Lista de couraçados da Grécia
A Marinha Real Helênica adquiriu ou tentou adquirir alguns couraçados na década de 1910. O Reino da Grécia embarcou em um programa de expansão naval no início do século XX para fazer frente ao seu tradicional rival, o Império Otomano.[nota 1] Este tinha encomendado o couraçado Reşadiye de um estaleiro britânico, o que fez com que os gregos encomendassem o Salamis de um estaleiro alemão. Os otomanos então adquiriam o ex-couraçado brasileiro Rio de Janeiro, com a Grécia respondendo encomendando o Vasilefs Konstantinos na França, que teria o mesmo projeto da Classe Bretagne. Como as construções dos navios otomanos estavam mais adiantadas, a Marinha Real comprou os obsoletos pré-dreadnoughts norte-americanos USS Mississippi e USS Idaho em 1914 como tapa-buracos, renomeando-os para Kilkis e Lemnos.
Os planos gregos foram interrompidos em 1914 pela Primeira Guerra Mundial. A construção do Vasilefs Konstantinos foi interrompida em agosto e a do Salamis em dezembro. Consequentemente, o Kilkis e o Lemnos foram os únicos couraçados operados pela Grécia. O país se manteve neutro durante os primeiros anos do conflito, porém a França tomou a Marinha Real em outubro de 1916 e desarmou ambas as embarcações, que permaneceram inativas pelo restante da guerra. Foram rearmados e atuaram na Guerra Greco-Turca. Os couraçados continuaram a operar até o início da década de 1930, quando foram relegados à papéis secundários: o Lemnos se tornou um alojamento flutuante e o Kilkis um navio de treinamento. Os dois foram atacados em abril de 1941 durante a invasão alemã da Grécia na Segunda Guerra Mundial e afundados por ataques aéreos na ilha de Salamina, com seus destroços sendo desmontados depois da guerra.
Armas principais | Número e tamanho dos canhões da bateria principal |
---|---|
Deslocamento | Deslocamento do navio totalmente carregado |
Propulsão | Número e tipo do sistema de propulsão e velocidade máxima |
Batimento | Data em que o batimento de quilha ocorreu |
Lançamento | Data em que o navio foi lançado ao mar |
Comissionamento | Data em que o navio foi comissionado em serviço |
Destino | Fim que o navio teve |
Salamis
[editar | editar código-fonte]O Império Otomano, o tradicional rival da Grécia, iniciou em 1911 um processo para modernizar sua frota. Nesse mesmo ano os otomanos encomendaram o couraçado dreadnought Reşadiye de um estaleiro britânico. Essa expansão do poderio da Marinha Otomana ameaçava o controle grego do Mar Egeu. Consequentemente, para fazer frente ao navio otomano, a Marinha Real Helênica decidiu encomendar um couraçado próprio, chamado de Salamis, de um estaleiro alemão.[2] A construção começou em julho de 1913 e seu casco foi finalizado para que pudesse ser lançado ao mar em novembro de 1914, porém o início da Primeira Guerra Mundial no final de julho interrompeu suas obras e todos os trabalhos foram parados em 31 de dezembro. Os canhões para o Salamis tinham sido encomendados nos Estados Unidos e acabaram sendo vendidos por seu fabricante, a Bethlehem Steel, para a Marinha Real Britânica a fim de armar os monitores da Classe Abercrombie. A Marinha Real Helênica recusou-se a aceitar receber o casco incompleto ao final da guerra. Ele acabou sendo desmontado em 1932 depois de uma longa arbitração entre a Marinha Real e os estaleiros da AG Vulcan em Hamburgo.[3][4]
Navio | Armas principais[3] |
Deslocamento[3] | Propulsão[3] | Serviço[3] | |||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Batimento | Lançamento | Comissionamento | Destino | ||||
Salamis (Σαλαμίς) | 8 × 356 mm | 19 800 t | 3 turbinas a vapor; 23 nós (43 km/h) |
julho de 1913 | novembro de 1914 | — | Desmontado em 1932 |
Vasilefs Konstantinos
[editar | editar código-fonte]Os otomanos adquiriram um novo couraçado no final de dezembro de 1913, quando compraram o ainda em construção Rio de Janeiro da Marinha do Brasil e o renomearam para Sultan Osman-ı Evvel.[5] A Marinha Real respondeu ao encomendar um segundo couraçado próprio. Esta nova embarcação se chamaria Vasilefs Konstantinos e seria construída pela francesa Ateliers et Chantiers de la Loire com o mesmo projeto dos couraçados da Classe Bretagne da Marinha Nacional Francesa. As obras começaram em junho de 1914, porém o início da Primeira Guerra Mundial logo no mês seguinte paralisou todos os trabalhos, que nunca mais foram retomados. A Marinha Real recusou receber o navio incompleto ao final da guerra, o que levou a uma disputa contratual que foi resolvida apenas em 1925. O casco inacabado foi desmontado logo em seguida.[3]
