Lesão pulmonar relacionada ao uso de cigarro eletrônico

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Injúria pulmonar relacionada ao uso de cigarro eletrônico
E-cigarette, or Vaping, product use–Associated Lung Injury
(EVALI)
Lesão pulmonar relacionada ao uso de cigarro eletrônico
A utilização de cigarros eletrônicos é o principal fator para este tipo de lesão
Especialidade Pneumologia, Cardiologia e Medicina de emergência
Sintomas tosse seca, falta de ar, pressão toraxica, náuseas, vômitos, diarreia , febre, perda de peso e fadiga
Complicações tabagismo, hiper ou hipotensão arterial, obesidade , sedentarismo e problemas cardio-pulmonares preexistentes
Causas Utilização contínua de cigarro eletrônico para vaporização de liquidos e ervas
Método de diagnóstico Realizado por médico:
  • Existencia de infiltrado alveolar bilateral (vidro fosco) constatado em radiografia
  • Exclusão de fatores
Prevenção Combate ao tabagismo e fiscalização sanitaria dos cigarros eletrônicos
Tratamento Repouso, monitoramento dos sinais vitais e auxilio de respiração extra-corpórea (Oxigenoterapia)
Prognóstico 2,34 % dos pacientes vem à óbito
Frequência 2558 casos (2019)
Mortes 60 óbitos (2019)
Classificação e recursos externos
CID-10 X77
A Wikipédia não é um consultório médico. Leia o aviso médico 

A lesão pulmonar relacionada ao uso de cigarro eletrônico também conhecida pela sigla EVALI (oriunda do inglês: E-cigarette, or Vaping, product use–Associated Lung Injury) trata-se de diversos tipos de lesões no sistema respiratório, principalmente nos brônquios. Desde 2019 quando os estudos sobre a doença começaram a ser realizados nos Estados Unidos, foram registrados 2558 casos de internações por EVALI e cerca de 60 óbitos pela injúria.[1][2] Até agosto de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) havia registrado 7 casos da doença no Brasil.

Os sintomas da enfermidade variam, porém normalmente incluem tosse seca, falta de ar, náuseas, vômitos, diarreia, febre, perda de peso e fadiga.[3][4] A injúria ocorre principalmente por conta dos sabores adicionados aos cigarros eletrônicos, também conhecidos como juices e a utilização destes dispositivos para a vaporização de ervas como tabaco e maconha que não possuem estudos aprofundados sobre sua vaporização (ao contrário de seu fumo).[1][5]

Sintomas[editar | editar código-fonte]

Os sintomas da injúria podem variar de paciente para paciente. Em geral, tais sintomas estão associados a uma inflamação dos brônquios e alvéolos, sendo os mais comuns:[2][4]

Diagnóstico e tratamento[editar | editar código-fonte]

Radiografia "A" em um tórax normal em comparação com a radiografia "B" onde é constatada a existência de consolidação pulmoar (vidro fosco), um dos fatores para o diagnóstico

O diagnóstico é realizado após a analise de sitomas e exclusão de fatores. Normalmente constantando-se a existência de infiltrado alveolar bilateral (vidro fosco) constatado em radiografia, começa-se a investigação médica que necessita de alguns fatores para o diagnóstico. Entre eles, a análise dos sintomas compatíveis com os casos clínicos registrados até os dias atuais, a confissão da utilização de cigarros eletrônicos em um período de 90 dias antes do exame e a exclusão de outros fatores como doenças preexistentes que acabam por gerar sintomas semelhantes.[2][5][6]

Ainda não é conhecido um tratamento padrão para a doença e seus tratamentos variam com a gravidade. O início de todo tratamento para a injúria começa com a suspensão do uso de qualquer tipo de aparelho para fumo ou vaporização de nicotina, após isto recomenda-se o acompanhamento médico constante em estado de observação para evitar uma piora no quadro clinico pulmonar. Caso necessário, poderá ser feita a utilização de um aparelho de respiração extra-corpórea (oxigenoterapia) através de mascaras de oxigênio ou entubação, sendo assim necessária uma fisioterapia respiratória para recuperação plena das atividades do pulmão.[1][2][5]

Causas[editar | editar código-fonte]

Sua causa básica é a utilização de cigarros eletrônicos, porém principalmente a composição de seus liquidos. Estes líquidos possuem diversas substâncias como a glicerina e o propilenoglicol, e outros que raramente são descritas em suas embalagens, muitas vezes descritas como "aromatizantes".[2][7]

