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Grupo sanguíneo: diferenças entre revisões

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Os tipos sanguíneos são determinados pela presença, na superfície das hemácias, de [[antígeno]]s que podem ser de natureza bioquímica variada, podendo ser compostos por carboidratos, lipídeos, proteínas ou uma mistura desses compostos. Estes antígenos eritrocitários são independentes do [[Complexo principal de histocompatibilidade]] (HLA), o qual determina a histocompatibilidade humana e é importante nos transplantes.
Os tipos sanguíneos são determinados pela presença, na superfície das hemácias, de [[antígeno]]s que podem ser de natureza bioquímica variada, podendo ser compostos por carboidratos, lipídeos, proteínas ou uma mistura desses compostos. Estes antígenos eritrocitários são independentes do [[Complexo principal de histocompatibilidade]] (HLA), o qual determina a histocompatibilidade humana e é importante nos transplantes.


CONCEITO
==Importância==
Cada indivíduo possui um conjunto diferente de antígenos eritrocitários, e por seu número --- existem hoje cerca de 27 sistemas antigênicos conhecidos,<ref name="Beiguelman" /> mais alguns antígenos diferenciados que ainda não foram atribuídos a nenhum sistema específico<ref name="AABB Manual">American Association of Blood banks.'''Technical Manual'''. Bethesda, Maryland, 14th edition, [[2002]]. ISBN 1-56395-155-X</ref> --- é difícil (se não impossível) encontrar dois indivíduos de mesma composição antigênica. Daí a possibilidade da presença, no soro, de anticorpos específicos (dirigidos contra os antígenos que cada indivíduo ''não'' possui), o que resulta na aglutinação ou hemólise quando ocorre uma transfusão incompatível (ou, em determinações laboratoriais, quando se fazem reagir soros específicos com os antígenos correspondentes presentes nas hemácias).
Cada indivíduo possui um conjunto diferente de antígenos eritrocitários, e por seu número --- existem hoje cerca de 27 sistemas antigênicos conhecidos,<ref name="Beiguelman" /> mais alguns antígenos diferenciados que ainda não foram atribuídos a nenhum sistema específico<ref name="AABB Manual">American Association of Blood banks.'''Technical Manual'''. Bethesda, Maryland, 14th edition, [[2002]]. ISBN 1-56395-155-X</ref> --- é difícil (se não impossível) encontrar dois indivíduos de mesma composição antigênica. Daí a possibilidade da presença, no soro, de anticorpos específicos (dirigidos contra os antígenos que cada indivíduo ''não'' possui), o que resulta na aglutinação ou hemólise quando ocorre uma transfusão incompatível (ou, em determinações laboratoriais, quando se fazem reagir soros específicos com os antígenos correspondentes presentes nas hemácias).
Diferentes sistêmas antigênicos se caracterizam por induzir a formação de anticorpos em intensidades diferentes; além do que, alguns são mais comuns e outros, mais raros. Estes dois fatos associados determinam a importância clínica de cada sistema.
Diferentes sistêmas antigênicos se caracterizam por induzir a formação de anticorpos em intensidades diferentes; além do que, alguns são mais comuns e outros, mais raros. Estes dois fatos associados determinam a importância clínica de cada sistema.

Revisão das 11h45min de 19 de abril de 2010

Distribuição dos principais tipos sanguíneos na população mundial.[carece de fontes?]

Os grupos sanguíneos ou tipos sanguíneos foram descobertos no início do século XX (cerca de 1900 - 1901), quando o cientista austríaco Karl Landsteiner se dedicou a comprovar que havia diferenças no sangue de diversos indivíduos.[1] Ele colheu amostras de sangue de diversas pessoas, isolou os glóbulos vermelhos (hemácias) e fez diferentes combinações entre plasma e hemácias, tendo como resultado a presença de aglutinação dos glóbulos em alguns casos, e sua ausência em outros. Landsteiner explicou então por que algumas pessoas morriam depois de transfusões de sangue e outras não. Em 1930 ele ganhou o Prêmio Nobel por esse trabalho.

Os tipos sanguíneos são determinados pela presença, na superfície das hemácias, de antígenos que podem ser de natureza bioquímica variada, podendo ser compostos por carboidratos, lipídeos, proteínas ou uma mistura desses compostos. Estes antígenos eritrocitários são independentes do Complexo principal de histocompatibilidade (HLA), o qual determina a histocompatibilidade humana e é importante nos transplantes.

