Garcia Moniz de Ribadouro
Garcia Moniz de Ribadouro | |
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Senhor | |
Morte | c. ou depois de 1068 |
Sepultado em | Mosteiro de Travanca, Porto |
Nome completo | Garcia Moniz de Riba Douro |
Cônjuge | Elvira? |
Descendência | Olíbio Garcia |
Dinastia | Ribadouro |
Pai | Monio Viegas I de Ribadouro |
Mãe | ? |
Religião | Catolicismo romano |
Garcia Moniz de Ribadouro, chamado O Gasco (f. depois de 1068) foi um nobre português do século XI. Atribui-se-lhe a fundação do Mosteiro de Travanca[1].
Biografia[editar | editar código-fonte]
A origem[editar | editar código-fonte]
Os velhos relatos contam que, em 999, num ano de mudança no reino de Leão, uma vez em que se dá a morte de Bermudo II e a ascensão do conde Mendo Gonçalves de Portucale à regência do pequeno Afonso V, teriam ocorrido na foz do Douro um desembarque de Cristãos, comandados por Monio Viegas, o suposto fundador da estirpe ribaduriense (ou gascã) que seria oriundo da Gasconha.[2] Esta informação pode ser crível, mas na doação que Garcia Moniz faz em 1068 ao rei da Galiza, se refira a bens que herdara os bens que doava dos avós, pelo que estes, os supostos pais do “fundador da Gasconha” já tinham domínio no Ribadouro, e assim Monio não conquistou tal domínio, mas herdou-o, não podendo desta forma advir da Gasconha, pois era natural de Portugal, provavelmente de um lugar português chamado Gasconha (ou Casconha, no atual concelho de Paredes)[1].
Primeiros anos[editar | editar código-fonte]
Garcia era filho segundo do grande Monio Viegas I de Ribadouro[1], que é geralmente considerado o fundador da dinastia dos Ribadouros. Desconhece-se o nome da mãe. Pelo patronímico, é possível dizer que o seu avô paterno se chamava Egas, provavelmente Egas Moniz, nome que viria a ser bastante comum na família (aliás, era o nome do seu irmão mais velho e herdeiro da casa).
A fundação de Travanca e a questão com o Mosteiro de Soalhães[editar | editar código-fonte]
A primeira notícia de Garcia é de 1008, quando o pai lhe doara a vila de Travanca, sem obrigação de a repartir com o seu irmão Egas, mas com a de edificar um mosteiro[1], que terá fundado nesse ano.[3]
Também se sabe que Garcia Moniz atacou o mosteiro de Soalhães, apoderando-se-lhe de herdades[1] e tentando também obter o seu padroado.[4] Desta forma, os presbíteros Afonso e João moveram causa contra ele junto dos “vigários” do rei Fernando I de Leão e Castela em Portugal, a saber, Diogo Trutesendes, Mendo Dias e Gosendo Arnaldes de Baião. Falhando a primeira instância, os próprios vigários conduziram a questão a Palência do Conde, perante o próprio rei Fernando e seu conselho, composto dos bispos Alvito, Diogo Vestruariz, Mauselo, Miro e Sisnando (o bispo do Porto), do conde Sancho Vasques, Nuno Mendes (provavelmente o que viria a ser caudilho dos Portugueses) e Framego Dias e dos infanções portugueses Gomes Echegues de Sousa, Mendo Gonçalves da Maia e Godinho Viegas, além de vários outros fidalgos; aí se decidiu a causa a favor do mosteiro, de que aliás eram padroeiros os avós de Garcia Moniz, e este acabou por fazer prazo da herdade em questão aos presbíteros.
Últimos anos[editar | editar código-fonte]
Surge novamente na documentação, numa das suas últimas vezes, em 1066, quando, com sua esposa Elvira, faz uma vastíssima doação a Garcia II da Galiza; Em 1068 aparece um Monio Viegas (II) chamar seu sobrinho, e neto de outro Monio Viegas (I). Sabe-se que em 1068 este Monio sobrinho recebe do rei da Galiza uma parte dos bens que o tio doara dois anos antes.
Morte[editar | editar código-fonte]
Segundo a tradição, Garcia terá falecido em 1068, em combate contra os Mouros:
Citação: En aquel tiempo llamavanle la Foz de Duero Malo, y lidiaron alli con grande exercito de Moros por muchas vezes y fue muerto por ellos en un recuentro dõ Garcia Moñiz el Gasco (...)[5]
Casamento e descendência[editar | editar código-fonte]
Garcia foi casado com uma senhora de nome Elvira, mas de origens desconhecidas. A maioria das fontes sugere que não deixou descendência, mas há quem lhe atribua pelo menos um filho[1]:
- Olíbio Garcia, que terá herdado do pai bens na terra de Favões[1].
Referências
- ↑ a b c d e f g GEPB 1935-57.
- ↑ Portugal primitivo medievo. [S.l.]: A. de Almeida Fernandes, Tarouca (Viseu, Portugal). Câmara Municipal, Santa Casa da Misericórdia do Porto
- ↑ Historia antiga e moderna da sempre leal e antiqussima de Amarante. [S.l.: s.n.]
- ↑ Mosteiro de Travanca - Garcia Moniz
- ↑ Nobleza del Andaluzia... Gonçalo Argote de Molina dedico i ofrecio esta historia. [S.l.]: Gonzalo Argote de Molina
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira - 50 vols. , Vários, Editorial Enciclopédia, Lisboa.
- António Caetano de Sousa, História Genealógica da Casa Real Portuguesa, Atlântida-Livraria Editora, Lda, 2ª Edição, Coimbra, 1946. Tomo XII-P-pg. 144.
- Gayo, Manuel José da Costa Felgueiras, Nobiliário de Famílias de Portugal, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989. vol. X-pg. 315 (Sousas).