Francisco de Paula de Gouveia Lobo de Ávila

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Francisco de Paula de Gouveia Lobo de Ávila
Nascimento 1801
Faro
Cidadania Portugal
Ocupação chefe militar
Prêmios
  • Cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa
  • Comendador da Ordem de Avis

Francisco de Paula de Gouveia Lobo de Ávila OTEComACvNSC (Lagoa, 23 de Julho de 1801Porto, 27 de Outubro de 1887) foi um militar do Exército Português, onde se reformou no posto de general de divisão, que se distinguiu durante a Guerra Civil Portuguesa e exerceu importantes funções de comando e políticas durante o setembrismo e no período da Patuleia, tendo sido membro da Junta Governativa do Porto.[1] Foi irmão do político Joaquim Tomás Lobo de Ávila, 1.º Conde de Valbom.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Era filho de Joaquim Anastácio Lobo de Ávila (? - 7 de Janeiro de 1884), Capitão e Coronel de Infantaria, que fez toda a Guerra Peninsular e foi condecorado no campo da Batalha de Albuhera, em 1811, em que os Exércitos Aliados derrotaram o General Soult, proprietário e lavrador abastado, e de sua mulher Mariana Vitória de Mendonça Pessanha Mascarenhas, irmão de Amândio José Lobo de Ávila, José Maria Lobo de Ávila e Joaquim Tomás Lobo de Ávila, 1.º Conde de Valbom, e tio paterno de Artur Eugénio Lobo de Ávila e Carlos de Orta Lobo de Ávila, um dos Vencidos da Vida. O pai era de origem transmontana, da Casa de Chavães em Baião, a mãe pertencia a uma das mais distintas famílias algarvias.[1]

Destinado a seguir a carreira militar, como era tradição na família, concluídos os estudos preparatórios, frequentou o curso da Academia de Marinha, revelando-se um aluno distinto, premiado em todos os três anos de estudos.[1] Já depois da Revolução do Porto e da implantação do vintismo, e assentou Praça a 10 de Fevereiro de 1823 como voluntário no Regimento de Infantaria N.º 10. Incorporado naquele Regimento, com o qual entrou nas lutas contra os Miguelistas, participou na resistência à restauração do Absolutismo durante os anos de 1826 e 1827, nomeadamente nos combates da Ponte da Cabra e de Coruche.

Mantendo-se no Regimento de Infantaria N.º 10, em Junho de 1827 passou a Cadete, sendo a 9 de Julho do mesmo ano promovido a Alferes, no mesmo Regimento, iniciando assim a sua carreira de Oficial do Exército Português. Partidário do Liberalismo, participou em 1828 na tentativa de resistência ao governo de D. Miguel I de Portugal, quando este deu o Golpe de Estado, que motivou a sublevação de grande parte do Exército, combateu entre as forças liberais, tendo participado no combate da Cruz dos Morouços. Com a derrota das forças liberais, foi obrigado a refugiar-se na Galiza com o grosso das forças militares do partido liberal. Distinguiu-se no estratagema e celebrizou-se nesta época por ter salvo as bandeiras regimentais do confisco pelos militares espanhóis, escondendo uma sob a sua roupa e outra sob a roupa do porta-bandeira regimental, um militar de nome Girão.[3]

Seguindo o destino da chamada emigração liberal, foi expulso da Galiza e exilou-se na Inglaterra, Grã-Bretanha e Irlanda, permanecendo no aquartelamento de Plymouth em que os refugiados portugueses foram instalados. em 1831 partiu de Plymouth para a ilha Terceira, nos Açores, onde as forças liberais se concentraram em preparação da guerra civil que se antevia. Na ilha Terceira foi inicialmente integrado na Companhia de Sapadores de Angra e depois adido ao Batalhão de Artilharia de Angra, sendo promovido a Tenente em Outubro daquele ano e colocado no Batalhão de Artilharia N.º 1 com o qual participou na conquista das ilhas de São Jorge e do Faial e depois na tomada da ilha de São Miguel, participando no combate da Ladeira da Velha. Durante a sua permanência em São Miguel foi Inspector do Arsenal.

