Guiné Britânica

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



Guiné Britânica

1792 – 1870
Continente África
País Guiné-Bissau
Capital Bolama
11° 34' N 15° 28' O
Língua oficial Inglês (oficial) Beafada (nativa)
Governo Colônia
Período histórico Colonialismo
 • 10 de maio de 1792 Subscrição para criação da colónia-modelo de Bolama
 • 1 de outubro de 1870 Transferência de Soberania para Portugal

A Guiné Britânica (em inglês British Guinea),[1] ou Colónia de Bolama e Rio Bolama,[2] foi uma colónia do Reino Unido na África ocidental. Sua capital estava na cidade de Bolama.[3]

A colónia foi fundada em 1792, porém foi incorporada, após arbitragem, à Guiné Portuguesa em 1870. Compreendia basicamente as ilhas adjacentes à ilha de Bolama, no Arquipélago dos Bijagós, e as faixas de terra às margens do rio Buba.[4]

Os seus territórios são actualmente componentes da nação independente Guiné-Bissau.[5]

História[editar | editar código-fonte]

A Guiné já estava sendo gradativamente explorada pelos portugueses desde 1490 em Cacheu, desde 1615 em Bafatá, desde 1641 em Farim e desde 1697 em Bissau. Aquela altura, todas as terras ao norte do rio Geba já estavam claramente sob o domínio lusitano. Porém, Portugal só se interessou pela ilha de Bolama em 1753, e mesmo assim não conseguiu a colonizar de fato.[4]

Início da colonização britânica[editar | editar código-fonte]

A fraca presença presença portuguesa na ilha de Bolama e no Arquipélago dos Bijagós fez com que, em 10 de maio de 1792, dois oficiais da Armada Britânica, os tenentes Philip Beaver e Henry Dalrymple, que conheciam a região por ali terem participado em operações navais, lançassem em Londres uma subscrição destinada a fundar uma colónia-modelo na ilha de Bolama, ao tempo escassamente habitada e aparentemente disponível para colonização europeia.[6][7] Após a desistência de Darlymple, Filippe Beaver, em 27 de julho de 1792, comprou as terras de Bolama do rei de Canhabaque. Após a aquisição, funda uma feitoria com 275 britânicos, na Ponta Oeste, actual Bolama de Baixo, tornando-se o primeiro governante da Guiné Britânica. Em 29 de novembro do mesmo ano ele e os colonos abandonam a povoação. Bolama passa a servir como costa de paragem dos navios britânicos que navegavam entre a Gâmbia e Serra Leoa.[4]

Em 1816 Joseph Scott monta uma expedição para povoação de Bolama, mas, para sua surpresa, encontra tenaz resistência de bijagós que haviam começado a repovoar a ilha, seguindo para a Serra Leoa.[4]

Surgimento e evolução da questão de Bolama[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Questão de Bolama

Em 24 de junho de 1827 o governador colonial britânico da Serra Leoa Neil Campbell, numa expedição a ilha de Bolama e ao Rio Grande de Buba, assina com os régulos de Bolola e Guínala tratados de ratificação da posse de Bolama. Porém, em oposição aos britânicos, menos de um ano depois, em 12 de julho de 1828, o régulo Damião, de Canhabaque, e representantes do régulo Fabião, dos beafadas, assinam um tratado que autoriza a ocupação de Bolama pelos portugueses. Em 9 de maio de 1830 Joaquim António de Mattos inicia a ocupação militar portuguesa de Bolama, a primeira colónia permanente lusitana na ilha. Esta colónia dá espaço para a montagem de feitorias escravagistas na ilha. A colonização portuguesa e o comércio de escravos gera grandes protestos dos britânicos.[4]

Entre 1838 e 1859 os britânicos atacam seguidamente as feitorias portuguesas, as embarcações de escravos e as posições militares, gerando a Questão de Bolama, um conflito militar e diplomático sobre a anexação da região às possessões coloniais britânicas na Serra Leoa. Alguns desses ataques conseguiram ocupar brevemente a ilha, ora libertando escravos, ora aprisionando soldados portugueses, num conflito sem precedentes nas relações entre Portugal e a Grã-Bretanha, superada em dimensão diplomática (porém não em escalada militar) posteriormente somente pela contenda do Mapa Cor-de-Rosa.[4]

Em fevereiro de 1859 os britânicos fizeram seu último e mais destruidor ataque às fortificações e feitorias lusitanas em Bolama, fazendo os portugueses abandonarem a ilha. Assim, em 10 de maio de 1860, o governador colonial britânico da Serra Leoa proclama a restauração da Guiné Britânica, porém sob administração da Colónia e Protetorado da Serra Leoa. Em 3 de dezembro de 1860 Stephen Hill, governador da Serra Leoa, visita Bolama e estabelece um contingente militar fixo. Em 14 de dezembro de 1861 a colónia britânica de Bolama é inaugurada.[4][8]

A arbitragem e mudança de soberania[editar | editar código-fonte]

O governo britânico concorda em submeter a questão de Bolama à arbitragem em 1868, porém foi somente em 21 de abril de 1870 que tal contenda foi resolvida por sentença arbitral do presidente norte-americano Ulysses S. Grant e que valeria o título de duque de Ávila e Bolama a António José de Ávila.[9] Em 1 de outubro de 1870 a bandeira britânica é ariada e a portuguesa içada, sinalizando o encerramento da questão.[4]

Referências

  1. Between Portuguese Guinea and British Guinea: Bolama in the 19th century. British Govt. 2020
  2. Guinea-Bissau. World Statesmen.org. 2021.
  3. Boolaky, P. K.. Accounting developments in Africa: a study of the impact of colonisation and the legal systems on accounting standards in sub-Saharan African countries. Universidade de Bournemouth, 2003.
  4. a b c d e f g h Gomes, Américo. (2012). «História da Guiné-Bissau em datas.» (PDF). Lisboa 
  5. Bolama: a 1ª Capital da Guiné-Bissau. Aliança Nacional Democrática - AND. 15 de outubro de 2020.
  6. Philip Beaver, African Memoranda Relative to an Attempt to establish a British Settlement on the Island of Bolama in the year 1792. London, 1805.
  7. Benzinho, Joana; Rosa, Marta (2018). Guia Turístico - À Descoberta da Guiné-Bissau. Coimbra: Afectos com Letras, UE. 16 páginas 
  8. «Colonização da Guiné: 1837-1844». Blog História da Guiné - Descoberta Colonização e Guerras. 27 de abril de 2016 
  9. Ribeiro, Luiz Gonzaga. A Questão de Bolama. 2016.