CONCEITO Cada indivíduo possui um conjunto diferente de antígenos eritrocitários, e por seu número --- existem hoje cerca de 27 sistemas antigênicos conhecidos,[1] mais alguns antígenos diferenciados que ainda não foram atribuídos a nenhum sistema específico[2] --- é difícil (se não impossível) encontrar dois indivíduos de mesma composição antigênica. Daí a possibilidade da presença, no soro, de anticorpos específicos (dirigidos contra os antígenos que cada indivíduo não possui), o que resulta na aglutinação ou hemólise quando ocorre uma transfusão incompatível (ou, em determinações laboratoriais, quando se fazem reagir soros específicos com os antígenos correspondentes presentes nas hemácias). Diferentes sistêmas antigênicos se caracterizam por induzir a formação de anticorpos em intensidades diferentes; além do que, alguns são mais comuns e outros, mais raros. Estes dois fatos associados determinam a importância clínica de cada sistema.

Os sistemas antigênicos considerados mais importantes são o sistema ABO e o Sistema Rh.[1] Estes são os sistemas mais comumente relacionados às temidas reações transfusionais hemolíticas. Reações contra antígenos eritrocitários também podem causar a Doença Hemolítica do Recém-nascido,causada pelo fator Rh+ do pai e da criança e o Rh - da mãe[3] - (DHRN ou Eritroblastose Fetal), cuja causa geralmente (mas não sempre) se associa a diferenças antigênicas relacionadas ao Sistema Rh.

A determinação dos grupos sanguíneos tem importância em várias ciências:

  • Em Hemoterapia, torna-se necessário estudar pelo menos alguns desses sistemas em cada indivíduo para garantir o sucesso das transfusões. Assim, antes de toda transfusão eletiva, é necessário se determinar, pelo menos, a tipagem ABO e Rh do doador e do receptor.
  • Em ginecologia/obstetrícia e neonatologia, é possível se diagnosticar a DHRN através do seu estudo, adotando-se medidas preventivas e curativas.
  • Em Antropologia, é possível estudar diversas raças e suas interrelações evolutivas, através da análise da distribuição populacional dos diversos antígenos, determinando sua predominância em cada raça humana e fazendo-se comparações.
  • Em Medicina legal, é possível se determinar, por exemplo, o tipo sanguíneo de um criminoso a partir de material colhido na cena do crime, auxiliando na investigação criminal.

Terminologia e uso

Alguns termos utilizados no que se referem à tipagem sanguínea são ambíguos ou pouco conhecidos.

  • A determinação, em laboratório, da tipagem quanto aos sistemas ABO e Rh é rotineiramente realizada em um procedimento único. A melhor maneira de se referir a este procedimento e a seu resultado é Tipagem sanguínea (ABO e Rh). Entretanto a simplicidade consagrou o uso da palavra tipagem para se referir aos dois sistemas.
  • Quando necessária a distinção, convencionou-se utilizar respectivamente as expressões grupo ABO e Fator Rh. Estas designações, contudo, não são unânimes.
  • Geralmente usam-se os termos aglutininas para se referir aos anticorpos e aglutinógenos para se referir os antígenos.[1]
  • Um estudo mais aprofundado do sistema ABO determinou a presença de variedades antigênicas ou subgrupos.[1] Estes podem ser designados, por exemplo, A1, A2 ou Bx.
  • Historicamente, a classificação de Landsteiner previa os grupos A, B e O; o grupo AB foi posteriormente descoberto (1902, von Decastello e Sturli).[1] No entanto, em inobservância à tradição, alguns autores falam em grupo 0 ("zero"). Esta designação é incorreta, pois assume que os pacientes do grupo O não apresentam aglutininas em suas hemácias (na verdade, os pacientes do grupo O apresentam em todas as suas hemácias a aglutinina H, exceção feita ao raríssimo fenótipo OBombay --- o qual não apresenta aglutininas para o sistema ABO).
  • Estudos determinaram que o sistema Rh apresenta certa complexidade genética, além de variações qualitativas e quantitativas em sua expressão. Assim, são usadas as seguintes designações:
    • O termo Rh Fraco substituiu a designação Du. Este termo representa uma variação quantitativa na expressão do antígeno D.
    • O termo Rhnull designa uma condição rara, em que os antígenos do sistema Rh estão completamente ausentes.
    • O termo "CDE" designa a determinação, recomendada para os pacientes Rh negativos, de outros antígenos menos freqüentes do sistema Rh. Assim, fala-se em Rh negativo ou Rh negativo, CDE positivo.
  • Em alguns casos, pode ser necessária a determinação mais detalhada dos antígenos dos sistemas ABO e Rh, e/ou a determinação de antígenos pertencentes a outros sistemas antigênicos. Esta determinação é geralmente denominada fenotipagem.
  • Da combinação entre o Sistema ABO e Fator Rh, podemos encontrar os chamados doador universal (O negativo) e receptor universal (AB positivo).
  • Entretanto, normalmente se faz a transfusão isogrupo (doador e receptor de mesma tipagem ABO e Rh) em preferência à doação heterogrupo (tipos diferentes).

