Luiza Sarsfield Cabral

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Luiza Sarsfield Cabral
Nascimento Maria Luísa Sarsfield Cabral
1941 (83 anos)
Miragaia
Cidadania Portugal
Alma mater
Ocupação professora, ativista política

Luisa Sarsfield Cabral (Porto, 1941) foi uma anti-fascista portuguesa que fez parte do grupo Católicos Progressistas que lutaram contra o Estado Novo e a Guerra Colonial.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Maria Luisa Sarsfield Cabral, nasceu em 1941, na cidade do Porto. [1]

Após terminar os estudos no Liceu Carolina Michaelis, opta por estudar Letras na Universidade de Lisboa, onde se licencia em germânicas. [1] É durante este período que entra em contacto com a Juventude Universitária Católica (JUC) e envolve-se na crise académica de 1962, tendo participado nos protestos organizados pelos estudantes.[1] Integra o Movimento Juvenil de Ajuda Fraterna (MOJAF), onde participa na construção de casas e uma biblioteca para a população de São Mamede de Infesta. [2][1]

É na faculdade que conhece o arquitecto Nuno Teotónio Pereira e passa a colaborar com a cooperativa Pragma da qual este era membro fundador. [3][4][1] Ajuda na distribuição dos Cadernos GEDOC (Grupos de Estudos e Intercâmbio de Documentação, Informações e Experiências). [5][6][1]

Ao de Nuno e Natália Teotónio Pereira, ajuda jovens a passar a fronteira com Espanha para fugirem à guerra colonial. Participa também na ocupação do bairro do Bom Sucesso em Odivelas, e no programa de alfabetização de adultos, promovido por Alfredo Bruto da Costa e Manuela Silva, que seguia o método criado por Paulo Freire. [7]

A pedido de Nuno Teotónio Pereira, transforma um anexo da sua casa num arquivo que serve também como esconderijo de literatura proibida pelo Estado Novo, e como ponto de distribuição do Boletim Anticolonial (BAC). [8][9][10] Em 26 de Novembro de 1973, são descobertos e Luisa Sarsfield Cabral é presa pela PIDE que revista a casa e que descobre entre outros documentos, fotografias do massacre de Wiriamu, ainda por arquivar. Na prisão partilha cela com Maria da Conceição Moita das Brigadas Revolucionárias, com Fátima Pereira Bastos e Maria José Campos que faziam parte da LUAR.[1] Durante os quatro meses que passa presa em Caxias, é interrogada e torturada pela PIDE. [10]

Ao sair da prisão, em Março de 1974, é seguida pela PIDE e é afastada de dar aulas pelo estado que decide que ela não possui características apropriadas para leccionar, situação que se altera com o 25 de Abril. [1][11] Após a revolução, filia-se no partido socialista, recusa o convite de Nuno Teotónio Pereira para fazer parte do Movimento de Esquerda Socialista (MES) e ajuda a fundar o Centro de Reflexão Cristã. [1][12]

Obras seleccionadas[editar | editar código-fonte]

Escreveu:

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f g h i «Mulheres de Abril: Testemunho de Luiza Sarsfield Cabral». Esquerda 
  2. «Movimento Juvenil de Ajuda Fraterna em São Mamede de Infesta». Consultado em 27 de dezembro de 2023 
  3. «Cooperativa Pragma (1964-1972) – Nuno Teotónio Pereira». nunoteotoniopereira.pt. Consultado em 27 de dezembro de 2023 
  4. «HOMENAGEM A NUNO TEOTÓNIO PEREIRA | e-cultura». www.e-cultura.pt. Consultado em 27 de dezembro de 2023 
  5. «Os Cadernos GEDOC». Esquerda 
  6. «José da Felicidade Alves | Memória Comum». memorial2019.org. Consultado em 27 de dezembro de 2023 
  7. Costa, Rita Rodrigues Noronha da. «Habilitações escolares e percursos de pobreza nos bairros degradados de Lisboa: Uma interpretação em duas biografias» (PDF). RUN - Repositório Universidade Nova 
  8. 7Margens (13 de abril de 2021). «Luiza Sarsfield estava a preparar uma aula quando a PIDE lhe bateu à porta – e podemos saber o que se seguiu». Sete Margens. Consultado em 27 de dezembro de 2023 
  9. «O longo caminho até à Capela do Rato (1992) – Nuno Teotónio Pereira». nunoteotoniopereira.pt. Consultado em 27 de dezembro de 2023 
  10. a b Silveira, Lígia (30 de abril de 2021). ««Conversas na Ecclesia»: Luiza Sarsfield Cabral «regressa» à prisão de Caxias 47 anos depois (c/vídeo)». Agência ECCLESIA. Consultado em 27 de dezembro de 2023 
  11. Silveira, Lígia (17 de abril de 2021). «25 de abril: «A democracia é frágil» mas novas gerações «têm a sorte de resolver os problemas num quadro democrático» - c/vídeo». Agência ECCLESIA. Consultado em 27 de dezembro de 2023 
  12. «Sócios Fundadores – CRC». reflexaocrista.org. Consultado em 27 de dezembro de 2023 
  13. «Biblioteca Nacional de Portugal: Luisa Sarsfield Cabral». catalogo.bnportugal.gov.pt. Consultado em 27 de dezembro de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]