Lagrangiano de Darwin

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A lagrangiana de Darwin (nomeado em homenagem a Charles Galton Darwin, neto do naturalista) descreve a interação que conduz a entre duas partículas carregadas no vácuo, em que c é a velocidade da luz. Foi derivado antes do advento da mecânica quântica e resultou de uma investigação mais detalhada das interações eletromagnéticas clássicas dos elétrons em um átomo. A partir do modelo de Bohr sabia-se que eles deveriam estar se movendo com velocidades próximas à da luz.[1]

A lagrangiana completa para duas partículas em interação é

onde a parte da partícula livre é
A interação é descrita como
onde a interação de Coulomb em unidades gaussianas é
enquanto a interação de Darwin é
Aqui q1 e q2 são as cargas nas partículas 1 e 2, respectivamente, m1 e m2 são as massas das partículas, v1 e v2 são as velocidades das partículas, c é a velocidade da luz, r é o vetor entre as duas partículas, e é o vetor unitário na direção de r.

A primeira parte é a expansão de Taylor da lagrangiana livre de duas partículas relativísticas de segunda ordem em v. O termo de interação de Darwin é devido a uma partícula reagindo ao campo magnético gerado pela outra partícula. Se termos de ordem superior em v/c forem retidos, então os graus de liberdade do campo devem ser levados em consideração, e a interação não pode mais ser considerada instantânea entre as partículas. Nesse caso, os efeitos de retardo devem ser levados em conta.[2]:

Derivação no vácuo[editar | editar código-fonte]

A interação relativística lagrangiana para uma partícula com carga q interagindo com um campo eletromagnético é[2]:

onde u é a velocidade relativística da partícula. O primeiro termo à direita gera a interação de Coulomb. O segundo termo gera a interação de Darwin.

O vetor potencial in the calibre de Coulomb é descrito por[2]:242

onde a corrente transversal Jt é a corrente solenoidal (ver decomposição de Helmholtz) gerado por uma segunda partícula. A divergência da corrente transversal é zero.

A corrente gerada pela segunda partícula é

a qual tem uma transformada de Fourier

A componente transversal da corrente é

É facilmente verificado que

o qual deve ser verdadeiro se a divergência da corrente transversal for zero. Vemos que é a componente da corrente transformada de Fourier perpendicular a k.

Da equação do potencial vetorial, a transformada de Fourier do potencial vetorial é

onde mantivemos apenas o termo de ordem mais baixa em v/c.

A transformada inversa de Fourier do potencial vetorial é

onde

O termo da interação de Darwin na lagrangiana é então

onde novamente mantivemos apenas o termo de menor ordem em v/c.

Equações lagrangianas de movimento[editar | editar código-fonte]

A equação de movimento de uma das partículas é

onde p1 é o momento da partícula.

Partícula livre[editar | editar código-fonte]

A equação de movimento para uma partícula livre desprezando as interações entre as duas partículas é

Partículas interagindo[editar | editar código-fonte]

Para partículas em interação, a equação de movimento torna-se

Hamiltoniana para duas partículas no vácuo[editar | editar código-fonte]

A hamiltoniana de Darwin para duas partículas no vácuo está relacionado à lagrangiana por uma transformada de Legendre, isto é,

A hamiltoniana torna-se

Essa hamiltoniana fornece a energia de interação entre as duas partículas. Argumentou-se recentemente que, quando expressas em termos de velocidades de partículas, deveríamos simplesmente definir no último termo e inverter seu sinal.[3]

Equações de movimento[editar | editar código-fonte]

As equações de movimento hamiltonianas são

e
a qual resulta
e

Eletrodinâmica quântica[editar | editar código-fonte]

A estrutura da interação de Darwin também pode ser vista claramente em eletrodinâmica quântica e devido à troca de fótons na ordem mais baixa de teoria da perturbação. Quando o fóton tem quadrimomento pμ = ħkμ com vetor de onda kμ = (ω /c, k), seu propagador no calibre de Coulomb tem dois componentes.[4]

resulta na interação de Coulomb entre duas partículas carregadas, enquanto

descreve a troca de um fóton transversal. Tem um vetor de polarização e acopla-se a uma partícula com carga e trimomento com uma força Dado que neste calibre, não importa se usamos o momento da partícula antes ou depois do fóton se acoplar a ela.

Na troca do fóton entre as duas partículas, pode-se ignorar a frequência comparada com no propagador trabalhando com a precisão em que é necessária aqui. As duas partes do propagador então resultam juntas a hamiltoniana efetiva

por sua interação no espaço k. Isto é agora idêntico ao resultado clássico e não há vestígios dos efeitos quânticos usados nesta derivação.

Um cálculo semelhante pode ser feito quando o fóton se acopla a partículas de Dirac com spin s = 1/2 e usado para uma derivação da equação de Breit. Isso resulta o mesmo que a interação de Darwin mas também termos adicionais envolvendo os graus de liberdade do spin e dependendo da constante de Planck.[4]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. C.G. Darwin, The Dynamical Motions of Charged Particles, Philosophical Magazine 39, 537-551 (1920).
  2. a b c Jackson, John D. (1998). Classical Electrodynamics 3rd ed. [S.l.]: Wiley. ISBN 047130932X 
  3. K.T. McDonald, Darwin Energy Paradoxes, Princeton University (2019).
  4. a b V. B. Berestetskii, E. M. Lifshitz, and L. P. Pitaevskii, Relativistic Quantum Theory, Pergamon Press, Oxford (1971).