Margarida Wotton, Marquesa de Dorset
Margarida | |
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Pintura do final do século XVI baseada no original de Hans Holbein, o Jovem. | |
Marquesa de Dorset | |
Reinado | Após fevereiro de 1509 – 10 de outubro de 1530 |
Antecessor(a) | Cecília Bonville, 7.ª Baronesa Harington |
Sucessor(a) | Francisca Brandon |
Nascimento | 1487 ou 1490 |
Boughton Malherbe, Kent, Reino da Inglaterra | |
Morte | após 5 de outubro de 1535, 1537 ou 1541 |
Lee, Kent, Reino da Inglaterra | |
Sepultado em | Igreja de Santa Maria, Astley, Warwickshire |
Cônjuge | Guilherme Medley Tomás Grey, 2.º Marquês de Dorset |
Descendência | Jorge Medley Eduardo Grey Maria Grey Isabel Grey Catarina, Condessa de Arundel Henrique Grey, 1.º Duque de Suffolk Ana Grey Leonardo Grey Tomás Grey João Grey |
Casa | Wotton Grey |
Pai | Roberto Wotton |
Mãe | Ana Belknap |
Margarida Wotton (em inglês: Margaret; Boughton Malherbe, 1487 ou 1490 – Kent, após 5 de outubro de 1535, em 1537 ou 1541)[1][2][3] foi uma nobre inglesa. Ela foi marquesa de Dorset como a segunda esposa de Tomás Grey, 2.º Marquês de Dorset, neto da rainha Isabel Woodville e Sir João Grey.
Ela esteve envolvida em disputas pela herança e pensão do marido contra o seu filho, Henrique Grey, 1.º Duque de Suffolk, durante a menoridade do mesmo. Sua suposta ausência de generosidade chocou as pessoas da época como um comportamento nada maternal e inapropriado para com um nobre de alta posição, parente do rei Henrique VIII de Inglaterra. Em 1534, ela respondeu às essas acusações. Através do filho, foi avó de Joana Grey, a rainha dos nove dias, e de suas irmãs, Catarina e Maria. Também foi madrinha de batismo da futura rainha Isabel I de Inglaterra, em 1533.
Família
[editar | editar código-fonte]Margarida foi a filha de Sir Roberto Wotton (também conhecido como Ricardo)[1] e de Ana Belknap.
Os seus avós paternos eram Nicolas Wotton e Isabel Bamburgh. Os seus avós maternos eram Henrique Belknap e Margarida Knollys.
Ela teve um tio, Eduardo Belknap, que lutou na Batalha de Stoke Field e na Batalha de Blackheath em nome do rei Henrique VII, tendo sido nomeado para o novo cargo de Inspetor da Prerrogativa do Rei em 1508.
Ela teve três irmãos: Eduardo, xerife de Kent e tesoureiro de Calais, que serviu como conselheiro privado do rei Eduardo VI de Inglaterra, e foi casado duas vezes, com Doroteia Rede e depois com Úrsula Dymoke; Nicolas, um membro do clero e diplomata que, assim como Thomas Cromwell, ajudou a arranjar o casamento de Henrique VIII com Ana de Cleves, e Maria, cujo primeiro marido foi Sir Henrique Guilford, e o segundo foi Sir Gavin Carew, ambos membros do Parlamento.
Biografia
[editar | editar código-fonte]O primeiro marido de Margarida foi Guilherme Medley, um escudeiro, com quem se casou no ano de 1505. Eles tiveram um filho, Jorge Medley de Tilty, em Essex.[2]
Logo após a morte do marido, em fevereiro de 1509, ela se tornou a segunda esposa do Tomás Grey, o marquês de Dorset, filho primogênito de Tomás Grey, 1.º Marquês de Dorset e de Cecília Bonville, 7.ª Baronesa Harington, e passou a ser conhecida como a marquesa de Dorset.[2] Ele pode ter sido casado anteriormente com Leonor St John.[4] O casal teve nove filhos, cinco meninos e quatro meninas.
