que colocou Portugal como membro fundador da EFTA, Associação Europeia de Livre Comércio, em 30 de Dezembro de 1959 e que negociou para Portugal o estatuto de membro associado da CEE, em 1962, colocando Portugal na senda dos mercados Europeus, o que esteve na base do período de maior crescimento económico de Portugal no século XX.[5][6]

Enquanto Secretário do Comércio (1965-1969) teve um papel de forte pendor reformista e de abertura económica. Em 1967 aboliu, por portaria,[7] o regime proteccionista do comércio do bacalhau, que se encontrava em vigor desde meados de trinta, o que determinou o fim da tabela de preços e do condicionamento das importações, sentenciando o fim da cartelização estatal das importações, com sinais de insustentabilidade há muito evidenciados, desmantelando uma das obras de referência do início do Estado Novo, conduzida por Henrique Tenreiro, «patrão das pescas» ".[8][9]

Notas Biográficas[10][editar | editar código-fonte]

  • Auditor Jurídico do Serviço de Fomento Mineiro,
  • Vice Presidente (1942-1944) e Presidente (1945-1946) da Comissão Reguladora dos Metais e membro da delegação portuguesa que negociou o segundo acordo Luso-alemão sobre o volfrâmio.[4]
  • Presidente da Junta Nacional de Resinosos.
  • Presidente do Fundo de Abastecimento.
  • Presidente do Fundo de Fomento da Exportação.
  • Presidente da Comissão de Cooperação Económica Externa.
  • Membro do Conselho Superior do Comércio.
  • Membro do Conselho Superior da Indústria.
  • Membro do Conselho Superior da Agricultura.
  • Membro do Conselho Superior da Economia.
  • Membro do Conselho Técnico Corporativo.
  • Foi representante permanente do Ministério da Economia nas negociações de carácter comercial com a França, Reino Unido e Alemanha Federal.
  • Foi Presidente da Comissão Mista de Cooperação Económica Luso-alemã.
  • Fez parte de comissão que em Washington negociou com o Eximbank a concessão do empréstimo destinado à construção de Ponte Salazar.
  • Durante anos foi Delegado de Portugal aos encontros com os Países de Leste Europeu que se realizavam na sede Europeia da ONU em Genebra.
  • Chefiou as delegações de Portugal às reuniões ministeriais da OCDE em 1969 e do GATT em 1968.
  • Secretário de Estado do Comércio do Governo do Dr. Salazar[11], de quem tinha sido aluno em Coimbra, entre 1965 e 1969, no Ministério da Economia de José Gonçalo Correia de Oliveira.
  • Administrador, em representação do Banco de Fomento Nacional, da Companhia de Seguro de Credito em 1972.
  • Delegado do Governo junto do Banco de Angola de 28 de Fevereiro de 1973[12] até Abril de 1975.[10]

Trabalhos Publicados[editar | editar código-fonte]

  • Machado, Fernando Manuel Alves; Sola, Luis de Castro e (1941). Legislação mineira. :contendo legislação relativa a carvões, acórdãos, pareceres e resoluções diversas 2.ª ed. Lisboa: Imp. Nacional 

Títulos e Condecorações[13][editar | editar código-fonte]

Ordens honoríficas portuguesas:

Ordens honoríficas estrangeiras:

Outras condecorações:

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Garrido, Álvaro (2010). O Estado Novo e a Campanha do Bacalhau. [S.l.: s.n.] ISBN 9789896441111 
  • Nunes, João Paulo Avelãs (Março 2010). O Estado novo e o volfrâmio (1933-1947). actividade mineira, "Grande Depressão" e Segunda Guerra Mundial 1.ª ed. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra. ISBN 978-989-26-0007-9. Consultado em 1 de Junho de 2014 
  • Pinto, Jaime Nogueira (Organização) (1993). Salazar visto pelos seus próximos. [S.l.]: Bertrand Editora S. A. ISBN 972-25-0567-X 
  • Silva, António Luís Cansado de Carvalho de Matos e (1985). Anuário da Nobreza de Portugal. II 1.ª ed. Lisboa: Dislivro Histórica. p. 142 

Referências

  1. Silva 1985, p. 142.
  2. Nunes 2010, p. 333.
  3. Wheeler, Douglas (1986). «The Price of Neutrality: Portugal, the Wolfram Question, and World War II». Luso-Brazilian Review, University of Wisconsin Press (em inglês). 23 (1): 107–127. Consultado em 1 de Junho de 2014 
  4. a b Nunes 2010, p. 282.
  5. Mattoso, José; Rosas, Fernando (1994). História de Portugal. : o Estado Novo. 6. Coimbra: Estampa. ISBN 9723310864 
  6. «Fundação da SEDES – As primeiras motivações»  "Nos anos 60 e até 1973 teve lugar, provavelmente, o mais rápido período de crescimento económico da nossa História, traduzido na industrialização, na expansão do turismo, no comércio com a EFTA, no desenvolvimento dos sectores financeiros, investimento estrangeiro e grandes projectos de infra-estruturas. Em consequência, os indicadores de rendimentos e consumo acompanham essa evolução, reforçados ainda pelas remessas de emigrantes.", SEDES
  7. Ministério da Economia - Secretaria de Estado do Comércio (22 de Julho de 1967). «Portaria n.º 22790, NÚMERO : 170/67 SÉRIE I». Diário da República. Consultado em 2 de junho de 2014. Arquivado do original em 13 de janeiro de 2014 
  8. Ferreira, Nuno Estêvão (2006). «O Estado Novo e a Campanha do Bacalhau». Anál. Social (Nº 178id=). Consultado em 1 de Junho de 2014 
  9. Garrido, Alvaro (2006). «Henrique Tenreiro — «patrão das pescas»» (PDF). Anál. Social. XXXVI (Nº 160): 839-862. Consultado em 1 de Junho de 2014 
  10. a b Pinto 1993, pp. 131-143.
  11. Tomás, Presidente da República Américo (19 de março de 1965). «Nomeação do Eng. Domingos Rosado Vitoria Pires, Dr. Fernando Manuel Alves Machado e Eng. Manuel Rafael Amaro da Costa nos cargos de Secretários de Estado da Agricultura,do Comércio e da Indústria - Decreto nº. 46.241». D.G. nº. 66 - I Série. Consultado em 1 de junho de 2014 
  12. Nomeado por despacho da Presidência do Conselho do dia 20 de fevereiro de 1973, publicado no Diário do Governo nº 50 II série de 28 de fevereiro de 1973
  13. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Fernando Manuel Alves Machado". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 27 de maio de 2014 
  14. Selada e Registada com o N.º 296LHE62 em 13 de Novembro de 1962, Archivo da Ordem Nacional da Legião de Honra
Ícone de esboço Este artigo sobre um político português é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.