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Jean-Pierre Chrétien

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Jean-Pierre Chrétien
Nascimento 18 de setembro de 1937
Lille
Cidadania França
Ocupação historiador
Distinções
  • prêmio Lysenko (pour son analyse des ethnies africaines, décrites comme un fantasme de la colonisation, 1995)
  • Grand prix des Rendez-vous de l'histoire (2000)
  • Cavaleiro da Legião de Honra
  • Prix Luc-Durand-Réville (2016)
  • Oficial da Legião de Honra (2023)

Jean-Pierre Chrétien, nascido em 18 de setembro de 1937, em Lille. É um historiador francês, especialista em Grandes Lagos Africanos .

Jean-Pierre Chrétien é professor licenciado de história, lecionando no liceu de Rouen, depois na École Normale Supérieure du Burundi ( Unesco ) no período de 1964 até 1968 e, posteriormente, na Universidade Lille III de 1969 a 1972. No âmbito das pesquisas, foi bolsista de pesquisa e depois diretor dos estudos em história africana no CNRS de 1973 até à sua reforma em 2003. Durante parte desse período, de 1986 a 2001, dirigiu o laboratório da Universidade de Paris I. "Mutações africanas a longo prazo” (Mald) [1], que foi icorpordo ao Centro para o Estudo dos Mundos Africanos (CEMAf) em 2006. É também um dos fundadores da revista Africa and History [2] .

Por ser especialista nos Grandes Lagos Africanos, que inicialmente estudou através do Burundi, Jean-Pierre Chrétien acompanhou especialmente os acontecimentos em Ruanda . Duas obras destacaram esse interesse, O Desafio do Etnicismo e A Mídia do Genocídio . O último estudo coletivo, dirigido e também realizado com o Repórteres Sem Fronteiras, foi feito a pedido da UNESCO, cujo conselho executivo "manifestou a sua preocupação com a utilização abusiva dos meios de comunicação de massa com vista ao incitamento direto e público ao genocídio"» [3] . Seu livro O Desafio do Etnicismo reúne palestras que proferiu sobre o tema principal que Jean-Pierre Chrétien tentou desenvolver referente às populações de Ruanda e do Burundi, entre 1990 a 1996 [4]. Questionava a análise étnica determinada destas sociedades. Ele argumenta, ao contrário de outros pesquisadores, que o que era considerado como grupos étnicos não corresponderia a esta definição e seria apenas a projeção dos valores dos colonizadores sobre esses países.

Foi perito no Tribunal Penal Internacional para Ruanda, sendo abordado por outros tribunais:

Em uma entrevista concedida à revista Jeune Afrique, ele declarou-se como um ativista da curiosidade que deveria ser levada para África [5] . Em outro artigo, ele se concentra em “salientar os problemas dos 'usos públicos da história" afim de questionar tanto a responsabilidade como a posição do pesquisador frente às crises contemporâneas (por exemplo, o genocídio dos tutsis no Ruanda) e o seu papel na influência dos principais debates sobre a memória das crises do passado (por exemplo, a Shoah ou a escravidão dos negros) [6] . Portanto, a partir do seus temas de investigação, é perceptível o quanto o debate histórico e político está presente; vide as pesquisas do caso de Ruanda.

Participou na Comissão de Inquérito ao Cidadão em 2004, por ser próximo a associação criadora Survie (Sobrevivência, traduzido do francês) . Ele também foi membro do Comitê de Vigilância em relação aos usos públicos da história [7] .

Debates e polêmicas em torno de sua obra

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Parte de seus trabalhos foram elogiados por seus colegas historiadores, como sua obra Os Grandes Lagos da África - Dois Mil Anos de História (2000) que o historiador Gérard Prunier resenha como "uma soma" em um campo até então pouco abordado. . Outros não foram bem aceitos por alguns colegas acadêmicos.

Polêmica em torno de “a escola burundesa-francesa»

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No ano de 1990, René Lemarchand (professor de antropologia e especializado em Ruanda e Burundi) criticou negativamente o trabalho de J. -P. Chrétien e outros pesquisadores, André Guichaoua e Gabriel Le Jeune assimilados à uma escola histórica "Burundi-Francesa". Lemarchand descreve que o problema com suas pesquisas  :

nunca se sabe bem onde acaba a argumentação e começa a análise científica; onde começa a exortação, a vingança ou a afirmação gratuita (...) e onde começa o discurso do historiador-político[8].