Margarida e Tomás fizeram parte da comitiva que acompanhou a princesa Maria Tudor até a França no outono de 1514, para o casamento dela com o rei Luís XII.[2]
Em outubro de 1530, o marquês faleceu, e sua esposa recebeu a custódia de todas as propriedades dele durante a menoridade do filho mais velho, Henrique.[2]
No primeiro dia de junho de 1533, Margarida acompanhou a procissão da coroação da nova rainha, Ana Bolena, segunda esposa de Henrique VIII, que saiu da Torre de Londres até chegar na Abadia de Westminster.[2] Ainda naquele ano, a marquesa viúva atuou como madrinha da princesa Isabel no seu batizado, que aconteceu no dia 10 de setembro, no Palácio de Placentia, em Greenwich;[2] ela foi responsável por carregar o sal.[5]
Foi Margarida quem informou ao embaixador Eustace Chapuys que o rei, casado com Ana Bolena na época, estava interessado em Joana Seymour e lhe esbanjava com presentes.[6]
Quando o príncipe Eduardo nasceu (o futuro Eduardo VI), em 1537, a marquesa viúva de Dorset, que estava praticamente em quarentena em Croydon, em Surrey, a 18.3 km no sul de Londres, devido a um surto da praga ali, se apressou em enviar as suas felicitações ao rei Henrique VIII, após ter ouvido ouvido "a notícia mais alegre e boas novas que chegaram à Inglaterra em tantos anos". Para tal, ela acrescentou, devotamente: "Nós, todos os pobres súditos de Vossa Graça, estamos compelidos a agradecer o poderoso Deus que O agradou, de Sua grande graça, em lembrar a Vossa Graça com um príncipe." Margarida tinha sido nomeada para carregar o príncipe em seu batismo, mas, tinha sido obrigada a enviar as suas desculpas devido à doença na vizinhança de Croydon, e foi substituída por Gertrudes Blount, Marquesa de Exeter,[2] a segunda esposa de Henrique Courtenay, 1.º Marquês de Exeter, que foi executado em razão da Conspiração de Exeter, em 1538.
Disputa com o filho
[editar | editar código-fonte]Assim como sua sogra no passado, Cecília Bonville, 7.ª Baronesa Harington que esteve envolvida em uma briga pública com o filho, o marido de Margarida, que precisou da intervenção do rei, Henrique VII, Margarida também se viu em uma situação difícil em relação a herança deixada pelo marido falecido, de maneira que garantisse o sustento dos filhos e o dote das filhas.
O primeiro conflito entre mãe e filho começou quando Henrique foi forçado a pagar uma multa de £4000 por quebra de contrato após ter desistido do noivado com Catarina FitzAlan, filha do conde de Arundel. Como resultado desse fardo financeiro enorme e inesperado, Margarida, que possuía a guarda de todas as propriedades do marido enquanto o filho fosse menor de idade, temia que ela "não seria capaz de casar as minhas filhas, e nem continuar a sustentar a minha pobre casa." Ela insistia que a herança do marido era "pequena" em comparação as dívidas dele, e o custo de sustentar a si mesma e os filhos. Devido a isso, Margarida tentou restringir o dinheiro que ele recebia de pensão durante a sua menoridade, o que levou a consternações por parte da sociedade, que taxaram as suas ações de "pouco maternas", além de um comportamento inapropriado para com um nobre que era parente próximo do rei.[2]
Margarida, assim, apenas concordou com o casamento do primogênito com Francisca Brandon, sobrinha do rei e filha de Maria Tudor pelo seu segundo casamento, sob a condição de que o pai da jovem, Carlos Brandon, 1.º Duque de Suffolk, sustentaria o casal até que Henrique atingisse a maioridade.[2]