Navio | Armas principais[6] |
Deslocamento[6] | Propulsão[6] | Serviço[3] | |||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Batimento | Lançamento | Comissionamento | Destino | ||||
Vasilefs Konstantinos (Βασιλεύς Κωνσταντίνος) |
10 × 340 mm | 25 000 t | 4 turbinas a vapor; 20 nós (37 km/h) |
junho de 1914 | — | — | Desmontado em 1925 |
Kilkis e Lemnos
[editar | editar código-fonte]O Kilkis e o Lemnos eram pré-dreadnoughts que tinham sido construídos entre 1904 e 1908 pela Marinha dos Estados Unidos, originalmente nomeados USS Mississippi e USS Idaho da Classe Mississippi. Eles serviram com a frota norte-americana até junho de 1914, quando foram comprados pela Marinha Real como uma medida tapa-buraco. Eles eram necessários para conter a expansão naval otomana, cujos couraçados estavam em estágios de construção mais avançados, até que os dreadnoughts gregos pudessem ser finalizados e entregues.[7] Os dois chegaram na Grécia em julho de 1914, dias antes do início da Primeira Guerra Mundial. A Grécia se manteve neutra pelos primeiros três anos de conflito e os navios tiveram serviço limitado. A França tomou a frota grega em outubro de 1916 e o Kilkis e Lemnos foram desarmados, porém retornaram à ativa ao final da guerra. Eles atuaram na Guerra Greco-Turca entre 1919 e 1922,[8] com o Lemnos também participando da intervenção dos Aliados na Guerra Civil Russa.[9]
Os dois couraçados continuaram a servir com a Marinha Real até meados da década de 1930, com o Kilkis atuando como a capitânia de toda a frota grega.[10] O Lemnos foi desativado em 1932 e colocado na reserva, enquanto o Kilkis foi reduzido à função de navio de treinamento.[3] O Lemnos foi desarmado e usado como alojamento flutuante a partir de 1937,[11] já o Kilkis tornou-se uma bateria antiaérea flutuante na Base Naval de Salamina em 1940.[3] A Alemanha invadiu a Grécia em abril de 1941 durante a Segunda Guerra Mundial e ambas as embarcações foram atacadas e afundadas em Salamina. Bombardeiros de mergulho Junkers Ju 87 os bombardearam no porto da base no dia 23, com o Kilkis afundando imediatamente e o Lemnos sendo encalhado para não afundar por completo.[9][12] Eles foram desmontados no local depois da guerra.[13]
Navio | Armas principais[14] |
Deslocamento[14] | Propulsão[14] | Serviço[3][14] | |||
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Batimento | Lançamento | Aquisição | Destino | ||||
Kilkis (Κιλκίς) | 4 × 305 mm | 14 700 t | 2 motores de tripla-expansão; 17 nós (31 km/h) |
maio de 1904 | setembro de 1905 | julho de 1914 | Afundados em 1941 |
Lemnos (Λήμνος) | dezembro de 1905 |
Notas
Referências
[editar | editar código-fonte]Citações
[editar | editar código-fonte]- ↑ Gardiner 1979, p. 387
- ↑ Sondhaus 2001, p. 220
- ↑ a b c d e f g h i j Gardiner & Gray 1985, p. 384
- ↑ Gardiner & Gray 1985, p. 43
- ↑ Hough 1967, p. 75
- ↑ a b c Gardiner & Gray 1985, p. 198
- ↑ Gardiner & Gray 1985, p. 383
- ↑ Gardiner & Gray 1985, pp. 383–384
- ↑ a b Cressman, Robert J. (28 de setembro de 2007). «Idaho II (Battleship No. 24)». Dictionary of American Naval Fighting Ships. Naval History and Heritage Command. Consultado em 20 de fevereiro de 2022
- ↑ Lautenschläger 1973, p. 64
- ↑ Gardiner & Chesneau 1980, p. 404
- ↑ Lautenschläger 1973, p. 65
- ↑ Hore 2006, p. 89
- ↑ a b c d Gardiner 1979, p. 144
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Gardiner, Robert (1979). Conway's All the World's Fighting Ships 1860–1905. Greenwich: Conway Maritime Press. ISBN 0-8317-0302-4
- Gardiner, Robert; Gray, Randal (1985). Conway's All the World's Fighting Ships, 1906–1921. Annapolis: Naval Institute Press. ISBN 0-87021-907-3
- Gardiner, Robert; Chesneau, Roger (1980). Conway's All the World's Fighting Ships, 1922–1946. Annapolis: Naval Institute Press. ISBN 0-87021-913-8
- Hore, Peter (2006). Battleships of World War I. Londres: Southwater Books. ISBN 978-1-84476-377-1
- Hough, Richard (1967). The Great Dreadnought: The Strange Story of H.M.S. Agincourt: The Mightiest Battleship of World War I. Nova Iorque: Harper & Row. OCLC 914101
- Lautenschläger, Karl (1973). «USS Mississippi (BB-23) Greek Kilkis». Warship Profile 39. Windsor: Profile Publications. OCLC 33084563
- Sondhaus, Lawrence (2001). Naval Warfare, 1815–1914. Londres: Routledge. ISBN 978-0-415-21478-0
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Media relacionados com Couraçados da Grécia no Wikimedia Commons