Distribuição de ABO e Rh por país

Tipo de distribuição do sangue por nação (média em população)
País O+ A+ B+ AB+  O−  A−  B− AB−
Alemanha[4] 35% 37% 9% 4% 6% 6% 2% 1%
Arábia Saudita[5] 48% 24% 17% 4% 4% 2% 1% 0.23%
Austrália[6] 40% 31% 8% 2% 9% 7% 2% 1%
Áustria[7] 30% 33% 12% 6% 7% 8% 3% 1%
Bélgica[8] 38% 34% 8.5% 4.1% 7% 6% 1.5% 0.8%
Brasil[9] 36% 34% 8% 2.5% 9% 8% 2% 0.5%
Canadá[10] 39% 36% 7.6% 2.5% 7% 6% 1.4% 0.5%
Dinamarca[11] 35% 37% 8% 4% 6% 7% 2% 1%
Espanha[12] 36% 34% 8% 2.5% 9% 8% 2% 0.5%
Estados Unidos[13] 37.4% 35.7% 8.5% 3.4% 6.6% 6.3% 1.5% 0.6%
Estônia[14] 30% 31% 20% 6% 4.5% 4.5% 3% 1%
Finlândia[15] 27% 38% 15% 7% 4% 6% 2% 1%
França[16] 36% 37% 9% 3% 6% 7% 1% 1%
Hong Kong, China[17] 40% 26% 27% 7% 0.31% 0.19% 0.14% 0.05%
Irlanda[18] 47% 26% 9% 2% 8% 5% 2% 1%
Islândia[19] 47.6% 26.4% 9.3% 1.6% 8.4% 4.6% 1.7% 0.4%
Israel[20] 32% 34% 17% 7% 3% 4% 2% 1%
Noruega[21] 34% 42.5% 6.8% 3.4% 6% 7.5% 1.2% 0.6%
Nova Zelândia[22] 38% 32% 9% 3% 9% 6% 2% 1%
Países Baixos[23] 39.5% 35% 6.7% 2.5% 7.5% 7% 1.3% 0.5%
Polônia[24] 31% 32% 15% 7% 6% 6% 2% 1%
Reino Unido[25] 37% 35% 8% 3% 7% 7% 2% 1%
Suécia[26] 32% 37% 10% 5% 6% 7% 2% 1%
Turquia[27] 29.8% 37.8% 14.2% 7.2% 3.9% 4.7% 1.6% 0.8%

Compatibilidade dos glóbulos vermelhos

  • Grupo sanguíneo AB: Indivíduos têm tanto antígenos A quanto B na superfície de suas RBCs, e o soro sanguíneo deles não contem quaisquer anticorpos dos antígenos A ou B. Assim, alguém com tipo de sangue AB pode receber sangue de qualquer grupo (com AB preferível), mas só pode doar sangue para outros com o tipo AB.
  • Grupo sanguíneo A: Indivíduos têm o antígeno A na superfície de suas RBCs, e o soro sanguíneo contido na Imunoglobulina M são anticorpos contra o antígeno B. Assim, uma pessoa do grupo A pode receber sangue só de pessoas dos grupos A ou O (com A preferível), e só pode doar sangue para indivíduos com o tipo A ou AB.
  • Grupo sanguíneo B: Indivíduos têm o antígeno B na superfície de seus RBCs, e o soro sanguíneo contido na Imunoglobulina M são anticorpos contra o antígeno A. Assim, alguém do grupo B pode receber sangue só de indivíduos de grupos B ou O (com B preferível), e pode doar sangue para indivíduos com o tipo B ou AB.
  • Grupo sanguíneo O (ou grupo sanguíneo zero em alguns países): Indivíduos não possuem antígenos nem A ou B na superfície de suas RBCs, mas o soro sanguíneo deles contêm Imunoglobulina M com anticorpos anti-A e anti-B contra os grupos antígenos A e B. Portanto, alguém do grupo O pode receber sangue só de alguém do grupo O, mas pode doar sangue para pessoas com qualquer grupo ABO (ou seja, A, B, O ou AB). Se qualquer um precisar de uma transfusão de sangue em uma emergência, e se o tempo necessário para processar o recebedor do sangue causaria um atraso prejudicial, o sangue O- (O Negativo) pode ser emitido.
Diagrama mostrando a compatibilidade entre os tipos sanguíneos
Além de doar para o mesmo grupo sanguíneo; doadores de sangue tipo O podem doar para A, B e AB; doadores de sangue dos tipos A e B podem doar a AB.
Tabela de compatibilidade de células de glóbulos vermelhos[28][29]
Receptor[1] Doador[1]
O− O+ A− A+ B− B+ AB− AB+
O− Sim
O+ Sim Sim
A− Sim Sim
A+ Sim Sim Sim Sim
B− Sim Sim
B+ Sim Sim Sim Sim
AB− Sim Sim Sim Sim
AB+ Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Nota da tabela
1. Pressupõe ausência de anticorpos atípicos que causaria uma incompatibilidade entre doador e receptor de sangue, como é habitual em sangues selecionados por cruzamentos apropriados.


