Maurício Dottori

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Maurício Dottori
Informação geral
Nome completo Maurício Soares Dottori
Nascimento 1 de agosto de 1960
Origem Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
País  Brasil
Gênero(s) Erudito
Ocupação(ões) Compositor
Instrumento(s) Clarinete

Maurício Dottori (Rio de Janeiro, 1 de agosto de 1960) é um compositor e musicólogo brasileiro.

Carioca de Cascadura, Dottori foi aluno do grande clarinetista José Botelho, na Escola de Música Villa-Lobos, no Rio de Janeiro. Compositor autodidata, aperfeiçoou-se em composição com Sylvano Bussotti e Mauro Castellano, na Scuola di Música di Fiesole, em Florença, na Itália entre 1984 e 1985.

Fez Mestrado em Artes pela Universidade de São Paulo (1988-91), orientado por Olivier Toni, quando escreveu o Ensaio sobre a Música Colonial Mineira, e Doutorado em Música pela Universidade do País de Gales, Cardiff (1993-97), orientado por David Wyn Jones, tendo realizado pesquisas sobre a música religiosa de dois importantes compositores napolitanos do século XVIII, Davide Perez e Niccolò Jommelli.

Foi, entre 1992 e 2002, professor de contraponto e de composição na Escola de Música e Belas Artes do Paraná e, a partir de então, é professor de contraponto, composição e música eletroacústica da UFPR; nestas instituições foi responsável pela formação de toda uma geração de compositores paranaenses.[1][2] Suas composições têm sido executadas em concertos e festivais no Brasil, na Europa e nas Américas. É o regente da Nova Camerata, grupo curitibano especializado em música contemporânea.

Como muitos compositores cariocas de sua geração, sua música continha inicialmente elementos advindos da estética tardo-nacionalista. Gradualmente — por influência de outras músicas, em especial as de Bussotti e de John Cage — estes elementos tornaram-se menos importantes, e a música mais recente de Dottori adotou um estilo crescentemente pós-atonal, no qual as estruturas baseadas no total cromático são filtradas pela sensibilidade do ouvido e aspectos rejeitados pela tradição modernista, como a ornamentação superestrutural, ganham proeminência.[3]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Prêmio UERJ - Composição Musical Erudita, com a obra Toada de Cegos (1978).

Prêmio Cláudio Santoro - UNB/Orquestra do Teatro Nacional de Brasília (2001), com a obra Noturno de Neon.

Prêmio Funarte de Composição Clássica (2010), da XIX Bienal de Música Brasileira Contemporânea, na categoria Orquestra Sinfônica, com a obra A rosa trismegista aberta ao mundo (2010).[4]

Prêmio Funarte de Composição Clássica (2012), da XX Bienal de Música Brasileira Contemporânea, na categoria Música de Câmera de 6 a 10 instrumentos, com a obra Ou sont les gracieux gallants? (1999), concerto grosso, para flauta, clarinete baixo, viola, trompete, marimba e piano.[5]

Prêmio Funarte de Composição Clássica (2014), da XXI Bienal de Música Brasileira Contemporânea, na categoria Música de Câmera de 3 a 5 instrumentos, com a obra Et facta est procella magna venti (2014), para quinteto de sopros.[6]

Prêmio Funarte de Composição Clássica (2016), da XXII Bienal de Música Brasileira Contemporânea, na categoria Música de Câmera de 3 a 5 instrumentos, com a obra Glaciers, soleils d’argent, flots nacreux, cieux de braises (2016), para flauta, viola e harpa, parte da série Le bateau ivre.[7]

Composições[editar | editar código-fonte]

Entre suas principais composições encontram-se:

