João Lopes de Sequeira

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João Lopes de Sequeira
Nascimento 1480
Alandroal
Morte 1524
Lisboa

João Lopes de Sequeira (Alandroal?, c. 1480-depois de 1529[1]) foi um nobre português. Foi fundador e capitão da Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué.

Biografia[editar | editar código-fonte]

João Lopes de Sequeira[2] era filho do alcaide do Castelo do Alandroal, Lopo Vaz de Sequeira, e de sua esposa, Cecília de Menezes, e irmão do Governador da Índia, Diogo Lopes de Sequeira. Desposou D. Brites (ou "Briantriz") de Leme, com quem teve Catarina de Menezes, e Cecília de Menezes, esta última mãe de D. Diogo de Meneses, Governador da Índia. e de uma amante moura, com quem teve uma garota bastarda com quem Meriâm de Sequeira [3] nasceu no início de 1511 para a fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué, e morreu em 1553, esta última mãe de senhor Brahim Aït-Tinkirt al-Burtughali (1529-1578)[4] esposa de Fatima Algazi (1536-1617)[5].

A fundação da Fortaleza do Cabo de Gué

Sequeira edificou a fortaleza do Cabo de Gué a partir do segundo semestre de 1505.[6] Para esse fim, os arsenais do reino forneceram-lhe um castelo pré-fabricado em madeira, assim como as armas e a artilharia necessária, por um valor de 347.251 reis.[7] Com estes recursos, a crónica narra:

"Ali assentou e armou ali hum castelo de páo que levava já ordenado e feito; pos-lhe artelharia e fez logo ao derredor do castelo outro muito forte de pedra e cal, em que se meteo a fonte dentro, e com artelharia defendia aos mouros que lhe não impedissem a obra.".[8]

Da leitura desta fonte depreende-se que os portugueses costumavam proceder dessa maneira, empregada por exemplo na Fortaleza de Aguz, tecnologia que deu origem à "Lenda de Aguz", segundo a qual os portugueses, numa só noite, teriam erguido a fortaleza, com o auxílio dos anjos.

Sequeira também ergueu o castelo de "Bem Mirão" (Ajarif' Imuran), "sobre uma rocha que estava apartada da terra de fronte de uma villa de Mouros que se chama Tamaraque" (Tamraght).[9]

O primeiro cerco a Santa Cruz[editar | editar código-fonte]

Em 1506, de acordo com Leão, o Africano, quando a fortaleza de pedra e cal ainda não estava acabada, vieram assaltá-la as tribos dos Haha e do Suz, para "reaver" a fortaleza de "Guarguessem". Receberam a ajuda de gente de terra longíqua e elegeram por chefe da armada o Xerife (Abu Abedalá Alcaim). Como o cerco durava, com morte de muitos, a gente do Suz fez um pacto com o Xerife, pondo uma tropa de 500 cavalos à disposição dele, para combater os cristãos. O Xerife serviu-se dessas forças para ocupar a região e tomar o poder.[10]

O segundo cerco a Santa Cruz[editar | editar código-fonte]

A 18 de agosto de 1511 o castelo foi novamente cercado pelas tribos, que permaneceram vários dias em frente à fortaleza. Mais de cem mouros foram mortos na ocasião.[11] É possível que essas tribos estivessem sob o comando uma vez mais de Abu Abedalá Alcaim e seus filhos Amade Alaraje e Maomé Axeique.

Poudo depois, provavelmente em fins de 1512, o capitão João Lopes de Sequeira, não conseguiu manter o "Castelo Bem Mirão", "o qual lhe tomarão os Mouros por treição".[11]

A venda do castelo[editar | editar código-fonte]

Sequeira abandonou então o cargo e retornou para Portugal: "(…) e com esta paixão e enfadamento se veo a Portugal e al-Rey Dom Manoel e vendeo-lhe o castelo do cabo de Gué d'Agoa de Narba".

Encontramo-lo efectivamente em Évora, em 22 de novembro de 1512, para a venda do castelo ao rei, acabando por concluí-lo em 25 de janeiro de 1513, por 5000 cruzados.[12]

Encontra-se menção de João Lopes de Sequeira ainda em setembro de 1529 onde João III de Portugal confirma o contrato e, em novembro de 1544, esse mesmo contrato é uma vez mais confirmado, desta vez a sua filha, o que leva a concluir que Sequeira faleceu entre essas duas datas.

Referências

  1. e antes de novembro de 1544
  2. O autor anónimo da "Crónica de Santa Cruz do cabo de Gué" dá-lhe o nome de João Lopes Girão, embora Pierre de Cenival afirme que "toutes les autres sources" (todas as outras fontes) dão-lhe o nome de João Lopes de Sequeira (p. 21)
  3. sir. «Meriâm Sequeira de Santa Cruz :: Ouled-el-ghazi». Ouled-el-ghazi (em francês) 
  4. sir. «Brahim Aït-Tinkirt al-Burtughali :: Ouled-el-ghazi». Ouled-el-ghazi (em francês) 
  5. sir. «Sayyeda Fatima Al-Ghazi :: Ouled-el-ghazi». Ouled-el-ghazi (em francês) 
  6. "Chronique de Santa-Cruz du Cap de Gué (Agadir)". Texte portugais du XVIeme siècle, traduit et annoté par Pierre de Cenival. Paris, Paul Geuthner. 13, rue Jacob, 13. 1934.p. 21
  7. Acto de venda em 25 de janeiro de 1513, gaveta 15, maço 5, n° 18, in "Chronique de Santa-Cruz du Cap de Gué", p. 22.
  8. idem. p. 22-23.
  9. Idem. p. 23-24.
  10. idem. p. 23.
  11. a b idem. p. 24
  12. Sousa Viterbo. "O dote de D. Beatriz de Portugal", Archivo historico portuguez, t. VII, p. 167-168. In Chronique de Santa-Cruz du Cap de Gué (Agadir). p. 24

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Chronique de Santa-Cruz du Cap de Gué (Agadir). Texte portugais du XVIeme siècle, traduit et annoté par Pierre de Cenival. Paris, Paul Geuthner. 13, rue Jacob, 13. 1934 (Crónica de Santa Cruz do cabo de Gué, por autor anónimo portuguez).


Precedido por
Capitão da Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué
15051512
Sucedido por
D. Francisco de Castro