Luís Wittnich Carrisso

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Luís Wittnich Carrisso
Nascimento 14 de fevereiro de 1886
Figueira da Foz
Morte 14 de junho de 1937 (50–51 anos)
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Ocupação botânico, professor universitário, político
Prêmios
  • Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública
  • Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada
Empregador(a) Universidade de Coimbra
Monumento memorial a Luís Carrisso no Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, em Coimbra, Portugal.
Monumento memorial a Luís Carrisso no Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, em Coimbra, Portugal

Luís Wittnich Carrisso GOSEGCIP (Figueira da Foz, 14 de Fevereiro de 1886Deserto do Namibe, Angola, 14 de Junho de 1937) foi um professor universitário e botânico português, Professor Catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra e director do Instituto Botânico Júlio Henriques.

O seu nome é homenageado na taxonomia botânica, nomeadamente no género Carrissoa da família Fabaceae (onde se inclui a Carrissoa angolensis) e no epíteto específico da espécie Dissotis carrissoi[1] da família Melastomataceae[2]. Existe na Figueira da Foz um arruamento com o seu nome.[3].

Biografia[editar | editar código-fonte]

Organizou três missões científicas às antigas colónias portuguesas.

Na primeira missão, partiu no dia 1 e Junho de 1927, acompanhado apenas por outro naturalista, Francisco de Ascensão Mendonça. Durante seis meses, ambos percorreram o território angolano, recolhendo espécies de herbário.

No dia 10 de Agosto de 1929, uma comitiva um pouco menor do que se previa – incluindo oito professores e 13 alunos – zarpou de Lisboa no paquete João Belo. Duas semanas depois, o grupo estava em Luanda e durante um mês e meio percorreu 6000 quilómetros de estradas

Das expedições de 1927 e 1929 tinham resultado, além de um filme, largas centenas de fotografias – ainda hoje existentes. Foi a partir destas imagens que Carrisso pensou numa colecção de diapositivos, a ser distribuída pelas escolas, acompanhada de um guia explicativo – uma espécie de powerpoint dos anos 1930.

A 11 de Abril de 1931 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[4]

No dia 21 de Julho de 1932, 36 caixas foram despachadas pela Universidade de Coimbra – uma para cada um dos 33 liceus nacionais, uma para a Figueira da Foz, de onde Luís Carrisso era natural, uma para Luanda e uma ainda para o gabinete de Salazar.

A única caixa que se conhece atualmente o paradeiro está na escola secundária Sá de Miranda, em Braga, não se sabe se os diapositivos chegaram a ser usados e encontra-se no museu da escola.

Em 1937, cinco anos depois da sua iniciativa pedagógica, Luís Carrisso voltou a Angola com outros naturalistas, em mais uma expedição botânica. Foram recolhidos 25.000 exemplares de plantas que, somados ao conhecimento adquirido nas missões anteriores, permitiram a publicação posterior de uma obra de referência sobre a flora africana.

Em termos científicos, a terceira missão foi um sucesso. Mas, por ironia do destino, a viagem encerrou os esforços de Carrisso da forma mais dramática possível. No dia 14 de Junho, depois de quatro meses em Angola e quando a viagem se aproximava do fim, o naturalista sentiu-se mal depois de regressar de uma colina no deserto do Namibe e morreu na tenda em que acampava.

Faleceu de síncope cardíaca, aos 51 anos de idade, quando, no final da sua terceira expedição científica a Angola, explorava o deserto do Namibe (Moçâmedes). Após se sentir indisposto quando escalava a encosta de Kane-Wia, morreu no acampamento da expedição, a 2 quilómetros do morro das Paralelas, no qual se situa o Kane-Wia, e a 102 quilómetros da cidade de Moçâmedes. No local está uma placa com a inscrição: Dr. L. W. Carrisso XIV-VI-MCMXXXVII[5]. Na expedição estava acompanhado por sua esposa, Ana Maria Costa Pereira de Sousa Wittnich Carrisso, por técnicos e colectores do Instituto Botânico de Coimbra, pelo naturalista britânico Arthur Wallis Exell e pelo botânico suíço John Gossweiller, então ao serviço do governo português em Angola.

A 3 de Setembro de 1937 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública a título póstumo.[4]

Dados genealógicos[editar | editar código-fonte]

Era filho de Ignácio Augusto Carrisso e de Leopoldina Neumier Wittnich, natural de Lisboa, filha de João Frederico Wittnich, de Frankfurt, e de Madalena Neumier, natural de Alt Breissent, em Baden.

Nasceu a 14 de Fevereiro de 1886 na Rua Eng.º Silva, na Figueira da Foz, sendo baptizado em 10 de Abril. Foram padrinhos João Frederico Wittnich Carriço seu irmão e Emília Wittnich sua tia materna.

Notas

  1. «O figueirense que redescobriu Angola». Consultado em 16 de junho de 2011. Arquivado do original em 7 de agosto de 2006 
  2. Isótipo no Herbário da Universidade de Lisboa.
  3. [1]
  4. a b «Cidadãos Portugueses Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Luís Wittnich Carrisso". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 15 de abril de 2015 
  5. A Maldição do Kane-Wia.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Missão botânica: Angola 1927 - 1937, por Helena Freitas, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2005

Ligações externas[editar | editar código-fonte]