  • Três danças em forma de magra (1983) para piano
  • Largo (1992), para soprano, requinta/clarone, trompete, trombone, piano e dois percussionistas;
  • non di più colpo che soave vento (1993), para piano
  • Among wishes, where the desire goes? (1995), para flauta, clarinete, violino, cello e cravo;
  • Grandissima zuppiera di strepito armonico (1997), para marimba e piano;
  • Two late for twilight, two early for dawn (1997), para duas flautas e piano;
  • Four faces of loneliness (1998), para quarteto de flautas;
  • Três Silêncios (1998), opera tascabile, para soprano, mezzo-soprano, contra-tenor, flauta, violoncelo e percussão;
  • Ou sont les gracieux gallants? (1999), concerto grosso para flauta, clarone, viola, marimba, trompete e piano;
  • Il papagallo (2000), opera tascabile, para soprano, mezzo-soprano, tenor, flauta, clarinete violino e violoncelo;
  • Porque os sonhos não se compreendem, se não quando se cumprem, concerto pastorale da camera (2000), para flauta solo, soprano obbligato, flauta, clarinete, violino, violoncelo e piano;
  • Aqui caíram as asas dos anjos (2001), para orquestra sinfônica; em João Marcos Coelho (Org.), Cem anos de música no Brasil; 1912-2012 (São Paulo: Andreato Comunicação e Cultura, 2015), p. 127, o compositor paulistano Rodolfo Coelho de Souza considera que Dottori, nesta peça, demonstra “um domínio incomum da delicadeza dos coloridos e das texturas orquestrais”, e situa seu compositor entre aqueles — com Mariza Resende, Roberto Victório, Sílvio Ferraz e Rodolfo Caesar — “que incorporam em sua escrita uma ampla gama de influências internacionais …; mas estão sempre em busca de um traço individual na formação do estilo, em que pesem certas características compartilhadas”.[8]
  • Ainda que seja noite (2002), noturno para piano e pequena orquestra;
  • All that you know not to be is utterly real (2002), orquestra amadora e eletroacústica;
  • Dois Poemas de Manuel Bandeira (2004), para mezzo-soprano, flauta, violão e violoncelo;
  • Sonata, para piano (2006);
  • Elegias de Lúcia Aizim, para soprano, flauta-alto, clarinete, viola e contrabaixo;
  • Vago e florido firmamento de notas, para viola-de-arame (2007);
  • For the portraiture of clouds and sky (2007), para flauta-alto amplificada e piano;
  • O obscuro sol no copo d’água — das Elegias de Lúcia Aizim (2009), para soprano, viola-de-arame e violão;
  • A Rosa trismegista aberta ao mundo (2010), para orquestra sinfônica;
  • Sed perpetua aeris temperis (2013), para violino, cello e piano.

Artigos e Livros online[editar | editar código-fonte]

  • A cinematográfica vingança da música surrealista, in Anais do SIMCAM 4 – IV Simpósio de Cognição e Artes Musicais, São Paulo: USP, 2008. [9]
  • A dodecafonia sobe — com Balzac e Proust — os degraus ao paraíso, in Ictus-Periódico do PPGMUS/UFBA (2007). [10]
  • On baroque music and Brazil, in Revista Eletrônica de Musicologia, 1.2 (Dezembro de 1996)[11]
  • A Estrutura Tonal na música de João de Deus de Castro Lobo, in Atravez - Cadernos de Estudo de Análise Musical, São Paulo, v. 3 (1990), p. 44-51.[12]
  • Maurício Dottori, The Church Music of Davide Perez and Niccolò Jommelli. Curitiba: DeArtes-UFPR, 2008. [13]
  • Manuel Dias de Oliveira, Matinas e Vésperas de Sábado Santo. Edição, introdução e notas de Maurício Dottori. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2000. [14]
  • Fernando Bini, Maurício Dottori, Roberto Victorio, "Colóquio: Problemas de estilo e sociedade", in Marcel Sluminsky, Charlene Neotti, Fernando Nicknich e Bernardo Cardeal (ed.), Anais do III Encontro Nacional de Compositores Universitários, Curitiba, 16 a 22 de Outubro de 2005. [15] (Um intrigante debate sobre música, cultura e sociedade).
  • Valentina Daldegan e Maurício Dottori, Técnicas Estendidas e Música Contemporânea no Ensino de Instrumento para Crianças Iniciantes, in Musica Hodie, vol 11, nº 2 (2011), 113-127. [16].

Família[editar | editar código-fonte]

Maurício é filho de Hugo Dottori e Márcia Dottori.

Referências gerais[editar | editar código-fonte]

  • Cardoso, Rosane. A Obra Pianística de Maurício Dottori. Monografia de Especialização em Música, Curitiba: Escola de Música e Belas Artes do Paraná, 1994.
  • Christopher Dromey, “New horizons in Brazilian contemporary music: Grupo Novo Horizonte de São Paulo, 1988–99”, Tempo 72 (284): 52–67.
  • Nascimento, Guilherme. Música menor: a avant-garde e as manifestações menores na música contemporânea, São Paulo: Anna Blume, 2005, p. 57-58.[17]
  • Caroline Brendel Pacheco, “O uso de desenhos no estudo da percepção musical: um estudo preliminar com crianças”, Música Hodie 7 nº 1 (2007).[18] (Estudo sobre a percepção por crianças da peça All that you know not to be is utterly real, de Dottori)
  • Currículo Lattes [19]