Maria José Ribeiro

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Maria José Ribeiro
Nascimento 12 de janeiro de 1936 (88 anos)
Lisboa
Cidadania Portugal
Ocupação dirigente, ativista
Prêmios

Maria José Ribeiro (Lisboa,1936) co-fundadora do Movimento Democrático das Mulheres, liderou, em 1962, a única acção de protesto que ocorreu no Dia da Mulher durante a ditadura portuguesa.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Maria José da Silva Ribeiro nasce no início do ano em que o pai é preso e levado para o Tarrafal, por participar na Revolta dos Marinheiros de 1936. Só o conhecerá 16 anos mais tarde.[1][2]

Muda-se com a família para o Porto e com apenas 23 anos, integra a comissão de jovens que apoiam a candidatura do General Humberto Delgado a Presidente da República Portuguesa, sendo pela primeira vez presa pela PIDE e sujeita a tortura psicológica, é libertada 9 meses depois. [1][3][4][5][6]

Em 1962, liderou a única acção de protesto que ocorreu no Dia da Mulher durante a ditadura portuguesa e que exigia o fim da guerra colonial e a libertação dos presos politicos.[7][5] Esta ocorre no Porto, no dia 8 de Março e tem como ponto de partida a Praça da Liberdade. É travada pela polícia de choque na Rua 31 de Janeiro que prende várias pessoas, entre elas, Maria José e o pai. É levada para a sede local da PIDE e é agredida pelos policias.[8][9][10][6] Voltará a ser presa dois anos mais tarde, como uma medida de precaução, no dia anterior à celebração da revolta republicana, que em 31 de Janeiro de 1891, tentou derrubar a monarquia. Fica presa 15 dias.[5][6][7][11]

Ajuda a fundar, em 1968, o Movimento Democrático de Mulheres (MDM), que tinha como objectivo lutar pela dignidade das mulheres, a paz e a liberdade. No ano seguinte participa no Congresso Mundial de Mulheres em Helsínquia, acompanhada por outras activistas portuguesas, entre elas: Cecília Areosa Feio, Lígia Veloso, Maria Luísa Costa Dias como representante do MDM na FDIM, Maria da Piedade Morgadinho, pela Rádio Portugal Livre, e Sofia Ferreira, pelo PCP.[7][12]

Em 1973, participou do III Congresso da Oposição Democrática, que ocorreu em Aveiro, nos dias 4 e 5 de abril.[12]

Após o 25 de Abril, torna-se na primeira mulher a ocupar o cargo de presidente no Sindicato Nacional de Profissionais de Seguros.[1][7]

Também após o 25 de Abril foi eleita pelo PCP como vereadora na Câmara Municipal de Matosinhos e deputada da Assembleia da República, na terceira legislatura.[7][13]

No Congresso do MDM de 1980, Maria José apresentou a comunicação Maternidade, Planeamento Familiar e Aborto.[12]

Em outubro de 1981, fez parte da delegação do MDM à Conferência Mundial de Mulheres em Praga, organizada pela Federação Democrática Internacional das Mulheres (FDIM), juntamente com Luísa Amorim, Helena Neves, Isaura Vieira, Rosália Ferreira, Ana Vale e Maria José Estanco do MDM e Fátima Grácio do GRAAL.[12]

Prémios e reconhecimento[editar | editar código-fonte]

Em 2005, foi uma das mulheres homenageadas pela Câmara Municipal de Matosinhos, no Dia das Mulheres. [14]

Foi distinguida pela Câmara Municipal do Porto com a Medalha Municipal de Mérito – Grau Ouro. [1]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d «Maria José Ribeiro recebe Medalha Municipal de Mérito-Grau Ouro, atribuída pela CM do Porto». www.urap.pt. 15 de julho de 2022. Consultado em 15 de fevereiro de 2024 
  2. «Museu do Aljube Fora de Portas». Museu do Aljube. 8 de março de 2019. Consultado em 15 de fevereiro de 2024 
  3. «Maria José Ribeiro». Museu do Aljube. Consultado em 15 de fevereiro de 2024 
  4. «Maria José da Silva Ribeiro | Memória Comum». memorial2019.org. Consultado em 15 de fevereiro de 2024 
  5. a b c «Memórias do cárcere: Mais de 12 000 presos passaram pelas celas do atual museu militar do porto». #infomedia. 26 de julho de 2023. Consultado em 15 de fevereiro de 2024 
  6. a b c «Sinapsa - Sindicato Nacional dos Profisionais de Seguros e Afins». www.sinapsa.pt. Consultado em 15 de fevereiro de 2024 
  7. a b c d e «Maria José Ribeiro. Presa por liderar único protesto no Estado Novo em Dia da Mulher». PÚBLICO. Consultado em 15 de fevereiro de 2024 
  8. Friaças, Andreia (8 de março de 2020). «8 de Março de 1962. A manifestação das mulheres que não está nos livros». PÚBLICO. Consultado em 15 de fevereiro de 2024 
  9. «Vítimas da PIDE homenageadas no Porto». Jornal Expresso. Consultado em 15 de fevereiro de 2024 
  10. «Dia Internacional da Mulher | Memória Comum». memorial2019.org. Consultado em 15 de fevereiro de 2024 
  11. «A revolta republicana do Porto». RTP Ensina. Consultado em 15 de fevereiro de 2024 
  12. a b c d Tavares, Manuela (2008). Feminismos em Portugal (1947-2007) (PDF). [S.l.]: Universidade Aberta 
  13. «Biografia». www.parlamento.pt. Consultado em 18 de fevereiro de 2024 
  14. Portugal, Rádio e Televisão de (2 de março de 2005). «Câmara de Matosinhos homenageia a 8 Março 39 mulheres do concelho». Câmara de Matosinhos homenageia a 8 Março 39 mulheres do concelho. Consultado em 15 de fevereiro de 2024 

Ligações Externas[editar | editar código-fonte]