Mídia Ninja

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Mídia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação) é uma rede de mídia com atuação em mais de 250 cidades no Brasil. Sua abordagem é conhecida pela militância sociopolítica e identitária[1], declarando-se ser uma alternativa à imprensa tradicional. O grupo ganhou repercussão internacional na transmissão dos protestos no Brasil em 2013.[2]

Atualmente, além das transmissões em fluxo de vídeo em tempo real, pela Internet, usando câmeras de celulares e uma unidade móvel,[3] a rede possui um portal de notícias.[4] A estrutura da Mídia Ninja faz uso das redes sociais, como Facebook, Twitter, Flickr, Tumblr e Instagram na divulgação de notícias.

História[editar | editar código-fonte]

Evento do Fora do Eixo em Minas Gerais em 2013

O grupo teve origem em junho de 2011 por meio da Pós-TV, mídia digital do circuito Fora do Eixo,[5][6] uma rede de produção cultural que tem origem no programa Pontos de Cultura, e passou a desenvolver tecnologias de comunicação e produção cultural, além de atuar como movimento social em colaboração constante com outros grupos, coletivos e movimentos sociais. Os jornalistas Bruno Torturra e Debora Pill são considerados os fundadores da Mídia Ninja, que nasceu como coletivo de jornalismo independente, batizado por ela de Núcleo Independente de Jornalismo e Ação. Posteriormente contou com os participantes da Rede Fora do Eixo Rafael Vilela, Felipe Altenfelder, Dríade Aguiar, Pablo Capilé, Filipe Peçanha e Thiago Dezan.[7]

Antecedentes de 2013[editar | editar código-fonte]

O embrião do movimento esteve presente na Marcha da Maconha e na Marcha da Liberdade daquele ano. Em 2012, o grupo fez uma cobertura da situação das aldeias Guarani-Kaiowá do Mato Grosso do Sul.[8]

De 2013 a 2015[editar | editar código-fonte]

A rede foi lançada oficialmente em março de 2013 com a cobertura do Fórum Mundial de Mídia Livre na Tunísia. Depois, ganhou ampla visibilidade durante os protestos de junho e julho de 2013 no Brasil. Após transmitir ao vivo os protestos e influenciar a narrativa da mídia tradicional,[9] ganhando centenas de milhares de seguidores em suas contas na redes sociais, o grupo tem adotado uma abordagem de colaboração constante com movimentos sociais brasileiros.

Fotojornalismo[editar | editar código-fonte]

Ato pelo fim da LGBTfobia - 2016 - Rio de Janeiro-RJ

O grupo também atua no campo da fotografia, especialmente do fotojornalismo, tendo participado em fevereiro de 2014 do projeto Offside Brazil,[10] com a Agencia de Fotografias Magnum, fundada dentre outros, pelo fotógrafo Henri Cartier-Bresson.

A rede tem uma política de utilizar autoria coletiva na maior parte de sua produção, que é disponibilizada sob a licença Creative Commons com restrição comercial.[11][12]

Em 2014, o Museu de Arte Moderna de São Paulo selecionou, por meio do Clube de Colecionadores de Fotografia da instituição, um conjunto de fotografias produzidas pela rede para fazer parte de seu acervo.[13]

Controvérsias[editar | editar código-fonte]

Por ocasião da visita do Papa Francisco ao Brasil, houve a prisão de dois membros do Mídia Ninja no Rio de Janeiro.[14]

Desde a participação de Bruno Torturra e Capilé no programa Roda Viva, da TV Cultura, no dia 5 de agosto de 2013, para falar da experiência com o Mídia Ninja, a rede Fora do Eixo passou a ser alvo de ataques de alguns ex-integrantes e de artistas ligados aos eventos do grupo. Foram denunciados pela revista Veja, que usou do depoimento da cineasta Beatriz Seigner para acusar o grupo de retenção de cachês e práticas de trabalho exploratórias.[15] Uma das principais críticas apontava que a rede estava mais interessada na própria autopromoção do que no fortalecimento do cenário independente.[16] Um dos fundadores do Fora do Eixo, Pablo Capilé, manifestou-se publicamente defendendo-se das acusações.[17]

