Fiducia supplicans

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Fiducia suplicans (trad. Suplicando confiança)[1] é um documento católico de 2023 publicado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé e aprovado pelo Papa Francisco.[2] Ele estabelece uma série de esclarecimentos e reformas sobre as chamadas “relações irregulares”, ou seja, aquelas que estabeleceram um vínculo monogâmico e afetivo que perdura no tempo e que não contraíram casamento, sem fazer quaisquer alterações nesta instituição.[3] O casamento na Igreja Católica ainda é entendido apenas como a união entre um homem e uma mulher, proibindo todo tipo de casamento que não seja heterossexual e monogâmico, como casamento entre pessoas do mesmo sexo, bem como qualquer tipo de bigamia e poligamia heterossexual ou bissexual.[4]

O documento é uma declaração. A última dessas declarações foi o texto Dominus Iesus no ano 2000. Em 2021, a FDUC emitiu um documento conhecido como “responsum”, respondendo à questão de saber se a igreja tem “o poder de dar a bênção às uniões de pessoas do mesmo sexo”. A sua resposta foi “negativa” — e a fundamentação dessa resposta foi apresentada numa “nota explicativa” anexa.[5]

Descrição[editar | editar código-fonte]

O documento foi criado a partir de uma série de perguntas, tanto formais quanto informais, à Igreja Católica em relação ao Responsum ad dubium (Resposta a uma dúvida em latim), documento anterior publicado em 2021 pela mesma instituição.[6] A mudança mais importante foi a permissão para padres católicos realizarem bênçãos em casais do mesmo sexo, mas também em casais do sexo oposto que ainda não são casados. Este tipo de bênção informal e espontânea não é um sacramento nem um rito da Igreja Católica, pelo que não é realizada nenhuma cerimónia especial para a mesma.[1] A Igreja Católica continua a defender que as relações sexuais são lícitas apenas dentro do casamento, por isso os casais heterossexuais são instados a casar e a não considerar esta bênção como uma alternativa ao casamento. Numa oração improvisada por um clérigo com suas próprias palavras, ele pede ao casal a paz, a saúde, o espírito de paciência, o diálogo e a ajuda mútua, mas também a luz e a força de Deus para poder cumprir plenamente a vontade dele.[7] Todas as relações sexuais extraconjugais são consideradas pecado pela Igreja e continuam a sê-lo, por isso se pede o afeto que possa existir entre as duas pessoas do mesmo sexo envolvidas.[8] Em outras palavras, a atração sexual entre duas pessoas do mesmo sexo não é condenada de acordo com a moralidade sexual da Igreja, mas o ato sexual sim.[9]

Veja também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Wooden, Cindy (18 de dezembro de 2023). «Doctrinal dicastery explains how, when gay couples can be blessed». Usccb.org. United States Conference of Catholic Bishops. Consultado em 19 de dezembro de 2023 
  2. Faiola, Anthony; Pitrelli, Stefano (18 de dezembro de 2023). «Pope Francis allows blessings of same-sex couples, shifting Vatican guidance». Washingtonpost.com. The Washington Post. Consultado em 19 de dezembro de 2023 
  3. «Doctrinal declaration opens possibility to bless couples in irregular situations». Vatican News. 18 de dezembro de 2023. Consultado em 19 de dezembro de 2023 
  4. Arnold, Tyler (18 de dezembro de 2023). «US Bishops: Vatican Declaration on Blessings Does Not Change Church Teaching on Marriage». National Catholic Register. Consultado em 19 de dezembro de 2023 
  5. ‘Fiducia supplicans’: What does it say?
  6. Hudson, Patrick (18 de dezembro de 2023). «DDF declaration opens door to blessings for 'irregular' couples». Thetablet.co.uk. The Tablet. Consultado em 19 de dezembro de 2023 
  7. Martin S.J., James (18 de dezembro de 2023). «Pope Francis' same-sex blessings declaration is a major step forward for LGBTQ Catholics». Americamagazine.org. America Magazine. Consultado em 19 de dezembro de 2023 
  8. Flynn, JD (18 de dezembro de 2023). «The 'spirit' of 'Fiducia supplicans'». Pillarcatholic.com. The Pillar. Consultado em 19 de dezembro de 2023 
  9. Pullella, Philip (18 de dezembro de 2023). «Vatican approves blessings for same-sex couples in landmark ruling». Reuters. Consultado em 19 de dezembro de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]