Em 1534, ela sentiu-se forçada a responder às acusações de que era uma "mãe desnaturada". Portanto, ela ofereceu contribuir ao avanço do filho "por mais que o meu poder seja e será pequeno".[2]
Vários anos mais tarde quando Henrique já era maior de idade, Henrique levou a disputa com a mãe até o Conselho do Rei, onde, a marquesa viúva admitiu, tardiamente, que a pensão do filho não era "o suficiente para manter a sua condição de vida", e ofereceu aumentá-la. Henrique não ficou feliz, e por isso, ela deixou a sede da família Grey em Bradgate House; contudo, Henrique não permitia que ela levasse consigo os seus bens pessoais, então, ela enviou uma carta para Thomas Cromwell, implorando a ele que ordenasse ao filho dela que liberasse os seus bens.[2][7]
Margarida faleceu entre 1535 e 1541, e foi enterrada no cemitério da Igreja de Santa Maria, na vila de Astley, no condado de Warwickshire.[8]
Descendência
[editar | editar código-fonte]Do primeiro casamento:
- Jorge Medley (c. 1507 – 21 de maio de 1562), escudeiro. Foi marido de Maria Dennet, provavelmente a mesma Maria Dennet que participou da corte da princesa Maria Tudor, e que recebia um salário de £10 por ano em 1526. Ele teve quatro filhos;[2]
Do segundo casamento:
- Eduardo Grey (n. c. 1508);
- Maria Grey (n. c. 1508), esposa de Valter Devereux;
- Isabel Grey (1510 – 1564), foi primeiro casada com Tomás Audley, 1.º Barão Audley de Walden, com quem teve duas filhas: Margarida Audley, Duquesa de Norfolk e Maria. Depois foi esposa de Jorge Norton, com quem teve um filho, Samuel;
- Catarina Grey (c. 1516 – 1 de maio de 1542), foi casada com Henrique Fitzalan, 12.º Conde de Arundel como sua primeira esposa, com quem teve três filhos;
- Henrique Grey, 1.º Duque de Suffolk (17 de janeiro de 1517 – 23 de fevereiro de 1554), sucessor do pai. Foi casado com Francisca Brandon, com quem teve três filhas: Joana, Catarina e Maria;
- Ana Grey (c. 1519 – c. janeiro de 1548), foi esposa de Henrique Willoughby, morto durante a Rebelião de Kett, com quem teve três filhos;
- Leonardo Grey (c. 1520 – 1521);
- Tomás Grey (c. 1526 - 27 de abril de 1555), assim como o irmão Henrique, foi executado em 1554 por ter participado da Rebelião de Wyatt;
- João Grey de Pirgo (c. 1527 – 19 de novembro de 1564), marido de Maria Browne, com quem teve cinco filhos.
Ascendência
[editar | editar código-fonte]Ancestrais de Margarida Wotton, Marquesa de Dorset | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Referências
- ↑ a b «Margaret Wotton». The Peerage
- ↑ a b c d e f g h i j k l m «Margaret WOTTON (M. Dorset)». Tudor Place
- ↑ «Margaret (Wotton) Grey (abt. 1490 - aft. 1537)». Wiki Tree
- ↑ Hodder, Sarah J. (2022). Cecily Bonville-Grey - Marchioness of Dorset: From Riches to Royalty. [S.l.]: John Hunt Publishing. 160 páginas
- ↑ Paranque, Estelle (2022). Blood, Fire & Gold: The Story of Elizabeth I & Catherine de Medici. [S.l.]: Hachette UK. 400 páginas. Consultado em 8 de Abril de 2024
- ↑ Norrie, Harris, Laynesmith, Messer, Woodacre, Aidan; Carolyn; J. L.; Danna; Elena (2022). Tudor and Stuart Consorts: Power, Influence, and Dynasty. 369: Springer Nature. p. 83. Consultado em 8 de Abril de 2024
- ↑ Rebecca Larson (2016). «Margaret Wotton: Unnatural Mother». Tudor Dynasty
- ↑ «Margaret Wotton Grey». Find a Grave