Foi um dos Bravos do Mindelo, integrando as tropas liberais que protagonizaram o Desembarque do Mindelo em 1832, acompanhando D. Pedro IV de Portugal na entrada na cidade do Porto. Durante o Cerco do Porto exerceu as funções de Ajudante de Campo do Comandante Geral de Artilharia.[1] Distinguiu-se na acção de 14 de Novembro, ao Sul do Rio Douro, que teve como resultado a inutilização duma Bateria de Artilharia Miguelista, o que lhe mereceu a concessão do grau de Oficial da [[Real Ordem Militar da Torre e Espada. Fez toda a campanha liberal, participando nas principais batalhas da Guerra Civil Portuguesa, distinguindo-se por diversas vezes. Feito Capitão do Estado-Maior a 4 de Abril de 1833, ainda mostrou o seu valor nas Linhas de Lisboa, nos combates de Amarante e Castro Daire e na Batalha de Asseiceira, na qual foi condecorado como Cavaleiro da Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Terminada a Guerra Civil Portuguesa, foi feito Comendador da Real Ordem Militar de São Bento de Avis e foi sucessivamente nomeado Chefe do Estado Maior da 6.ª Divisão, promovido a Major e a Tenente-Coronel e nomeado Chefe do Estado Maior da 3.ª Divisão.

Na política, em que ingressou e foi eleito Deputado[2] por Ovar, foi enérgico adversário de António Bernardo da Costa Cabral, acompanhou a Revolução no Porto, foi Ministro Encarregado dos Negócios da Guerra na Junta por ela nomeada, e organizou as forças partidárias desta Junta. Depois da Convenção de Gramido, a 30 de Junho de 1847, manteve-se alheado da política até 1854 e foi promovido a General de Divisão em 1864. Em Dezembro deste ano, o Governo, de que fazia parte seu irmão, Joaquim Tomás Lobo de Ávila, como Ministro da Fazenda, pretendeu conferir-lhe a Medalha de Ouro de Valor Militar, a Medalha de Prata de Comportamento Exemplar e a Medalha de Prata de Bons Serviços, mas a Oposição, que era muito viva, manifestou-se nos seus jornais contra a intenção do Governo e, nesta campanha, que ficou conhecida pelo nome de Cruz de Soutulho, formularam-se acusações tão violentas contra si que teve que pedir a reforma e procurar em Santarém e, mais tarde, no Porto, uma vida retirada. Como a Oposição o tivesse acusado de se ter aproveitado da sua situação na Junta do Porto para obter certas vantagens materiais e de haver contribuído para o assassínio do Advogado Agostinho Júlio, seu filho Rodrigo Lobo de Ávila replicou a todos os panfletos publicados com uma memória intitulada O General Francisco de Paula Lobo de Ávila e os Seus Detractores, Lisboa, 1865. Publicou-se, na mesma ocasião, em defesa do General Lobo de Ávila, um folheto, que se julgou escrito por ele próprio, e intitulado A Questão da Concessão das Medalhas Militares ao General Lobo de Ávila. A campanha da Oposição forçou Joaquim Tomás Lobo de Ávila a sair do Governo, que teve de ser remodelado porque outros Ministros o acompanharam na demissão.

Condecorações[editar | editar código-fonte]

Casamento e descendência[editar | editar código-fonte]

Casou com Teresa Adelaide Ribeiro Teles da Silva (Santarém, c. 1807 - Baião, Ovil, 12 de Agosto de 1883), Senhora da Casa de Chavães, em Ovil, Baião, filha de Rodrigo Ribeiro Teles da Silva, de Santarém, e de sua mulher Quitéria Delfina Ribeiro Borges, com geração, incluindo Rodrigo de Gouveia Lobo de Ávila.[2]

Referências

  1. a b c d Lobo de Ávila no Portugal - Dicionário Histórico.
  2. a b c d e "Costados", D. Gonçalo de Mesquita da Silveira de Vasconcelos e Sousa, Livraria Esquina, 1.ª Edição, Porto, 1997, N.º 67
  3. As duas bandeiras foram colocadas, após a vitória liberal na Guerra Civil no Museu Militar instalado no Arsenal do Exército.
  • Vários, Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Editorial Enciclopédia, 2.ª Edição, Lisboa, 1989, Volume 15, pp. 362-3
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