J. -P. o respondeu [9] e as controvérsia e disputas marcaram a comunidade de historiadores que estudam a África Oriental e a região dos Grandes Lagos * . Alain Ricard, especializado em literatura africana e diretor da revista Politique Africaine, disserta em 1994 que: "No Canadá, surgiu uma polémica em torno de uma pretensa escola de história burundiano-francesa, que contesta as obras francesas pela sua aparente conformidade com as ideologias no poder em Bujumbura. Estas acusações injustas chamaram a atenção para o incidental e para os riscos de trabalhar demasiado sozinho numa frente tão exposta. O essencial continua a ser o notável trabalho histórico de J.-P. Chrétien, cuja obra é um testemunho que nos permite ler hoje a história do Burundi e, em parte, a história do Ruanda. Já em 1972, o termo genocídio foi utilizado para descrever os massacres de hutus no Burundi por Jean-Pierre Chrétien" [10].

Posteriormente, Lemarchand continuou a utilizar o trabalho de Chrétien, embora sendo fortemente critico [11]

O genocídio tutsi em Ruanda

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Segundo Chrétien, as ideias coloniais relativas à etnicidade em Ruanda influenciaram fortemente as tendências da análise do conflito e genocídio dos tutsis em Ruanda pelas autoridades francesas [12] . Por questionar fortemente estas análises, Jean-Pierre gerou revolta de jornalistas, em especial Pierre Péan, e de historiadores que discordam das suas interpretações sobre o ocorrido [13] . Em seus trabalhos, o Sr. Chrétien defendeu a tese da premeditação do genocídio e criticou, com veemência, o Presidente Juvénal Habyarimana e o seu regime durante o período.

Debates além do âmbito político também ocorreram entre o historiador aqui elucidado e outros especialistas na África dos Grandes Lagos, que dizem respeito de avaliações divergentes da história da população desta região.

Em 1995, Jean-Pierre Chrétien foi apelidado de “ historiador profissional e etnólogo amador » pelo Club de l'horloge (Clock Club ou clube do relógio) [14] . As críticas ao Clock Club foram feitas por Bernard Lugan, que acusa o Sr. Chrétien por equiparar os grupos étnicos ruandesas a grupos sócio profissionais, e ainda o acusa de confundir ativismo pró-tutsi com pesquisa histórica [15] .

Para Jean-Pierre, estas críticas desprezam as suas observações [16] . Considera que a situação na região dos Grandes Lagos apresenta uma característica de “etnia particular” [17] , a qual só pode ser esquematizada pela história. A categoria anterior não deve ser interpretada apenas como um dado intemporal, mas sim entendida no seu desenvolvimento e progressão cronológica [18] . Para ele a região dos Grandes Lagos está “Longe de abranger uma identidade cultural específica, a etnicidade corresponde tradicionalmente a um fenómeno social de identidade hereditária (criadores versus agricultores). Mas esta concepção equivocada deu lugar a uma percepção “racial” categórica que se cristalizou muito rapidamente, em poucas décadas. Na década de 1960, acredito que o termo etnia ainda não era utilizado". Logo, segundo o autor, esta evolução que levou à atual divisão em Ruanda entre tutsis e hutus foi criada, e com grande responsabilidade, pela colonização que racializou as diferenças sociais anteriores.

Para o historiador, todavia, a obra de Bernard Lugan é “excessiva e marginal” [19]. Nota, com outros, o racismo explícito [20], os erros históricos [21], a constituição tendenciosa de um corpus fortemente embasado em fontes coloniais * e refuta a ideia atribuída a Lugan de uma África marcada por uma “ordem natural” aquém da história e organizada por conceitos de raça e etnia imutáveis [22] .

O trabalho de Chrétien sobre os Grandes Lagos e as raízes do genocídio tutsi também receberam traduções e recepções internacionais. Alguns foram traduzidos para o inglês e elogiados em revistas científicas, que destacaram em suas críticas a sua contribuição para a história da região e para a compreensão das eras colonial e pós-colonial [23] ou realçaram as suas qualidades de um grande sintetizador [24] .