O jornalista Bruno Garschagen afirma que o grupo recebeu financiamentos externos, como da Open Society Foundations, do investidor George Soros, e questiona se isso iria contra as declarações de "mídia independente" do grupo.[18][19]

Referências

  1. «Raça não é só identidade». Rede NINJA. Consultado em 19 de novembro de 2021 
  2. Romero, Simon; Neuman, William (20 de junho de 2013). «Sweeping Protests in Brazil Pull In an Array of Grievances». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 17 de janeiro de 2022 
  3. BRESSANE, Ronaldo (2013), «Guerra dos Memes», O Estado de S. Paulo, Revista Piauí (82), consultado em 23 de julho de 2013 
  4. Revista Forum (11 de junho de 2014). «Mídia Ninja lança plataforma colaborativa». Portal Forum. Consultado em 1 de fevereiro de 2015 
  5. Que história é essa de Pós-TV?, Pós TV, consultado em 23 de julho de 2013 
  6. LORENZOTTI, Elizabeth, «Pós-TV: de pós-jornalistas para pós-telespectadores», Observatório da Imprensa, consultado em 23 de julho de 2013 .
  7. Bruno Torturra (1 de dezembro de 2013). «Olho da Rua». Revista Piauí. Consultado em 1 de fevereiro de 2015 
  8. BLUMEN, Felipe (1 de abril de 2013), «'Ninjas' do jornalismo travam guerrilha pela liberdade da mídia», Catraca Livre, consultado em 23 de julho de 2013 
  9. Renate Krieger (1 de agosto de 2013). «Ascensão da Mídia Ninja põe em questão imprensa tradicional no Brasil». DW Brasil. Consultado em 1 de fevereiro de 2015 
  10. ESPNgo Photos (21 de julho de 2014). «Magnum offsides Brazil: World Cup wrapup». ESPN. Consultado em 1 de fevereiro de 2014 
  11. Revista ZUM (31 de outubro de 2014). «Três perguntas para a Mídia NINJA». Revista ZUM. Consultado em 1 de fevereiro de 2015 
  12. «Mídia NINJA». Flickr. Consultado em 29 de junho de 2023 
  13. Entretempos (8 de novembro de 2013). «Mídia Ninja fará parte do acervo do MAM-SP». Folha de S.Paulo. Consultado em 1 de fevereiro de 2015 
  14. Carol Farina (22 de julho de 2013). «Detenção de integrantes da 'Mídia Ninja' prolongou os protestos». Veja online. Consultado em 10 de novembro de 2013 
  15. Raquel Carneiro (9 de agosto de 2013). «Artistas acusam grupo base da Mídia Ninja de estelionato, retenção de cachês e outros crimes». Veja online. Consultado em 10 de novembro de 2013. Arquivado do original em 27 de novembro de 2013 
  16. Azevedo da Fonseca, André (29 de abril de 2017). «O Circuito Fora do Eixo e as tensões no campo da produção cultural no cenário alternativo brasileiro». Chasqui. Revista Latinoamericana de Comunicación (134). 333 páginas. ISSN 1390-924X. doi:10.16921/chasqui.v0i134.2891 
  17. Revista Fórum (12 de agosto de 2013). «Pablo Capilé: "Estamos fazendo uma autocrítica"». Portal Fórum. Consultado em 1 de fevereiro de 2015 
  18. Bruno Garschagen (25 de agosto de 2016). «A esquerda brasileira quer definir o que você pensa. E com dinheiro de bilionário americano». O Globo. Arquivado do original em 5 de Março de 2017 
  19. Bruno Garschagen (23 de Outubro de 2017). «George Soros, o financiador da esquerda brasileira». Gazeta do Povo. Cópia arquivada em 10 de Outubro de 2018. Um desses projetos é a Mídia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), que ficou conhecida nas manifestações de 2013 dizendo-se independente, mas que havia recebido US$ 80 mil da Open Society. 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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