Compatibilidade de plasma

Os receptores podem receber plasma do mesmo grupo sanguíneo, mas de outro modo, a compatibilidade doador-receptor para o plasma sanguíneo é o inverso do que o RBC: plasma extraído do sangue tipo AB pode ser transfundido para pessoas de qualquer grupo sanguíneo; indivíduos do grupo sangüíneo O podem receber de qualquer grupo sanguíneo e do pessoas do tipo O podem doar apenas para destinatários do tipo O.

Tabela de compatibilidade de plasma:
Recebedor Doador[1]
O A B AB
O Sim
A Sim Sim
B Sim Sim
AB Sim Sim Sim Sim

Notas
1. Considerando ausência de fortes anticorpos atípicos em doadores de plasma

Anticorpos Rh D são incomuns, geralmente nem RhD negativo nem RhD positivos contem anticorpos anti-RhD. Se um potencial doador é encontrado tendo anticorpos anti-RhD ou qualquer atípico grupo sanguíneo de anticorpos para a triagem de anticorpos do banco de sangue, ele normalmente não é aceito como doador (ou em alguns bancos de sangue, o anticorpo é retirado dele e propriamente rotulados); e, portanto, o doador do banco de sangue pode ser selecionado por ser livre de anticorpos RhD e de outros incomuns, e assim doar para receptores que possuem estes anticorpos, sendo eles negativos ou positivos, enquanto o plasma sanguíneo ABO e do receptor forem compatíveis.

Referências

  1. a b c d e f BEIGUELMAN B. Os Sistemas Sanguíneos Eritrocitários. Ribeirão Preto, SP: FUNPEC Editora, 3a Edição, 2003. ISBN 85-87528-56-4.
  2. American Association of Blood banks.Technical Manual. Bethesda, Maryland, 14th edition, 2002. ISBN 1-56395-155-X
  3. HENRY, John B, (ed). Clinical Diagnosis & Management by Laboratory Methods. USA: Saunders, 20th Edition, 2001. ISBN 0-7216-8864-0.
  4. Distribution of Blood Types(em inglês)
  5. Fequency of ABO blood groups in the eastern region of Saudi Arabia
  6. Blood Types - What Are They?, Australian Red Cross(em inglês)
  7. Austrian Red Cross - Blood Donor Information(em inglês)
  8. Rode Kruis Wielsbeke - Blood Donor information material(em inglês)
  9. Tipos Sanguíneos(em português)
  10. Types & Rh System, Canadian Blood Services(em inglês)
  11. Frequency of major blood groups in the Danish population.
  12. Federación Nacional de Donantes de Sangre/La sangre/Grupos(em castelhano)
  13. Blood Types in the U.S.(em inglês)
  14. Veregruppide esinemissagedus Eestis
  15. Suomalaisten veriryhmäjakauma
  16. Centre Hospitalier Princesse GRACE - Monaco (2005). «Les groupes sanguins (système ABO)» (em Francês). C.H.P.G. MONACO. Consultado em 15 de julho de 2008 
  17. Blood Donation, Hong Kong Red Cross
  18. Irish Blood Transfusion Service/Irish Blood Group Type Frequency Distribution
  19. Blóðflokkar
  20. The national rescue service in Israel
  21. Norwegian Blood Donor Organization
  22. What are Blood Groups? - NZ Blood(em inglês)
  23. «Voorraad Erytrocytenconcentraten Bij Sanquin» (em Holandês). Consultado em 27 de março de 2009 
  24. Regionalne Centrum Krwiodawstwa i Krwiolecznictwa we Wrocławiu
  25. Frequency of major blood groups in the UK.(em inglês)
  26. Frequency of major blood groups in the Swedish population.
  27. Turkey Blood Group Site.
  28. «Tabela de compatibilidade RBC» (em Inglês). American National Red Cross. Dezembro de 2006. Consultado em 15 de julho de 2008 
  29. Blood types and compatibility bloodbook.com (em inglês)

Ver também

Ligações externas