Filip Reyntjens (especialista do ICTR ) formula, por outro lado, críticas científicas e evoca uma subestimação das divisões étnicas por parte de JP. Enquanto, para Chrétien, estas divisões foram idealizadas, pelo menos em Ruanda e no Burundi, pelo colonizador belga, para o Sr. Reyntjens, os conceitos só foram amplificados com a ocupação colonial [25] . As controvérsias entre MM. Reyntjens e Chrétien aumentaram após o genocídio dos tutsi, notavelmente no ano de 1995 na revista Esprit [26] . Dez anos mais tarde, o ensaísta Pierre Péan utilizou os estudos de Reyntjens para acusar J.P Chrétien de ser responsável pelo genocídio dos Tutsis [27] .

O jornalista camaronês Charles Onana critica-o por ter condenado inocentes no TPIR, bem como por ter uma atitude de ativista tendenciosa e contrária ao de um investigador. Ele também o critica por não ter doutorado nem DEA em história [28] .

Críticas ao Afrocentrismo

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Em 2000, participou, em conjunto com outros investigadores franceses na publicação de análises críticas dos métodos e objetos dos defensores das chamadas teorias “ afrocêntricas[29] . Ele acabou por atrair polêmicas com Théophile Obenga, acadêmico africano que dá continuidade às teses afrocentristas de Cheikh Anta Diop sobre a origem subsaariana da Egito Antigo. Em um panfleto [30] e em diversas entrevistas [31], ele o descreve como um pesquisador “africanista eurocêntrico e racista” [31] .

Publicações

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  • Ruanda, a mídia do genocídio, Paris, Karthala, 2000 ( 1 ed. 1995)
  • com Raymond Verdier e Emmanuel Decaux, Ruanda. Um Genocídio do Século XX, Paris, L'Harmattan, 1995, 262 p.
  • O desafio da etnia : Ruanda e Burundi, 1990-1996, Paris, Karthala, 1997
  • com Jean-Louis Triaud (dir.), História da África. Problemas de memória, Paris, Karthala, 1999
  • Os Grandes Lagos de África. Dois mil anos de história , Paris, Aubier, 2000 (coll. “Champs histoire”, 2011)
  • com François-Xavier Fauvelle-Aymar e Claude-Hélène Perrot (dir.), Afrocentrismos. A história dos africanos entre o Egito e a América, Paris, Karthala, 2000, 406 p.
  • com Melchior Mukuri, Burundi, a divisão de identidade. Lógicas da violência e certezas “étnicas”, Paris, Karthala, 2002
  • com Gérard Prunier (dir.), Grupos étnicos têm uma história, Paris, Karthala, 2003
  • (dir.), África de Sarkozy : uma negação da história (com contribuições de Jean-François Bayart, Achille Mbembe, Pierre Boilley, Ibrahima Thioub ), Paris, Karthala, 2008
  • com Marcel Kabanda, Ruanda, racismo e genocídio. Ideologia camítica, Paris, Bélin, 2013
  • Gitega, capital do Burundi. Uma cidade do Velho Oeste na África Oriental Alemã (1912-1916) , Paris, Karthala, 2015, 264 p.

Condecoração e prêmios

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  • Chevalier da Légion d'honneur desde 13 de julho de 2019[32].
  • Grande prêmio do Rendez-vous de l’histoire 2000.
  • Prêmio Luc-Durand-Réville da Academia de Ciências Ultramarinas 2016 para Gitega, capital do Burundi

