Hartama ibne Aiane
Hartama ibne Aiane | |
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Morte | junho de 816 Marv |
Nacionalidade | Califado Abássida |
Etnia | Persa |
Progenitores | Pai: Aiane |
Filho(a)(s) | Hatim Aiane |
Ocupação | General e governador |
Religião | Islamismo sunita |
Hartama ibne Aiane (Harthama ibn A'yan - m. junho de 816) foi um general e governador coraçane do começo do Califado Abássida, que serviu no final do século VIII e começo do século IX sob os califas Alhadi (r. 775–776), Harune Arraxide (r. 786–809) e Almamune (r. 813–833). Ele desempenhou um importante papel na vitória de Almamune na Guerra Civil Abássida, mas foi executado por suas ordens quando protestou contra o poder da família sálida que dominava sua corte.
Vida
[editar | editar código-fonte]Nativo de Bactro, Hartama foi um maula da tribo Banu Daba.[1] Ele aparece pela primeira vez durante o reinado do segundo califa abássida, Almançor (r. 754–775), como um dos apoiantes do príncipe abássida e herdeiro aparente Issa ibne Muça. Issa foi forçado a renunciar sua reivindicação ao trono em favor do filho de Almançor, Almadi (r. 775–785), que acorrentou e levou Hartama para Bagdá e manteve-se preso durante seu reinado.[2] Sob o filho e sucessor de Almadi, Alhadi (r. 785–786), contudo, foi libertado e elevado à proeminência como um dos mais próximos assessores califais. Em algum momento durante o período diz-se que ele recomendou ao califa a execução de seu irmão mais jovem e herdeiro aparente, o futuro califa Harune Arraxide (r. 786–809) para abrir o caminho para a sucessão dos próprios filhos de Alhadi, mas este plano foi frustrado através da intervenção da mãe do califa, al-Khayzuran. No entanto, quando Alhadi faleceu foi Hartama que libertou Harune da prisão.[3]
Ele continuou a gozar duma posição privilegiada e alto ofício sob Harune também, servindo como governador da Palestina, Egito, Moçul e então Ifríquia, antes de assumir comando da guarda califal (haras) sob a supervisão do confiável vizir de Harune, o barmécida Jafar ibne Iáia. Deste posto desempenhou função na queda dos barmécidas em 803, e estabeleceu-se como um dos líderes militares seniores do califado. Ele também liderou dois raides de verão na Ásia Menor contra o Império Bizantino.[2] Quando a rebelião em larga escala de Rafi ibne Alaite eclodiu em Samarcanda, no Coração, em 805–806 e o governador local, Ali ibne Issa ibne Maane, provou-se incapaz de suprimi-la, Arraxide enviou-o para substituí-lo.[3][4]
Hartama estava em Samarcanda quando Arraxide morreu em Tus em março de 809, e permaneceu no oriente depois disso. Consequentemente, Hartama aliou-se com Almamune (r. 813–833) na guerra civil contra Alamim (r. 809–813). Na primavera de 812, após o general Tair ibne Huceine conquistar várias regiões no oriente, Hartama foi enviado para assegurar os territórios tomados e então dirigiu-se para Naravã.[5] Ele foi um dos três comandantes que participaram no cerco crucial de um ano de Bagdá em 812-813. Durante o cerco ele liderou o ataque do leste, enquanto Tair do oeste. No estágio final do cerco, Hartama tentou sem sucesso assegurar a rendição e vida de Alamim ao enviar um barco para pegá-lo no rio Tigre. O barco, contudo, afundou e Alamim foi capturado e executado pelos homens de Tair.[3][6]
Hartama permaneceu no Iraque após isso, e desempenhou um papel importante na derrota da revolta pró-álida de Abul Saraia Alcirri em 815.[7] Logo depois foi nomeado como governador da Arábia e Síria, mas em vez de tomar seu posto Hartama foi para leste com a intenção de avaliar Almamune, que estava em Marve, da situação real do Iraque, e especialmente o ressentimento causado pela dominação do governo por um grupo de coraçanes em torno do vizir Alfadle ibne Sal. Alfadle e seus apoiantes foram capazes de virar o califa contra ele, que foi preso e executado em junho de 816.[8] Em resposta para as notícias de sua execução, o filho de Hartama, Hatim, o governador da Armênia, liderou uma rebelião que foi logo suprimida com sua morte.[3][2] Outro filho, Aiane, governador do Sistão ca. 820, é também conhecido, e seus descendentes através de Hatim continuaram a ocupar altos ofícios até bem tardiamente no século IX.[9]
Referências
- ↑ Nazim 1991, p. 333.
- ↑ a b c Crone 1980, p. 177.
- ↑ a b c d Pellat 1986, p. 231.
- ↑ Kennedy 2004, p. 145.
- ↑ Daniel 2015.
- ↑ Kennedy 2004, p. 149–150.
- ↑ Kennedy 2004, p. 152.
- ↑ Kennedy 2004, p. 151.
- ↑ Crone 1980, p. 178.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Crone, Patrícia (1980). Slaves on horses: the evolution of the Islamic polity. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-52940-9
- Daniel, Elton L. (2015). «Taherids». Enciclopédia Irânica. [S.l.: s.n.]
- Kennedy, Hugh N. (2004). The Prophet and the Age of the Caliphates: The Islamic Near East from the 6th to the 11th Century (Second ed. Harlow, RU: Pearson Education Ltd. ISBN 0-582-40525-4
- Nazim, M.; Bosworth, C. E. (1991). Bosworth, C. E.; Bearman, P. J.; Bianquis, Thierry; Donzel E. van; Heinrichs, W. P., ed. A Enciclopédia do Islamismo. VI. Leida e Nova Iorque: Brill. ISBN 90-04-08112-7
- Pellat, Ch. (1986). «Hart̲h̲ama b. Aʿyan». The Encyclopedia of Islam, New Edition, Volume III: H–Iram. Leida e Nova Iorque: [s.n.] p. 231. ISBN 90-04-09419-9