Igreja católica no Japão

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Mosaico japonês de Maria e Jesus, na Igreja da Anunciação, em Nazaré (presente dos católicos japoneses à Igreja).

A Igreja Católica no Japão em 2019 contava com 536 mil batizados, o equivalente a cerca de 0,42% da população, de maioria xintoísta e budista. A estes somam-se os cerca de 600 mil fiéis imigrantes residentes para trabalhar. As comunidades católicas estão concentradas em uma área homogênea compreendida entre a Ilha de Hirado, o arquipélago de Goto e a cidade de Nagasaki. A Arquidiocese de Tóquio ainda detém o primado no número de fiéis, seguida por Nagasaki, Yokoama e Osaka.[1] [2]

No país há 16 Circunscrições Eclesiásticas, 859 paróquias, 102 centros pastorais, 29 bispos, 511 sacerdotes diocesanos, 896 sacerdotes religiosos, 20 diáconos permanentes, 173 religiosos não sacerdotes, 4.976 religiosas professas, 174 membros de Institutos seculares, 5 missionários leigos, 1.307 catequistas, 80 seminaristas maiores, 815 centros de educação, atendendo a 204.335 estudantes, além de 606 centros caritativos e sociais.[3][1]

Os bispos das dioceses formam a Conferência de Bispos Católicos do Japão, a conferência episcopal da nação. [2] O atual Núncio Apostólico no Japão é o Arcebispo de origem Indiana Joseph Chennoth. O Arcebispo Chennoth é o embaixador da Santa Sé para o Japão, bem como seu delegado para as igrejas locais.[4] O Papa João Paulo II visitou o país em fevereiro de 1981 e o Papa Francisco em novembro 2019 quando visitou as cidades de Nagasaki e Hiroshima, conhecidas pelos dois bombardeios atômicos de 1945 . [5][6]

História[editar | editar código-fonte]

A evangelização católica do Japão tem uma data precisa de início: 15 de agosto de 1549, dia em que o jesuíta espanhol Francisco Xavier desembarcou no arquipélago proveniente da península da Malásia.[7]

Os católicos também fundaram a cidade de Nagasaki, considerado após sua fundação o centro cristão mais importante do longínquo oriente. Desta experiência de evangelização surgiram os 26 mártires e Santos Japoneses da Igreja Católica, (20 cristãos japoneses nativos e seis padres estrangeiros) os quais foram crucificados e mortos em 5 de fevereiro de 1597 em Nagasaki por não desistirem da sua fé. [8]

Em 1614, o Cristianismo foi banido do país. Missionários estrangeiros foram expulsos, e os que se recusaram foram presos, mortos ou forçados a abrir mão da religião. Cerca de 2 mil pessoas morreram como mártires, por se recusarem a abrir mão da fé. Muitos cristãos japoneses viveram sua fé em segredo por sete gerações, os quais ficaram conhecidos como Kakure Kirishitan, ou cristãos escondidos. [9]

Foram duzentos anos sem sacerdotes, mas os católicos japoneses continuaram praticando em segredo o batismo, o qual era realizado pelos pais os quais davam nomes portugueses secretos, como Paulo, Mario e Isabela. Eles celebravam o Natal, a Páscoa, Somente no século XIX passou-se a ter liberdade de culto. [5] [9]

Monumento dos 26 mártires em Nagasaki

A presença da Igreja japonesa na esfera social[editar | editar código-fonte]

Como em outras realidades asiáticas, a influência da comunidade católica vai além de seus números muito pequenos. São sobretudo as instituições educacionais da Igreja - incluindo a prestigiosa Universidade Sophia de Tóquio [10] que fizeram com que o catolicismo, após séculos de perseguição, seja hoje uma realidade respeitada no País do Sol Nascente, especialmente nos ambientes mais urbanizados e instruídos. As escolas católicas são de fato frequentadas principalmente por estudantes não batizados, aos quais é dada a possibilidade de se familiarizar com a cultura cristã. [2]

Outro fator importante que contribuiu para a boa imagem da Igreja no Japão é o trabalho de muitas obras de caridade católicas presentes no país. Além de numerosas estruturas de saúde, a Igreja administra casas para idosos, centros para desabrigados e outros serviços sociais, sobretudo nas áreas mais abandonadas nas periferias das grandes metrópoles.[2]

Catedral da Oura em Nagasaki

Questões Atuais[editar | editar código-fonte]

O sacerdote salesiano Evaristo Higa, brasileiro descendente de japoneses, que morou no Japão por 23 anos e se dedicou, além da evangelização, a projetos sociais na cidade com a maior concentração de brasileiros no país, Hamamatsu, em entrevista ao jornal católico brasileiro Canção Nova, expõe que uma grande preocupação da Igreja no Japão é a diminuição do número de católicos. [5]

A maioria dos fiéis é idosa, tem a preocupação de manter a fé por uma tradição, existindo uma cultura de preservação da fé e não de evangelização. Em relação à juventude, apesar de haver muitos colégios católicos no Japão, esses são escolhidos pela qualidade de ensino e não pela fé católica. As vocações vem especialmente de outros países, como o Vietnã e as Filipinas.[5]

Nos salesianos, por exemplo, aproximadamente 99% dos alunos são budistas. As aulas de religião são de cultura religiosa, estuda-se o cristianismo como história. Segundo padre Higa, tanto a imperatriz como a princesa estudaram em colégios católicos, apesar disso não ser falado abertamente por lá. Escolhe-se o colégio católico apenas pelo bom nível educacional.[5]

Seminário Católico de 1875 em Nagasaki

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b Catholic Hierarchy Directory
  2. a b c d «A Igreja Católica no Japão - Vatican News». www.vaticannews.va. 23 de novembro de 2019. Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  3. http://www.gcatholic.org/dioceses/data/countryJP.htm Giga-Catholic Information on the Catholic Church in Japan]
  4. «Indian prelate serving as Vatican ambassador in Japan dies». Matters India (em inglês). 7 de setembro de 2020. Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  5. a b c d e «Padre e católicos no Japão comentam realidade da Igreja no país». Notícias. 22 de novembro de 2019. Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  6. «O Papa no Japão com o lema "Proteger toda a vida" - Vatican News». www.vaticannews.va. 23 de novembro de 2019. Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  7. «Portugueses no Japão». Cultura Japonesa. Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  8. Japonesa, Cultura (5 de novembro de 2014). «Quem são os 26 santos japoneses da Igreja Católica». Cultura Japonesa. Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  9. a b «Os japoneses cristãos que foram obrigados a pisotear a imagem de Jesus». BBC News Brasil. Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  10. «Sophia University». www.sophia.ac.jp (em inglês). 22 de dezembro de 2023. Consultado em 1 de janeiro de 2024