Referências

  1. http://mald.univ-paris1.fr/index.htm Mutations africaines
  2. Afrique et histoire sur Cairn.
  3. Avant-propos du livre Les médias du génocide, Karthala 1995
  4. Chrétien Jean-Pierre - Le défi de l'ethnisme - Karthala, Centre de Documentation regards, sans date
  5. « Pour moi, il est impossible que la recherche sur l’Afrique ne soit pas militante. Il faut défendre une curiosité à propos de ce continent contre l’idée qu’il n’intéresse personne ! »Jean-Pierre Chrétien, Jeune Afrique du 22 janvier 2006
  6. Misères de l’afro-pessimisme, Jean-Pierre Chrétien, Afrique et Histoire, n°3, 2005, p. 183
  7. «Adhérents du CVUH». blogspot.fr. Consultado em 7 de outubro de 2020 .
  8. R. Lemarchand: « L'École historique franco-burundaise : une école pas comme les autres », CJAS/RCEA, 1990, pp. 242-325.
  9. "Burundi: Le Metier d'historien: Querelle d'école?" Canadian Journal of African Studies / Revue Canadienne des Études Africaines, Vol. 25, No. 3 (1991), pp. 450-467 doi:10.2307/485979
  10. Ver nomeadamente os documentos de arquivo do Palácio do Eliseu que podem ser consultados no sítio Web da Comissão de Inquérito dos Cidadãos e o artigo do Le Monde de 3 de julho de 2007 que comenta alguns deles: Ce que savait l'Elysée (O que sabia o Palácio do Eliseu).
  11. Par exemple : René Lemarchand, "Le génocide de 1972 au Burundi. Les silences de l’Histoire", Cahiers d'études africaines, 167, p. 551-568, 2002
  12. Voir notamment les documents d'archives de l'Elysée consultables sur le site de la Commission d'enquête citoyenne et l'article du journal Le Monde du 3 juillet 2007 qui commente certains d'entre eux : Ce que savait l'Elysée
  13. Pierre Péan, Noires fureurs, blancs menteurs, éd. Fayard/Mille et une nuits, 2005. Pierre Péan attaque ainsi son chapitre 20, « Jean-Pierre Chrétien, ou le cachet universitaire des sornettes du FPR : « Qui dira un jour la responsabilité de Jean-Pierre Chrétien dans la tragédie Rwandaise ? »
  14. Cette association, fortement ancrée à droite, lui a attribué le Prix Lyssenko pour « son analyse des ethnies africaines, décrites comme un fantasme de la colonisation » Voir ce site
  15. Bernard Lugan, Rwanda : le génocide, l'Église et la démocratie, éd. du Rocher, 2004 ; Contre-enquête sur le génocide, éd. Privat, 2007
  16. Jean-Pierre Chrétien, Afrique et Histoire, 3, 2005, p. 194 et note 50
  17. Geopolitique de l'Afrique. La region des grands lacs, par Jean-Pierre Chrétien, CNRS. Entretien avec Barbara Vignaux, diploweb.com, Date mise en ligne: janvier 2005.
  18. Les ethnies ont une histoire (avec Gérard Prunier), éd. Karthala, 2003
  19. Afrique et Histoire, 3, 2005, p. 188
  20. M. Kabanda, in Afrique et Histoire, 3, 2005, pp. 200-201
  21. Pierre Boilley, in Afrique et Histoire, 3, 2005, pp. 196-198
  22. Jean-Pierre Chrétien, Afrique et Histoire, 3, 2005, p. 188
  23. « While the book contributes greatly to Great Lakes history and the still-resonant world conversation on the 1994 genocide, it also sends a message about the intellectual perils that have attended the loss of pre-colonial times in today's African historical writing. These times, extrapolating from Chrétien, are essential to understanding the colonial and even the post-colonial eras. That long view is essential. But this book is not a brief for restoring pre-colonial historical practice as it was, but an illustration of what pre-colonialists need to do to modernize their field. Chrétien points the way » Kennell Jackson, Department of History, Stanford University dans H-Africa, mai 2004 à propos de The Great Lakes of Africa: Two Thousand Years of HistoryGoing Deep into Great Lakes Regional History
  24. « As an admirable synthesis of vast and rich archival works, this is an impressive contribution to the field, and a well-written resource for students and scholars.» Kevin C. Dunn (Hobart and William Smith Colleges) African studies quarterly, Volume 8, Issue 1, Fall 2004 The Great Lakes of Africa : Two Thousand Years of History . Jean-Pierre Chrétien
  25. « Du bon usage de la science : l'école historique burundo-française », Politique africaine, n° 37, mars 1990, pp. 107-113
  26. Filip Reyntjens, « Le rôle du facteur ethnique au Rwanda et au Burundi. Procès d'intention et refus du debat », Esprit, octobre 1995, pp. 178-181.
  27. Ibid Pierre Péan
  28. Charles Onana, Les Secrets de la justice internationale, éd. Duboiris, 2005
  29. François-Xavier Fauvelle-Aymar, Jean Pierre Chrétien et Claude-Hélène Perrot (dir.), Afrocentrismes. L’histoire des Africains entre Égypte et Amérique, Paris, Karthala, 2000, 406 p.
  30. Théophile Obenga, Le sens de la lutte contre l’africanisme eurocentriste, Khepera, L’Harmattan, 2001.
  31. a b Théophile Obenga, «La Fin de l'africanisme», AfricaMaat, interview audio en bonus.
  32. Documentation Radio France (31 de março de 2014). «Jean-Pierre Chrétien». France Inter (em francês): https://www.franceinter.fr/personnes/jean-pierre-chretien