Pela falta de regularmentação das substâncias presentes nos "aromatizantes", diversas essências acabam por conter compostos que tornam-se tóxicos quando vaporizado como o diacetil e o acetado de vitamina E.[4][8][9]

Outro risco, é a utilização de cigarros eletrônicos para a vaporização de ervas como o tabaco e a maconha. Ao contrário do ato de fumar, o ato de vaporizar essas ervas possui um efeito ainda desconhecido pela ciência. Para a vaporização de ervas, as mesmas são aquecidas até sua sublimação, causando efeitos diferentes aos causados por seu fumo que não permite a total queima da matéria consumida.[1][2]

Prevenção[editar | editar código-fonte]

A prevenção é realizada através da decisão dos pacientes em largarem o vício em nicotina, assim procurando ajuda profissional como psiquiatras e psicólogos. Outra maneira de prevenir a injúria, trata-se da fiscalização pública dos vaporizadores, evitando e proibindo a venda de cigarros eletrônicos que possuam na composição dos seus líquidos o diacetil e o acetado de vitamina E, além da imposição de um limite seguro de nicotina para este tipo de aparelho.[2]

Referências

  1. a b c d «Hospitalizations and Deaths Associated with EVALI». www.sopterj.com.br. Consultado em 17 de maio de 2022 
  2. a b c d e f g Kalininskiy, Aleksandr; Bach, Christina T; Nacca, Nicholas E; Ginsberg, Gary; Marraffa, Jeanna; Navarette, Kristen A; McGraw, Matthew D; Croft, Daniel P (1 de dezembro de 2019). «E-cigarette, or vaping, product use associated lung injury (EVALI): case series and diagnostic approach». The Lancet Respiratory Medicine (em inglês) (12): 1017–1026. ISSN 2213-2600. doi:10.1016/S2213-2600(19)30415-1. Consultado em 17 de maio de 2022 
  3. «Sociedade Portuguesa de Pneumologia - SPP». www.sppneumologia.pt. Consultado em 17 de maio de 2022 
  4. a b c «E-cigarette or Vaping Use-Associated Lung Injury (EVALI)». www.lung.org (em inglês). Consultado em 17 de maio de 2022 
  5. a b c Kligerman, Seth; Raptis, Costa; Larsen, Brandon; Henry, Travis S.; Caporale, Alessandra; Tazelaar, Henry; Schiebler, Mark L.; Wehrli, Felix W.; Klein, Jeffrey S. (1 de março de 2020). «Radiologic, Pathologic, Clinical, and Physiologic Findings of Electronic Cigarette or Vaping Product Use–associated Lung Injury (EVALI): Evolving Knowledge and Remaining Questions». Radiology (3): 491–505. ISSN 0033-8419. doi:10.1148/radiol.2020192585. Consultado em 20 de maio de 2022 
  6. Callahan, Sean J.; Harris, Dixie; Collingridge, Dave S.; Guidry, David W.; Dean, Nathan C.; Lanspa, Michael J.; Blagev, Denitza P. (1 de novembro de 2020). «Diagnosing EVALI in the Time of COVID-19». CHEST (em English) (5): 2034–2037. ISSN 0012-3692. PMID 32599069. doi:10.1016/j.chest.2020.06.029. Consultado em 20 de maio de 2022 
  7. Winnicka, Lydia; Shenoy, Mangalore Amith (1 de julho de 2020). «EVALI and the Pulmonary Toxicity of Electronic Cigarettes: A Review». Journal of General Internal Medicine (em inglês) (7): 2130–2135. ISSN 1525-1497. PMC PMC7351931Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 32246394. doi:10.1007/s11606-020-05813-2. Consultado em 20 de maio de 2022 
  8. Laborde, Antonia (12 de novembro de 2019). «EUA apontam o acetato de vitamina E como causa da morte de 39 fumantes de cigarros eletrônicos». El País Brasil. Consultado em 20 de maio de 2022 
  9. Blount, Benjamin C.; Karwowski, Mateusz P.; Shields, Peter G.; Morel-Espinosa, Maria; Valentin-Blasini, Liza; Gardner, Michael; Braselton, Martha; Brosius, Christina R.; Caron, Kevin T. (20 de fevereiro de 2020). «Vitamin E Acetate in Bronchoalveolar-Lavage Fluid Associated with EVALI». New England Journal of Medicine (8): 697–705. ISSN 0028-4793. PMC PMC7032996Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 31860793. doi:10.1056/NEJMoa1916433. Consultado em 20 de maio de 2022