Isso Aqui É uma Guerra

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"Isso Aqui É uma Guerra"
Isso Aqui É uma Guerra
Captura do clipe
Single de Facção Central
do álbum Versos Sangrentos
Lançamento 1999
Formato(s) Single
Gravação 1999
Gênero(s) Gangsta rap
Duração 4:26
Gravadora(s) Five Special
Composição Eduardo
Cronologia de singles de Facção Central
12 de Outubro
Vidas em Branco

"Isso Aqui É uma Guerra" é um single do grupo de rap brasileiro Facção Central, lançado em 1999, no álbum Versos Sangrentos, na faixa nº 4.

Letra[editar | editar código-fonte]

A letra da musica é considerada como uma das mais fortes letras de rap em português, retrata um crime do ponto de vista dos criminosos. Dentre as frases citadas na música, estão versos como: “é uma guerra onde só sobrevive quem atira, quem enquadra mansão, quem trafica [...]; o livro não resolve, o Brasil só me respeita com um revólver” e “descarrega essa PT, mata o filho do boy como o Brasil quer ver, esfrega na cara sua panela vazia, exige seus direitos com o sangue da vad**, é lei da natureza quem tem fome mata.”

Videoclipe[editar | editar código-fonte]

Lançado em 2000, o videoclipe da música dirigido pelo premiado diretor Dino Dragone e produzido pela Firma Filmes continha cenas polêmicas.

No videoclipe, Eduardo e Dum-Dum protagonizam dois bandidos violentos na cidade de São Paulo. Com uma narrativa linear, a primeira sequência mostra um encontro de amigos em um barraco de alguma favela, onde eles tramam um plano de assalto. A letra que acompanha a música já abre o videoclipe em um clima de confronto, afirmando que “isso aqui é uma guerra”.[1]

A ação criminosa se desenrola em vários cenários: em um carro a caminho do caixa eletrônico (ao som de “vou fumar seus bens e ficar bem louco, enquadrar um refém no caixa eletrônico”), em um banco, na casa de um burguês (como o rapper chama os sujeitos da classe média). Nessa casa, invadem a casa e matam a esposa em frente ao marido e ao filho.[2] O videoclipe termina com o assassinato de um dos assaltantes, coberto por jornais, tendo a mão lambida por um cachorro, enquanto o outro segue no camburão da polícia.

Proibição[editar | editar código-fonte]

Veiculado pela primeira vez na rede de televisão MTV[3], a fita foi logo recolhida após sua exibição em rede nacional, sob acusação de fazer apologia ao crime ao incitar a prática de roubo a residências, veículos, agências bancárias e caixas eletrônicos, além de sequestros, porte ilegal de armas, libertação de presos mediante violência, latrocínio e homicídio, indicando sucesso nas operações criminosas.

O assessor de Direitos Humanos do Ministério Público Estadual de São Paulo, Carlos Cardoso, pediu a abertura de um inquérito para punir os responsáveis pela música, além de remover a veiculação do clipe, alegando que o mesmo era um manual de instruções para a prática de assaltos, sequestros e homicídios. Promotores do Gaeco também acusaram o vídeo de incitar o racismo, pois supostamente os criminosos representados no clipe são negros, e preconceito a moradoras da zona leste de São Paulo, que também são identificados como criminosos na fita.[4]

O juiz Maurício Lemos Porto Alves, do Departamento Técnico de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária, determinou a apreensão na MTV da fita original do videoclipe da música, vetando sua exibição, e proibiu a venda do disco.[5]

Os responsáveis pelo grupo responderam criminalmente e ficaram presos por pouco tempo sob acusação de apologia ao crime pelos artigos 286 e 287 de 1940 como é previsto no Código Penal Brasileiro.

Em sua defesa, o vocalista do grupo de rap Facção Central, Eduardo, disse que houve um erro de interpretação da Justiça, alegando que a intenção da música é mostrar que o criminoso pode afetar a sociedade se ela não se esconder atrás de um carro blindado, por exemplo. “A intenção da música é mostrar o criminoso dando um toque para a sociedade e mostrar que ela pode ajudar.”

Para os seus defensores, o videoclipe apresenta uma forte crítica social, contrapondo a condição social e econômica que motiva o crime, cuja única opção de sobrevivência a uma pessoa com baixa escolaridade e sem chances de conseguir emprego é agir como a sociedade espera que marginalizados atuem.

Referências

  1. Carla Maria Camargos Mendonça (2 de setembro de 2003). «Modo, estilo de vida e videoclipe: aspectos da cultura hip hop» (PDF). Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação - XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Consultado em 30 de agosto de 2020 
  2. «Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira». Dicionário MPB. Consultado em 29 de agosto de 2020 [ligação inativa]
  3. «Perspectivas e esperanças: o jovem nas letras de rap». João Batista Soares de Carvalho. 30 de agosto de 2020. Consultado em 30 de agosto de 2020 
  4. Fabiane Leite (29 de junho de 2000). «Justiça veta vídeo de rap do grupo Facção Central na MTV». Folha Online. Consultado em 30 de agosto de 2020 
  5. «Máquina de escândalos». Ivan Claudio. 26 de julho 2000. Consultado em 30 de agosto de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]