Jeca Tatu

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 Nota: Para o filme com Mazzaropi, veja Jeca Tatu (filme).
Jeca Tatu
Personagem de Urupês

Ilustração de Jeca Tatu no livro Jéca Tatuzinho, 1924.
Informações gerais
Criado por Monteiro Lobato
Informações pessoais
Nascimento 1914
Origem Caboclo - Zona rural do estado de São Paulo
Características físicas
Espécie Humana
Sexo Masculino

Jeca Tatu é uma personagem criada por Monteiro Lobato em sua obra Urupês, que contém 14 histórias baseadas no trabalhador rural paulista. Simboliza a situação do caipira, abandonado pelos poderes públicos brasileiros, às doenças, ao atraso econômico, educacional e à indigência política.[1]

"O Jeca Tatu não é assim, ele está assim". A frase de Monteiro Lobato, sobre um dos seus mais populares personagens, refere sua obra para além das histórias infantis e incomoda a elite intelectual da época, acostumada a uma visão romântica do homem do campo. Jeca Tatu, um caipira de barba rala e calcanhares rachados – porque não gostava de usar sapatos, era pobre, ignorante e avesso aos hábitos de higiene urbanos. Morava na região do Vale do Paraíba Paulista, distinta por seu atraso.[1]

O personagem Jeca Tatu e a análise dele feita por Monteiro Lobato no conto Urupês e no artigo "Velha Praga" de Monteiro Lobato é assim explicado pelo folclorista Cornélio Pires, quando analisa o caipira caboclo:[2][3]

Movimento sanitarista[editar | editar código-fonte]

O trabalho do escritor voltado para várias questões sociais, dentre elas a saúde pública no país, repercute na política e na campanha sanitarista da década de 1920, denunciando a precariedade da saúde das populações rurais, com impacto na redefinição das atribuições do governo no campo da saúde.[3]

Num primeiro momento, em artigos publicados no jornal O Estado de S. Paulo, (1914), Lobato pensa o caboclo como uma praga nacional: funesto parasita da terra (…) homem baldio, inadaptável à civilização (…), responsabilizando-o pelos problemas da agricultura.[1]

A história do Jeca Tatu relaciona-se com a de Lobato. Segundo seus biógrafos, em 1911, ele herda do avô a fazenda Buquira, no Vale do Paraíba (SP), tornando-se fazendeiro. Desentende-se com empregados e cria uma figura desqualificada do caipira, tomando o caipira caboclo como protótipo do caipira, considerando-o preguiçoso demais para promover melhorias no seu modus vivendi.[3]

Em 1912, os cientistas Belisário Pena e Artur Neiva investigam a fauna e a flora de regiões brasileiras e investigam, além da flora e da fauna, a condição sanitária da população rural do Brasil. As informações, publicadas em Relatório Médico-Científico (1916) pelo Instituto Oswaldo Cruz, promove campanhas em favor do saneamento, estimula a criação da Liga Pró-Saneamento do Brasil" (1918). Monteiro Lobato aderiu à campanha com o seu personagem Jeca Tatu.[4]

No bojo das campanhas sanitaristas, Monteiro Lobato modifica sua análise do problema: Pobre Jeca. Como és bonito no romance e feio na realidade., transformando-o num novo símbolo de brasilidade. Não por acaso, em 1924, foi criado o personagem radiofônico Jeca Tatuzinho, que ensinava noções de higiene e saneamento às crianças.[5]

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

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