Mátria

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Mãe pátria, personalização da República do Peru

Mátria é um neologismo utilizado por escritoras como Isabel Allende para representar a reconstrução do termo pátria, lógica que já era mencionada por Plutarco na Grécia Antiga, e que no século XVII era referida na língua castelhana por se derivar esta da própria terra.[1][2][3] Para Miguel de Unamuno, tal termo evocaria a feminização dos atributos associados à nacionalidade, mesma lógica que propunha Jorge Luis Borges ao se referir metaforicamente à «natureza-mãe».[4][5][6]

Na Antiguidade Clássica foi utilizada para fazer referência à própria terra do nascimento e do sentimento. Ao longo do tempo mantém-se graças à tradição literária e poética, principalmente nas línguas galega e portuguesa. Edgar Morin emprega-a ao referir-se à mátria Europa, enquanto Miguel de Unamuno usou-a para referir-se à mátria basca. Julia Kristeva identifica este termo com «outro espaço» que não tem que ver com a terra de nascimento, nem com a legitimação de qualquer Estado, e sim com um lugar interior no que criar um «quarto próprio».

O antropólogo Andrés Ortiz-Osés contrapõe a pátria espanhola à mátria basca para tentar explicar a origem da violência etarra, enquanto desde uma visão feminista, a filósofa Victoria Sendón de León identifica-o com uma releitura nova e possível de velhos conceitos como identidade, raça, idioma, religião, tradição ou sexo.[7][8]

O substantivo pátria é de gênero feminino e usa-se habitualmente junto com mãe na colocação mãe pátria. O neologismo mátria, não recolhido no dicionário da RAE, faz parte do vocabulário utilizado em campos como a antropologia e os estudos de gênero. Em ocasiões, mátria apresentou-se erroneamente como equivalente ao termo inglês motherland; ainda que o termo motherland seja equivalente ao termo, em espanhol, mãe pátria.[9]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Fonseca, Cristóbal de (1620). Primera y segunda parte del Tratado del amor de Dios. Madrid: Luis Sanchez, impresor del Rey nuestro señor. 795 páginas 
  2. Monlau, Pedro Felipe (1856). Diccionario etimológico de la lengua castellana(ensayo): Precedido de unos rudimentos de etimología. [S.l.]: Imprenta y Estereotipia de M. Rivadeneyra. 554 páginas 
  3. Vieira, Antonio (1734). «Sermón tercero de nuestra señora de la Concepción, en la iglesia de nuestra señora del destierro, en la Bahía, Año de 1639». El V. P. Antonio de Vieyra de la Compañia de Jesús, todos sus sermones, y obras diferentes que que de su original Portugués se han traduzido en Castellano. [S.l.]: Imprenta de Francisco Surià. 501 páginas 
  4. Sepúlveda Muñoz, Isidro (2005). El Sueño de la Madre Patria: Hispanoamericanismo y Nacionalismo. [S.l.]: Marcial Pons Historia. 530 páginas. ISBN 978-84-9646-704-0 
  5. Barnstone, Willis (2000). With Borges on an Ordinary Evening in Buenos Aires: A Memoir (em inglês). Illinois: University of Illinois Press. 198 páginas. ISBN 978-02-5206-863-8 
  6. Le Goff, Marcel (1995). Jorge Luis Borges: el universo, la letra y el secreto. [S.l.]: Librería Linardi y Risso. pp. 320. ISBN 978-99-7455-908-0 
  7. Ortiz-Osés, Andrés (1999). «Conflicto político y mediación cultural». La Cuestión Vasca: Claves de un Conflicto Cultural y Político. [S.l.]: Anthropos Editorial. 271 páginas. ISBN 978-84-9224-383-9 
  8. Sendón de León, Victoria (2006). Matria: El horizonte de lo posible. [S.l.]: Siglo XXI de España Editores. 239 páginas. ISBN 978-84-3231-270-0 
  9. «motherland». dictionary.cambridge.org (em inglês). Consultado em 6 de agosto de 2021